A oposição, o PT e os militares; Inacreditável artigo do inacreditável Rodrigo Constantino; O governo dos Estados Unidos quer saber se americanos subornaram brazucas da Petrobrás; Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) completa 50 anos.Tópicos
Departamento de Justiça dos EUA abre investigação criminal sobre caso Petrobras, diz “Financial Times”
Segundo o jornal britânico, a estatal ou seus representantes podem estar envolvidos em pagamentos de propinas a estrangeiros
por O Globo
Estão vendo porque o governo brasileiro não pode comprar nos Estados Unidos os armamentos para reequipar as nossas Forças Armadas? Os americanos colocam na cadeia quem subornar a canalha petista ( e outros canalhas). E sem meter a mão na grana o PT não faz negócio. Além do mais, os petistas têm os Estados Unidos como seu inimigo número UM, o que junta a fome com a vontade de comer. Então, é partir para aceitar bilhões dedólares de suecos, franceses, ou outros que queiram vender equipamentos para nós. Só na compra dos aviões suecos, que nem chegam aos pés dos aviões americanos, foram roubados UM BILHÃO DE DÓLARES. O preço era de US$ 4,5 bilhões, e nós “pagamos” US$ 5,5 bilhões .
O blog tem chamado a atenção de seus leitores para a “desvantagem” americana desde que se tomaram as primeiras providências para comprar o caça francês, o ferro velho Rafale, muitos anos atrás, uma compra que não se efetivou não se sabe porque, parece segredo.Em se tratando de equipamento bélico, os Estados Unidos estão anos-luz á frente de qualquer outro país, mas, infelizmente, os fabricantes não podem nos subornar, ou levam cadeia. Portanto vamos comprar mercadorias inferiores a preços superiores para a porcada petista ficar ainda mais rica, digamos, super- bilionária.
Leiam a notícia:
O Departamento de Justiça dos EUA abriu uma investigação criminal contra Petrobras para saber se houve pagamento de propina para a empresa, ou algum de seus funcionários, nas operações americanas da estatal brasileira, segundo o jornal britânico “Financial Times”. Essa investigação ocorre de forma paralela a uma segunda, feita ela pela Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador do mercado americano). A Petrobras tem recibos de ações, os chamados ADRs, negociados na Bolsa de Valores de Nova York.
A investigação do Departamento de Justiça busca descobrir se a Lei de Práticas Corruptas Estrangeiras, que proíbe o pagamento de propina para estrangeiros para obter vantagens em negócios, foi violada. A investigação procura comprovar se alguma empresa registrada nos EUA ou indivíduo pagou propina para funcionário ou representante da Petrobras para ter privilégios comerciais.
Acho muito positivo o que está acontecendo nas grandes capitais da parte civilizada do país. Fala-se em militares, golpes, ditadura petista, “libertação”, não contemporização com uma oposição esquerdista e inoperante, o ódio comendo solto. Dilma e sua corja estão na ordem do dia. A impressionante polarização durante as eleições ainda nos dá, por enquanto, fôlego para críticas e até algumas pequenas ameaças. Tenho experiência no assunto. Participei da tentativa de implantação do socialismo durante a presidência de Jango. Aprendi muito, posso analisar com algum conhecimento o que se passa agora. Já contei no blog que fui o Coordenador Regional Estudantil da AP para Brasília. O cargo era importante, eu tinha acesso a todos os níveis de poder, chegando até à presidência da república. A UNE era a quintessência da inteligência na manipulação do imenso universo político que estava ao seu alcance. O operariado, os sindicatos, só mostrariam a sua verdadeira força se desencadeado o movimento, o que se provou inteiramente falho quando chegou a hora. Teriam sido importantes, mas somente se houvesse uma guerra civil.
Para os que não sabem, a AP era mais forte do que o Partido Comunista no meio estudantil, e desta forma tinha como direito adquirido ( aceito pelo Partidão) todas as presidências nos DCEs, (Diretório Central dos Estudantes) o órgão máximo em cada estado, com a exceção de Brasília, onde os comunistas eram maioria e determinavam quem seria o presidente. Portanto, a UNE não era dirigida pelos comunas, mas pela AP. Faço questão de dizer que até hoje me impressiona como os nossos militantes eram inteligentes, ao contrário da decadência pós-golpe, quando a Ação Popular foi tomada por gente burríssima, do nível da Dilma.
Vou escrevendo porque sinto necessidade de me situar com clareza dentro dos atuais acontecimentos, que podem não ser nada, ou podem ser tudo, se os militares num futuro próximo decidirem sair dos quarteis. Nem de longe me passa pela cabeça mostrar curriculum que, se não me envergonha, também não me faz ficar orgulhoso. Lamento ter sido igual a todos, já que a esquerda era dominante, e hoje admiro colegas que se mantiveram à margem, apenas observando nossa insensatez. E por falar nisso, a esquerda é dominante até hoje, embora não queira o socialismo-comunismo ( exceção para o PT), mas alguma coisa onde o capitalismo seja reduzido à sua expressão mais simples. Alguma coisa como “justiça social”, “equalidade na renda” e outras idiotices perigosas.
