Continuação da entrevista de Obama – assuntos: Afeganistão, Iraque, brigas, relacionamento com a própria Fox News, rasgação de seda
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BILL O’REILLY, ANFITRIÃO: Agora, o assunto principal desta noite: um programa “The Factor” exclusivo. Depois que a conversa ao vivo terminou, o presidente e eu continuamos a entrevista, começando com o Afeganistão.
(INÍCIO DO VIDEOCLIPE)
O’REILLY: A esse ponto, o senhor está confiante de que iremos ganhar no Afeganistão? E o senhor pode dizer ao povo americano com o peso do sangue e do valor disso, se vamos derrotar o Talibã ? O senhor pode afirmar ?
PRESIDENTE OBAMA: Posso dizer que derrotaremos a Al Qaeda e que o Talibã não retomará o Afeganistão.
O’REILLY: O senhor pode afirmar isso com segurança?
OBAMA: Bem, veja, não posso dizer qualquer coisa com 100% de certeza. Mas tenho confiança de que nossos soldados têm realizado um trabalho inacreditável, que eles estão agora mais na ofensiva do que na defensiva, e estamos começando a transição para que as forças de segurança do Afeganistão possam começar a assumir o comando.
O Talibã será ainda um componente no Afeganistão. Mas o que temos dito a eles e o que diremos, eu acho que todo mundo na região sabe que, contanto que respeitem a constituição afegã, contanto que baixem as armas e não estejam envolvidos em destruição violenta do governo, aqueles que quiserem participar do processo político, deveriam.
O’REILLY: OK. Então seria bom mantê-los lá. Karzai é um problema, Quero dizer, o senhor sabe, o povo do Afeganistão não respeita aquele homem. Estamos apoiando outro cara da mesma forma como apoiamos Mubarak, outro que é muito problemático.
OBAMA: Bem, veja, penso que Karzai tem uma tarefa muito difícil de construir um país…
O’REILLY: Sim, mas ele…
OBAMA: …o terceiro – o terceiro país mais pobre do mundo, que nunca teve uma tradição forte de um governo central. Não tem um serviço público e 70% são analfabetos. Então, ele tem desafios. Agora, o que eu também disse a ele é que ele tem que melhorar a administração no governo.
O’REILLY: E ele diz- ele diz para o senhor : Eu farei o que eu quiser.
OBAMA: Bem, não – Não acho que ele diz que fará o que quiser. O que ele muitas vezes fala é que isso é difícil e que leva tempo. E o que eu – e o que eu tenho a dizer a ele é que o povo americano fez um grande investimento lá, e você não tem…
O’REILLY: Então, o senhor confia nesse cara – o senhor confia no Karzai?
OBAMA: Você sabe, eu diria que eu confio que ele se importa com seu país e se importa com a relação com os Estados Unidos. Mas, eu penso ainda, que ele conseguiu algumas – algumas grandes mudanças, que tem conseguido fazer com que o seu governo possa ser legitimado aos olhos do povo afegão a longo prazo.
O’REILLY: E no fim do ano, teremos quase todas as nossas tropas fora do Iraque.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: OK, adivinhe quem apareceu há algumas semanas atrás? Esse tal de Sadr, esse bandido.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: O cara iraniano, certo? Ele está de volta. A mim me parece que o Irã esta esperando que a gente saia para ele tentar dominar o Iraque. O senhor vê a coisa dessa forma?
OBAMA: Não, eu não acho. Se – se você olhar como o processo de formação do governo tem sido, primeiro de tudo você tem uma democracia que está aí fluindo. Há muita disputa entre todas as facções no Iraque, da mesma forma como há rixa aqui nos Estados Unidos, mas eles não recorreram às armas. Os Sadristas* – eu penso como o ministro do turismo e mais alguns – você sabe que eles queriam defesa, proteção, eles queriam toda a – toda aquela coisa ideal…
* Membros do movimento nacional sadrista no Iraque, liderado por Muqtada al-Sadr.
O’REILLY: Sim, eles têm muitas bombas. O que eu estou preocupado é que o Irã, uma nação mais poderosa que o Iraque…
OBAMA: Certo.
O’REILLY: …comece justamente a fomentar tumulto por todo o Iraque para que eles tenham uma esfera de influência lá. Acho que as pessoas estão preocupadas com isso.
OBAMA: Bem, o Irã é um grande vizinho do Iraque e aqueles dois países terão uma relação. Mas o Iraque, estou confiante, estará apto a manter a sua independência, e mantem uma forte parceria com os Estados Unidos.
O’REILLY: Acho – estou preocupado com isto. Tudo bem.
OBAMA: Oh, eu me preocupo com tudo, Bill.
