Dilma (O Pior Cenário)

Se perdemos, o futuro será uma agressão sem piedade à nossa inteligência e aos nossos valores. Teremos a imprensa sufocada pela falta de publicidade, tanto das estatais, quanto das empresas privadas, estas últimas apavoradas com a Receita Federal. Algumas poucas intervenções dos auditores petistas, examinando a contabilidade de grandes firmas, será o suficiente para garantir obediência. Com o tempo – e devemos imaginar doze longos anos – o governo terá seu próprio jornal porque dinheiro é o que não faltará para compra ou a modernização de um deles – O JB está aí para isso mesmo. Ficaremos indignados e humilhados pelo que veremos na televisão. A TV estatal poderá enveredar pelo terreno das novelas bregas, dos filmes, melhorando seus índices de audiência, e talvez criando seu próprio jornal Nacional. E se não tivemos oposição em tempos melhores como será na terceira derrota ? Quais serão nossos nomes em nivel nacional? Um FH cansado, que não percebeu a infantilidade de chamar Lula para um patético “cara a cara” (nem houve resposta ) Serra deprimido, e Aécio sozinho em um Senado amplamente governista. Os governadores de São Paulo e Minas não são líderes significativos o bastante para conter o furacão petista. E o ódio que revelamos porque não conseguimos suportar a Dilma terá consequências. A dona foi espancada dia e noite. Ela e o PT vão se vingar. No início pode até haver uma “chamada à reconciliação nacional”, mas depois…Alguma dúvida ?

Corremos o risco da esquizofrenia porque vamos torcer para que se deteriore o que ajudou os emergentes no plano econômico mundial. Estaremos torcendo para que seja um péssimo governo.

O final do governo Lula foi uma pequena amostra do que nos espera no plano externo. Estaremos de forma muito mais decidida, muito mais efetiva, ao lado das figuras que detestamos, as mais acafajestadas, as mais distantes da democracia. O Brasil crescerá de importância para todo o mundo anti-americano, desde a China até a Rússia. Surge a hipótese de que negociar e tratar politicamente com um governo semi-sindicalista – que tem Mao Tsé Tung como uma das suas referências – possa ser muito interessante para os chinêses. Agora sim, eles dariam atenção ao nosso país, o que Lula imaginou que fosse possivel no início do seu mandato. A China poderá se tornar uma verdadeira aliada do Brasil, apoiando as nossas ridículas reivindicações, que instantâneamente se transformariam em propostas a serem levadas a sério. A contrapartida viria em acordos comerciais favoraveis aos chineses, ou com o mesmo tipo de penetração política que Rússia e Iran iniciaram na Venezuela.

O novo Congresso, já com maioria governista, aprovará projetos totalitários. Depois de algum tempo todos os ministros dos Tribunais Superiores serão petistas, e os processos contra o governo engavetados. O tempo das sondagens, o tempo das cautelas será passado. Esse foi o governo Lula. Com a Dilma será diferente. As firulas serão deixadas de lado e progressivamente teremos uma máquina governamental inteiramente do partido, onde as nomeações serão feitas às dezenas de milhares. Até agora eles não sabem de que maneira conciliar o capitalismo com seus desejos, que são confusos até para eles mesmos. Não vão conspirar para desmontar o sistema, porque de alguma maneira acreditam que ele funciona melhor do que os sonhos da juventude, mas o ódio permanece, o combustivel está lá, pronto para ser usado se alguém tiver uma boa ideía. Exercitam esse ódio no plano internacional, porque não existem consequências. Podem apoiar o Iran, Sudão, Coréia do Norte, Cuba – isso é uma catarse, colocar-se contra os Estados Unidos não afeta a economia brasileira – pelo menos enquanto o presidente americano for um Democrata tipo Jimmy Carter. É nesse contexto que se encaixa a vontade de ser um parceiro amoroso da companheira China. É o saudosismo que não incorre em riscos. Continuaremos no modelo macroeconômico capitalista – com algumas restrições, enquanto não surgir algo melhor no horizonte. A esperança é a última que morre.

