Israel – texto e fotos

Fotos: Claudio Mafra. Reprodução permitida mediante citação dos créditos.

No avião que ia me levar para a Turquia fiquei observando a cara dos turcos, os narizes dos turcos. Uma raça bem marcada. Todos muito bem vestidos. Estão longe de serem fanáticos feito os árabes e persas. As mulheres quando são bonitas, são lindas.  Na Turquia muçulmana o Estado ainda não está ligado ao Islã, apesar das várias tentativas dos clérigos.

Quando eu cobria a OTAN, em Bruxelas, ficava impressionado com os oficiais turcos, os mais posudos, os que tinham a farda impecável. Depois descobri que eram soldados formidáveis, e  muito respeitados pelos militares de outros países.

Eles foram fieis e importantíssimos aliados dos Estados Unidos contra a URSS. A proximidade da União Soviética era de enorme valor estratégico para os americanos. Pois bem, os liberals dentro dos USA propuseram, há mais ou menos uns dois anos, uma moção de censura à Turquia pelo massacre dos armênios em 1913! Quase cem anos depois!  Todos os ex-Secretários do Depto de Estado ainda vivos, e eram oito, redigiram uma carta pedindo à Câmara dos Representantes que não fizesse essa barbaridade. Mas, nem assim. A Turquia, ficou furiosa, e era mesmo para ficar. Ingratidão é a palavra. Prejudicou os turcos em muitos sentidos. Eles se esforçando para serem aceitos na União Européia e recebem uma trombada dessas. E as pessoas ainda acusam os Estados Unidos de só terem interesses, de serem pragmáticos, a última coisa no mundo que pode ser atribuída a eles. Nenhuma nação na face da terra tem os padrões morais americanos.

Meu pai dizia que os turcos são os soldados mais cruéis do mundo. Ele sabia muito. Hoje concordo com quase todas as coisas que me disse, e que eu, arrogantemente, achava que eram tolices e desinformação. Esse fenômeno, que me surpreende com freqüência, chama-se, segundo o premio Nobel de Medicina, Konrad Lorenz, “obediência tardia”.

Seu eu fosse judeu moraria em Jerusalém. Se fosse um verdadeiro cristão também. É o lugar onde tudo se passou. Se existe uma outra vida, e se Jesus viveu e morreu para nos salvar, e isso aconteceu em Israel, onde mais seria o lugar para se estar?

Viajando na Turkish Airlines com o avião lotado. São os muçulmanos indo para Meca. Na minha frente quatro alemães loiríssimos. Comportam-se como se o avião fosse deles. Não dão a menor bola para os árabes, persas, e outros. Sentem-se superiores. E os árabes olhando para eles com ódio.

Já não consigo encarar a classe econômica nessas viagens que duram mais de vinte horas, contando as esperas em aeroportos. Fico completamente quebrado. E os aviões agora vivem entupidos. E tome gente mal educada. Gente feia. Tudo apertadinho. E as aeromoças já não são bonitas como eram. E nós também já não somos bonitos como éramos.

Aqui, no tour em Israel, o guia judeuzéssimo, falando sobre a corrupção entre os palestinos, afirmou que é “muito maior do que qualquer outra, maior até que na América do Sul!” Na primeira oportunidade fui agradecer a gentileza, sendo eu brasileiro. Não ficou nem um pouquinho sem graça. Meus companheiros são um casal canadense, dois casais ingleses e mãe e filha norueguesas. Quer dizer, o único exótico sou eu mesmo. Uma raridade eu viajar em grupo. Estou achando ótimo. Fico dando em cima da norueguesa.

Israel é lindo e muito mais preservado do que eu imaginava. O turismo ainda não fez grandes estragos. Os desertos, as montanhas, o maravilhoso mar Morto, o mar da Galileia. Para quem teve uma educação presbiteriana, e passou a infância indo todos os domingos à Escola Dominical, é muito emocionante. Uma viagem indispensável.

É claro que Israel é dos judeus. Esse problema dos palestinos precisa ser resolvido, mas os lugares controlados por eles são feios, sujos, perigosos, e dá vontade de entregar imediatamente para Israel. Belém é um desses lugares. Pulei fora do microônibus para fotografar a ridícula polícia palestina correndo e tentando descer o cacete em manifestantes, seus compatriotas. Ficaram espantados comigo ao lado deles na correria.  Eles são mais ou menos uns baianos com bigodes. Quando voltei para o ônibus meus companheiros de viagem estavam pasmos. O guia achou ótimo.

