Aécio e Bolsonaro; Importantíssimas eleições nos Estados Unidos nesta terça-feira: PT diet x Republicanos (artigo de Charles Krauthammer -W.Post); Tópicos; Charges ; Entrevista com a direitista Marine Le Pen
Discurso de Nicolás Maduro sobre a vitória de Dilma [Legendado]
Escreveram para mim a propósito do vídeo:
“Que merda é esta? Casa de mãe dilma e pai chávez está institucionalizada? O PSDB vai ficar calado? Não entendem que a guerra mudou de qualidade? Quem são estes militares, apontados como brasileiros, assistindo o execrável discurso de Maduro, clara intervenção em assuntos exclusivamente nacionais?”
Respondi:
Só foi identificado um oficial do Exército, um coronel de artilharia – você pode ver as “bombas” na gola do uniforme. Deve ser um adido. Segundo a fonte, ele permanece sério, sisudo, possivelmente contrariado com o que está ouvindo. Concordo.
Dia de Eleição esta mais para um referendo sobre competência (Charles Krauthammer- Washington Post)
Será essa eleição realmente sobre nada? Os democratas podem gostar de pensar assim, mas não é.
Primeiro, como todas as eleições americanas, esta também é sobre a economia. O efeito da mais fraca recuperação em duas gerações reflete a queda acentuada de 13 pontos nos índices de aprovação do presidente Obama, em relação à forma como ele esta controlando a economia.
Além disso, eis um presidente que proclama que a redução da desigualdade é a grande causa da sua administração. Mas isso piorou radicalmente nos seus seis anos. O um por cento está indo maravilhosamente bem na bolsa de valores incentivada pelo Federal Reserve1, até mesmo com a queda do rendimento médio.
1-Sistema de Reserva Federal: sistema de bancos centrais dos Estados Unidos.
Em segundo lugar, está a questão da competência. A lista de desastres é enorme, destacada pela implantação do Obamacare, o escândalo do Veterans Affairs e os erros humilhantes do outrora festejado Serviço Secreto. E a intrusão e corrupção do governo é muito mais do que mera incompetência, como no fracasso da vigilância da segurança nacional e o ataque do IRS2 aos grupos de advocacia politicamente desfavorecidos.
2-Internal Revenue Service: serviço de receita do Governo Federal responsável pela coleta de impostos e pela aplicação e interpretação das regras do código do direito tributário nos Estados Unidos.
O ebola veio cristalizar o colapso da confiança nas autoridades do Estado. As superestimadas convicções, os protocolos constantemente mudados, as contradições alarmantes – a quarentena dos soldados que voltam da Africa Ocidental enquanto a Casa Branca denuncia governantes que fizeram exatamente o mesmo com seus profissionais da saúde que retornaram – têm minado o governo em geral, e esse governo em particular.
A tentativa atrapalhada de Obama de restaurar a confiança apontando um czar do ebola3 foi ridícula. Quando a crise seguinte estourou – um doutor de volta da Africa Ocidental desenvolveu ebola após ter passado por áreas importantes de Nova York entre seu retorno e a infecção – o czar praticamente desapareceu. Talvez ele esteja se impondo uma quarentena.
3- Ron Klain, ex-chefe de gabinete de dois vice-presidentes e especialista em crises, eleito pelo presidente Obama coordenador nacional das questões relacionadas a qualquer ameaça ou surto do ebola nos Estados Unidos.
Mas há um terceiro fator contribuindo para a ansiedade crescente da nação – um senso de desamparo e confusão no exterior, como demonstra a delicada frase do nosso secretário de defesa: “O mundo está explodindo por todos os cantos”.
Muitos eleitores não se importam com detalhes da Ucrânia, as facções na Líbia ou as precisas linhas de batalha do Estado Islâmico. Mas eles têm de verdade um senso palpável da fraqueza dos americanos.
Esse senso nos atingiu mais profundamente através dos videos das decapitações de James Foley e Steven Sotloff. Não foi apenas a selvageria que afetou tantos os americanos, mas o desprezo mostrado por esses selvagens pela America – seu poder, sua resolução. Aqui esta um time universitário de juniores (antiga frase de Obama) desafiando a maior superpotência do mundo, confiante de que a America vai falhar ou cair fora.
