O caso Honduras: países unidos contra a lei

Montagem_Chavez_Zelaya

Muito tempo atrás, um conhecido formador de opinião, emitiu um alerta para o perigo de Lula “fechar o Congresso”. Mas, de que maneira ele faria isso ? Mandando o PT e o MST com foices, pedaços de pau e megafones até os edifícios da Câmara e do Senado, gritando “fecha! fecha! fora!, fora!  ! ” ? Bem, quem “fecha” um Congresso são os soldados, os tanques.  Numa situação desse tipo seria mais provavel o Exército “fechar”o Lula. Certa vez  o rei das gafes  disse a propósito da crise do gás na Bolívia, quando Morales ameaçava cortar o fornecimento para o Brasil: ” Eu não vou fazer feito o Bush fez no Iraque, eu não vou invadir a Bolívia !” O Napoleão de Garanhuns.  Será que ele sonha que se desse essa ordem o Exército obedeceria ? E se o Nelson Jobim desse a ordem?  Chega a ser hilariante pensar nessa hipótese.  Os chefes militares ficariam atônitos com a ignorância e audácia dos civís. Consultariam o Congresso, o Supremo, fariam muita coisa antes de sequer pensar em embarcar nessa aventura.

O Lula andou se confundindo com o Geisel . Esse sim, justificando ser contra a construção do gasoduto disse com toda a propriedade : ” E se eles ( os bolivianos) fecharem a torneira, eu vou ter que mandar a tropa ?”.

A questão de um exército interferir nas relações de poder dentro de um país voltou de forma dramática ao cenário da A. Latina. Quando Manuel Zelaya convocou o plebiscito para tentar o segundo mandato, o que poderiam fazer o Congresso, a Suprema Corte Hondurenha, enfim, os poderes constituídos? Após declararem o ato do governo como totalmente inconstitucional, uma afronta direta a uma cláusula pétrea,  a quem deveriam se dirigir os congressistas e  juízes ? Ir até o palácio tomar limonada com o presidente e pedir que voltasse atrás em seu desprezo pela lei ? Provavelmente, como Honduras não é a Prússia, vamos imaginar que isso tenha sido feito. Devem ter tentado tudo, porque Zelaya é perigoso, é demagogo, é populista.  Depois que não deu certo, fizeram o que precisavam, o que  a lei mandava. Recorreram ao que existe para situações como essa. Recorreram ao Exército, que é o guardião armado da Constituição.  Cumprindo o seu dever ,os militares passaram a mão no cínico candidato a ser o Chavez de Honduras e o enfiaram de pijamas em um avião para Costa Rica. Poderiam te-lo encarcerado também, esperando um julgamento por traição, mas possivelmente a melhor saída foi essa.  O exército hondurenho cobriu-se de honra. Deu uma sacudida em todo o continente latino-americano, mostrando que os militares ainda podem garantir uma democracia, ao contrário, por exemplo, dos companheiros de Chavez, o exército venezuelano.