O’REILLY: Mais duas questões.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: Uma é uma crítica e a outra é um elogio. A crítica vem do discurso ao Congresso. Eu não vi urgência do senhor sobre os $14 trilhões de dólares do débito. Eu vi um pouco – você sabe, nos vamos congelar isso, vamos congelar aquilo. Eu não vi urgência aqui. Quase todos os economistas com quem eu conversei dizem que se os Estados Unidos continuar a aumentar o débito da forma como nós estamos fazendo, nosso dólar vai ruir e todo mundo irá para o fundo do bueiro. Por que eu não vi mais urgência da parte do senhor?
OBAMA: Bem, veja Bill, penso que havia uma enorme urgência.
O’REILLY: Realmente o senhor pensou mesmo?
OBAMA: Olha, – olhe o que estamos fazendo. Nós estamos cortando $400 bilhões de dólares. Nós estamos propondo cortar $400 bilhões em gastos durante cinco anos.
O’REILLY: O GOP (Partido Republicano) quer triplicar isto.
OBAMA: Enquanto – não mas – mas – entenda que fazendo isto, teremos gastos internos ao nível mais baixo como uma cota do Produto Interno Bruto (GDP) desde Eisenhower. Isto significa que estaremos gastando menos em termos de despesas discricionários (opcionais). Estaremos gastando menos do que na época de Reagan.
O’REILLY: Mas isto é um pouco de passe de mágica porque…
OBAMA: Não, não é, Bill.
O’REILLY: …porque há muitos direitos individuais e coisas como essas.
OBAMA: Bem, e nos estamos fazendo cortes em defesa. Agora, aqui está o que você… eis aonde você esta absolutamente certo. O problema a longo prazo são os direitos individuais.
O’REILLY: Sim.
OBAMA: Seguridade social, Medicare, Medicaid. E o que eu tenho falado aos republicanos é que eu quero trabalhar com vocês calculando como cortar gastos nessa área.
O’REILLY: Vamos ver se esses cabeças de melão podem achar uma solução.
OBAMA: Nos não estaremos aptos a fazer isso. Somente um lado não estará apto a ter isso resolvido…
O’REILLY: Certo.
OBAMA: … porque isso requer escolhas difíceis.
O’REILLY: Como um americano, eu estou tremendamente preocupado com isso.
OBAMA: Mas eu – eu estou preocupado com isso – também estou.
O’REILLY: O senhor tem que por um freio nisso.
(FIM DO VIDEOCLIPE)
O’REILLY: Ok, agora num resumo rápido, o resto daquela entrevista exclusiva. Será que o presidente sente realmente que a Fox News é injusta e instável? Faremos essa pergunta após os comerciais.
(INTERVALO COMERCIAL)
O’REILLY: Continuando agora com nossa entrevista exclusiva com o presidente. Após a conversa ao vivo antes do Super Bowl, nós gravamos dez minutos mais com o Sr. Obama. Nesse segmento, civilidade dá o pontapé inicial.
(INÍCIO DO VIDEOCLIPE)
O’REILLY: Acho que o senhor fez um grande discurso no Arizona
OBAMA: Obrigado.
O’REILLY: Sobre o fator civilidade.
OBAMA: Muito obrigado.
O’REILLY: Mas não penso que as pessoas vão responder a isso. Penso que a civilidade na mídia e na política irá rolar morro abaixo, continua a cair.
OBAMA: Por que você pensa assim?
O’REILLY: Porque, há tal divisão entre conservadores e liberais e há muito dinheiro a ser arrecadado, muito dinheiro a ser produzido e se o senhor pode polarizar as pessoas na mídia e lá – você sabe – isso parece bom. Mas aqui está minha pergunta. Quanto prejuízo o senhor acredita que a mídia esta causando ao participar desse rancor – e as pessoas têm me acusado disto?
OBAMA: Sim. Não acho que isso ajuda. Veja…
O’REILLY: Mas quanto dano isto está fazendo ao país?
OBAMA: Eu acho que faz a longo prazo, está tornando isso mais duro e duro para o centro consciente, sensato, se unir para resolver problemas, e eu penso que isto é prejudicial. Nós apenas falamos sobre gastos. Nós queremos cortar gastos; muitos Republicanos querem sinceramente cortar gastos. No entanto, para fazer isso, todo mundo vai ter que fazer compromissos porque todos querem cortar o que o outro cara gosta. Eles não querem cortar o que eles gostam, certo? E assim, temos que tomar algumas decisões difíceis. O único caminho para tomar essas decisões difíceis é se você está disposto a poupar um pouco de críticas o outro lado.
