O filme Leões e Cordeiros e a pergunta ridícula

Eu estava tentando suportar o filme Leões e Cordeiros mas não deu. A elite Democrata estava lá: Robert Redford e  Meryl Streep. É um ótimo exemplo do blá, blá, blá,  “sofisticado” dessa turma,  mas o que me chamou a atenção é que procuraram ser mais inteligentes, colocar muito de leve a argumentação republicana. Mas houve um momento em que a Meryl Streep diz para o senador republicano (Tom Cruise) “mais tempo ainda ?”, referindo-se á guerra no Afeganistão, “mas a 2a.Guerra Mundial terminou em 5 anos!”. Tom Cruise não consegue responder á pergunta. A câmera faz um close da sua cara para mostrar a impossibilidade de uma resposta. Acontece que essa pergunta é absolutamente cretina. Acho que nesse momento eu fui embora do cinema, ou apaguei a televisão. Na Segunda Guerra Mundial os USA e a Inglaterra bombardearam de uma forma brutal os alemães. Não tinham a menor preocupação com os civis. Destruíram cidades inteiras da noite para o dia. Bombardearam alvos com absolutamente nenhum significado militar. Aliás, a preocupação era justamente baixar completamente o moral da população e assim terminar a guerra mais rapidamente. Um tremendo erro de cálculo porque estavam lutando contra Hitler, que já havia mostrado não dar a mínima para o sofrimento alemão. E estavam bombardeando um povo civilizado, um dos construtores da cultura ocidental.

Essa guerra no Afeganistão pode durar mais 10 anos, porque ao contrário da Segunda Guerra, TODA a preocupação é não arranhar nenhum civil. Os americanos perderam 413 mil soldados em 4 anos na Segunda Guerra e hoje, se não me engano, são apenas 3 mil em 10 anos.  Alguém duvida que existe alguma dificuldade em pulverizar os redutos talebans, retirar as tropas, e ficar vigiando de longe para bombardearem mais e mais, assim que surgisse algum núcleo de resistência ? Podem dizer que os russos lutaram durante 10 anos, também são selvagens, e sairam com o rabo entre as pernas, derrotados. É completamente diferente. Nossos amigos queriam GOVERNAR o Afeganistão, incorpora-lo aos países satélites, impuseram um presidente comunista que fez coisas incriveis, inclusive oferecendo orações públicas para as almas de Marx e Lenin, o que foi um ultraje nunca visto em um país islâmico. Inventaram uma reforma agrária num lugar onde os ódios conviviam por várias gerações. O que os afegãos se odeiam é matéria a ser escrita. Em suma, tentaram comunizar um país com etnias complicadíssimas, alguma coisa impossivel. Quem já esteve no Afeganistão só pode imaginar que os russos eram completamente pirados. Foi o ridículo supremo.

A pergunta da jornalista Meryl Streep e a não resposta do senador republicano, Tom Cruise, são um absurdo. Ou se condena o comportamento aliado na 2a. Guerra  (o que já foi feito por alguns), ou se considera o fato de que é impossível vencer no Oriente Médio sem matar civis, incluindo as  mulheres grávidas e os bebês, que a CNN não para de mostrar, com os seus âncoras fazendo caras estudadas de sofrimento e indignação. O filme não pensa nisso, a 2a. Guerra continua sendo justa, e não acabar com a resistência no Afeganistão, apenas um pequeno país, em um período similar de tempo, ou muito menos (para os EUA foram menos de 4 anos na Segunda Guerra ), passa a ser um enorme erro do governo de Bush. (Leões e Cordeiros foi dessa época, 2007 – hoje não se atreveriam a tocar no assunto porque, apesar das promessas, Obama optou justamente pelo que o enredo condena : enviou mais 30 mil soldados) Acontece que os exércitos não dominam a resistência guerrilheira justamente por causa da extraordinária força do movimento Liberal-Democrata dentro dos USA, que mina seu poder de fogo, faz inquéritos por causa dos civis que morrem, inquéritos sobre as prisões, inibem a ação militar porque os soldados e oficiais a esta altura morrem de medo de estarem cometendo alguma coisa “ilegal”. São tantas as regras que ninguém sabe mais quando é que se pode tomar a iniciativa, e não simplesmente reagir. Os bombardeios por aviões não tripulados são muito perigosos porque os talebans podem encher os compounds de crianças e vai daí que aparece uma boneca no chão, entre os tijolos, o que vai ser logo mostrada na CNN, e a menina dona da boneca até pode estar alí mesmo ao lado da câmara, mas vamos esquecer isso, e assim vão os Liberais-Democratas oxigenando os inimigos, dando fôlego para eles,  sem se incomodar com um novo Vietnam, que foi justamente a estúpida retirada das tropas da mesma maneira que se exige agora.

