Caindo o governo sírio os maiores perdedores serão o Iran, o Hezbollah, o Hamas, terroristas menos votados, russos e chinêses

O verdadeiro “dialogo sem pré-condições” : O Iran, que faz gato e sapato de Obama, usa o chicote para que ele pule dentro do arco que representa a bomba atômica.

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O SECRETÁRIO DE DEFESA

Falando sério: Nós não acreditamos que o Iran esteja construindo uma bomba nuclear

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O Iran tem no regime de Bashar Assad o seu principal – e de longe o mais importante – aliado no Oriente Médio. Perdendo Assad ele perde também o Hezbollah que domina o Líbano, e o Hamas, que controla a faixa de Gaza e ameaça o o resto da Palestina. Seria como a queda do Muro de Berlim, que prefigurou o colapso dos países do Leste europeu, dominados por Moscou. O Iran também exerce pressão no Afeganistão e sua influência no Iraque é crescente. Isso sem falar que ajudado pelo PT, Chavez, Cuba, Manuel Ortega ( Nicarágua), o índio boliviano e Correa (Equador) ele vai entrando devagar na América Latina.

De todos eles a Síria é o mais importante porque é o único estado árabe abertamente aliado com os persas. Todos os países da região temem o Iran e fecham com os EUA na questão de evitar a bomba atômica iraniana. Sem dúvida gostariam que as usinas nucleares fossem bombardeadas, porque acreditam que os iranianos têm o desejo, revelado em vários séculos, de dominar o Oriente Médio. Neste momento, através do Hezbollah e da Síria, é a primeira vez que os iranianos, em 2.300 anos, chegam até o Mediterrâneo. Não é pouca coisa.

Importante o fato de que não se trata apenas de um problema geopolítico, mas religioso também. Os árabes são em sua maioria sunitas, e o Iran é xiita. Os dois lados se detestam. Conhecendo-se essa enorme ascendência dos persas (xiitas) sobre Assad é facil entender porque os observadores enviados pela Liga Árabe condenaram  o regime sem sair do avião.

Não se pode esquecer o papel da Turquia, que resolveu se transformar em protetora dos árabes sunitas e se posicionou com enorme firmeza contra Assad. Sua influência na região tende a crescer. É um aliado importante demais, e o Ocidente deve parar de humilhar os turcos com suas acusações de genocídio dos armênios, além de prejudica-los em questões referentes à União Européia. No caso dos EUA, ou Israel, bombardearem as usinas atômicas, a Turquia pode se comportar com hipocrisia, condenando o ataque, mas se beneficiaria tremendamente. Passaria a ser a maior força política na região.

Já foi dito que em diplomacia frequentemente é necessário escolher entre direitos humanos e vantagens estratégicas. Este é um dos casos raros em que é possivel ter-se os dois. Os Estados Unidos precisam continuar apoiando vigorosamente a decisão da Liga Árabe contra a Síria, condenar abertamente- como vem fazendo- a posição da Rússia e China, e não deixar que Bashar Assad caia sem que fique claríssima a posição americana. É de se notar o grande desgaste dos russos e chineses pelo mundo afora. Estão pagando um preço alto para continuar evitando a “hegemonia americana”. A aliança russa com a Síria tem mais de 40 anos, remonta aos tempos da URSS. Para os russos, ter um porto no Mediterrâneo (Tartus) é essencial, vale o desgaste. A posição chinesa é dificil de entender, e não se justifica pela venda de armas ou a tentativa de evitar a “dominação americana na região”.  Por último: Até que enfim Obama entendeu alguma coisa e está indo bem na questão. Começou mal com a tremenda gafe de Hillary dizendo que Assad era um “reformador”*, mas corrigiu sua posição em tempo.