Naquela época nós não estávamos lutando a favor de bandidos, ladrões, canalhas, cafajestes. Ninguém tinha planos de enriquecer se tomássemos o poder. Sei que vão dizer que o PT não era assim no seu início, mas eu não acredito. A semente já estava lá, era só uma questão de tempo. Quando os militares promoveram expurgos na classe política, deixando na ativa quase que só os medíocres, o mesmo aconteceu nos níveis do operariado. Sobraram os mais ignorantes, os menos preparados ideologicamente. Quando ganharam as eleições a roubalheira veio em primeiro lugar e a ideologia depois. Perderam muito tempo roubando, um tempo permitido por nós, que não reagimos. Hoje, depois de milionários, dedicam-se com igual fervor ao enriquecimento e à ditadura do proletariado.
Agora estamos iniciando aos tropeções, de maneira desorganizada, mas com alguma vitalidade, uma guerra contra o governo. Não aproveitamos quando sua intimidade com o poder era pequena, quando mal sabiam como funcionava a máquina estatal. Agora estão fortíssimos, tão confiantes que apresentam com poucos disfarces, através da Executiva do partido (aconteceu há 3 dias atrás) os seus planos para a instalação da ditadura constitucional no Brasil.
Acredito que não há o que temer se abrirmos o diálogo com os militares. Só temos a ganhar com a radicalização. As Forças Armadas estão do nosso lado. Pelo menos em teoria. O pior cenário, este sim, desesperador, seria o PT conseguir jogar as polícias militares e o exército contra nós. Vamos imaginar que isto nunca vá acontecer. Então, devemos partir para cima da corja petista, exigindo explicações, tumultuando, insultando, expondo os planos da ditadura ( que eles não escondem), fazendo tudo para que não tenham descanso, para que não consigam governar . Esta deveria ser a nossa meta. Pauleira dia e noite. Se eu acho que vamos conseguir ? Não. Acho que não. Por que estou escrevendo desta maneira ? Ora, porque que é assim que deveria ser. Não sermos capazes não invalida apontar o que imagino que seja o correto.
Deveríamos deixar de ficar culpando a imprensa como se os jornalistas fossem assalariados do PT. Foi ela quem, de fato, desmoralizou esse partido. Ou vocês acreditam que foi a nossa oposição ? Ou fomos nós ? Todo o tempo acusamos a imprensa, e parece que somos cegos, pois basta abrir os jornais para ver que não é assim. A maioria dos repórteres é de esquerda, mas nossa oposição também. Esta a razão do porquê de haver permitido o crescimento exponencial do PT, não perdendo oportunidade de elogiar essa figura pavorosa que é o Lula – ( a Dilma ainda é pior!).
Nos jornais temos articulistas, colaboradores, cronistas, que malham o PT com toda a liberdade. No Estadão os adversários do PT são os DONOS do jornal. E a VEJA ? Vamos nos esquecer do que ela fez tentando virar o resultado em cima da hora? Vamos apedrejá-la também? Tudo isso é loucura. Nas redes sociais MENTIMOS prá caramba, colocamos fatos e fotos falsas, envenenamento de Youssef, declarações que nunca existiram de oficiais do exército, e muita coisa mais. Deveríamos desprezar essa gente, denuncia-los. Estes sim, ajudam o PT, mas nós preferimos escarnecer, ridicularizar, censurar, aqueles que levantaram as faixas pedindo que o Exército nos ajude. Desculpem o que parece obsessão mas vou citar Fernando Henrique mais uma vez. E o faço por considera-lo um parâmetro importantíssimo, histórico, para se entender todo um grande período que vai, desde sua eleição para presidente, até agora. Pois bem, há uns 4 meses (?) ele afirmou com a irresponsabilidade e leviandade que são características suas: ” Quando eu digo que sou de esquerda as pessoas não acreditam”. Pois é. Ele, Serra e cia. são de esquerda light. E muitos dos nossos amigos também: eles não suportam ouvir falar em militares, mas não respondem à pergunta do que preferem, se a ditadura petista ou a intervenção. O meu medo é aquele que venho martelando há 5 anos: os militares se tornarem petistas. No mais, quanto mais confusão, ou a odiada frase, “quanto pior melhor”, seria ótimo. Temos que levar à ingovernabilidade usando todos os meios que estiverem ao nosso alcance. Provocar reações que levem a que os militares se sintam responsáveis pela lei e ordem. Eles não vão cerrar fileiras em torno do PT depois de todas as humilhações que sofreram, depois da Comissão da Verdade, depois da proibição das comemorações do 31 de março, depois das mudanças de nomes, tais como Presidente Médici para Marighella. É uma montanha de desaforos que eles vêm sofrendo dia após dia. Vocês apostariam nas Forças Armadas colocando as tropas para defender o PT? Vamos abrir os olhos: quanto mais faixas nas ruas pedindo a intervenção melhor para os milicos. O que podem ter em comum com o PT ? NADA. Na nossa insanidade queremos o ovo e a casca do ovo. Queremos vencer as eleições, derrotar para sempre o PT, mas sem essa “loucura” de ficar apelando para o exército. Queremos a vitória dentro da mais estrita legalidade, e se não for assim não nos interessa, preferimos perder. Alô, alô, Lula, preparado para mais 8 anos ? Não conseguimos imaginar outro cenário de intervenção militar que não seja exatamente feito o outro, o de 1964. Ninguém discute a hipótese das Forças Armadas enquadrarem o PT e se retirarem o mais rapidamente possível. Claro que o tempo de permanência vai depender da seriedade da resistência que encontrarem, mas será que ninguém percebe que aprenderam uma lição, e que hoje sabem que depois de derrotada a guerrilha deveriam ter entregue o poder aos civis ? Nossa, está difícil aguentar tanta irracionalidade, tanta fogueira de vaidades.
