Calem a boca!

“Eu quis namorar a filha de Stalin, mas infelizmente ela já estava comprometida”- H. Muller

Os articulistas, e as pessoas em geral, costumam fazer suas análises sobre a conjuntura internacional desconhecendo inteiramente a disparidade brutal entre o poder militar americano e o resto do mundo. Acostumaram-se a isso. Só recebem uma sacudidela quando acontecem fatos de enorme relevância, como as invasões do Afeganistão e do Iraque. Assim mesmo, esse dois extraordinários ataques tornaram-se tão criticados pela midia dos EUA ( e em consequência no mundo), que novamente todos se confundem, e voltamos a construir catedrais em cima de areia, tratando o Iran, a Venezuela, Cuba, Síria, Coréia do Norte, como se fossem potências, e não “um piolho na cabeça de um astrônomo”.

Um dos motivos para o nosso comportamento é que se trata de algo inédito na história. Somos os primeiros a vivenciar essa experiência. Os europeus de antes da Segunda Guerra Mundial jamais conseguiriam entender a contenção americana. Temos uma única potência militar no planeta É algo completamente diferente, inusitado, que esse poder não seja usado arrazadoramente, nem em situações de perigo real (após o ataque às torres) e nem para evitar o desgaste político pela inação-  que são as situações de tensão internacional que se eternizam e corroem os governos americanos. As guerras no Afeganistão e no Iraque se arrastam em uma estrada sem fim porque os militares não podem aumentar os danos colaterais, isto é, não podem matar civís, embora a verdade inapelável mostre que, desde a Segunda Guerra, são os inocentes as maiores vítimas dos confrontos. Enquanto a tecnologia militar não resolver esse problema é melhor nos acostumarmos com ele. Se queremos a vitória não existe outro caminho.

A principal causa da inércia americana é o comportamento das esquerdas dentro do seu país. Funciona com enorme eficiência no papel de inibir qualquer atitude que não seja a diplomacia, o apaziguamento, a mão eternamente estendida. As análises que são produzidas em cascata sobre as dificuldades dos Estados Unidos seriam imediatamente colocadas da lado, se não estivéssemos vivendo um momento único de desinformação em virtude dessa virulenta oposição interna de Democratas e Liberais às ações militares americanas. Um dos momentos mais significativos da tragédia, que se arrasta há décadas, chegou com as palavras do  presidente Obama, quando em extraordinário discurso mostrou que se envergonhava do fato de seu país ser a maior potência armada do mundo. A sofisticação que tentou imprimir à sua declaração não pôde esconder o que foi dito. Tornou-se para os mais atentos um acontecimento emblemático da ascenção da esquerda nos Estados Unidos. O questionamento da moralidade do poder americano na década de 60 teve, enfim, o apoio do próprio presidente, cinquenta anos depois.

Tudo isso nos transporta para a seguinte situação, que é o motivo deste artigo: Tendo em vista a imensa impopularidade dos Estados Unidos em todo o mundo fica dificil para os bons articulistas brasileiros escreverem a favor de posições de força, ou seja, abertamente apoiarem guerras justas movidas pelos americanos. Se existe a exportação do sentimento de repúdio ao uso da força por parte da camada mais intelectualizada dentro dos EUA, porque nosso articulistas deveriam se arriscar, ou, em outras palavas, serem mais realistas do que o rei ? Se os Estados Unidos relutam em lutar, temendo renegar seus próprios “valores morais” (embora seja apenas a destorcida visão liberal), porque aqueles comentaristas deveriam entrar no terreno minado da estabilidade de seus empregos, ou chocarem seus inocentes leitores, dizendo que já passou da hora de um bombardeio sobre o Iran? Estariam indo em sentido contrário ao da sua contraparte midiática nos EUA, acrescido do fato de que as guerras  são muito impopulares para que sejam propostas como solução. É necessário coragem. Eles podem dizer que o Iran não engana ninguém e que os aitolás estão escondendo a construção da bomba atômica. Até aí tudo bem, os nossos amigos conseguem chegar. Agora, dizer com todas as letras que as usinas iranianas precisam ser bombardeadas é outra história. Eles ficam muito quietinhos. Preferem parar no meio do caminho.

Um outro exemplo: Escrevem sobre Cuba a todo momento, atacam o governo cubano de todas as maneiras, não medem palavras. Gostam muitíssimo de apontar o comportamento criminoso do governo Lula em relação àquele regime, mas são incapazes de sugerir que os Estados Unidos deveriam usar a força militar, libertando 11 milhões de escravos, oferecendo a eles uma nova vida, sem medos, sem fome. Vocês já viram isso escrito por alguém?
Não seria nenhuma irresponsabilidade intelectual, nem primarismo, propor esse ato de força. Continuamos com a mesma instrumentação retórica que usávamos na Guerra Fria, mas acontece que a URSS ACABOU! Naqueles tempos uma ação americana dessa gravidade teria a contrapartida soviética, e consequentemente o risco de uma guerra nuclear. Era infantilidade desconhecer a geopolítica mundial, e pregar a libertação de Cuba pelas armas. Pelo contrário, havia até um compromisso americano de não encostar naquele país. Nós tínhamos o comunismo, e muitas vezes chegamos a pensar que o tempo estava a seu favor, e que nós seríamos derrotados.Tudo era milimetricamente medido para que tanto a URSS, como os EUA, não se enfrentassem em uma luta definitiva. Mas, hoje, com os Estados Unidos sendo a única potência militar no mundo, é surrealista, é inexplicavel, que a hipótese do uso da força não seja abertamente considerada pelos articulistas. Colocando em ação apenas um dos seus porta-aviões atômicos os EUA podem dominar qualquer país, e com dois, ou três, todo um continente. Mas os Estados Unidos sentem-se desobrigados de qualquer ação em Cuba, mesmo quando os seus antigos defensores, os russos, já deram a volta por cima e tornaram-se capitalistas, perdendo definitivamente qualquer interesse pelos cubanos. Cuba é tão importante para a Rússia quanto as ilhas Marshall para o Brasil. De fato é espantoso que ninguém proponha uma expedição libertária. A camarilha de Fidel deve se beliscar todos os dias para acreditar que não está sonhando. Não sabem de onde vem tanta sorte. Contudo, não é porque os governos americanos se afastam de suas obrigações morais que elas deixam de existir.

