A revolução húngara de 1956 e o poder militar americano

Em 1956, no levante húngaro, houve um instante, um  breve espaço de tempo, em que talvez os USA pudessem ter ajudado a Hungria. As tropas russas haviam se retirado, comemorava-se nas ruas de Budapest, e dizem que se naquele exato momento os Estados Unidos tivessem sido peitudos e ameaçassem a URSS a história poderia ter sido outra. O poderio militar americano ainda era muito superior ao dos soviéticos, e havia confusão dentro do Kremlin porque a morte de Stalin, em 1953, ainda não havia sido absorvida. Em todo o mundo esperava-se a intervenção dos USA. Eu era um menino e por alguns dias pensei que os hungaros haviam vencido. A ajuda não veio porque o presidente Eisenhower não aceitou os riscos. Acredito que poucos historiadores o culpem. Ao mesmo tempo aconteceu a crise de Suez, quando Nasser nacionalizou o canal e houve o ataque britânico-franco-israelense, o que foi muito azar da Hungria porque as atenções do mundo se dirigiram para o novo problema ** Os russos voltaram com tudo e esmagaram a rebelião, pouco se importando com a carnificina.Conversei com alguns húngaros e existe uma mágoa pela inação americana. Dizem que foram incentivados e depois traidos. Eles levaram uma vida miseravel por mais 34 anos e qualquer coisa que digam é compreensivel.

É difícil imaginar uma situação tão confortavel para os USA quanto a de hoje, sob o ponto de vista militar. Se na época da revolução húngara fosse perguntado de que forma os americanos agiriam se ameaçados por um mundo de povos malucos, selvagens, berrando Allah Akbar, gentalha ainda sem a bomba atômica, e sem o amparo da URSS , ou da China, a resposta óbvia é a de que esses inimigos seriam obliterados. O que leva os USA a mostrarem-se tão apáticos, mesmo depois do fato inédito de haverem sido atacados dentro de casa ? Apáticos porque a invasões do Afeganistão e do Iraque nunca refletiram o poderio militar americano. Por que toleram as ameaças iranianas de incendiar o globo assim que tiverem a bomba atômica ? Por que soltam prisioneiros de Guantânamo que voltam a lutar? Já morreram em combate três dos que foram libertados. Doze voltaram a ser prisioneiros. O que se pode dizer para o soldado americano que está arriscando a sua vida ? Precisa vencer o inimigo quantas vezes ? Melhor matar do que fazer prisioneiros.

A conduta americana de não usar o peso do seu poder militar está ligada à ascenção do liberalismo americano. Os liberais odeiam as guerras, qualquer guerra, mesmo as justas e necessárias. Se por acaso concordam em que é necessário invadir o Afeganistão, por outro lado não aceitam baixas civís. Assim fica dificil. A verdade é que os Liberais não gostam dos Estados Unidos. Eles têm uma dissimulada vergonha do seu país. Sonham com um welfare state, alguma coisa européia, alguma coisa mais “sofisticada”. Nada mais emblemático do que Obama pedindo desculpas pelo passado “imperialista” americano, no seu famoso tour pelo Oriente Médio. O que os Liberais conseguiram implantar parece que é definitivo.Os USA não podem usar seu poder militar em toda plenitude. Somente alguma coisa muitíssimo dramática, uma bomba atômica explodindo em Nova Yorque e matando centenas de milhares para que haja uma mudança de atitude. Talvez sim, talvez não.

Certamente o mundo ocidental não ficou mais civilizado e passou a ver as guerras com mais cautela. Não houve tempo para isso. Continuamos exatamente os mesmos de 1956. E do outro lado, com os muçulmanos, estamos vendo a ascenção da selvageria pura, alguma coisa desconhecida para nós.Não sabíamos que existia uma parte do mundo onde os costumes são piores do que na Idade Média europeia. O pior é que os selvagens estão armados com tecnologia moderna, a tecnologia que roubam de nós, já que não conseguem construir nem cadeiras e costumam se sentar no chão.

