Subornando Nelson Jobim; Um fio de esperança nos EUA: pequena possibilidade de Obama perder ; Guerrilha do Araguaia – discurso do Cel Lício; Regulação do Ensino Superior: É Hora de Inovar (Simon’s Site)

 

Publicado na Folha de SP:

“Jobim é acusado de ter negociado comissão para comprar 11 navios”

 

 

 “A acusação foi feita por Lorenzo Borgoni, ex-funcionário da Finmeccanica (que fabricaria os navios). Segundo ele, a negociação ocorreu entre Claudio Scajola, então ministro de Silvio Berlusconi, e Jobim: “Se fechasse essa venda de 11 embarcações por um total de uns 5 bilhões euros, aproximadamente 11% deste valor seria destinado a Scajola, Massimo Nicolucci e inclusive a Jobim.”

 

Puxa, precisou alguém no exterior fazer a acusação, porque no Brasil NINGUÉM nem sequer mencionou a hipótese da crônica do roubo anunciado. Estava na cara.  É claro que a roubalheira come solta nessa compra e em todas as outras que visam reestruturar as Forças Armadas. O blog chamou a atenção para isso, 3 anos atrás,  nos artigos (clique em cima dos títulos)    Quem quiser ser Ministro da Defesa levante a mão” ;  e  “A Negociata” 

   

Espanto seria haver honestidade, lisura nessas operações. Afinal estamos no país da corrupção mais deslavada e talvez a menos disfarçada no mundo. É preciso ser muito inocente para imaginar que os governantes não vão meter a mão em um dinheiro capaz de realizar todos os sonhos possíveis e imagináveis. Na compra de armas para Exército, Marinha e Aeronáutica, as propinas somadas vão ser de bilhões de dólares.  O engraçado é Jobim negar, mas ao mesmo tempo dizer exatamente o quanto receberia : Você acha que se eu tivesse recebido algo como 225 milhões de euros (nota do blog: 600 milhões de reais) eu passaria meus dias entre papeladas e tribunais?”, questionou Jobim, que voltou a trabalhar como advogado. Ele disse que não foi assinado “nenhum acordo com a Itália sobre fragatas e que, sobre a comissão nunca se falou nada da nossa parte“.  Só falta ele confessar o crime que não aconteceu.(Será que não recebeu nada, nadinha, nem para começar a conversar?????) Vejam mais: Scajola e Jobim admitiram ter se reunido para discutir a compra, mas negam ter falado sobre propinas: “Na Itália havia crise e tentei vender as embarcações. Era meu dever ajudar o Fincantieri [estaleiros da Finmeccania]”, disse Scajola. Este é outro. Até mostra a sua defesa : estava ajudando a economia italiana.

Não se iludam, a compra dos aviões, submarinos, tanques, etc., vai ser uma roubalheira só comparável à da Copa do Mundo, se não for maior. A diferença estará em que na Copa o dinheiro irá para as mãos de muita gente, enquanto que nessas compras de armamentos serão poucos os privilegiados. Mais ou menos assim: presidente da república, ministros , diretores de gabinetes dos ministros e sei lá quem mais. Só gente muito graúda. Vai ser histórico.

 

 

Pequena esperança na derrota de Obama

 
Enquanto isso o médico que identificou Bin Laden para a CIA está numa prisão do Paquistão. Vão acabar com ele. Acreditou no governo americano, sem perceber o tamanho do risco quando se tem um mentiroso acovardado na presidência. 
Obama não cansa de explorar a morte de Bin Laden. Com desonestidade característica chama para si a providência de “haver dado completa prioridade” para que se encontrasse o criminoso. Ora, todos sabem que desde o momento em que caíram as torres prender, ou matar Osama, era o primeiro objetivo das agências de inteligência americana, ou seja, começou com o presidente Bush. No entanto, exigir a libertação do médico, passa longe das caracteristicas do animador de auditório. Impossivel para Obama falar grosso, ameaçar o Pasquistão com o peso do poder militar americano, e também com a retirada da AJUDA AMERICANA para aquele país horroroso. Sabemos que em política externa AMEAÇAR não é um compromisso de atacar se as demandas não forem atendidas, existem mil nuances entre as duas atitudes. Mas, é visceral, está na sua formação de Democrata-Liberal o horror ao confronto, principalmente quando em sua cabeça torta admite que os Estados Unidos são culpados de “arrogância” e de um monte de outros adjetivos pejorativos que usou no seu “tour de desculpas”.
 Outra das mentiras de Obama. Ele diz que botou a Al Qaeda para correr. A charge mostra “correr para cima dele“.
No terceiro debate esperava-se que Romney fosse partir agressivamente para cima de Obama, principalmente explorando o incrivel episódio do ataque terrorista à embaixada de Benghazi, na Líbia. Romney surpreendeu, mudando de tática e preferiu ser cordato, evitando a confrontação. Dizem que buscava o voto feminino ( as mulheres detestariam o confronto) o que parece que deu certo. O seu percentual de votos femininos aumentou. Resta saber se foi a escolha certa. Encurralar o presidente contando a verdadeira história, quando a embaixada pediu socorro e não foi atendida, e depois jogar na cara o festival de mentiras de membros do governo e do próprio Obama, teria sido melhor, é a opinião de muitos analistas americanos. Talvez pudesse lhe dar a vitória nas eleições.
A Economia é culpa do Bush, a Líbia é culpa do Departamento de Estado, e o cachorro comeu o meu trabalho de casa

