Dois cartoons que valem por muitos artigos

Em um dos meus artigos eu disse que no momento em que Bush invadiu o Iraque todos os países delinquentes morreram de medo.  Siria e Iran, principalmente, prostraram-se aos pés dos Estados Unidos, em um show de covardia que para mim foi inesquecivel. O medo de uma invasão , ou de um bombardeio, fez com que acabassem as ameaças e começassem as concessões, os pedidos de apaziguamento, tudo que seria necessário para o governo americano tomar providências concretas e negociar duramente com eles.  O momento foi registrado pela imprensa, mas logo caiu no esquecimento. Esse foi o ponto para o qual eu chamei a atenção:  Se os leitores procurassem os jornais da época veriam o espetáculo que foi a submissão desses países ante o poder americano. A maneira como se comportaram na hora da verdade. Ficou ruidosamente claro que somente entendem a linguagem da força. 

Bem, eu selecionei duas charges. A primeira é de 2003, no momento da invasão do Iraque, e mostra esse instante de pavor a que me referi. Os quatro membros do Eixo do Mal  estão com os olhos arregalados de medo. O charuto cai da boca de Fidel. Kim Jong-iL, da Coréia do norte diz : “Sim, Senhor Bush, estamos prestando atenção”.  No lugar onde estaria o Iraque existe um vazio como se um foguete houvesse obliterado Saddam Hussein.

A segunda charge é absolutamente excepcional.  Foi feita  quatro anos depois, em 2007, e mostra um aitolá eufórico, batendo em um imenso tambor do qual saem as palavras: “Morte para a América!” “Ameaça terrorista!” “Totalitarismo islâmico!” “Matar as tropas no Iraque!” “Novos reféns!” “Bombas !” —– Do outro lado, está Bush, retratado de maneira impagavel: tocando um tamborzinho com uma incrivel cara de quem acha que está fazendo alguma coisa séria. Do seu tamborzinho saem as palavras: ” apaziguamento”, “diplomacia”, “conversações”. O título é um clássico :  “Tambores de Guerra”. 

Através dessas charges percebe-se muito bem dois momentos distintos:  Os Estados Unidos fazendo uso da força, com o resultado de “sim senhor, faremos o que o mestre mandar”, e quatro anos depois o que acontece quando se usa o “diálogo” sem fim, as contemporizações, e o infindavel engolir de desaforos e ameaças.

O que o chargista expressou em apenas duas charges os articulistas levam páginas para conseguir.

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8 novembro, 2009 às 15:12

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Categoria: Artigos

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