O Supremo Tribunal Federal e o Mensalão; O Rei da maldade e o elefante

Não sei se perdi a noção de como devem ser lidos os jornais brasileiros e estou tomando o sarcasmo por coisa séria. Se for assim, me desculpem. Vejam um trecho do editorial do Estadão de hoje, terça-feira:

No que diz respeito ao STF, os petistas confiam, sempre movidos por seu enraizado sentimento de patota, no fato de que a maioria dos atuais ministros foi nomeada por Lula e Dilma. É uma expectativa que não honra a tradição de absoluta isenção partidária com que os juízes da Suprema Corte historicamente se comportam no desempenho de suas altas responsabilidades. Mas, a julgar pelo que circula na área do partido do governo, o próprio Lula estaria empenhado em fazer pressão sobre os ministros, já que é o maior interessado em evitar que a existência do maior escândalo de corrupção de seu governo seja confirmada pela Suprema Corte. Interessante o jornal insistir na tese de honestidade do Supremo Tribunal Federal. Se todo mundo está roubando no Brasil, com destaque nos últimos meses para o Judiciário, não passa de uma bobagem a afirmação: é uma expectativa que não honra a tradição de absoluta  isenção partidária com que os juízes da Suprema Corte historicamente se comportam no desempenho de suas altas responsabilidades”. É mesmo ? Pelo menos o editorialista deveria nos haver poupado do fraseado pomposo, rococó.  E se a maioria dos ministros foi indicada por Lula, que é pragmático, esperto, desonesto, então fica praticamente impossivel acreditar-se na sua isenção. E a folha corrida de alguns já foi escancarada em episódios que só têm explicação na compra pura e simples dos pareceres, arquivamento de processos, e outros procedimentos. Mas, para mostrar como são notavelmente competentes na interpretação das leis, o jornal resolve dar um exemplo onde não há nenhum possibilidade de suborno. Trata-se da questão do aborto:

“De qualquer modo, se já não bastassem os reiterados exemplos de rigor lógico e técnico em seus julgamentos – como destacamos recentemente em editorial sobre a decisão de que não constitui crime o aborto de fetos anencéfalos” . ( Nossa, mas que bajulação escancarada !)  Muito bem, só faltava a Igreja também passar a subornar ministros. Concluindo: Podemos ficar tranquilos porque o nosso SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, honrando suas tradições, como foi dito, vai colocar todos os integrantes do Mensalão na cadeia.

 

                                         O Rei e o elefante

Não consigo acreditar. É um dos fatos mais desanimadores dos últimos tempos. O rei da Espanha mostrou covardia, ignorância, maldade, mostrou ser ardiloso no pior sentido, e pagou 30 mil euros para matar um inocente elefante em Botswana. Lembrei-me de um filme de Clint Eastwood sobre John Huston onde o famoso diretor, que estava na África fazendo a mesma coisa que o rei, questionado sobre matar um elefante ser um crime, responde: “Não é um crime, é um pecado”.  Trata-se do climax do filme.

Brigitte Bardot foi perfeita, como sempre,  e classificou  o episódio de “chocante e escandaloso”. Dirigindo-se ao Rei, disse: “O senhor não vale mais do que os bandidos que saqueiam a natureza. O senhor é uma vergonha para a Espanha.” Como é possivel que em 2012, um homem nessa posição, com a educação que teve, um rei , cometa uma barbaridade dessas ? Temos que reformular nosso julgamento sobre os canalhas que são notícia todos os dias. Talvez estejamos sendo muito rigorosos com eles. 

17 abril, 2012 às 09:54

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Categoria: Artigos

Comentários (2)

 

  1. Marco Balbi disse:

    Bem vindo! Como foi de viagem? Quer material sobre o julgamento do mensalão?

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