Nesta vida tão curta eu não posso ficar do lado dos árabes quando sei que eles vão estragar tudo que existe naquelas paragens. Só isso. Hoje os meus valores são muito diferentes daqueles de quando eu era um radical de esquerda. Importante é dignidade, lealdade, correção. Valores de educação e não valores políticos. Valores que se aplicam á política. Não sei como vão conseguir fazer a paz entre palestinos e israelenses. Apenas estou ao lado de Israel. Vocês já viram como é triste um judeu de esquerda, aquele que é contra Israel, e gosta de contar piadas de gheto ?

Os judeus têm esse enorme complexo por terem sido tão doceis durante o Holocausto. Mas isso já foi mais ou menos explicado. São dois milênios de problemas psíquicos.

Eles precisam é sentir muito orgulho de Israel. É um país pequenininho, cercado pelos árabes por todos os lados. Agora, por exemplo, estou vendo a Jordânia que faz fronteira com o Mar Morto. ( A Jordânia e o Egito fizeram uma paz em separado com Israel, mas somente depois de apanharem muito). É como se você tivesse uma fazendinha e a corja do MST querendo invadir. Eu posso ver o país inteiro em poucos dias, o que dá uma sensação ótima. Para onde você vira a cabeça o lugar é histórico, está na Bíblia, ou tem mais umas dez lendas em cima.

O Mar Morto está 400 metros abaixo do nível do mar. Azul, maravilhoso. Perto, numa montanha altíssima, a fortaleza de Massada, construída por Herodes (aquele, o das criancinhas). Quando Israel foi definitivamente derrotada pelo general Tito, no ano da Diáspora (70 depois de Cristo), 900 pessoas se refugiaram nesse lugar. Resistiram ao cerco romano por dois anos e depois se suicidaram. Só duas pessoas escaparam para contar toda a história. Estivemos lá em cima, levados por um teleférico.

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Os guias mal conseguem disfarçar o quanto acham ridículo o cristianismo. São obrigados a aturar os turistas cristãos, mas estão sempre dando alfinetadas. Nos lugares cristãos “santos” ele ficam nos olhando, meio zombeteiros. O interessante é que você pode não acreditar que aquele lugar é o Gólgota onde Jesus foi crucificado, mas a mulher do imperador Constantino disse que foi , isso há 1.700 anos atrás, então é importantíssimo de qualquer maneira. Tudo é assim. No Jardim das Oliveiras eu fotografei uma mulher chorando de emoção incontrolável. Talvez as oliveiras sejam mesmo aquelas do último passeio de Jesus. (Vamos esquecer os testes com carbono 14, que determinam a idade de tudo)

Jerusalém está além da imaginação. Ao pé das suas muralhas, saí  literalmente pisando em túmulos, mas encostei as mãos no fabuloso Golden Gate. O guia disse que as pessoas só moram em Jerusalém por sentimentalismo. Que a cidade está no meio do deserto e que Tel-Aviv, à beira-mar, é muito melhor. O nosso guia é ateu e de esquerda. Estava insultando os religiosos de barbinha e roupa preta que ficam se lamentando no Muro das Lamentações. Todo exaltado fez uma catilinária para nós, dizendo que aquilo era simplesmente um show, que eram uns farsantes. Ele foi ouvido por um deles, um rapaz muito novo. Recebeu uma esculhambação moral acachapante (em inglês para que o grupo todo entendesse). Começou assim: “ Você veio da Rússia , não é ?” Só isso já matou. Fiquei imediatamente a favor do rapaz, fotografei o cara, a mulher dele, apertei a mão, disse que ele tinha razão, tapinhas nas costas, respeito é bom, essa roupa é mesmo bacaninha.