O que  aconteceu  para o mundo estar contra Honduras ? A principal razão foi a condenação feita por Obama, classificando o ato de golpe militar. Atuou como um homem de esquerda, o que foi coerente com seu passado – o mais esquerdista de todos os senadores americanos. Mostrou-se mal informado, confuso, relativista (as coisas nunca são certo, ou errado, para os liberais americanos) e passou a exigir de Honduras o absurdo, o completo non-sense: a volta do criminoso. Sem o mínimo de bom senso, decidiu que os militares hondurenhos haviam feito o que seus antecessores gostavam de fazer, derrubar presidentes. Não examinou em profundidade a situação e as consequências funestas da intervenção americana. Apegou-se a um clichê e achou que estava dando um recado de democracia para o mundo. São necessárias décadas de pensamento American liberal para que um presidente dos Estados Unidos chegue a esse ponto de relativismo, de “sofisticação”. Trocar o certo pelo errado para não “provocar” o inimigo, ou ,para não dar motivo de críticas por parte do inimigo. Achou que  estaria fortalecendo Chavez ao concordar com os militares hondurenhos. É  miopia, e é covardia. E Vargas Llosa, em artigo recente, também não gostou dos militares haverem colocado as mãos no presidente deposto; “Despertar um presidente constitucionalmente eleito à força de baionetas, e envia-lo para o exílio sem lhe dar tempo para tirar o pijama, como os militares hondurenhos fizeram com Manuel Zelaya é um ato de barbárie política”.  O grande escritor mostrou seu enorme talento, conseguindo em uma única frase colocar todos os lugares comuns e vulgaridades melodramáticas de uma manchete de jornal escandaloso. “Despertar” ….  “à força de baionetas”…. “ato de barbárie política”,  puxa, mas que gênio! Melhor seria ter enxergado o velho humor latino-americano de haverem prendido o candidato a ditador, de pijamas,  soca-lo  em um avião,  e  BOA VIAGEM!  Llosa queria um comportamento de Suécia, se por acaso fosse possivel algo semelhante naquele país. Estamos na A. Latina, e mesmo quando acertamos, fazemos as coisas de uma forma um tanto primitiva. Ele deveria é ter dado graças a Deus por ter sido removido o perigo de outro caudilho chavista em nosso continente. Mas, de jeito nenhum, porque, para ser contra Chavez, é necessário também ser contra os militares hondurenhos, da mesma forma que, em qualquer circunstância, para se criticar Obama é necessário um salvo-conduto , criticando-se Bush primeiro.

Felizmente o Congresso, a Suprema Corte e o Exército hondurenhos estão demonstrando grande coragem, enfrentando sozinhos o Brasil, os Estados Unidos, a Venezuela, o Equador, Bolívia a Argentina, a Nicarágua, e a Eurábia, (Europa). Sem essa determinação, sem essa surpreendente força moral tudo estaria perdido. Teríamos um novo Chavez, por causa do bom mocismo do presidente americano. Ah, e vemos o Lula, dando entrevista ridícula, onde pretendeu definir o papel dos militares no continente. No fundo, sabe que tem culpa no cartório por causa do MST e outras bandidagens,  e ainda deve guardar um pouquinho, só um pouquinho, de medo do nosso PRÓPRIO exército. E, para variar, os esquerdizoides do Itamaraty, fazem um apelo desavergonhado aos Estados Unidos  para que pressionem o substituto de Zelaya, o atual presidente temporário, Roberto Micheletti. Vai o ministro Amorim, o escovinha (sempre ele!), e liga para a Hillary Clinton: “Pois é, dona Hillary,  é preciso encontrar, com rapidez, uma solução que permita que a resolução  da Organização dos Estados Americanos seja cumprida por Honduras , com a volta de Zelaya à presidência. Contamos com a senhora, dona Hillary !”  E o embaixador brasileiro na OEA, Ruy Casaes, cumprimentou Zelaya por dar “mostras de consciência democrática”.  E nós pagamos o salário dessa turma !

E bota pressão com Chavez ameaçando,  e o ex-guerrilheiro de lentes de contato , Daniel Ortega,  falando em tropas na fronteira, e de uma hora para outra pode até ocorrer uma batalha real no pequeno país. Dá até pena ler a declaração de Michelleti: “Não queremos ficar como os venezuelanos, os equatorianos, e os bolivianos. Queremos um país livre e democrático.” Nem o pateta Jimmy Carter conseguiria fazer uma bobagem tão grande: armar as condições para que Zelaya possa começar – com o apoio armado de Chavez- uma guerrilha em Honduras.

Quando o general Lott deu o contra-golpe em 1955 – depondo o presidente Carlos Luz  – e assim garantindo a legalidade e a posse de Juscelino, a situação era muito mais complexa. Os conspiradores ainda não haviam infringido a constituição brasileira. Imagine se fosse Obama o presidente.  Correríamos o risco de ver estabelecida a tese da maioria absoluta, pregada pelos golpistas,  e Juscelino não ser empossado. A confusão estaria armada.