Obama conseguiu um baque no índice quando ele finalmente se moveu para ordenar os ataques aéreos e prometeu “degradar e, por fim, destruir” o Estado Islâmico. Mas quase dois meses depois, há a compreensão de que a desorganizada e irresoluta reação dos Estados Unidos tem feito pouca diferença. A ostentada coalizão de 60 países está longe de ser vista. Os bárbaros estão ainda mais perto do portão.
Além disso, a oscilação da America não está desmoralizante só em casa. Ela esta enchendo de energia as piores pessoas do exterior. Ser visto como Osama bin Laden assim chamou de “o cavalo forte”, é para um movimento messiânico em marcha, o instrumento máximo de recrutamento desses combatentes estrangeiros.
Será que isso vai afetar a eleição? Enquanto há uma insatisfação geral com a maneira da administração lidar com o Estado Islâmico, em muitas corridas eleitorais ela não chegou a atingiu o espaço mais importante da campanha. O seu efeito principal é reforçar um subjacente, preexistente sentimento de estar à deriva e de confusão.
A economia fraca, a reação com a incompetência do governo e o senso de declínio nacional estão juntos, cobrando dos candidatos democratas um pesado custo. Afinal, eles representam não apenas o partido que está agora no governo, mas o partido do governo.
Isso é o prenúncio de uma noite ruim para os democratas na terça-feira. As pesquisas estado por estado mostram que a continuação do controle democrata no senado deve ficar pouco consistente.
Com uma advertência. Os democratas podem compensar com o trabalho de base, que as pesquisas não medem (isto é, obter voto por voto no dia das eleições). Apenas uma fração do sucesso sem precedentes que os democratas desfrutaram em 2012, identificando e movimentando seus eleitores (especialmente os jovens, mulheres e as minorias) poderia mudar os resultados em um ou dois pontos. Isto, por sua vez, poderia virar várias das corridas ao senado que estão na margem de erro em favor deles, e transformar, o que de outra forma seria uma vitoria republicana, em algo como um empate.
Isso pode acontecer. É mais provável, entretanto, que o diferencial do voto a voto seja menor, e nesse caso o atual desencantamento – com essa desordem e essa regressão – simplesmente derrote o governo democrata.
O cenário está preparado para uma grande vitoria republicana. Se eles não conseguirem isso em condições tão politicamente favoráveis, talvez eles devessem considerar a possibilidade de procurar uma outra linha de trabalho.
Aécio se recusou a permitir (fingiu não ver, etc) que Bolsonaro subisse no seu carro palanque. Acho que errou. Haveria prós e contras, mas o saldo seria positivo. No futuro, se as coisas correrem bem, isto é, com os militares tomando o freio nos dentes, o erro será apontado. (Sonhos, sonhos). Deixar subir, incentivar o deputado a subir, seria apontar novos caminhos para a oposição, não necessariamente usando a ideologia bolsonariana, mas sinalizando que as frescuras esquerdistas sorbonianas, fernandohenriquianas seriam postas de lado. Engraçado, para defender a democracia dependemos do PMDB, jamais do PSDB. Foram eles que derrotaram a proposta dos soviets, da democracia de consultas populares que Dilma enviou para a Câmara.
Um amigo não gostou e me contestou:
Claudio, você, tão lúcido, informado, inteligente, e neste assunto, militares, embarca numa fantasia enlouquecida. Que falta de memória! Imagine este país conduzido por cabeças à Bolsonaro (aliás, bem esperto, porque a família toda está bem posta). Bolsonaro no carro do Aécio eram 200 votos para este e 2 milhões perdidos. Imagine a petezada nas redes, no horário gratuito… A saída não é por aí. Mantenhamos os militares onde devem estar, é uma burocracia com uma função determinada, não permitamos que a extrapolem.
Respondi:
1) tenho incomparavelmente mais medo de viver sob uma ditadura comunista do que sob uma ditadura militar. Só um louco não enxerga a diferença entre as duas. 2) acho que estamos visivelmente caminhando para a ditadura comunista.
3) é função dos militares defender a fronteira e a ordem interna, sendo que esta última ficou muito clarificada, muito bem explicitada, durante a Guerra Fria. Tenho pouca esperança de que os civis, sozinhos, consigam deter a caminhada petista.
