Analisando o “Sem pai nem mãe”, artigo da Dora Kramer no dia 21 de agosto

Se a dita faxina ética é fato ou ficção, os próximos capítulos dirão. Mas um avanço Dilma Rousseff já produziu com seu jeito diferente do antecessor de lidar com denúncias e inadequações de comportamento em geral em seu ministério: pôs a corrupção em pauta. Não, a corrupção é que se impôs. Por certo Dilma pode ser diferente de Lula, mas quem dá um lugar de honra para a Erenice na cerimonia de posse, quem nomeia e e defende com unhas e dentes o Palocci na Casa Civil, e outros ladrões dos quais não me recordo, foi empurrada pelas denúncias. Aprendeu a lição com o Palocci, viu que não tem a experiência de Lula para administrar escândalos, apenas isso, e o “seu jeito diferente”, pode levar o leitor incauto a fazer confusão com honestidade, o que evidentemente a dona não tem nenhuma. E por falar nisso, é sempre bom lembrar que Dilma sabe muito bem que os (ALGUMAS VEZES, EXISTEM OS HONESTOS)cargos de presidente e diretor financeiro dos fundos de pensão são usados para que se roube, de dia e de noite. Por isso mesmo, de muitos anos para cá, somente o Presidente da República nomeia essas pessoas. Constituem um manancial inesgotavel de dinheiro, rápido , imediato, sem problemas. São os melhores cargos da República. Melhor do que o de governador de qualquer estado. Rouba-se no momento em que se quiser. Hoje, ou amanhã, depende da vontade do presidente. A liquidez é imediata, não é necessário fazer obra, mexer com coisas demoradas, envolver muita gente. Nada disso. São bilhões – e não milhões – à disposição da Presidência da República. Basta uma ordem hoje, de tardinha, para amanhã o dinheiro estar à disposição. Engraçado, as Fundações sairam das manchetes. Será que indiretamente ameaçaram os jornais com o cancelamento da publicidade do governo ? 

Alguns ainda insistem na tese de que só os “fariseus”, “udenistas” e a “imprensa golpista” põem o tema no alto da escala das prioridades nacionais, mas muitos – empresários, políticos, cientistas políticos, ativistas das redes sociais e entidades civis – já se pronunciam dando sinais de compreender que o problema não é moral. É, sobretudo, institucional. . Quem são esses “alguns” que insistem em teses de que tudo isso é coisa de vestais udenistas ? Gostaríamos de saber. E todos os outros chegaram à conclusão de que não é um problema moral ? Que coisa mais insana. Claro que é moral: trata-se de honestidade e desonestidade. E também é institucional. Apesar do “sobretudo” parece que a Dora coloca os dois fatores como excludentes. E o tema, claro, só pode estar “no alto da escala de prioridades nacionais”: trata-se de um roubo desenfreado que se perpetua, que consome o dinheiro para obras, que desmoraliza o povo brasileiro, que o leva a desejar ele mesmo roubar se a oportunidade se oferecer. Trata-se, ao nivel em que chegou, de uma doença, uma peste que assola o País.  

Eivada pela corrupção, a democracia no Brasil não tem como avançar. Ao contrário: corre sério risco de retroceder. Como retrocederia? A Dora deveria explicar como se daria o processo. As eleições seriam compradas ? A máquina petista roubando feito louca teria dinheiro para impor uma ditadura por 30 anos ? Imprescindivel a explicação. Outra hipótese seria a intervenção militar, que pelo visto está muito longe de acontecer.

Nesse sentido, percebe-se um lento despertar da letargia, materializado nas manifestações de vontade de que a corrupção deixe de ser tratada como assunto episódico na ilustração de escândalos periódicos e passe a ser discutida, esmiuçada e enfrentada. Sim, é possivel que hoje se perceba que a corrupção não é mais um escândalo, mas um fato permanente, sabe-se que o país está corrompido de alto a baixo: Executivo, Legislativo e Judiciário. Foi um avanço, sem dúvida. Quanto a ser discutida, esmiuçada e enfrentada, são apenas figuras de retórica. Ninguém vai fazer nada disso. Não interessa ao governo e não interessa aos empresários. É coisa para scholars, alunos da PUC, etc. Muitas conferências sobre o assunto podem ser esperadas. debates, faixas, protestos na Cinelândia, caras pintadas. Um processo que se der em alguma coisa será a longuíssimo prazo. Para começar, depois da Dilma teremos mais 8 anos de Lula. 

A dúvida que se põe daqui em diante é sobre a continuidade do processo. Terá o governo como indutor e condutor ou dependerá da organização e disposição da sociedade? Isso é uma maravilhaA sociedade não faz a mínima idéia de como proceder. Coitada da sociedade. Vai fazer passeatas ? Vai marcar os ladrões e nunca mais votar neles ? Tudo isso já fracassou, essas hipóteses não existem mais. Só um cego não percebe que o conformismo é completo. E o governo vai fazer o que ? Vai chamar auditorias externas, a Price Waterhouse, e enfia-las nos prédios dos fundos de pensão, nas Fundações ? Mas que ingenuidade. Terá o governo como  indutor e condutor…?A Dora acredita que o governo dessa gente vai induzir, ou conduzir o país para a honestidade ? Palloci, Zé Dirceu, e turma amiga são honestos ? Esse é o governo  que ao lado da sociedade vai mostrar o caminho iluminado, deixando para trás as falcatruas ? Será que eu entendi errado ?  Ás vezes acontece.  