A lista de mudanças em nossa vida seria muito grande, todos podem imaginar. Uma delas afeta diretamente filhos e netos: a educação petista nas escolas públicas, feita sem nenhum temor, sem nenhum receio dos protestos, já que a estrutura fiscalizadora virá do partido. Por último, as promessas e cartas assinadas por exigências dos religiosos serão esquecidas com o passar dos anos. Afinal, quem pode conter a vontade da maioria na Câmara e no Senado ? O Executivo sente muito, mas não conseguiu controlar a rebelião dos exigentes progressistas no Legislativo.

Boa sorte para todos nós.

19 outubro, 2010 às 19:01

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Categoria: Artigos

Comentários (12)

 

  1. ÁLVARO JUNQUEIRA disse:

    Calma, amigo!!! O tracking do ninho, que acertou na mosca no primeiro turno, está assim hoje (19/10): Serra 53 x Dilma 47.

  2. RH disse:

    Panorama desolador!!!
    Só falta aquele vento seco varrendo a caatinga e as bolas de palha rolando pela areia, igual a faroeste antigo…
    Espero que essa desgraça não venha se abater sobre nossas cabeças, pois nesse caso a única saída para o Brasil será realmente o aeroporto (enquanto o PT não confiscar os passaportes de todos os criminosos do pensamento).
    Saudações austro-libertárias,
    RH

    • Claudio Mafra disse:

      Acho que exagerei nas tintas.

      Vi um pedacinho da entrevista do Serra no JN e mudei de canal. Realmente uma mala esse candidato. Foi agressivo durante toda sua vida, menos na hora em que era necessário. abraço

    • Hugo Mader disse:

      Sorry, RH. Mas, queria te dizer, o aeroporto não é a única saída – às vezes, a estação rodoviária também serve.
      Meus pêsames,
      Hugo

      • Claudio Mafra disse:

        O senhor apareceu! Sinto muito pela sua perda. Não estou me referindo ao Serra, o mala, mas ao Nestor. Minhas condolências.