Podem todos ficar tranquilos. Depois dessa, Lula arquivou definitivamente qualquer sonho de um terceiro mandato.  Será que ele dorme de bermudas ou de pijamas ?

20 julho, 2009 às 01:43

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Categoria: Artigos

Comentários (5)

 

  1. João A. da Nóbrega disse:

    Não me é surpresa posições desse tipo do presidente Obama. Ele alçou àquela cadeira porque interessa a uma poderosa máfia que manda e desmanda no mundo. Arquiteram um plano diabólico, coisa pós 2ª Guerra Mundial, e estão rigorosamente cumprindo as metas pré-estabelecidas. A palavra de ordem dessa corja é esquerdizar o ocidente, em particular as Américas. Se não reagirmos em tempo em breve estamos debaixo das botinas dos vermelhos.

  2. Gabriel disse:

    Acho que a resolução e argumentações dos golpista foram totalmente legítimos pelo seu ponto de vista, mas, acredito que sua ação feriu a OEA, desrrespeitou toda a A. Latina e os interesses do povo hundurenho, no que se refere depor um presidente eleito. Um povo tem o direito, por plebiscito, fazer qualquer mudança que acredite necessária em sua constituição diretamente ou pelo congresso, isso sim é democracia, que significa governo popular. Ou você acha que a maioria da população de honduras não terá mais o direito de mudar seu destino???. Lembremos também que quando os Militares deram o golpe de 64 – no Brasil, externaram a ameaça comunista como um dos argumentos para fazê-lo. Não seja demagoggo meu amigo, é o povo hondurenho que que deve através do voto, decidir o seu futuro. Ou será que os politicos de lá não acreditam que o povo é capaz de decidir seu futuro sozinho? Ou será que têm medo do que pode ser decidido???
    Mas não culpo totalmente os políticos de hunduras por essa medida anti-democrática, cada povo merece o governo que tem. Se eles não fizeram nada até agora, não somos nós que devemos fazer por eles… Mas isso é errado. As ditaduras populares se iniciam com o aval do povo e com sua participação direta; acabam também pela vontade e participação do mesmo. Já as ditaduras capitalistas se iniciam atropelando-se qualquer chance de participação e opinião popular.
    O mundo só será um lugar melhor quando respeitarmos as opiniões e o espaço dos outros, na A. Latina por enquanto, pelo que se tem visto, a tendencia popular é para os esquerdismo e indianismos, fenômenos culturais e históricos no continente. Apoiar o que acontece em honduras é lembrar uma América sobria que já passou por esse tipo de coisa. As ditaduras capitalistas só favorecem pequenos grupos, mas sabe porque não se tem muita informação sobre miséria e desemprego nessas épocas de ditadura? É porque quem reclama leva chumbo. É só analisar. sabe-se mais sobre as ditaduras de esquerda do que das ditaduras de direita, por que será???
    Devemos lembrar ainda que um país não deve ser governado para uma minoria que não precise de medidas esquerdistas para o melhoramento da vida, mas infelizmente, são esse poucos os formadores de opinião, isso porque os populares de verdade tem que trabalhar duro o dia inteiro para sustentar a si e sua família, não podendo assim se informar ou sair da situação em que se encontram. É assim mesmo, enquanto os trabalhadores se arrebentam, alguem aparece tentando conscientizá-los de que não devem lutar por uma América melhor e igualitária, que devem continuar sendo escravos do capital, e repudiar qualquer esperança de mudança.
    Os que se encomodam com a organização popular é porque só têm a perder se o povo toma o poder…