Os pobres cubanos sofrem há mais tempo do que seus ex-colegas das ex-repúblicas soviéticas. A URSS se desmanchou em 1990, já são vinte anos, e em nosso mundo de pamonhas agora existe outra desculpa para cruzar os braços: “ah, quando o Fidel morrer…” Qual será a desculpa se Fidel morrer amanhã e não acontecer nada ? Quem já foi a Cuba pode testemunhar que as pessoas, em virtude do contato com os turistas, e principalmente, por causa das transmissões clandestinas das TVs de Miami sabem que são uns aliens. Elas dizem humilhadas: “nós somos aliens”. Diferentes do resto do mundo, condenadas a serem prisioneiras no local perfeito: uma ilha. Assistem aos turistas comendo uma pizza que é o salário de um mês de um médico. Parecem que estão num zoológico, com os visitantes andando pelas ruas, tomando sorvete, e mostrando para os filhos os bichos presos que são tão interessantes. E tocam belas músicas para os felizes estrangeiros, e oferecem suas mulheres em cada esquina porque estão com fome! Vocês acham que eles já se acostumaram, que não sentem vergonha? Se pensam assim estão redondamente enganados. E se amanhã, por acaso ficarem livres do regime, não fiquem imaginando, nem por um segundo, que vão ser gratos a nós. Sabem muito bem que não movemos uma palha, além dos usuais manifestos e ridículos protestos, que nem mesmo se comparam aos que são feitos quando os Estados Unidos, ou Israel ferem os sentimentos dos nossos babacas esquerdistas-pacifistas-selvagens. Existe um certo paralelo com a apatia que os europeus mostraram em relação ao destino dos judeus na Segunda Guerra Mundial. As diferenças são contra nós, é evidente. Naquela época tínhamos a figura estonteante de Hitler, enquanto agora estamos diante de um velho ridículo, anacrônico, que só consegue ficar de pé devido à sua imensa auto-estima. Ah, mas comparar os campos de extermínio com o que está acontecendo em Cuba é um exagero. Claro que é, mas muitas vezes o exagero precisa ser usado para que as pessoas consigam enxergar além da realidade diária, que se torna rotineira, extinguindo a capacidade de analise. É o tratamento de choque para que as responsabilidades sejam chamadas à superfície.

Tenho amigos em Cuba e não consigo me acostumar com a conduta pusilânime de cruzar os braços, ao invés de exigir o uso da força. Seria necessário um maldito cinismo, que está muito além de mim. Outro dia, Vargas Llosa, e alguns intelectuais milionários, cobraram “mais firmeza do governo espanhol em relação à violação de direitos humanos pelo regime cubano”. Vão saindo, seus covardões! O que adianta isso ? Escrevam dizendo que os Estados Unidos precisam invadir aquele país, e que essa guerra não vai durar mais do que duas semanas! Digam que já passou da hora, que chega de sofrimentos para todo um povo por causa de meia dúzia de canalhas! Dêem aos cubanos uma razão para lutar. Dêem a eles uma oportunidade de pegar em armas, de botar fogo no país, de sabotar, de caçar e executar os seus torturadores e deixar de lado esse negócio de greve de fome, que não tem nada de viril. Mas… nem pensar que esses figurões teriam essa atitude -eles racionalizam, dão explicações “sofisticadas”, e temem “o perigo de uma intervenção americana” um chavão que mostra que de fato ainda não se libertaram do esquerdismo. A vida está passando devagar e depressa para os desesperados escravos cubanos. Que tal “Dar uma chance à Guerra”, visto que a Paz é um fracasso completo e só serve aos tiranos ? Deveriam mais é escrever que Comandos, ou Forças Especiais, precisam matar Fidel imediatamente. Por favor, não me venham com labirintos democráticos, para considerar ilegal, imoral, acabar com a vida de um carrasco que atormenta seu país há mais de 50 anos. Ele já foi julgado e considerado culpado, apesar do título de seu livro, que é um ato falho. Confessa sua culpa em cada discurso! Esse homem queria a guerra nuclear em 1962. Sabia que não sobraria um ser vivo em seu país, mas achava que valia a pena, se na desgraça levasse todo o globo junto. Os chefes de estado, que foram seus contemporâneos naquele momento incrivel, já morreram, mas ele permance, as doenças não conseguem realizar o sonho do seu povo. Chega de vida miseravel em Cuba. Ou vocês dizem o que precisa ser dito, ou tenham vergonha e fiquem calados.

2 agosto, 2010 às 23:09

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Categoria: Artigos

Comentários (5)

 

  1. Anderson disse:

    Olá Claudio, ótimo artigo.

    Desculpe minha ignorância mas, não identifiquei de quem é a autoria: é sua?

    Valeu!

  2. claudiomafra disse:

    Obrigado,Anderson. Quando coloco algum artigo que não seja meu o nome do autor vem ao lado, logo no título. um braço

  3. Denis disse:

    e não é que o Fidel tava certo?

  4. Maria das graças alves da silva disse:

    Parabéns…………..

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