Obama, o demagogo supremo, neste momento representa a continuidade da política que não deu certo. Romney a renovação. De uma hora para outra o grande megalômano viu inverterem-se os papeis que lhe deram a vitória em 2008, e está se comportando pessimamente quando precisa encarar a perspectiva de perder as eleições. Tem usado uma linguagem inteiramente imprópria para um presidente, o que é novidade nos Estados Unidos. Apenas um exemplo: Disse em entrevista na Rolling Stone, que os planos de Romney são “bullshit”, isto é, merda. A imprensa brasileira foi hilária no episódio. Ao invés de colocar m***,  Janaína, sei lá o que, (Globo ?) colocou “bobagem”, o que faz com que o leitor não consiga entender a matéria. Também no Estadão ao invés de merda, ou m***, usaram “mentira”. Inacreditável.

Como é possivel Obama haver dito no terceiro debate  que “nunca as relações entre Israel e Estados Unidos foram tão boas” ? Sua popularidade em Israel é de 20% !  Lembram-se quando ele foi flagrado por um desses microfones ocultos ( ou super potentes), em conversa com Sarkozy, falando mal de Netanyahu ? O diálogo foi assim :  Sarkozy:   “Esse sujeito (Netanyahu ) é um mentiroso!” Obama: ” E eu, que tenho que aguentá-lo todo dia ?!” É evidente que o primeiro ministro israelense, humilhado por essa conversa, deve ODIAR Obama. Foi chamado de mentiroso em frente ao mundo, e ainda por cima, tratado como se fosse um chato que não sai do pé de  Obama. Por duas vezes o moleque que governa os Estados Unidos se recusou a recebê-lo,e,  numa delas, nem disfarçou a antipatia que sente por Netanyahu, indo simplesmente se divertir e massagear o ego  no programa do comediante Dave Letterman!

Em outro episódio de microfone oculto Obama é flagrado dizendo para Dimitri Medvedev, o primeiro ministro russo; “Diga ao presidente Putin que depois das eleições eu vou ser mais flexivel“. Não me lembro das palavras exatas, mas foi muito pior do que escrevi. Obama, simplesmente está dizendo que por enquanto precisa bancar o durão, mas depois de eleito vai ser soft com o que Putin deseja. Excelente o detalhe de expressão corporal de Medvedev, reconhecendo um pulha e respondendo na bucha: ” Vou falar imediatamente com Vladimir!” 

Mitt Romney não haver explorado esses dois extraordinários episódios é incompreensivel. No primeiro deles, que eu saiba, ele nem tocou . No segundo, chegou a fazer uma ligeira referência. Era para cair pesado em cima porque Obama parece um traidor combinando a traição.

nota: Eu acredito que o leitor possa ver os dois vídeos desses episódios no YouTube.  Ainda não fiz a tentativa mas devem estar lá.

Não é um fenômeno nossos intelectuais colocarem Lula e Bush no mesmo saco e odiarem os dois ? Como era de se esperar ADORAM Obama, são todos liberais de carteirinha e acreditam naquela história antiga da mediocridade dos republicanos, acreditam na “máquina republicana”, no racismo republicano, assistem entusiasmados a todos os filmes de Holywood que contam a verdadeira história da CIA, da guerra no Iraque, blá, blá, blá. Com respeito ao Brasil, ter boa vontade com o contraditório ( o PT) é coisa para leão, já chega, ninguém aguenta, mas dar o mesmo tratamento ao contraditório americano é preguiça mental. 

 

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- 

 

 

 

O Caderno de Educação da Folha Dirigida publicou, em sua edição de 23 a 29 de outubro de 2012, o artigo abaixo de Ronaldo Mota, sobre o projeto de lei de criação de um Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (INSAES), que está tramitando no Congresso.

Regulação do Ensino Superior: É Hora de Inovar

Ronaldo Mota (*)

O Brasil registrou, em 2011, 6.739.689 matrículas no ensino superior. O número de profissionais com título superior na economia ativa é menor do que o dobro de matrículas acima. Assim, somos um país de aproximadamente 200 milhões de habitantes, onde o somatório daqueles que ainda estudam com os que já concluíram o nível superior e estão trabalhando representa inaceitáveis 10% da população.

Somos a sexta economia do mundo, mas ainda não contamos com a garantia de um crescimento social e econômico sustentável. Ao lado da certeza da abundância de nossos recursos naturais, a principal fonte de nossas incertezas recai na deficiente escolaridade, demandando urgente plano com estratégias de crescimento qualitativo e quantitativo em todos os níveis educacionais, incluindo o ensino superior.

O ensino superior, além das conhecidas deficiências, tem seu quadro agravado pela insuficiência, numérica e de qualidade, dos formandos do ensino médio. O crescimento de matrículas no nível superior só será viável se, adicionalmente, promovermos o aumento do número e da qualidade de formandos do nível médio, viabilizarmos que aqueles que estão no mundo do trabalho possam ser atraídos para completarem a formação que abdicaram anteriormente.

Compatibilizar estudo e trabalho é indispensável nas economias contemporâneas e as ferramentas da educação a distancia são imprescindíveis. A utilização da modalidade já responde hoje por quase 15% do total de matrículas. Adicionalmente, na modalidade presencial contribuiria estender a já prevista utilização de até 20% a distância na integralização curricular para até 40% naqueles cursos que, tendo feito uso de 20%, demonstrem comprovados resultados positivos.