  3. […] Se perdemos, o futuro será uma agressão sem piedade à nossa inteligência e aos nossos valores. Teremos a imprensa sufocada pela falta de publicidade, tanto das estatais, quanto das empresas privadas, estas últimas apavoradas com a Receita Federal. Algumas poucas intervenções dos auditores petistas, examinando a contabilidade de grandes firmas, será o suficiente para garantir obediência. Com o tempo – e devemos imaginar doze longos anos – o governo terá seu próprio jornal porque dinheiro é o que não faltará para compra ou a modernização de um deles – O JB está aí para isso mesmo. Ficaremos indignados e humilhados pelo que veremos na televisão. A TV estatal poderá enveredar pelo terreno das novelas bregas, dos filmes, melhorando seus índices de audiência, e talvez criando seu próprio jornal Nacional. E se não tivemos oposição em tempos melhores como será na terceira derrota ? Quais serão nossos nomes em nivel nacional? Um FH cansado, que não percebeu a infantilidade de chamar Lula para um patético "cara a cara" (nem houve resposta ) Serra deprimido, e Aécio sozinho em um Senado amplamente governista. Os governadores de São Paulo e Minas não são líderes significativos o bastante para conter o furacão petista. E o ódio que revelamos porque não conseguimos suportar a Dilma terá consequências. A dona foi espancada dia e noite. Ela e o PT vão se vingar. No início pode até haver uma "chamada à reconciliação nacional", mas depois…Alguma dúvida ? Teremos que torcer contra o país. Torcer para que se deteriore o que ajudou os emergentes no plano econômico mundial. Que a maré entre em refluxo. Corremos o risco da esquizofrenia. O final do governo Lula foi uma pequena amostra do que nos espera no plano externo. Estaremos de forma muito mais decidida, muito mais efetiva, ao lado das figuras que detestamos, as mais acafajestadas, as mais distantes da democracia. O Brasil crescerá de importância para todo o mundo anti-americano, desde a China até a Rússia. Surge a hipótese de que negociar e tratar politicamente com um governo semi-sindicalista – que tem Mao Tsé Tung como uma das suas referências – possa ser muito interessante para os chinêses. Agora sim, eles dariam atenção ao nosso país, o que Lula imaginou que fosse possivel no início do seu mandato. A China poderá se tornar uma verdadeira aliada do Brasil, apoiando as nossas ridículas reivindicações, que instantâneamente se transformariam em propostas a serem levadas a sério. A contrapartida viria em acordos comerciais favoraveis aos chineses, ou com o mesmo tipo de penetração política que Rússia e Iran iniciaram na Venezuela. O novo Congresso, já com maioria governista, aprovará projetos totalitários. Depois de algum tempo todos os ministros dos Tribunais Superiores serão petistas, e os processos contra o governo engavetados. O tempo das sondagens, o tempo das cautelas será passado. Esse foi o governo Lula. Com a Dilma será diferente. As firulas serão deixadas de lado e progressivamente teremos uma máquina governamental inteiramente do partido, onde as nomeações serão feitas às dezenas de milhares. Até agora eles não sabem de que maneira conciliar o capitalismo com seus desejos, que são confusos até para eles mesmos. Não vão conspirar para desmontar o sistema, porque de alguma maneira acreditam que ele funciona melhor do que os sonhos da juventude, mas o ódio permanece, o combustivel está lá, pronto para ser usado se alguém tiver uma boa ideía. Exercitam esse ódio no plano internacional, porque não existem consequências. Podem apoiar o Iran, Sudão, Coréia do Norte, Cuba – isso é uma catarse, colocar-se contra os Estados Unidos não afeta a economia brasileira – pelo menos enquanto o presidente americano for um Democrata tipo Jimmy Carter. É nesse contexto que se encaixa a vontade de ser um parceiro amoroso da companheira China. É o saudosismo que não incorre em riscos. Continuaremos no modelo macroeconômico capitalista – com algumas restrições, enquanto não surgir algo melhor no horizonte. A esperança é a última que morre. A lista de mudanças em nossa vida seria muito grande, todos podem imaginar. Uma delas afeta diretamente filhos e netos: a educação petista nas escolas públicas, feita sem nenhum temor, sem nenhum receio dos protestos, já que a estrutura fiscalizadora virá do partido. Por último, as promessas e cartas assinadas por exigências dos religiosos serão esquecidas com o passar dos anos. Afinal, quem pode conter a vontade da maioria na Câmara e no Senado ? O Executivo sente muito, mas não conseguiu controlar a rebelião dos exigentes progressistas no Legislativo. Boa sorte para todos nós. Fonte: claudiomafrawordpress […]

  4. Albi disse:

    Vejo a Dilma todos os dias na TV(que já teve metralhadora do exército com numeração raspada), porque não ver o Zina.

  5. Antonio Octavio Cintra disse:

    Cláudio: quando você menciona a passividade do governo norte-americano perante o comportamento de adolescente rebelde do Brasil, e fala do modelo Jimmy Carter, parece-me cometer dois grandes erros. Primeiro, Carter, como presidente, não foi leniente com o Brasil do regime militar. Não creio que estivesse errado. Segundo, a leniência com o Lula, muito grande, foi da parte do seu admirado W. Bush. Obama tem até sido bem discreto. Bush, certamente por estratégia, reforçou a imagem do Lula, para ser um contrapeso ao Chávez e outros menores.

  6. claudiomafra disse:

    Caro Antonio Octavio,

    Quando citei o Carter estava pensando unicamente no governo brasileiro antagônico aos Estados Unidos. Digamos, o governo João Goulart, ou o governo Lula no final do último mandato, isto é, governos de esquerda. Esse foi o espírito. Da mesma forma que Obama, Carter, um expoente do liberalismo americano, trazia (e traz ) na pele a “culpa americana”, e concorda com todos que batem de frente com os Estados Unidos. Carter não foi leniente com a ditadura militar brasileira porque sempre esteve contra qualquer ditadura DE DIREITA. Sua enorme pressão contra Pinochet é o melhor exemplo. Muito diferente quando se trata de uma ditadura de esquerda. Nesse ponto, embora, se perguntado ele não concorde com ela, não enxerga a suposta culpa americana, a participação americana na sua consecução e não dá atenção ao assunto. Em suma: Carter se preocupa com o suposto apoio americano aos regimes contrários à ascenção esquerdista. A sua bandeira, muito mais facil de ser erguida, é a de contrariar os interesses americanos “irracionais”, ou “imperialistas”, o que o levou a fazer uma visita absurda à Coreia do Norte e elogiar o ditador, o que irritou o então presidente Clinton, não sei se você se lembra. Dessa maneira, ele condena Israel e afirma que o Hamas não é terrorista. Foi isso o que eu quis dizer. Carter de forma alguma vai ficar contra o governo da Dilma.