Outra vez, enfatizo o que aconteceu após as eleições: no day after tivemos dois comportamentos perfeitos do que vivemos nestes 12 anos: Aécio cumprimenta Dilma e Serra diz que a oposição não será “destrutiva”. Dilma nem se refere ao Aécio no discurso e muitíssimo importante: não espera nem um dia (serenar os ânimos, etc.) para tentar o golpe dos sovietes. Nem um dia, nem uma horinha. Apresentou o projeto que a Câmara, felizmente, conseguiu rejeitar. Na mesma segunda-feira é revelado o roubo de 1 bilhão de dólares na compra dos jatos – com zero repercussão na imprensa. Quer dizer, ao contrário do que eu pensava, não estão nem aí para a polarização. Estão naquela de ganhamos e foda-se, vamos em frente.
Do ponto de vista prático não sei como os petistas aproveitariam o Bolsonaro no carro, embora eu tenha dito que haveria prós e contras. Em primeiro lugar a propaganda do Aécio não citaria o episódio. Ficaríamos sabendo do que houve exatamente pela imprensa – o que aconteceu. Imagino que a repercussão foi nenhuma com respeito aos votos.
Os prós : Citar o Bolsonaro na propaganda petista seria alavancar o tema ” a bandidagem está fora de controle devido aos direitos humanos, petismo, coitados dos destituídos, etc.etc.”, e basta conversar com a classe média, e também com o povo, para ver que todos desejam ver o cacete baixando prá valer. Vem daí a popularidade da maioridade penal. Bolsonaro é dos deputados mais votados do país, seu apoio discreto (apenas estaria no carro) seria bom.
Os contra: a) Usar o Bolsonaro para insinuar golpe de estado tiraria votos do Aécio – vc acredita ? Eu não – talvez. b) Daria mais votos para Dilma ? Sim, naqueles indecisos altamente politizados e já com tendências dilmistas. Bolsonaro é desconhecido nos grotões, reduto da Dilma, e fora das grandes cidades do Sul-Sudeste – cidades estas que não votaram nela.
Bolsonaro é um detalhe no apoio dos militares ao Aécio, mas permitir sua entrada no carro já seria um tipo de sinalização para eles. O deputado botou a boca no trombone, reclamou, mas disse que votaria em Aécio assim mesmo. Sem perceber muito bem você mostrou aquele horror antigo, lá dos tempos do Médici, e, continua batendo na tecla de que é melhor esquecer os nossos ex-“algozes”. De fato, até falar neles dá azar, é melhor esquecer, não precisamos dos milicos. Acho que, da mesma forma que milhares de amigos nossos, vc. não leva a sério o risco da venezualização do Brasil. O que ? Estou enganado? Nem dorme pensando nisto ? Então não está sendo nada racional quando se recusa a dialogar com os generais. Está dando um chute no mais claro comportamento político de aliança com “adversários”. Continua acreditando em nossa Oposição. Para mim é mais ou menos embarcar num pequeno veleiro, sem rádio, e partir para a travessia do Atlântico.
O que também me intriga é imaginar o “dano irreparável” que seria Bolsonaro ao lado do Aécio numa pequena caminhada em Ipanema. De que maneira o PT, tendo milhões de farpas muito mais aguçadas para serem usadas em tempo exíguo, arrumaria lugar para o tema “Bolsonaro no carro do Aécio” ? No Rio ele é popularíssimo, provavelmente só traria votos dos indecisos para o Aécio. Em outros lugares pouca gente sabe quem ele é, e os que sabem, como eu já disse, não deixariam de votar no tucano por causa disso. E por falar nisso, a palavra tucano já encheu o saco, parece coisa de fracassado. Vai acabar virando insulto.
JÁ ESTÃO PEDINDO O GOLPE MILITAR – Será que estamos assistindo ao inicio do pior pesadelo do PT ?Será que por estes dias os petistas vão discutir se concedem um substancial aumento salarial para os militares na tentativa de compra-los ?
Será que os arrogantes e vaidosos liberais da internet – que também são articulistas em jornais e revistas – vão ficar furiosos e condenar os “imaturos”, “idiotas”, “ingênuos que fazem o jogo do PT” ? Já nos proporcionaram esse comportamento ridículo há pouco tempo atrás, lembram-se ? Ou vão se amedrontar com o tamanho do significado do acontecimento?