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Os judeus estão na galeria dos povos mais importantes de todos os tempos. “São o povo mais tenaz da história”, segundo o escritor Paul Johnson, no seu excepcional livro A História dos Judeus. São também o mais inteligente, e carregam tanta tristeza no passado, acumulada até os dias de hoje, que realmente não podem ser as pessoas psíquicamente mais saudáveis do mundo. Muita humilhação, muito horror por séculos e séculos deixaram uma marca para sempre. Talvez depois de uns duzentos anos de Israel seja possível que afinal eles se libertem. Durante o horror hitlerista só se revoltaram em dois lugares: no gueto de Varsóvia, onde lutaram com grande coragem, mas foram esmagados pelos soldados das Waffen SS, e no campo de extermínio de Treblinka, já no finalzinho, quando até os alemães já estavam pensando em cair fora, com medo do que ia acontecer na hora em que chegassem as tropas aliadas. Nesse campo setenta judeus tentaram a fuga e uns poucos conseguiram escapar. Eram aqueles que mandavam os seus irmãos para a morte, eram a guarda judia do campo, outra mácula difícil de ser esquecida. Nas “colunas da morte” quando a guerra já havia praticamente acabado, homens e mulheres ainda eram levados, sem destino, pelas estradas européias, centenas deles, guardados apenas por poucos soldados das SS. Iam andando e caindo mortos ao lado do caminho. Por que não se revoltaram e mataram os soldados, mesmo que muitos sucumbissem na ação? A resposta é complexa demais, muito longa.

Para quem não sabe, a França era muito mais anti-semita do que a Alemanha até Hitler chegar ao poder. Aliás, quase toda a Europa.

Os nazistas (feito o mundo inteiro até hoje), acreditavam que os judeus eram todos ricos, todos banqueiros, grandes negociantes, confundindo uma pequena elite com a massa de um povo. E também tinham certeza que evitavam o trabalho físico e, mais genericamente, não realizavam trabalho honesto. Por isso as cenas que vemos nos documentários, onde os obrigam a limpar as ruas com escovas de dente.

Os judeus perderam o espírito combativo de seus antepassados. A Diáspora, no ano 70 depois de Cristo, abateu seus espíritos, mas o golpe capital foi o cristianismo, quando passaram a ser considerados os criminosos que mataram Jesus. Passaram a ser vítimas dos pogroons. Acostumaram-se a sofrer sem reagir. Na Segunda Guerra Mundial nunca acreditaram que iriam morrer nas câmaras de gás, porque se achavam úteis como trabalho escravo. Nunca entenderam que prejuízos econômicos geralmente não amedrontaram ou detiveram nem Hitler, nem mesmo o mais subalterno guarda de campo. Mas só assim, em virtude dessa enorme passividade, foi possível serem executados em números gigantescos. Em Israel, seus filhos e netos envergonham-se tremendamente do que aconteceu.

A maioria de nós é anti-semita, mesmo não sabendo disso. E somos uma elite. Imagine o restante do mundo. Uma doença universal. Não me digam que vocês até hoje não perceberam essa realidade! E não venham com aquele negócio de “ eu tenho um ótimo amigo judeu”,  fenômeno que foi muito bem diagnosticado por Jean Paul Sartre.

Quando o general Patton os viu, em um dos campos libertados, exclamou: “ Mas como isso é possivel ? Que povo se deixa matar dessa maneira ?” Foi imediatamente taxado de anti-semita ( não sei se era), mas sua surpresa foi aquela de todos os que viram o horror que até hoje nos assombra. E parece, não afirmo com segurança, que um dos valores do judaísmo é a sobrevivência a qualquer custo.

Um dos maiores elogios que eu conheço dirigido aos judeus veio de Churchill, e tem enorme valor porque foi expresso de forma indireta. Ele disse em 20 de agosto de 1940: Como os alemães expulsaram os judeus e assim baixaram os seus padrões técnicos, nossa ciência está definitivamente à frente”.

E só não enxerga quem não quer enxergar que eles são, proporcionalmente ás nossas populações, os maiores músicos, maiores compositores, maiores filósofos, atores, artistas, escritores, cientistas,  maiores em tudo que possuímos de melhor na civilização ocidental.

O Museu do Holocausto é simples e bonito. A parte dedicada aos meninos que morreram nos campos é uma perfeição arquitetônica para provocar tristeza. Um grupo de adolescentes israelenses está no pátio, em frente de uma escultura que mostra os sobreviventes saindo do gueto de Varsóvia. Eles chateiam todo mundo pela presença desrespeitosa e burra. Que fenômeno esse, o da adolescência! Está cada vez pior. Ninguém agüenta mais. Hoje, ser adolescente é licença para ser desagradável. Ao contrário do que se costuma dizer não foi sempre assim pelos séculos afora. Mas nós entramos numa da “cultura do jovem”. Ser jovem já é ter razão. É o ridículo supremo.