    Quanto à sua referência ao comportamento de Bush, ele pegou um Lula ainda bonzinho, o exemplo de uma esquerda não totalitária, o operário que era comuna mas chegou ao poder pelo voto,tendo deixado o comunismo de lado. Nada melhor para um Republicano do que elogia-lo. Um Democrata não precisaria fazer isso. Eles, os Democratas, não são acusados de partirem para cima de governos esquerdistas. Dessa maneira Bush tentava mostrar que poderia ter um bom diálogo com um governo de esquerda light, não perigoso. Acho impossivel que depois do que Lula fez no seu último ano de governo em política externa, se aliando aos delinquentes mundiais, recebesse algum tapinha nas costas de Bush. Obama quando cometeu a extraordinária gafe de ir contra a deposição de Zelaya estava de olhos fechados, exercitando o comportamento Democrata, o comportamento de Carter. Bush teria sido muito mais cauteloso, e provavelmente apoiaria o contra-golpe dos militares hondurenhos, ou mais provavel ainda: teria ficado quieto, não teria se pronunciado, já que os acontecimentos correram favoravelmente á democracia e aos EUA. Obama tem sido discreto em relação ao Lula agora, depois da transformação, mas antes, sem pensar duas vezes, o chamou de ” o cara”, episódio famoso no Brasil. Muito pior foi haver se comportado como um palhaço quando Chávez segurou sua mão, segurou seu dedo e o obrigou a apontar para o mais famoso livro latino-americano escrito contra os Estados Unidos, “As veias abertas da A.Latina”, enquanto era tirada uma foto. Acho um tanto injusta a comparação entre o comportamento dos dois presidentes. Como eu disse, Chávez nunca conseguiria sequer se aproximar de Bush, os seguranças não deixariam.

  7. Antonio Octavio Cintra disse:

    Quanto o Obama com Lula, fez realmente aquela tirada demagógica de “é o cara”, mas, na prática, depois da vacilação em Honduras, retirou o tapete do Lula e Amorim, e fez o mesmo no caso Irã, tornando ambas as instâncias um grande fiasco de nossa notável política externa…Enfim, apesar das mesuras (para inglês ver…), a administração Obama tem demonstrado claramente desacordo, de forma até humilhante para os megalomaníacos que orientam as opções brasileiras nessa área. Talvez porque a Sra. Clinton jogue mais duro.

  8. RH disse:

    Estou visitando este post para deixar registrada a minha frustração com a perpetuação do Partido dos Tentáculos Cefalópodes no poder por mais 4 anos, e quem sabe por mais quanto tempo. Espero agora que a criatura inventada faça o melhor governo possível, ou seja, que não faça praticamente nada. Se tiver bom resultado, pelo menos terá a virtude histórica de evitar o retorno do fantasma em 2014 (não quero nem escrever o nome daquele que não deve ser nomeado…).
    Não desista e continue escrevendo, pois junto com o Reinaldo Azevedo, Coturno, Olavo e mais 2 ou 3 sites, ainda é um dos últimos baluartes do conservadorismo e bom -senso ao qual podemos nos agarrar como uma bóia entre os destroços do naufrágio marxista.
    Saudações austro-libertárias e que o ano de 2011 seja leve para todos…

    • Claudio Mafra disse:

      Obrigado pela visita. Poucos conseguem compreender o que eu escrevo. Digamos que seja apenas uma elite. Quanto mais humanidades mais bobagens, e quanto mais matemática mais facil cair fora da lavagem cerebral. O blog é para os que sabem que a raiz quadrada de 4 = 2. Sendo mais simples ainda: para os que sabem que o sucessor de um algarismo é outro algarismo e que dois algarismos não têm o mesmo sucessor.

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