Ao lado de um conjunto de outras medidas similares, a mais importante do ponto de vista estrutural seria a consolidação de uma Agência Reguladora, nos moldes de uma Organização Social (OS), capaz de estabelecer com o Poder Público um contrato de gestão plurianual, renovável bem como denunciável, com metas claras e verificáveis de qualidade e quantidade, sendo responsável pela implementação de uma política de expansão e garantia de qualidade do ensino superior. Adicionalmente, liberaria o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para desempenhar as funções para as quais ele foi efetivamente criado.

Uma Agência de Regulação bem desenhada poderia impor a todas as instituições educacionais o compromisso de manterem página pública contendo informações detalhadas e atualizadas sobre cada uma das disciplinas com os respectivos professores e seus currículos, salas de aula e infraestruturas disponíveis e utilizadas, demais elementos próprios de cada modalidade e metodologias empregadas, bem como número de estudantes por sala, taxas de evasão e nível de sucesso de seus formandos.

Mesmo não se tratando de auto regulação, a permanente vigilância dos estudantes, via uma Ouvidoria, e das instituições concorrentes seria muito mais eficiente e eficaz do que uma pesada estrutura que subestima a utilização plena das tecnologias digitais e desconhece a premissa da confiabilidade conjugada com previsão de punição severa ao falseamento.

A composição da direção deste órgão é complexa e crítica, mas viável. O Poder Público deve ter uma centralidade compartilhada com instituições como o Conselho Nacional de Educação e demais entidades setoriais afetas à área, gerando indicações de profissionais idôneos, competentes, conhecedores profundos do tema e compromissados com os planos previstos de expansão e qualidade do ensino superior.

O Executivo Federal, por meio do PL 4372/ 2012, propõe a criação de um Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (INSAES) enquanto autarquia federal. Ainda que seja bem intencionada tal atitude, o Projeto vem acoplado à criação de dispensáveis cargos e funções, basicamente mantém as operações em moldes essencialmente semelhantes aos já adotados e talvez grávido de morosidades e dificuldades hoje existentes.

Trata-se, portanto, de um grande desafio explorar a possibilidade de uma alternativa baseada em modelos contemporâneos, operando por contratos de gestão, ágeis, eficientes e eficazes, auditáveis nas metas que se propuserem a cumprir e que não onerem ou hipertrofiem o setor público ou os demais interessados em termos de gastos, seja com pessoal ou custeio.

Como está o projeto, a proposta do INSAES cria 550 cargos públicos e custa em torno de R$50 milhões ano. Uma OS, em tese, poderia ser mais eficiente, custando muito pouco e trazendo grandes contribuições ao desenvolvimento social e econômico sustentável do Brasil.

* Ronaldo Mota é pesquisador visitante (Cátedra Anísio Teixeira/CAPES) no Instituto de Educação da Universidade de Londres e professor aposentado de Física da UFSM. Foi secretário nacional de Educação Superior e de Educação a Distância do MEC e de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do MCTI.

 

 

 

 

DOCUMENTO CIRCULANDO ENTRE OS MILITARES

 

Guerrilha do Araguaia – discurso do Cel Lício

Discurso do Coronel Lício Augusto Maciel na Câmara dos Deputados, em Sessão Solene ocorrida no dia 26 Jun 2005, sobre a guerrilha do Araguaia:


