Os Cardeais; O Vergonhoso episódio com o filho de Abílio Diniz
E o Cardeal d.Raymundo Damasceno Assis, condenou a corrupção no Brasil e blá, blá, blá. A respeito de cardeais eu assisti uma cena que para mim foi extraordinária: D. Evaristo Arns sendo entrevistado por Boris Casoy a respeito do rapto de Abílio Diniz, alguns anos atrás. Os raptores foram descobertos e ficaram encurralados numa casa, junto com Abílio. Pediram a presença de D. Evaristo Arns como mediador. Boris perguntou como ele se sentiu. A resposta naquela voz igualzinha de todos os padres : ” Boris, eu estava aterrorizado, tremia de medo, mas precisava ir me encontrar com eles, então…” Bem, se um Principe da Igreja, um cardeal que fala todos os dias com Deus, tem medo de morrer, então o que nos resta ? E não havia perigo nenhum. Os bandidos não seriam loucos de matar, ou machucar o medrosão. Quantos não gostariam de estar no lugar dele naquele momento ? Eu, por exemplo, daria tudo para me encontrar com os raptores, negociar e o escambau. Como é que pode ? Um cardeal ! Em quem podemos acreditar ?
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Contei essa história porque me lembrei de outra, essa realmente importante. Quem se lembra do episódio da queda no mar do helicóptero onde viajavam o filho do Abílio Diniz, a namorada dele e o piloto ? Bem, o rapaz era um atleta completo. Nadava 3.800 metros, depois pedalava 180 km, e terminava a prova correndo, ou andando, 42.2 km. Coisa para leão. Pois bem, o rapaz abandonou a namorada e nadou 2.000 metros ( isso eu faço com um braço amarrado nas costas), e se salvou. Não pensem que a moça fosse uma bigorna, um piano, nada disso, era uma linda modelo que SABIA NADAR. O piloto, que nadava muito mal, salvou-se. Eu fiquei atônito com a mídia brasileira. Ninguém dizia nada sobre a imensa covardia do sujeito ordinário. O importante era se o helicóptero tinha licença para voar, ou não, qualquer coisa assim. Nos Estados Unidos teria sido um escândalo o tremendo ato de mau -caratismo. Largou a namorada e se mandou! Depois de uma semana (uma semana!), afinal alguém começou a questionar o fato, e a mãe da pobre moça resolveu abrir um processo contra o rapaz. No final deve ter entrado uma grana preta do Abílio e não se falou mais no caso. Estou contando a história para que pensemos na abissal diferença entre um país civilizado, com valores morais sedimentados, e um outro onde o salve-se quem puder (mulheres e crianças muito depois!!!), e o “primeiro eu”, domina a vida da população. Esta história vale por 10 artigos sobre o comportamento do brasileiro face à corrupção. Conversei com muita gente e a grande maioria ficava apática quanto a condenar o comportamento do rapaz. Precisava ser convencida de que até a hipótese de morrer tentando salvar a moça estava em questão. No rosto das pessoas eu podia ver a desconfiança na sinceridade das minhas palavras.