* Bush criou o “Eixo do Mal” composto pela Síria, Iran, Cuba, Coréia do Norte e Iraque (tempos de Saddam Hussein). A expressão foi amplamente criticada e ridicularizada pelos Liberais americanos e por todo o mundo, que via primarismo no presidente americano. O relativismo Democrata-Liberal – esquerdista o considerava, com a arrogância típica dos intelectuais, um bronco que enxergava tudo ou preto ou branco,  mocinhos e bandidos, quando a questão era “muito mais sofisticada”. O erro ridículo de Hillary foi a mais pura expressão do Liberalismo e, como não poderia deixar de ser, passou batido, nenhuma auto-critica e nenhuma crítica da imprensa, toda ela liberal. Não adianta: Por mais que o ex-presidente americano tenha acertado, jamais terá o reconhecimento que merece.  Guantânamo continua, a tortura continua, o Ato Patriota foi renovado por Obama,  e está cada vez mais claro que a invasão do Iraque era necessária. Se Bush não estivesse envolvido em duas guerras teria resolvido o problema iraniano bombardeando as usinas, já que as sanções econômicas jamais farão os aitolás desistirem da bomba. E eles têm toda a razão.  A bomba representa a redenção dos persas, a ressurreição de Saladino, os iranianos cumprindo a vontade de Alah.

A respeito do “Eixo do Mal” clicar no título do artigo Dois cartoons que valem por muitos artigos  

Para mais fotos da maravilhosa Asma Assad clicar no título do artigo:  A  mulher do presidente Bashar Assad

 

VEJAM PARTE DE UM IMPORTANTE ARTIGO DO NEW YORK TIMES SOBRE O INTERESSE RUSSO NA SÍRIA:

As recentes vendas de armas russas para a Síria foram no valor de US$ 4 bilhões, incluindo caças e mísseis avançados. Os investimentos de empresas russas na Síria, em infraestrutura, energia e turismo, chegam a quase US$ 20 bilhões. Uma usina de processamento de gás natural, a cerca de 200 quilômetros a leste de Homs, está sendo construída por uma empresa de engenharia russa, a Stroytransgaz. Mas o investimento financeiro tem um peso limitado diante das críticas internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham bilhões investidos no regime de Mubarak no Egito, mas suspenderam seu apoio diante do aumento dos protestos. A Rússia se recusa a seguir o exemplo na Síria, demonstrando uma disposição de absorver as críticas. Para o Kremlin, parece mais importante demonstrar uma política externa confiante e soberana que desafie o Ocidente. A Rússia possui grandes interesses geopolíticos e estratégicos que ditam o apoio a Damasco. Como maior produtora de petróleo do mundo e segunda maior exportadora, a Rússia não precisa da oferta de petróleo do mundo árabe. Moscou também colhe os benefícios de controlar os mercados regionais de energia. Portanto, a Rússia não precisa apaziguar o bloco árabe predominantemente sunita, que atualmente age em conjunto com o Ocidente na oposição ao regime de Assad. Além disso, a Rússia tem seus próprios problemas com radicais islâmicos no Cáucaso e na Ásia Central, e teme rebeliões semelhantes às da Síria estourando em áreas como Daguestão, Abkházia, Inguchétia ou Tchetchênia. Ao apoiar seu aliado na Síria, o Kremlin está enviando uma forte mensagem aos grupos dissidentes que possam querer combater governos impopulares dentro da federação russa.

O regime sírio também fornece para a Rússia um ativo estratégico chave: um porto em águas quentes profundas em Tartus. A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão. A importância do porto pode não ser tão grande quanto era nos tempos soviéticos, mas acesso livre ao alto-mar permanece uma força motivadora por trás do pensamento estratégico russo, já que os principais portos ficam bloqueados pelo gelo durante grande parte do ano ou isolados por estreitos controlados por outras potências. Tartus, que conta com guarnições da crescente frota mediterrânea de Moscou, vale a pena ser defendido pelo Kremlin. O recente envio de armas ao porto ressaltou o compromisso da Rússia com seu acordo de armas multibilionário, ignorando o embargo de armas pela União Europeia. O porto está sendo reformado para acomodar navios maiores, já que Assad declarou que o porto futuramente receberá alguns dos navios de guerra de Moscou, dotados de armas nucleares.

9 fevereiro, 2012 às 19:48

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Categoria: Artigos

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