História Universal da Infâmia : O Pai da Pátria, Renan Calheiros

                                           Renan Calheiros

É um escárnio, mas estamos acostumados. O notório ladrão Renan Calheiros vai ser, outra vez, presidente do Senado Federal, enquanto em qualquer país civilizado estaria numa penitenciária. O que mais se pode dizer a esse respeito ? Eu  não consigo escrever nem uma linha sem a sensação de estar perdendo tempo. Por outro lado, Dora Kramer, Merval, e outros importantes formadores de opinião, precisam fazê-lo, todos os dias, porque ganham a vida assim. Sinto pena deles, mesmo que já estejam anestesiados. Seria interessante alguém publicar um livro sobre a psique dos articulistas que carregam a cruz de chafurdar na lama do chiqueiro durante a maior parte de suas existências.

Vejam as palavras que Dora usou, uma atrás da outra,  para descrever a conduta dos infames deputados e senadores que apoiam a candidatura do bandido: covardia, descaso, desrespeito, petulância, malícia, zombaria, cinismo, desprovimento completo de espírito público….”  Coitada. Pelo visto, neste específico dia foi tocada pelo desânimo. Faz a crônica política de um país onde o povo perdeu completamente a auto-estima e encontra-se  em estado de desmoralização crescente, aceitando as ofensas mais brutais sem esboçar reação. Um povo identificado com os ladrões que se revezam no poder. É muito impressionante, embora não seja raro. De fato é o comportamento padrão em países atrasados. Nem sempre foi assim, mas é o que temos agora.

Ótimos jornalistas, como  Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, publicam em seus blogs uma quantidade enorme de informações para mostrar, em detalhes, o tamanho da desonestidade dos protagonistas da vida pública nacional. De certa maneira isto vai se tornando uma distração para seus leitores, com o risco de tornar-se um círculo viciado: Recebem a notícia pela mídia; ficam indignados; abrem o blog aonde podem ler a crítica contundente recheada de altas doses de ironia e sarcasmo; sentem-se aliviados e complementam sua catarse com os solidários e agressivos comentários que acompanham o texto. No outro dia novos escândalos, (ou seus desdobramentos),  fazem com que os leitores recorram novamente ao blog, e assim por diante. O perigo é o distanciamento da realidade. A linguagem forte a que ficam acostumados não é a da imprensa convencional, e  portanto não tem o poder que imaginam.

Mesmo os jornais e a televisão – que podem derrubar um ministro, ou mesmo o presidente da república – estão longe de conseguir imprimir um novo código de ética ao país. Isto só é possivel através de uma revolução, ou muitos anos de eleições, onde, invertendo o verso de  Yeats, **”os melhores estejam cheios de ardor apaixonado” .  

Dora Kramer colocou o título “Insensato Mundo” em seu artigo sobre Renan Calheiros. Dá para perceber que ela transcende o significado puramente ocasional, particular, de sua indignação. Atravessou a porta em direção a algo maior. Não sei se o “Mundo” é o Congresso, ou se refere ao ser humano Neste último caso, como garantir que não foi um ato falho de quem está cansada da vida de escrever e escrever, sempre a mesma cantilena ? 

O Estadão publicou ontem:  “Suplicy protesta, mas diz que vai de Renan se ele não renunciar  e mais adiante : “…a bancada do PSDB evita confrontar o candidato peemedebista ao comando do Senado e parte dela até trabalha por sua vitória. Isso porque o PSDB quer manter o cargo de primeiro-secretário das Mesa Diretora, uma espécie de “prefeito” da Casa, responsável por um Orçamento de R$ 3,5 bilhões”  e hoje:   “Renan dá cargos, consolida apoios e deve vencer no Senado com ampla vantagem”.    Vale a pena comentar ? Eu deveria escrever sobre o Eduardo Suplicy, um soberbo personagem de Macondo ? Deveria escrever sobre nossa Oposição ?

 

Vejam, clicando em cima do títuloO Período da Corrupção ;    Os colunistas políticos e a porcada   

*”Pai da Pátria” é o título honorífico do senador brasileiro – o nome vem do Senado Romano, que o bárbaro Alarico chamou de “Uma assembléia de reis”. Exatamente como o nosso Senado Federal.

** Os versos de Yeats em “A Segunda Vinda”  : “Aos melhores falta convicção, enquanto os piores estão cheios de ardor apaixonado” Os leitores podem ler todo o poema clicando em cima do título: O impressionante poema de Yeats “A Segunda Vinda

***  “História Universal da Infâmia” é título de um livro do grande Jorge Luis Borges

31 janeiro, 2013 às 17:30

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Categoria: Artigos

Comentários (3)

 

  1. Os senadores Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque podem ter a solução para nos livrarmos de Renan Calheiros. Eles votaram contra Renan na eleição para Presidente do Senado e se lhes enviarmos mensagens agora pedindo que eles liderem o bloqueio do Senado, Renan pode ser forçado a renunciar. Renan fez todos os tipos de ofertas aos senadores para que eles ficassem do seu lado. Mas Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque disseram que resistiram a isso e votaram contra ele. Agora, se quantidade suficiente de nós pedirmos a eles que bloqueiem o Senado até que Renan renuncie, eles sentirão que o povo está apoiando as suas ações. Essa estratégia foi o que tirou Renan do poder em 2007, e podemos fazê-la funcionar novamente. Se Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque começarem, outros seguirão. Essa é a nossa melhor chance de tirar Renan do poder. Vamos dar a Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque o nosso apoio pela remoção de Renan Calheiros da Presidência do Senado. Clique ao lado para escrever uma mensagem e ligue para os senadores diretamente. Vamos percorrer todo o Brasil até que os computadores e as linhas telefônicas dos senadores fiquem congestionadas.

    • claudiomafra disse:

      Já funcionou uma primeira vez ? Acho que deve-se tentar novamente, mas lembre-se, Gabrielle, Dilma é popularíssima, Lula é popular, outros grandes cafajestes têm o voto garantido pelo povo, e assim vamos indo. Sem dúvida precisamos de pessoas otimistas feito você para que aconteça uma transformação em nosso país, mesmo que seja por volta de 2050.

  2. Homem de confiança do senador José Sarney (PMDB-AP), protegido por sua mulher, dona Marly, Pedro Ricardo era apenas um técnico legislativo com formação em contabilidade. Até que, em 2005, foi promovido ao posto de diretor da Polícia Legislativa da Casa e transformou o broche funcional que carrega na lapela em uma estrela de xerife. Com a função comissionada e acesso irrestrito ao gabinete de Sarney, Pedro Ricardo ganhou superpoderes. Baixou oito atos e portarias ampliando cada vez mais a atuação de seu departamento e equipou seus homens com os mais modernos dispositivos da contraespionagem. Prática recorrente e conhecida dos funcionários da polícia, ele produz relatos semanais para a presidência do Senado sobre, por exemplo, quem entra e sai dos gabinetes, conduta aceitável em organismos de outra natureza, como o Gabinete de Segurança Institucional, ligado à Presidência da República. Recém-eleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) esteve tentado a valer-se dos préstimos do xerifão. Os dois já haviam trabalhado juntos até 2007. Mas, hoje, Renan está mais inclinado a substituí-lo. O parlamentar alagoano, na verdade, teme o poder paralelo criado por Pedro Ricardo no Senado nos últimos anos.

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