* * Bons tempos, em que o liberalismo e o politicamente correto ainda não haviam corrompido as forças conservadoras. Imaginem se a França, hoje, teria coragem de atacar alguém, em algum lugar do mundo! E o pior é que Eisenhower passou a mão no telefone e ordenou que os franceses, ingleses e israelenses parassem imediatamente com o ataque. Ele ficou furioso, e parece que usou até palavrões com os inglêses. O primeiro-ministro Anthony Eden caiu do galho imediatamente.

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Em uma das últimas reunioes plenárias da ONU, Gadhafi, grande estrela pela presença absurdamente surrealista, disse : ” Seria ótimo que o presidente Obama fosse presidente dos Estados Unidos para sempre”. Uhmmm… Seu discurso foi hilário, e eu estava me divertindo quando de uma hora para a outra o tradutor ficou mudo. Gadhafi continuava falando sem ninguém entender nada até que depois de uns 3 minutos entrou uma voz feminina dando continuidade à tradução. Sabem o que havia acontecido ? O tradutor – que acompanhava a comitiva do maluco – aproveitou a oportunidade e fugiu, pediu asilo nos EUA.

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Na 2a. guerra, os generais franceses fizeram a previsão de que, em três semanas, depois de decidir continuar sozinha a luta, a Inglaterra teria “o pescoço torcido qual uma galinha”. Churchill, no parlamento canadense, fez um discurso que ficou famoso. Ele disse: “… Tremenda galinha. E que pescoço…”

10 março, 2011 às 11:33

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Comentários (6)

 

  1. Maurilio disse:

    Desculpe a pergunta, mas onde o senhor leu que ex-prisioneiros de Guantanamo voltaram a lutar ?

    • Claudio Mafra disse:

      Você está me dando trabalho, Maurilio. Vou tentar descobrir, mas sei do fato há muito tempo, e por esses dias voltei a ler em algum lugar. Espero que você antes de me perguntar tenha passado pelo Google. Abraço

      • Claudio Mafra disse:

        Bem, Maurilio, estou voltando depois de menos de 3 minutos. O Google, de cara me mostra 6 referências ao fato. Minha entrada foi : “ex-prisioneiros de Guantânamo voltam a lutar”, e além de português aparece também em inglês a chave: ex-prisioneiros de Guantânamo voltam a se unir à Al Qaeda e former prisoners of Guantanmo to fight back. OK ? Tudo certo ? É só entrar e dar uma olhada.

        • Claudio Mafra disse:

          A FONTE É O JORNAL PORTUGUÊS : IOL

          Cerca de 74 pessoas que foram libertadas da prisão de Guantánamo voltaram a associar-se ao terrorismo.

          Segundo a agência EFE, o Departamento de Defesa norte-americano revelou que cinco por cento dos indivíduos que foram libertados de Guantánamo se associaram ao terrorismo, e que outros nove por cento ter-se-ão unido à luta contra os Estados Unidos e os seus aliados.

          Desde a abertura da prisão em Cuba, no início de 2002, Departamento de Defesa norte-americano colocou em liberdade 534 prisioneiros e, estima-se que, quase 14 por cento retomou as actividades terroristas contra os EUA.

          O Pentágono divulgou estes dados num momento em que a batalha política se encontra calma, apesar da discussão sobre para onde devem ser enviados os presos se a prisão de Guantánamo encerrar em Janeiro.

          Segundo Bryan Whitman, porta-voz do Pentágono, a 7 de Abril, data do último balanço, 74 dos cerca de 540 detidos que foram libertados regressaram à luta contra o Ocidente ou são suspeitos de tê-lo feito.

          Num estudo actual, o Pentágono assegurou ter o nome de 29 dos 74 ex-detidos, incluindo Said Ali as-Shiri, líder da Al Qaeda no Iêmen, garantindo ainda ter impressões digitais, ADN e fotos que vinculam 27 dos ex-detidos a actividades de guerrilha após terem sido liberdados.

          O Departamento de Defesa dos EUA afirmou nãp poder identificar os outros 45 ex-detidos por motivos de segurança nacional.

  2. Maurilio disse:

    De fato, eu cheguei a procurar no google, mas meio mal e porcamente pelo jeito. Desculpe o incomodo e obrigado de toda forma.

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