“Cerca de 3.000 pessoas radicalizam o discurso da direita em São Paulo”
Multidão marcha para contestar o resultado da eleição. O objetivo: promover um movimento que consiga o impeachment de Dilma
María Martín, El País
Com o peito inflado como o de um galo, um senhor de uns 70 anos com polo azul e os cabelos pintados de castanho repreendia o “covarde”. “Cadê o filho da puta?”, perguntavam vários dos participantes de um protesto que pedia o impeachment de Dilma Rousseff, na avenida Paulista, em São Paulo.
O “covarde”, que usava uma estrelinha do Partido dos Trabalhadores, corria feito um louco entre os carros de uma travessa da avenida. A ousadia de gritar “fascistas” aos integrantes da marcha que reuniu hoje cerca de 3.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, lhe podia sair caro. Organizadores do protesto, convocado pelas redes sociais, tiveram que intervir para evitar um linchamento, e o “covarde” sumiu com apenas alguns chutes nas costas.
Em ato contra Dilma, manifestantes pedem intervenção militar
Manifestantes se reuniram na tarde deste sábado na Avenida Paulista, região central de São Paulo, para protestar contra a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Enquanto parte dos participantes carregava faixas defendendo o impeachment da presidente, outra parte levava cartazes com pedidos de intervenção militar no País.
Alguns homens chegaram a ser fotografados exibindo a frase “Agradeço as Forças Armadas do Brasil por nos livrarem do terror comunista em 1964” em referência ao golpe que instaurou a ditadura.
Entre o público estava o músico Lobão, conhecido por ser crítico assíduo do PT. Em suas redes sociais, ele compartilhou com os fãs alguns registros. “Fora Dilma”, “Vai pra Cuba” e “Aéciooo” foram algumas das legendas de suas fotos.
De acordo com a CET, a via foi interditada nos sentidos Consolação e Paraíso. Em seguida, a Brigadeiro Luis Antônio também foi bloqueada. Atos semelhantes foram realizados em outras regiões do País, como em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, e em Curitiba, na UFPR.
“Ouvem-se pessoas dizendo, com caretas de vômito, que quem elegeu Dilma foram as empregadas domésticas, os porteiros e os nordestinos“
Que mal pergunte: O senhor tem a cara achatada nos polos e dilatada no equador ? Hummmmm…….Está explicado.
RECEBI :
SE O AÉCIO TIVESSE GANHO:
Alô! Morales?
Aqui é Aécio Neves… Estou te ligando, para te dizer que não vou financiar o teu Governo bolivarista. A fonte secou! De agora em diante, vou investir no meu povo?
Quê? E os nossos Contratos?
Estão todos cancelados! Só vou te pedir que reforce as tuas fronteiras, porque nós, aqui no Brasil, não vamos deixar o narcotráfico adentrar o nosso País. Ah! Só mais uma coisinha: acabou o Mercosul! Tchau.
Alô! Maduro?
Não desliga o telefone, por favor! Eu sei, eu sei… Pode me chamar de “reaça de direita”… (Depois de uma hora de discurso “a lá Chaves”)… Estou te ligando para te dizer que estamos cortando as relações econômicas com a Venezuela; pois, não apoiamos a ditadura socialista. Estou, inclusive, devolvendo o dinheiro investido em Pernambuco, na refinaria que a Petrobrás fez, e que vocês só aplicaram 15% na construção… O que? Você não quer o dinheiro? Desculpe-me, mas esse dinheiro pertence ao povo Venezuelano. Esta é a hora de vocês aproveitarem! Afinal, o teu povo está passando por um severo racionamento, até de comida!…
Como? Não!… A Petrobrás não é a PEDEVESA. Só para você ter uma ideia, todos os Diretores envolvidos em negociata foram presos. E só mais uma coisinha: estamos saindo do Mercosul. Quem vai assumir o nosso lugar? Sei lá!… Dá uma ligadinha para o Fidel ou para o Raul e… Ele desligou o telefone na minha cara…
Alô! Cristina?