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O museu onde estão os Manuscritos do Mar Morto é outro espetáculo. Os judeus gostam de provar com documentos a parte que não é mágica da sua religião. E conseguem. Então ficam furiosos com o que eles acham que é a baboseira cristã, onde nem a existência de Jesus foi atestada até hoje. A gente realmente fica impressionada com a seriedade das coisas deles. O arquiteto fez do museu uma escultura, que é um carimbo enorme, onde está inserido todo o livro de Isaias, que eles acharam numa caverna. O carimbo é para dizer que está provado e passar muito bem.

O nosso guia ( não é o Lula) resolveu me fazer de empregado. Sou eu que tenho que beber água para mostrar que é salina, pisar no chão para mostrar que é areia, e vai me usando para provar coisas ao grupo. Toda hora tenho que sair da van. Não sei porque acha que meu nome é Andrea. O tempo todo é Andréa prá cá, Andrea prá lá, e todos morrem de rir com a minha cara de pau em não corrigi-lo. Ele grita Andréa e eu respondo imediatamente “ Yes Sir !”  É a minha pequena vingança. Durou um dia inteiro, até que a canadense achou que já havia passado da conta e contou para ele.

Aprende-se uma coisa definitiva viajando e vendo o passado: não existe nada de novo no mundo. Tudo já aconteceu, todas as emoções já existiram, todas as situações importantes já foram vividas. Energia atômica é detalhe. Acho que o único fato transcendental, desde a Antiguidade, foi a descida do homem na lua. Só isso.

Um pequeno trecho de Paul Johnson a propósito do livro de Jó : Contudo, nem mesmo os gregos produziram um documento- é difícil saber em que categoria colocá-lo – tão misterioso e pungente quanto o Livro de Jó. Esse grande ensaio sobre teodicéia e os problemas do mal fascinou e desconcertou tanto eruditos quanto gente comum por mais de dois milênios. Carlyle chamou-o “ uma das maiores coisas já escritas” e de todos os livros da Bíblia foi o que mais influenciou escritores. E a propósito do Livro dos Salmos: Alguns são obras primas, que despertam ecos em corações em todas as épocas e lugares: Salmo 22 com seu grito de socorro. Salmo 23 com sua confiança simples, 39 o epítome da intranqüilidade, 51 apelando por compaixão, 91 o grande poema de segurança e conforto, 90, 103,104 que celebram o poder e a majestade do Criador e os laços entre Deus e o homem, e 130, 137,e 139, explorando as profundidades da miséria humana e trazendo esperança.

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Existem judeus negros. São etíopes, e foram descobertos há pouco tempo. Realizaram uma grande operação para trazê-los para Israel. O nosso guia diz que são perigosos, estupradores. Quando tive a oportunidade de vê-los numa esquina batendo papo, marginais de carteirinha, o guia não quis parar o ônibus e nem mesmo dar uma voltinha e passar devagar para que eu fotografasse. É claro que tem uma enorme vergonha deles. Negros com nariz de judeu! Barra pesada.

Estamos agora em Nazareth, na igreja da Anunciação. O guia está furioso. Com uns 65 anos de idade, a paciência dele acabou completamente: ele tem que entrar numa igreja CRISTÃ e ficar contando pros deslumbrados dos CRISTÃOS essa história que ele odeia. E no final do tour ainda depende de uma gorjeta dessa mesma turma que ele despreza. Vida dura.

Talvez a civilização judaico-cristã seja a responsável pela destruição do nosso doce planeta. Nos tempos do paganismo os vários deuses tinham sentimentos iguais aos dos homens. Nada de termos sido feitos à imagem e semelhança de um Deus único, todo poderoso. Esse novo approach, que veio com os judeus e se tornou irresistível com Jesus, colocou o homem no centro do universo, a criatura mais importante de todas, com direito sobre os animais, florestas, rios. As florestas e os animais conseguiram sobreviver enquanto a tecnologia era pobre. De uns 300 anos pra cá é que começou o desastre. Ninguém pode dizer o que teria acontecido se o paganismo tivesse triunfado na antiga Roma. Talvez não estivéssemos hoje reduzidos a uns poucos tigres siberianos ainda vivos nas florestas, enquanto milhões de criminosos passeiam por aí, impunemente. Talvez, fazendo um enorme esforço, vocês concordem comigo: peguem o governador Arruda, o Maluf, o Daniel Dantas, e os coloquem ao lado do tigre. Quem é mais nobre? Quem é mais bonito? Quem nós respeitamos mais? Quem merece viver?