Sr. Presidente, Srs. Congressistas, demais autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, não é preciso dizer da minha emoção por ter encontrado aqui velhos companheiros de luta, que ainda a estão levando à frente. Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, fiz um resumo dos itens mais perguntados; apenas como itens porque a dissertação será a rememoração dos fatos. Para isso, tirei os óculos, a fim de que aqueles que vou citar me olhem bem no fundo dos olhos e tenham suficiente coragem de afirmar, se for preciso, que tudo o que foi dito aqui é a pura verdade. Se bem que não há necessidade, porque eles mesmos já confirmaram em outras ocasiões. O primeiro item selecionado se refere à razão da minha escolha para a missão de descobrir o local da guerrilha, que hoje se diz Guerrilha do Araguaia. Em 1969, após a morte do terrorista Mariguella, em São Paulo, em seus documentos foram feitas várias citações sobre o local da grande área: grande área de treinamento de guerrilha. Eu estava chegando a Brasília em 1968, já pela segunda vez. No meu passado, em 1954, fiz o curso de pára-quedista e, em seguida, o curso de Forças Especiais da Divisão de Pára-Quedistas, e especializei-me na modalidade Guerra na Selva. Posteriormente, o curso de Operações Especiais foi desenvolvido com outras modalidades e, em seguida, foi criado o Centro de Instrução de Guerra na Selva, CIGS. Detentor do curso de Forças Especiais e considerado, à época, o elemento com credenciais para desenvolver as operações de selva, percorri milhares de vezes a rodovia Belém-Brasília, de Brasília a Belém, estrada pioneira de barro. Eu e minha equipe, de 3 ou 4 homens, chegamos à conclusão, por indícios, de que a Guerrilha do Araguaia estava naquela área, entre o Bico do Papagaio, Xambioá, Marabá, Tocantinópolis e Porto Franco. O fato, porém, que nos permitiu chegar à área foi a prisão, em Fortaleza, do guerrilheiro Pedro Albuquerque. Naturalmente, ele está olhando para mim, e eu estou olhando para a câmera, para que olhe no fundo dos meus olhos e confirme que o que eu estou dizendo é verdade. Pedro Albuquerque foi preso quando tentava tirar documentos em Fortaleza. Recolhido ao xadrez, ele tentou suicídio cortando os pulsos. A sentinela, por acaso, passou, viu, deu o alarme e ele foi levado para um hospital da guarnição. Recuperado o documento de que ele falou, o documento resultante das declarações de Pedro Albuquerque foi enviado diretamente de Fortaleza para Brasília e chegou às mãos do General Bandeira, que imediatamente mandou buscar o preso. Enquanto eu preparava a equipe, o preso chegou, foi incluído na minha equipe, e partimos, junto com Pedro, para o local onde ele dizia que era o inicial: Xambioá. Chegamos ao Rio Araguaia, pegamos uma canoa grande, com motor de popa, fomos até ao local de Pará da Lama. Pedro deve lembrar muito dele: era uma picada ao longo da floresta no sentido do Xingu. Andamos o dia inteiro. Chegamos ao anoitecer na casa do último morador, com o Pedro sendo levado por nós, livre. Não estava algemado, amarrado ou coisa assim. Ele foi acompanhando nossa equipe. Há várias testemunhas desse episódio aqui presentes, as quais não vou citar, que fizeram parte da minha equipe. Chegamos à casa de Antônio Pereira, pernoitamos no campo, nos telheiros e, no dia seguinte, às 4h, prosseguimos em direção ao local onde Pedro Albuquerque indicou. Ao chegarmos lá, avistamos três homens, isto é, três elementos, sendo uma mulher, descansando para almoço, presumo. Aproximamo-nos do local só para conversar com eles, para saber o que eles estavam fazendo lá. Eram três e, no nosso grupo, havia seis; então, não tinha problema. Eles fugiram. Chegamos ao local. Fiquei inteiramente abismado com o estoque de comida, de material cirúrgico; havia até oficina de rádio; 60 mochilas de lona, costuradas no local em máquina industrial grande, que tive o prazer de jogar no meio do açude. Tocamos fogo em tudo e voltei sem fazer prisioneiro. Ora, em qualquer situação, teríamos atirado naqueles homens. Estávamos a 80 metros, um tiro de fuzil os atingiria facilmente. Eles estavam sentados. Mas nosso objetivo não era matar, não era trucidar. Nosso objetivo era saber o que eles estavam fazendo lá. De acordo com Pedro Albuquerque, eram guerrilheiros. Estavam na área indicada por Pedro Albuquerque, que viu toda a operação. Como disse, destruímos todos os seus aparelhos; metralhamos uma grande quantidade de frutas – melancia, jerimum e muitas outras coisas. Ficamos inteiramente impressionados com a quantidade de comida que havia lá, várias sacas de arroz; havia até oficina de rádio com equipamentos sofisticados. Era uma oficina rústica, não era como bancada de laboratório da cidade, mas funcionava. O gerador, lá atrás, também funcionava. Voltamos. Deixamos o pessoal fugir, claro. E o Pedro Albuquerque retornou com dois companheiros nossos e foi recolhido ao xadrez de Xambioá. Continuamos nossa missão. Como os três elementos fugitivos avisaram para o resto do grupo do Destacamento C, mais ao sul, em frente a São Geraldo do Araguaia, que estávamos indo para lá, ao chegar lá nós os vimos fugindo com muita carga, até violão levavam. Eles estavam se retirando do Destacamento C, do Antônio da Dina e do Pedro Albuquerque. Pedro Albuquerque nos levou até o Destacamento C, onde havia estado. Ele fugiu porque os bandidos exigiram que ele fizesse um aborto em sua mulher, que estava grávida. Eles não se conformaram com a ordem, principalmente porque outra guerrilheira grávida tinha sido mandada para São Paulo para ter o filho nas mordomias daquela cidade. Ela era casada com o filho do chefe militar da guerrilha, Maurício Grabois. Pedro, você está me escutando? Você deve-se lembrar de que declarou isso: que você fugiu porque obrigaram sua mulher a fazer um aborto. Nós estávamos perseguindo esse grupo e estávamos avançando. Embora chovesse bastante, estávamos nos aproximando. Eles resolveram soltar a carga que estavam levando, e o guia, morador da área, me disse: “Agora, nós não vamos pegar eles porque estão fugindo para a gameleira”. E demos