  3. Gabriel disse:

    Acho que a resolução e argumentações dos golpista foram totalmente legítimos pelo seu ponto de vista, mas, acredito que sua ação feriu a OEA, desrrespeitou toda a A. Latina e os interesses do povo hundurenho, no que se refere depor um presidente eleito. Um povo tem o direito, por plebiscito, fazer qualquer mudança que acredite necessária em sua constituição diretamente ou pelo congresso, isso sim é democracia, que significa governo popular. Ou você acha que a maioria da população de honduras não terá mais o direito de mudar seu destino???. Lembremos também que quando os Militares deram o golpe de 64 – no Brasil, externaram a ameaça comunista como um dos argumentos para fazê-lo. Não seja demagoggo meu amigo, é o povo hondurenho que que deve através do voto, decidir o seu futuro. Ou será que os politicos de lá não acreditam que o povo é capaz de decidir seu futuro sozinho? Ou será que têm medo do que pode ser decidido???
    Mas não culpo totalmente os políticos de hunduras por essa medida anti-democrática, cada povo merece o governo que tem. Se eles não fizeram nada até agora, não somos nós que devemos fazer por eles… Mas isso é errado. As ditaduras populares se iniciam com o aval do povo e com sua participação direta; acabam também pela vontade e participação do mesmo. Já as ditaduras capitalistas se iniciam atropelando-se qualquer chance de participação e opinião popular.
    O mundo só será um lugar melhor quando respeitarmos as opiniões e o espaço dos outros, na A. Latina por enquanto, pelo que se tem visto, a tendencia popular é para os esquerdismo e indianismos, fenômenos culturais e históricos no continente. Apoiar o que acontece em honduras é lembrar uma América sombria que já passou por esse tipo de coisa. As ditaduras capitalistas só favorecem pequenos grupos, mas sabe porque não se tem muita informação sobre miséria e desemprego nessas épocas de ditadura? É porque quem reclama leva chumbo. É só analisar. sabe-se mais sobre as ditaduras de esquerda do que das ditaduras de direita, por que será???
    Devemos lembrar ainda que um país não deve ser governado para uma minoria que não precise de medidas esquerdistas para o melhoramento da vida, mas infelizmente, são esse poucos os formadores de opinião, isso porque os populares de verdade tem que trabalhar duro o dia inteiro para sustentar a si e sua família, não podendo assim se informar ou sair da situação em que se encontram. É assim mesmo, enquanto os trabalhadores se arrebentam, alguem aparece tentando conscientizá-los de que não devem lutar por uma América melhor e igualitária, que devem continuar sendo escravos do capital, e repudiar qualquer esperança de mudança.
    Os que se encomodam com a organização popular é porque só têm a perder se o povo toma o poder…

  4. Leonardo Tadeu disse:

    Uma única pergunta? É possível considerar inconstitucional um plebiscito sobre reforma constitucional?
    Desculpe-me, mas à luz da filosofia do bom-senso, trata-se de uma falácia. Como se pode utilizar do fato a ser questionado como argumentação contra a crítica??? Absurdo. Creio que, em país algum onde o sistema legal haja à luz da clareza de raciocínio, tal argumento nunca seria aceito. É como eu dissesse que todos os seus argumentos escritos no seu site são besteira (o que não são, diga-se de passagem…), e você respondesse que “não, eles são bons, tanto que até escrevi no meu site.”. Percebeu a essência da falácia?

    Não estou me prendendo à questão política da coisa.. não apóio Zelaya, acho Chavez um palhaço (politicamente falando), nem mesmo por Lula simpatizo atualmente, estou apenas alertando-o quanto a um comum erro de discurso, do qual você parece ter sido vítima.

  5. Daniel disse:

    Considero precipitada delegar um pebliscito uma inscostituição, mas também não sejamos ingênuo,digamos que a constituição é sinônimo de ordem, democracia, a partir do momento que existe a opção do pebliscito ela se anula, conhecemos como funciona a política, principalmente de nossos vizinhos. A finalidade em si foi corrupta, (não estou dizendo que iria ser implantado um perfil chavista em Honduras), a crítica a oposição está muito embaçada, a crise em honduras já tomou outros rumos e está em patamares superiores.Nessa altura, sabemos quem está errado, e quem errou e está caindo não num golpe militar mas sim em uma armadilha política.

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