Já disse e repito ( virou obsessão temática) : Sou a favor de uma intervenção americana na Colômbia, tipo Kosovo. Incendiar as plantações de cocaína, incendiar as refinarias, e matar os traficantes, com ou sem a autorização desse país. Colômbia ou qualquer lugar do mundo, inclusive  Brasil.  Esse pudor de resolver os problemas pela força está acabando conosco. Com respeito à floresta amazônica – que vai torrar até a última arvore – é melhor eu ficar calado.

Figos e tâmaras deliciosos em Nazareth. O lugar é muito feio porque está sob controle palestino. Jerichó também. Miséria danada, mas não existe nenhum mendigo.

Estou sentindo muita falta da minha mãe, aqui em Tiberíades. Ela poderia tirar todas as minhas dúvidas sobre os episódios bíblicos. Agora vi o mar da Galileia. A tempestade e Jesus andando sobre o mar, os pescadores, os discípulos aturdidos.

Coloquei os meus pés no rio Jordão onde Jesus foi batizado. Depois fui entrando devagarzinho, devagarzinho. As águas são limpíssimas, transparentes, lindas. O rio deve ter somente uns 20 metros de largura.

Já dei dois “good morning” aqui, no antigo kibutz, e ninguém respondeu. Umas oitocentas pessoas vivem nele. O guia avisou que elas são rudes e detestam turista. O kibutz onde estamos remonta ao começo do século, mas agora uma parte dele virou hotel de “luxo”. Esse negócio aqui já foi comunista, com secretário-geral, comitê central e outras palavras  perdidas no tempo. Estamos na fronteira da Síria, e visitamos as colinas de Golan, tomadas por Israel na guerra dos Seis Dias, em 1967. Só quem não viu Golan pode achar que Israel vá devolve-las para a Síria. É um lugar de onde os sírios, lá de cima, atiravam nos israelistas com a maior comodidade. Tiro ao pato. Fazendo pic-nic e atirando. Só se Israel for doida para devolve-las. O kibutz é cheio de abrigos, de bunkers. Para mim um dos charmes de Israel é o permanente estado de guerra. Os jovens, rapazes e moças que estão no serviço militar levam o fuzil ou a metralhadora para casa. Dormem com as armas na cama.

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As estradas são perfeitas. Realmente esse negócio de buraco é coisa do nosso país.  Para onde vai o dinheiro do Brasil? Por que a gente não vê essas coisas em outros lugares? Em que ponto da nossa história perdeu-se completamente o senso moral? Para o meu velho pai isso ocorreu com a revolução de 30.

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Em Cesárea, ao lado do Mediterrâneo azul, azul,  as ruínas são muito lindas.  As escavações por serem relativamente recentes deixam que pedras de mármore de todos os tamanhos fiquem jogadas no chão, de qualquer jeito. O guia displicentemente mostrou uma grandona que estava em pé e disse: “essa pedra foi descoberta há pouco tempo e tem o nome de Poncio Pilatos gravado. É muito importante porque é a primeira vez que se tem uma prova de que ele existiu”. Será verdade ?  Puxa!!! Poncio Pilatos, o incrível governador romano que se recusou a condenar Jesus. Vamos ver em Mateus 27, versículo 24: Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos, diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue desse justo: considerai isso. Nesse momento recebeu a resposta terrível, que Mel Gibson não teve coragem de colocar em seu filme: Erespondendo todo o povo, disse: Que o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.” (Mateus 27, versículo 25). Essa frase é interpretada pelos cristãos como diretamente ligada ao Holocausto.

O papel de Pilatos nesse drama é extraordinário. Maior autoridade romana na Judéia, estava cansado das brigas internas entre os excêntricos e arrogantes judeus – excêntricos e arrogantes porque só tinham um deus-  e irritou-se quando percebeu que o estavam levando para uma arapuca. Para aumentar sua angústia sua mulher o havia chamado de lado e dito :“ Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele (Mateus 27, vers. 19). Pilatos tentou de todas as formas libertar Jesus, e somente cedeu na hora em que foi cinicamente chantageado pelos sacerdotes, que lhe disseram: “ Se soltas este não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César.”( João 19, versículo 12).

Momento crucial do julgamento mais importante da história.

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Ecce Homo (“Eis o homem”), pintura de Antonio Ciseri, representando a apresentação de Jesus Cristo por Pilatos à população de Jerusalém.

12 janeiro, 2010 às 21:44

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Categoria: Artigos

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