Não! Não é a Dilma; é o Aécio. Estamos saindo do Mercosul e… Emprestar dinheiro a Argentina? Desculpa, Cristina… Desde o ano de 2000, vocês não pagam ninguém… Logo, não dá para confiar! Você sabe como o Arminio Fraga é, né? Ele odeia caloteiros! Estamos saindo do Mercosul, e… Que mal educada! Xingou-me de…
Alô! Raul Castro?
Pode mandar um avião aqui, para levar, de volta, os médicos cubanos? Sim! Levá-los p’ra casa! Não! É você que tem que pagar o traslado deles, já que o Porto de Mariel não custou nada para vocês, né? Aliás… Você se esqueceu de que foi o BNDES que pagou a conta? Ué!… Lula e Dilma estão aí? Não; eu não sabia… Mas, tudo bem… Manda um “beijinho no ombro” para eles. O que?!? Desligou o telefone na minha cara, e me chamou de Maricon? E eu achava que socialista não era homofóbico…
Alô! Angela Merkel?
E aí? Vamos estreitar os nossos laços comerciais com a União Europeia? Hã? O Mercosul? Não, não! Não fazemos, mais, parte dele! Eu soube que até já mudaram o nome dele, do Mercosul… Não… Não sei que nome ele tem agora… Faz o seguinte: dá uma ligadinha para o Raul Castro, ou para o Lula, para saber que nome deram a ele, e quem é o seu atual Presidente. Aliás, e se não estou enganado, creio que o atual nome do Mercosul é Forosul…
Alô! Matteo Renzi,
Tudo bem? Sabe aquele terrorista que o tarso acolheu como exilado político? Sim, o Cesare Battisti, Nós vamos entregar para vocês. Não queremos bandido aqui.
As eleições são terça-feira e os Democratas querem ver Obama longe. Aparecer ao lado dele é perder votos
A Dilma dos Estados Unidos
Ela realmente disse isto, mas referindo-se aos pequenos negócios, o que também é uma burrice
Esta é a imbecil, MENTIROSA, desqualificada, Dilma dos Estados Unidos.
ENTREVISTA COM MARINE LE PEN (Folha de São Paulo)
Enquanto a França atravessa uma de suas piores crises político-econômicas do último meio século e o presidente François Hollande bate recordes de impopularidade, a Frente Nacional (FN), principal partido de extrema-direita do país, avança.
Pesquisa realizada há cerca de um mês indicou que, se as eleições presidenciais de 2017 fossem hoje, a atual presidente do partido, Marine Le Pen, ficaria à frente no primeiro turno e bateria o socialista Hollande no segundo.
Por anos, o partido foi chefiado pelo pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2002. Sob a liderança da filha, a FN elegeu no fim de setembro, pela primeira vez na história, dois senadores, e obteve 25% dos votos na última eleição para o Parlamento europeu.
À Folha Marine Le Pen defendeu programa radical de combate à imigração e disse que a única solução para a situação econômica é o protecionismo. Pediu ainda suspensão de ligações aéreas entre França e países africanos mais afetados pelo ebola.
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Folha – Os resultados das urnas e a crescente popularidade da Frente Nacional podem virar chances concretas de que o partido vença a eleição presidencial em 2017? Estaria, como disse o primeiro-ministro socialista Manuel Valls, “às portas do poder”? Marine Le Pen – Sim, acredito. Nas próximas presidenciais devemos nos confrontar com duas grandes escolhas. Ou continuamos no caminho da globalização, do Estado sem fronteiras, da concorrência internacional desleal, ou retomamos a via da nação protecionista nos aspectos econômicos, culturais e territoriais, que é o que defendemos. As escolhas que foram feitas em matéria econômica e política nos últimos 30 anos levaram à França à situação em que está hoje. Se continuarmos nesse caminho, vamos desmoronar e perder todos os progressos que fizemos nos últimos cem anos.
Em 2002, a FN chegou ao segundo turno, mas acabou derrotada pelo ex-presidente Jacques Chirac. Por que seria diferente agora?
A situação evoluiu profundamente nos últimos 12 anos. A FN não sofre mais a mesma demonização que sofria. Em 2002, estávamos só há alguns anos do início da implementação dessa máquina destruidora que é a União Europeia. Hoje, os franceses têm quase 15 anos de distância em relação a essa experiência que nos fez de cobaias de uma política que se mostrou desastre absoluto.