uma meia parada, nessa destruição do equipamento deles, quando pressentimos a vinda de alguém na trilha. Nós estávamos andando no meio da mata e esse elemento vinha pela trilha. Nós nos agachamos e, nisso, veio aquele elemento forte, com chapéu de couro, mochila nas costas e facão na cintura. Então, quando ele chegou no meio do nosso grupo, eu dei a ordem: Prendam esse cara! Não sei, não posso me lembrar, se foi o Cid ou se foi o Cabo Marra que pegou o Genoino. Esse elemento era o Geraldo, posteriormente identificado como Genoino- que naturalmente está me olhando agora. E eu tirei os óculos justamente para ele me reconhecer, porque da minha cara ninguém esquece, principalmente com aquela cara que eu estava na mata, depois de vários dias passando fome e sede, sujo, cheio de barba. Mas é a mesma cara. É o mesmo olhar da hora em que eu encarei ele e disse: “Seu mentiroso! Confesse! Você não tem mais alternativa”. Por que eu descobri que o Genoino era guerrilheiro? Ele se dizia Geraldo e se dizia morador da área. Claro: elemento na área, suspeito, eu mandei deter. Mesmo algemado e com tudo nas costas, uma mochila pesada e grande, ele fugiu. O Cabo Marra deu três tiros de advertência, e ele parou. Mas não parou por causa da advertência, parou porque se emaranhou no cipoal, e o pessoal foi pegá-lo. Eu perguntei: Por que você está fugindo? Nós apenas estamos querendo conversar com você. Para você não fugir, vamos ter de algemá-lo. “Eu sou morador” – disse ele. Eu deixei o pessoal especializado em inquirição conversando com o Genoino, até então Geraldo. O pessoal – inclusive está presente um desses companheiros, o Cid – conversou bastante tempo com o Genoino, quando o Cid veio a mim e disse: “Comandante, não tem nada, não“. Está bom – respondi. Como eu já estava há muito tempo no mato, já tinha resolvido, intimamente, levar o Genoino preso para Xambioá, mas não disse que essa era minha determinação. Peguei a mochila dele. Havia um elemento na minha equipe que era especialista em falar com o pessoal da área – já falecido -, um elemento excepcionalmente bom. Rendo minhas homenagens a João Pedro do Rêgo. (Palmas.) O João Pedro, apelidado por nós de Jota Peter ou Javali Solitário, onde estiver estará escutando. João Pedro era um homem que falava com o matuto, com o pessoal da área, porque eu, na minha linguagem urbana, não era entendido nem entendia o que eles falavam. O Javali veio a mim e disse: “Ele não tem nada. É morador da área“. E disse-me o que tinha lhe dito. Eu, como homem de selva, peguei a mochila do Geraldo e comecei a abri-la. Tirei pulôver, rede e um bocado de bagulho da mochila do Geraldo, quando encontrei um tubo de remédio no fundo da mochila. Ao pegar aquele tubo e olhar para o Genoino, vi que ele estava lívido, pálido. Eu ainda lhe disse: Companheiro, fique tranqüilo porque nós não vamos fazer nada com você, você é morador da área. E abri o tubo. Lá encontrei material típico de sobrevivência – linha de pesca fina, anzóis. Era material típico de sobrevivência. Como eu havia feito um curso e só sabia teoricamente sobre o assunto, interessei-me por aquele exemplo prático, em um local de difícil acesso na selva amazônica. À medida que eu ia puxando aquelas linhas, o Genoíno – aliás, o Geraldo – ia ficando mais desesperado. E quando eu tirei o tubo, olhei para ele, e ele estava branco como papel. E lá no fundo eu vi um papel pautado, de caderneta, dessas que todo dono de bodega na área anotava as suas vendas. Cortei uma talisca do meu lado, puxei o papel e lá estava a mensagem do Comandante do Grupamento B da Gameleira, o Osvaldão, para o Comandante do Grupamento C, Antônio da Dina. Estava lá a mensagem que o Genoino transportava para o Antônio da Dina. Era uma mensagem tão curta que ele, como bom escoteiro que era, poderia ter decorado, porque até hoje, mais de 30 anos passados, eu me lembro do que dizia essa mensagem, mas eu quero que ele mesmo diga o que constava nessa mensagem. Era uma dúzia de palavras em linguajar militar, de próprio punho do Osvaldão, que era o Comandante do Grupamento B da Gameleira, o grupamento mais perigoso da guerrilha, como constatamos no desenrolar das lutas. Foi o grupo que matou o primeiro militar na área. Antes de qualquer pessoa morrer, o grupo do Osvaldão matou o Cabo Rosa, Odílio Cruz Rosa. Depois de esse Odílio Cruz Rosa ser morto, eles mataram mais 2 sargentos e fizeram muito mal aos militares que nada sabiam até então. Só quem sabia era o pessoal de informações. E eu era da área de informações, embora eu operasse à paisana. Então, o Genoino foi mandado para Xambioá preso. A essa altura ele já deixou de ser detido para ser preso, e disse tudo sobre a área. Quando eu olhei para ele e disse: Você não tem mais alternativa porque aqui está a mensagem. Ele disse: “Eu falo“. Eu disse: É bom você falar. Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha – coisa de que me arrependo hoje. (Palmas.) Um elemento da minha equipe, fumador inveterado, abriu um pacote de cigarro, aproveitou aquele papel branco do verso, pegou um toco de lápis não sei de onde, e o João Pedro começou a anotar o que o Genoino falava fluentemente – nervoso como estava, começou a falar. Eu me levantei do chão, fui até um córrego próximo beber um pouco d’água. Voltei, o papel estava cheio, com toda a composição da Guerrilha – nomes, locais, Grupo C, ao sul; Grupo B, da Gameleira, perto de Santa Isabel; e Grupo A, perto de Marabá. Eram esse os 3 grupos efetivos, em que se presumiam 30 homens por grupamento, além de um grupo militar comandado por Maurício Grabois. Peguei aquele papel e ainda comentei com ele: Pô, meu amigo, tu és um cara importante desse negócio aí, hein? E mandei o Geraldo para Xambioá. Ele foi recolhido ao xadrez, posteriormente enviado a Brasília; em seguida, 3 ou 4 dias depois, não me lembro, veio o veredicto da identificação: o guerrilheiro Geraldo era o José Genoino Neto, presente em frente ao vídeo, olhando para os meus olhos -eu sempre tive olhos arregalados; não foi só lá na mata, não. Os meus olhos sempre foram arregalados, principalmente em combate. Triste