O perigo de Hitler conseguir uma bomba nuclear talvez tenha sido menor do que o perigo que corremos hoje, com os terroristas, além das outras bombas, as bacteriológicas. Além do mais, Hitler não queria destruir nossa civilização e,  para um político, até que era um sujeito culto.

Para terminar: Obama prometeu sair do Afeganistão depressinha, assim que chegasse ao poder. Logo viu que tinha sido mais uma insensatez demagógica. Demitiu o general Mc Chrystal, que disse verdades para um reporter da Rolling Stones, isto é que os políticos em Washington só faziam besteiras, que não tinham a menor ideia do que se passava no campo de batalha. No episódio Obama aproveitou a oportunidade para exercitar a consagrada regra da democracia dos Estados Unidos, onde o poder militar jamais pode correr paralelo ao poder civil. O presidente frouxo, anti-militarista, deve ter adorado a oportunidade de se mostrar consciente da regra, e com facilidade humilhou um grande general. Para sua tranquilidade, depois de se mostrar guardião dos valores constitucionais, Obama tinha um az na manga: Petraeus. Nomeou-o  para o lugar de McChristal  sem pensar duas vezes. Eu escrevi um artigo onde disse  que Obama imediatamente havia se tornado um refém do novo general. Sim, esse com a fama de ser o melhor general americano, respeitado pelo sucesso da estratégia no Iraque, não sairia com suas tropas do Afeganistão obrigado por uma ordem imbecil, sabendo que comprometeria sua carreira, seu nome, toda sua vida. Ver os meus dois artigos clicando em cima do título em vermelho: A imprensa e a “Nova Dilma”, Roberto Freire e Aldo Rebelo; Obama é refém do general Petraeus    e    Obama e o General Mc Chrystal (FOX NEWS), e artigo de Henry Kissinger sobre o Afeganistão – 24 de junho (Washington Post).

Um pouco mais tarde quando o “deixem-me ser bem claro” expôs seu cronograma de retirada ( é o fim do mundo um exército dizer ao inimigo até quando vai continuar lutando),  Obama logo recebeu o esperado chega prá lá de Petraeus que disse não concordar. O cara teve peito de chama-lo à Casa Branca e demiti-lo como fez com McChrystal ? De jeito nenhum. O povo americano ficaria perplexo, porque há muito tempo não se tem um general de tanto prestígio nos Estados Unidos. As dúvidas sobre a política militar de Obama chegariam ao auge. E Petraeus, fez muito pior do que McChristal , que não sabia que suas palavras seriam publicadas, pensando que a conversa com o jornalista estava em off. ( Isso acontece sempre: o convívio demorado com o jornalista faz a vítima pensar que se tornaram amigos, e abre seu coração, sem saber que o outro quer apenas fazer uma ótima matéria). Embora fosse mais educado, ele deu uma declaração para quem quisesse ouvir e foi notícia no mundo inteiro. Teria que ser demitido na hora. A mídia, toda ela esquerdista, cobrou de Obama a demissão ? Mostrou a ele que o general, igualzinho ao outro, havia passado por cima do Presidente da República ? Nem pensar. Você, leitor, ficou sabendo ?  Petraeus não iria mais querer o comando de uma guerra que comprometeria seu nome, provavelmente deveria estar se preparando para ir embora, com toda a certeza para a reserva. Pronto, escândalo armado. Na surdina Obama o colocou como chefe da CIA! Que tal ? E Robert Gates, o Secretário de Defesa (desde os últimos dois anos de Bush), também discordou do volume de tropas a voltar para os Estados Unidos, pediu as contas, e foi substituido por Leon Panetta. Você sabia ?

25 agosto, 2011 às 11:28

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Categoria: Artigos

Comentários (3)

 

  1. Beto disse:

    Cláudio, não seria um pouco forte demais dizer que Hitler não queria destruir nossa civilização?

    Abraços,
    Beto.

    • Claudio Mafra disse:

      Não, Beto, Hitler era um imenso defensor da civilização ocidental. Tinha ódio e horror do comunismo, o qual, este sim, só pensava em acabar com tudo que herdamos de gregos e romanos. A guerra o levou por outros caminhos que ele jamais quis trilhar. Hitler lutou contra os inglêses inteiramente contra sua vontade. Eu tinha certeza que essa observação no blog chamaria a atenção. Obrigado por sua intervenção, e eu recomendaria que você lesse o monumental “Hitler” de Joachim Fest, dois volumes excepcionais que abrangem todo o período, não apenas a figura. abraço

  2. 27burton disse:

    lembro de ter começado a ver este filme no cinema…
    o p/b com a sala escura… lembro bem… dormi legal.

    abs.

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