O’REILLY: Eu sei.
OBAMA: E a mídia, infelizmente, se eu tenho uma – tenho uma conversa legal com John McCain e nos concordamos em fazer algo…
O’REILLY: Enfadonho.
OBAMA: Ninguém vai relatar isso.
O’REILLY: Não, mas isso é mais pessoal. É uma coisa pessoal.
OBAMA: Mas se – se há uma discussão, então isso é o que é relatado. E – como consequência, acho que muitos políticos pensam que a forma como me colocam nos noticiários é se eu insultei alguém. E – não recompensar políticos por simplesmente insultar o outro lado, mas sim, recompensá-los por trazer soluções razoáveis.
O’REILLY: Isto é irreal. E isto nunca vai acontecer. Quero dizer, o senhor sabe disso.
OBAMA: Bill, você pode começar essa moda.
O’REILLY: Sim, eu poderia começar a tendência. Veja, eu não penso que eu sou um cara de ataques pessoais. Eu chamo isso da forma que eu acho que isso deveria ser chamado.
Uma última pergunta, e então, deixo o senhor ir. A Fox News Channel e a administração Obama, Fox News e administração Obama, um pouco de terreno pedregoso.
OBAMA: Certo.
O’REILLY: Ok, agora, eu – eu sinceramente gostaria de saber.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: O que o senhor disse mais cedo que o senhor está me olhando e sabe o que eu estou fazendo.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: O que posso fazer melhor para o país – não para o senhor – não estou no negócio para o ajudar, Sr. Presidente, com o devido respeito. Estou no negócio para vigiar pelo o povo. Mas, o que posso fazer melhor? O que pode o Fox News Channel fazer melhor?
OBAMA: Você sabe, eu penso – e eu agradeço a oportunidade. Aqui está o que eu diria, Bill. A coisa mais importante que o noticiário pode fazer, seja o Fox News ou MSNBC ou quem for, é dar ao povo os fatos. E assegurar que deram todos os fatos. Então, vamos tomar o exemplo dos gastos. Você sabe, se as pessoas sabem que somente 12% do orçamento são com gastos opcionais internos, certo? Coisas como, proteção ambiental ou segurança alimentar ou etc., e que a maior parte disso é também defesa, Seguridade Social, Medicare, Madicaid. Então, nos não podemos eliminar o déficit apenas eliminando ajuda externa e destinações específicas. Então, o povo terá que se agarrar em alguns desses assuntos mais espinhosos e isto torna a questão mais fácil para mim e para lideres republicanos apresentar soluções reais. Então…
O’REILLY: O senhor não acha que nós temos apresentado os fatos na Fox News?
OBAMA: Você sabe, eu…eu penso que, eu penso que… o que geralmente é a verdade da mídia é que eles ouvem um lado do argumento ou o outro lado do argumento, mas se vissem toda a situação, para que as pessoas possam olhar para um orçamento, digamos, e dizer, aqui esta o orçamento federal e, a propósito, muitos de vocês, telespectadores, vocês se importam com a Seguridade Social, vocês – vocês querem Seguridade Social lá, vocês querem Medicare lá; mas, se nós vamos realmente resolver o problema, vamos ter que fazer alguma coisa a respeito dos privilégios/concessões.
O’REILLY: Ok, mas o senhor está falando mais como um professor do que…
OBAMA: Não, não, mas o que estou dizendo é que isto é um exemplo simples de fatos sem interpretações tendenciosas, eu penso, é algo que seria bom para todo mundo.
O’REILLY: Acho que os caras durões da notícia fazem isso, mas quando você vê os formadores de opinião do horário nobre…
OBAMA: Certo.
O’REILLY: …isso – isso é…
OBAMA: Mas – mas eu penso que muitos da audiência gravitam onde os formadores de opinião estão.
O’REILLY: Absolutamente.
OBAMA: Sim.
O’REILLY: Absolutamente. O senhor pensa que está sendo tratado com justiça pelo Fox News agora?
OBAMA: Eu diria que os caras novos estão tentando fazer um bom trabalho, embora, veja, vamos encarar de frente: Quero dizer, a Fox News, eu acho, tem um ponto de vista. Não há nada de errado com isto. Há uma historia forte na America de – de todas as notícias portarem algum ponto de vista. E a Fox News tem um ponto de vista e eu penso que isto é parte da nossa democracia.
O’REILLY: O senhor respeita isso?
OBAMA: Absolutamente.
O’REILLY: Sr. presidente, muitíssimo obrigado.
OBAMA: É ótimo conversar com você. Muitíssimo obrigado também.
O’REILLY: Certo. Eu gostei.
Tradução: Célia Savietto Barbosa