notícia veio depois. O grupo do Genoino prendeu um filho do Antônio Pereira, aquele senhor humilde, que morava nos confins da picada de Pará da Lama, a 100 quilômetros de São Geraldo. O filho dele era um garoto de 17 anos, que eu não queria levar como guia, porque ao olhar para ele me lembrei do meu filho que tinha a mesma idade. Então, eu disse ao João: Não quero levar o seu filho. Eu sabia das implicações, ou já desconfiava. O pobre coitado do rapaz nos seguiu durante uma manhã, das 5h até o meio-dia, quando encontramos os três nos aguardando para almoçar. Pois bem. Depois que nos retiramos, os companheiros do José Genoino pegaram o rapaz e o esquartejaram. Genoino, aquele rapaz foi esquartejado! Toda a Xambioá sabe disso, todos os moradores de Xambioá sabem da vida do pobre coitado do Antônio Pereira, pai do João Pereira, e vocês nunca tiveram a coragem de pedir pelo menos uma desculpa por terem esquartejado o rapaz! Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio Pereira; cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; a mãe desmaiou. Eles continuaram, cortaram os dedos, as mãos, e no final deram a facada que matou João Pereira. Esse relatório está no Centro de Instrução Especializada – CIE, porque foi escrito por mim, e eles não abrem para os historiadores com medo de que o relato apareça. Pois bem. Eles fizeram isso porque o rapaz nos acompanhou durante 6 horas, para servir de exemplo aos outros moradores, de forma que não tivessem contato com o pessoal do Exército, das Forças Armadas. Foi o crime mais hediondo de que eu soube. Nem na Guerra da Coréia e na do Vietnã fizeram isso. Algo parecido só encontrei quando trucidaram o Tenente Alberto Mendes Júnior. O Tenente se apresentou voluntariamente para substituir dois companheiros que estavam feridos. A turma do Lamarca pegou o rapaz, trucidou-o, castrou-o e o obrigou a engolir os órgãos genitais. O crime contra o João Pereira foi muito mais grave, muito mais horrendo. E eles sabem disso. Peçam desculpas ao Antônio Pereira, se ele estiver vivo! Tenham a coragem de reconhecer que toda a Xambioá sabe disso! Genoino preso e identificado, a Guerrilha prossegue. Depois de matar o João Pereira, eles mataram o Cabo Odílio Cruz Rosa; depois do Rosa, eles mataram dois sargentos; depois dos dois sargentos, eles atiraram no Tenente Álvaro, que deve contar a história. Como estou contando a história aqui, Álvaro, conte a sua história. Na minha versão, o Álvaro deu voz de prisão ao bandido, eles atiram. Outro que estava atrás atirou nas costas do Álvaro, arrancando-lhe a omoplata. Depois desse ferido, houve vários feridos, e finalmente eu fui ferido e tive que sair da área. Porém, antes, as tropas do Exército saíram da área, vendo que aquele era um movimento mais grave, mais planejado – planejado em Cuba, com as mentes que todos estamos vendo. Sabemos como funciona a mente de um comunista. Um comunista tranqüilo, sem arma na mão, tudo bem. Aquilo é o que ele pensa, e a nossa democracia permite isso. Mas aquele que pega em arma tem de ser trucidado. Um homem que entra numa mata para combater em nome de um regime de Fidel Castro, esse cara tem que ser morto! (Palmas.) A Operação Sucuri fez um levantamento de informações: de que se tratava, qual o valor do inimigo, onde ele estava, enfim, todos os itens necessários para que fosse elaborada uma ordem de operações para o combate da Guerrilha. Isso durou 5 ou 6 meses. Já existe literatura muito boa a respeito. Elementos militares descaracterizados, à paisana, foram postos dentro da mata, desarmados, com identidade falsa, ao lado dos bandidos. Qualquer um de nós, em sã consciência, reconhece que esses homens são uns heróis. Se me derem uma arma eu vou lá caçá-los de novo hoje. Mas, naquela época, se me tirassem as armas e me botassem na mata, não sei não. No ímpeto da juventude, talvez eu fosse, como eles foram. Eram capitães, tenentes e sargentos. Terminada a Operação Sucuri, já sabíamos de que se tratava, confirmadas todas ou quase todas as informações que o Genoino tinha dado. Três grupos, comando militar e a chefia em São Paulo, sob o comando de João Amazonas – que fugiu da área ao primeiro tiro. Grande valentia! Herói, João Amazonas! João Amazonas fugiu da área ao primeiro tiro, junto com Elza Monnerat. Deixou lá garotos, estudantes e os fanáticos comunistas, tipo Maurício Grabois, que influenciou seu filho, André Grabois, o personagem central do evento que vou relatar agora. O combate contra o grupo militar da Guerrilha foi comandado por André Grabois. E a esposa dele, a Criméia, que talvez esteja me olhando, diz que houve uma emboscada. Não houve emboscada. Como o Exército saiu da área para fazer operação de informações, a Operação Sucuri, eles cantaram vitória: “Seu Exército é de fritar bolinho“. Muito bem, fritamos bolinho. Já estava na área e recebi a seguinte ordem: “Vá à região de São Domingos a pé, porque de viatura não se chega lá. Eles destruíram uma ponte na Transamazônica.” Eu peguei a minha equipe e fui para São Domingos. Atravessei o rio. A ponte estava destruída, mas atravessei a vau. Cheguei a São Domingos, o quartel estava incendiado. Ao alvorecer daquele dia – se não me engano, 10 de outubro de 1973 -, eles destruíram e incendiaram o quartel. Deixaram todos os militares nus, inclusive o tenente comandante do destacamento, e pegaram todo o armamento, toda a munição, todo o fardamento. Entraram na mata e deixaram um recado: “Não ousem nos seguir, porque o pau vai quebrar“. Infelizmente, Criméia, seu marido morreu por isso.Pude ver as suas pegadas bem nítidas, porque eles estavam carregados com cunhetes de munição, fuzis da PM, revólveres, e foi fácil seguir o grupo. No terceiro dia, para resumir, houve um encontro. Eles estavam tão certos de que o Exército não iria lá que estavam caçando porcos. Às 6 da manhã, eu escutei o primeiro tiro e o grito dos porcos. Às 15 horas houve o combate. Vejam bem o espaço de tempo: de 6 da manhã às 15 horas. Eu estava a menos de 10 metros do primeiro homem, que era o comandante do grupo,André Grabois, filho de Maurício Grabois. Ele