É certo que a torcida procura dar apoio à presidente Dilma Rousseff pintando seu papel nessa história com tintas bem mais generosas que as fornecidas pela realidade. Agora a Dora resolveu elegantemente dizer que a presidenta afinal não é lá essas coisas.  E também seria adoravel sabermos quem é “a torcida”. Muito reservada a nossa colunista

O governo recolhe os dividendos, mas um exame detido e desapaixonado dos acontecimentos dos últimos quase três meses mostra que o Planalto é antes caudatário que deflagrador dos fatos.Esse parágrafo é um pouco confuso porque Dora havia dito que: “Dilma Rouseff já produziu com seu jeito diferente do antecessor de lidar com denúncias…….pos a corrupção em pauta” e também com o parágrafo quinto: ….”Terá o governo como indutor e condutor ou…”  É possivel até entender, mas uma leitura pouco atenta mostraria contradição.  

Em momento algum desde o início de seu governo se ouviu da presidente o anúncio de um esboço sequer de propostas de combate à corrupção. Ela, quando instada a falar no assunto, atribui à imprensa a conceituação das demissões em série como uma ofensiva de “limpeza” e evita tomar a frente do processo.Seria estranhíssimo se Dilma apresentasse esboço de propostas de combate à corrupção, além de  tomar a frente do processo (contra a corrupção). Seria passado em cartório a roubalheira do governo Lula, mesmo que o esboço fosse para inglês ver.

E realmente foi a imprensa que estabeleceu e deu nome à diferenciação entre o modo de agir da atual presidente e a maneira de atuar de seu antecessor conferindo a ela a autoria de um plano de verdade nunca assumido como tal.Se houvesse um projeto pensado, pesado e medido, Antonio Palocci não teria demorado 15 dias para se ver obrigado a explicar ao público seu inexplicável enriquecimento e mais uma semana para deixar o cargo. Houve um momento em que a imprensa andou enchendo a bola da Dilma. Se me lembro bem foi logo no começo do mandato, e tenho alguns artigos no blog a esse respeito.Ver meus  3 artigos clicando em cima do título: O artigo da Dora Kramer: inacreditavel, é para desanimar de vez  ,          A imprensa e a “Nova Dilma”; Roberto Freire e Aldo Rebelo; Obama é refém do general Petraeus     e      Até que enfim alguém que não gosta da Dilma.   

Um governo com uma agenda clara de combate à corrupção teria determinado que seu ministro-chefe da Casa Civil se explicasse de imediato. O Planalto o defendeu o quanto pôde aludindo a conspiração política enquanto a Comissão de Ética Pública lhe atestava inocência. Mas alguem nesse país com exceção de petistas imagina que existe uma agenda de combate à corrupção ? Pelo que sei, Dora Kramer não escreve e nem é lida por essa gente. Só se pode concluir que existem pessoas de peso intelectual que acreditam nisso. O mais interessante seria saber quem são, mas ela não diz de jeito nenhum. Temos que ler todas as matérias e todos os artigos de todos os jornais para descobrir. De qualquer forma, já estamos chamando a Dilma de corrupta nesse artigo. Se “o Planalto o defendeu o quanto pôde” ( um sujeito já completamente desmoralizado, que não conseguia se explicar, desmoralizado desde priscas eras, com inúmeros processo nas costas em Ribeirão Preto), e ainda temos o surrado conspiração política, Comissão de Ética atestando inocência… Uma acusação justificada. Apenas no caso do Ministério dos Transportes a presidente agiu de ofício, cobrando duramente o aumento dos preços em obras do PAC, embora só tenha decidido pelas demissões depois de a imprensa divulgar o episódio. Ferrou a Dilma outra vez: ” só se tenha decidido pelas demissões depois de a imprensa divultar o episódio”Mesmo assim, a presidente chegou a conferir ao ministro depois demissionário o comando das investigações sobre o que ocorria debaixo do nariz dele e do secretário executivo que veio a substituí-lo.

Nelson Jobim caiu de maduro de tanto falar bobagens e Wagner Rossi enforcou-se nas próprias cordas. Mas ganhou o direito de ver divulgado pelo palácio um apelo candente de Dilma para que continuasse no cargo. Nossa, a Dora detesta a Dilma. 

No Ministério do Turismo foram presas 36 pessoas, entre os quais o secretário executivo que depois foi veementemente defendido pelo ministro Pedro Novais em audiência no Congresso, e do Palácio do Planalto o que se ouviu foi uma crítica à atuação da Polícia Federal.

Portanto, o que há de diferente em relação a Lula por ora é mais o estilo que os atos propriamente ditos. Dilma evita dar declarações que soem a proteção dos aliados, mas, como Lula, espera que os acontecimentos se imponham no lugar de fazer acontecer.

O que falta à presidente não é “habilidade política” para dar conta da empreitada. Falta método, clareza e a troca da reação pela iniciativa da ação. Começando por apresentar ao País suas credenciais, explicando quais são suas ideias a respeito do que seja necessário em termos de mudança de procedimentos para a construção de um governo de coalizão dentro dos marcos estritos da legalidade. Agora finalizou o artigo de maneira suave. Depois de descer o cacete na Dilma, agora vem falar em que falta método, clareza e a troca da reação pela iniciativa da ação. Mas a dona não protege os corruptos como ficou claro lá em cima do artigo ? Começando por apresentar ao País suas credenciais, Mas que credenciais ? Já não foram expostas na vexatória campanha presidencial? …explicando quais são suas ideias a respeito do que seja necessário, blá, blá, blá. Mas que ideias, Dora ? Você está sendo irônica ou quis um fecho bonito?

22 agosto, 2011 às 17:01

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Categoria: Artigos

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