O que a sra. chama de demonização se deve a uma mudança na percepção do eleitorado ou ao fato de a senhora não compartilhar da mesma ideologia de seu pai, conhecido por posições mais extremas?
Não falaria de diferença ideológica. Mas, a partir do momento em que substituí meu pai na presidência do partido, muita gente se deu conta de que a caricatura que faziam da Frente Nacional era muito distante da realidade. Além do mais, nosso partido é sintonizado com os problemas reais da sociedade.
Quais são as diferenças entre os programas econômicos de Hollande, do Partido Socialista [centro-esquerda], e do ex-presidente Nicolas Sarkozy, da União por um Movimento Popular [centro-direita]?
Quando os chamamos de UMPs, é porque não há diferença ideológica entre os dois. A realidade é que não temos mais um presidente da França. Temos um representante europeu. Dirigentes que, todos os meses, buscam instruções junto às autoridades europeias pra aplicá-las a nosso país sem levar em conta o interesse nacional. Damos o mesmo remédio a Alemanha, França, Itália, Portugal e Espanha. Mas esses países não sofrem da mesma doença, e a melhor maneira de matar o doente é dar a ele o medicamento errado.
Qual seria o remédio para a crise política atual na França?
Precisamos devolver a soberania ao povo francês. Somos nós que devemos decidir quem entra em nosso país, quem pode se manter aqui e sob que condições. Devemos retomar nossa moeda [o franco foi substituída pelo euro em 2002], pois a moeda nacional não é só instrumento de poder, mas de liberdade.
Quero implementar o “patriotismo econômico”. Quero poder dizer às multinacionais que elas têm direito de vender produtos aqui desde que sejam fabricados aqui. Quero que as empresas francesas possam ter acesso prioritário às licitações públicas, que devem servir para criar empregos para os franceses e não para romenos, búlgaros ou chineses.
Por que considera que a imigração é um perigo?
A França não pode mais acolher esse fluxo massivo de imigrantes. Temos taxas de desemprego elevadas, grande deficit no nosso sistema de proteção social, problemas de moradia e um sistema de saúde que não suporta mais atender todas as pessoas que chegam ao país. Devemos ser mais bem servidos em nossa própria casa. Essas pessoas que vêm à França têm outro lar, outro país. Um francês não tem outra casa. Hoje, 200 mil imigrantes legais entram na França por ano. Queremos reduzir esse número para 10 mil em cinco anos.
Os muçulmanos e o crescimento do islã são ameaças?
A ameaça hoje para a França é o crescimento do radicalismo islâmico. Durante anos, o Estado alimentou esse fundamentalismo com um sistema perverso que considerava “islamofóbico” qualquer um que criticasse a radicalização do islã.
Por que se recusa a definir a Frente Nacional como um partido de extrema direita?
O termo é utilizado de maneira pejorativa há anos, não corresponde à realidade. Se fôssemos de extrema direita, defenderíamos Estado menos forte, mais abertura comercial, mais liberalismo. É o contrário. Nessa categoria indefinida que é a extrema direita, vamos encontrar todas as porcarias da história, como nazismo, Ku Klux Klan e Anders Breivik [radical norueguês que cometeu um massacre de estudantes em 2011].
Por que a sra. defende que voos entre a França e países africanos afetados pelo ebola devam ser suspensos?
Isso é urgente. Devemos também suspender a importação de alimentos vindos desses países. Um estudo americano publicado no final de setembro dizia que podemos reduzir em 50% o risco de contaminação suspendendo as ligações aéreas. Hoje, 300 pessoas chegam por dia na França vindas dos países mais afetados pela epidemia. Você se dá conta do risco que corremos? Não tem nenhum sentido manter essas ligações aéreas.
RAIO-X MARION ANNE PERRINE LE PEN
NASCIMENTO
5 de agosto de 1968
FORMAÇÃO
Advogada
CARREIRA
Deputada do Parlamento Europeu desde 2004
Presidente da Frente Nacional desde 16 de janeiro de 2011, em substituição a seu pai, Jean-Marie Le Pen
No primeiro turno das eleições presidenciais de 2012, ficou em terceiro lugar, com 18% dos votos
Ótimo!