estava sentado, com o gorro da PM que tomou do tenente na cabeça, e vi que tinha a arma na mão. Olhei para os meus companheiros, que vinham rastejando, e perguntei: Será que vamos encontrar um bando de PMs aí? Olhei, eles entraram em posição, e eu me levantei. Quase encostei o cano da minha arma em André Grabois: Solte a arma. Ele deu aquele pulo, e a arma já estava na minha direção. Não deu outra. Os meus companheiros, que chegavam, acertariam o André, caso eu tivesse errado, o que era muito difícil, pois estava a um metro e meio, dois metros dele. Foi destruído o grupo militar da Guerrilha. Todos eram formados na China, em Pequim, em Cuba. Não me lembro do nome de todos, mas citarei alguns: André Grabois; o pai, Maurício Grabois, que mandou o filho fazer curso em Cuba; o Calatroni, o Nunes. O João Araguaia se entrincheirou atrás de um tronco de árvore e não se mexeu, depois do tiroteio, saiu correndo, sem arma. Ninguém atirou no João Araguaia porque ele estava sem arma. O Nunes estava gravemente ferido, mal falava e, quando o fazia, o sangue corria pela boca, mas ele conseguiu dizer a importância do grupo e citou os nomes – não sei se nome ou codinome – de todos eles: o Zequinha, ele disse: esse é o André Grabois. Estava morto. Esse foi o primeiro combate de valor contra os guerrilheiros, mas foram desmoralizados. Eles diziam para os soldados não entrarem na mata porque os oficiais não entravam. Ora, o próprio acampamento dos militares ficava no meio da selva. Em seguida, ocorreu o incidente do dia 23 de outubro, 10 dias depois. Continuando na perseguição ao bando, encontramos pegadas nítidas no chão de um grupo numeroso. Esse grupo do Zé Carlos era do Grupamento A. Fomos encontrar as batidas, depois, soubemos que era do Grupamento B, do Osvaldão. Então, eu já estava a menos de 100 metros do grupo. O guia já estava saindo para a retaguarda. O guia era morador. Ele não tinha nada com a guerra. Ele estava lá auxiliando o Exército a pegar os “paulistas”, que era como eles chamavam os guerrilheiros. Quando o guia começou a retrair, vi que a coisa estava feia, e continuei. Nisso, um dos guerrilheiros retorna, volta inesperadamente, e deu de cara comigo. Eu agachado e ele olhando para mim. Foi quando dei ordem de prisão para ele: Mãos na cabeça. Ele levantou uma mão, e foi quando vi que era uma mulher. Ela levantou uma mão fazendo sinal de… para eu ficar olhando para a mão enquanto ela desamarrava o coldre. Dei 3 ordens de prisão, mas ela não obedeceu. Quando eu vi que ela estava desamarrando o coldre ainda dei 3 ordens para ela – Não faça isso – gritando, pois sempre falei alto, meu tom de voz é esse. Quando ela sacou a arma vi que não tinha jeito e atirei. Acertei a perna dela e ela caiu, caiu feio. Ela não caiu, desmoronou. Ela deu um salto como se tivesse recebido uma patada de elefante. Ela caiu uns 3 metros depois, tal o impacto. Eu corri, ela não estava mais com a arma, estava nos estertores da dor, chorando e gritando. Eu disse: Fica calma que vamos te salvar. Olhei a arma, a selva muito cheia de folhas, não achei a arma. Meu erro: não deixei um sentinela com ela. Éramos poucos, eles eram vinte, eu precisava de gente. Continuamos a perseguição do grupo, e eles atravessaram o córrego. Resolvi voltar, já estava escurecendo. Quando me agachei ela me atirou à queima roupa. Ela me deu um tiro na mão e acertou na face, que atravessou o véu palatino e se encaixou atrás da coluna, e eu caí. O outro tiro que ela deu acertou o braço do Capitão Curió, Subcomandante da minha equipe. O restante da minha equipe revidou, claro, encerrada a carreira de bandido da Sônia, nome da guerrilheira. Fui carregado em uma rede e transportado na mata. Altas horas da noite, os soldados que estavam me carregando passaram os seus fuzis para o outro do lado. E o que ia levando 2 fuzis, um fuzil batendo no outro, fazia muito barulho na mata. E era um barulho que se propagava muito a longa distância. Eles armaram uma emboscada, teria sido o fim. Mas, aquele companheiro, com o qual eu brigava tanto pedindo que deixasse de fumar, nos salvou. Ele, que assumiu o comando da equipe, pediu para parar para dar uma pitada. Isso, a uns 50 metros da emboscada. Paramos e ficou aquele silêncio. Eu fui estendido no chão, dentro da rede, sangrava muito, quase desacordado. Eles, então, achando que havíamos pressentido a emboscada, aqueles valentes guerrilheiros, fugiram. Claro que eles teriam matado todos nós. Não tenham dúvida. Nós estávamos completamente sem atenção. A minha equipe estava levando o seu comandante quase morto para o primeiro local onde a ambulância poderia alcançar. Na localidade de São José, eles pediram uma ambulância para levar um ferido. De São José, a ambulância me levou para Bacaba, de lá para Marabá e de Marabá para Belém, onde passei uns dias para me restabelecer e ter condições de viajar. Depois fui levado para Brasília onde fui operado. A operação se revestia de cuidados especiais, porque, do contrário, eu ficaria paraplégico para o resto de minha vida. Graças a Deus, as seqüelas foram muito menores e hoje eu estou falando aos senhores aqui, com muita honra. É muito difícil falarmos em conclusões de uma luta de 4 anos. Citarei apenas 2 itens das conclusões. Permitam-me que os leia. Por isso, coloquei os óculos. Não há mais necessidade de os bandidos me olharem no fundo dos olhos. Estou à disposição deles, a qualquer momento. Quem quiser confirmar comigo o que disse, o meu endereço está na Internet. Terei muita satisfação em olhar no fundo dos olhos deles e repetir tudo o que acabei de dizer aos senhores: nada temos a esconder. Primeira conclusão: tenho imenso orgulho de ter participado dessa luta, por ter agido positivamente para evitar que os guerrilheiros do PCdoB implantassem no País um regime comunista igual ao de Cuba, com paredão e tudo -e esse risco não acabou.Segunda conclusão: além de prestar homenagem às bravas esposas dos militares, tanto daquela época quanto da atual, estendo aos membros da minha valorosa equipe a honra de que estou sendo alvo presentemente. Muito obrigado (Palmas.)

Fonte: A Verdade Sufocada

COMPLEMENTO DO CEL LÍCIO: É conveniente saber de alguns detalhes, não dos fatos que revelei no discurso, mas dos bastidores, do procedimento da ala revanchista (comunistas e majoritária) da Câmara e alhures. O Dep. Jair Bolsonaro conseguiu aprovação para realizar na Câmara a homenagem aos combatentes mortos no Araguaia e me convidou para gravar um vídeo para ser projetado durante o discurso que ele, Deputado, faria na ocasião. Fizemos um vídeo, mas não ficou bom. Fizemos outro e foi considerado razoável (era aquela monotonia de responder perguntas). No dia da solenidade, poucos momentos antes do início da cerimônia em Plenário, a ala comuna embargou a projeção do vídeo alegando não estar nas normas da casa. O Deputado Bolsonaro, depois de muita discussão, concordou, mas exigiu que eu iria falar ao vivo, de improviso. Os “vermelhinhos sem-vergonha”, achando que estavam impedindo a projeção de um video bem ensaiado, concordaram com a minha fala na tribuna. E assim foi feito, com o resultado bem melhor do que se fosse projetado o vídeo, para desespero deles, o tiro saiu pela culatra. Para a solenidade, o Deputado Bolsonaro fez distribuir, além dos convites gerais a civis e militares, os de praxe às autoridades militares de Brasília e solicitou por ofício ao comandante a banda militar do EB que sempre era cedida à Câmara para solenidades habituais. Na época, o comandante (?) era o Albuca furador de fila de aeroporto, o pior comandante que o EB já teve, desde Calógeras (hoje ele é do conselho da assaltada-petrobras, ganhando, além dos vencimentos de general, mais de 70 mil reais, talvez até livre de imposto de renda). Todos estão lembrados que ele pagou a Medalha de Caxias para genoínos, dirceus, valdirpires, e qualquer cagalhão do desgoverno que aparecesse em Brasília. E, é bom ressaltar, os vaselinas VO fazem muita festa quando da presença dele nas rodas de militares, como sempre é observado… (sempre os melancias). Tudo foi negado, obrigando a que fosse providenciado um corneteiro para dar o toque de clarim, toque de silêncio, em honra aos valorosos combatentes que deram sua vida na defesa da Pátria combatendo os comunistas do Partido COMUNISTA do Brasil (PCdeBosta). Além disso, foi recomendado aos Comandantes das Unidades a retenção dos militares no Quartel. Grande Albuca! Já morreu, já virou múmia ambulante e ainda não se tocou… Foi o mais bonito, além de emocionante, toque de silêncio que ouvi nos meus quase oitenta anos de existência, sendo trinta e três na Ativa, executado magistralmente por um cabo-corneteiro do Exército (à paisana, naturalmente para não ser retaliado…). Sempre afirmo que a nossa sorte tem sido ter, nesses últimos mais de vinte anos, o Deputado Jair Bolsonaro na Câmara em Brasília e os dois filhos, Flávio (Deputado-RJ) e Carlos (Vereador-Rio de Janeiro), coadjuvando seus esforços, além de assegurar uma rara demonstração de cidadania e ética, na defesa dos direitos da tão desiludida família militar.

Fonte: Navegação Programada

27 outubro, 2012 às 09:56

Tags:

Categoria: Artigos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

* Copy This Password *

* Type Or Paste Password Here *