“No próximo dia 15, aniversário de nossa República, vamos todos às ruas protestar contra o populismo, esse câncer que corrói nossas instituições. Republicanos, uni-vos!”
O entusiasmado garoto prodígio Rodrigo Constantino em mais um de seus artigos campeões de ingenuidade, nos convoca para uma passeata, manifestação, carreata, comício, berreiro. E temos uma grande novidade: Nós, os bons, mudamos de nome. Não somos mais conservadores, ou liberais ( no Brasil) ou direitistas, e sim republicanos. Entenderam ? Agora somos re-pu-bli-ca-nos. Vejam: “Esquerda e direita são conceitos que, no Brasil, costumam gerar muita confusão, após décadas de monopólio da virtude por parte da esquerda. Por isso é melhor adotar a divisão entre populistas e republicanos. Eis o grande embate da atualidade. Assim, de uma penada, já que direita para nós, e para quase todo o mundo, é um termo pesado, de difícil aceitação, o gênio muda tudo, e diz que republicanos é muito melhor. Mas, também deveremos dispensar o seu contraponto, a extraordinariamente histórica, secular, indispensável, “esquerda”, e adotar o “populista”, que tem um significado completamente diferente, também histórico. Que proposta maravilhosa, não sei como ninguém pensou nisto. Lembra-me até o renomado cientista Richard Dawkins que, em virtude do desgaste da palavra “ateu”, propôs à comunidade científica troca-la por “iluminado”. Não pensou um segundo ( ou pensou?) que assim estaria chamando os que acreditam em Deus de “apagados”. A proposta foi recebida com hilaridade.
Tudo bem, vamos esquecer o nome esquerdista a e passemos a usar populista. Assim, Zé Dirceu é po-pu-lis-ta, ao lado, por exemplo, de seu colega Newton Cardoso. Zé não vai gostar. Outro que também vai se sentir ofendido será Fernando Henrique. Sua frase muda. Agora ele terá que dizer: ” Quando eu digo que sou populista as pessoas não acreditam“.
A respeito da ida às ruas, convocada por Rodrigo, lembrem-se de uma coisa: que ninguém tenha o mau gosto de aparecer com faixas que se refiram aos malditos militares. Isto é golpe, é fazer o jogo do PT, e nós, os “republicanos” repudiamos veementemente este gesto. Golpe é coisa de esquerdistas, digo, po-pu-lis-tas. Boa sorte na comemoração “da nossa República”! E não consigo deixar de expressar a minha admiração pela linda, originalíssima frase, usada pelo articulista: “esse câncer que corroi nossas instituições”. Ah, ia me esquecendo, no final do artigo, o ” Republicanos, uni-vos!”não sei se é brincadeira com uma das mais famosas frases do mundo, do “populista” Marx no seu Manifesto Comunista, de 1848.
E no dia marcado por Constantino vamos todos às praças, porque ela são do povo, assim como o céu é do condor ! ( gostaram da frase ? obrigado, bolei nesta manhã)
RECEBI:
Concordo com você na maioria dos pontos.
A imprensa, no entanto, está infiltrada de esquerdistas, isto é inegável. Há a Veja, totalmente fora do padrão, com proprietários sem medo de enfrentar o PT e uma maioria de jornalistas dessasombrados. Há o Estadão, com vários jornalistas com o mesmo dessassombro dos de Veja, um posicionamento editorial de oposição, mas infiltradíssimo de esquerdistas de todos os matizes na reportagem num volume tão grande que a edição não consegue segurar. A Folha está totalmente comprometida com a agenda petista, disfarça aqui e ali, mantém uns dois ou três colunistas de oposição, mas trabalha firmemente na desconstrução da oposição e na defesa de lula, dilma e do pt. Nesta campanha eleitoral , as primeiras páginas da folha foram emblemáticas deste posicionamento. Na semana passada a folha demitiu 6 dos seus jornalistas ainda com algum laivo de independência. Duvido que hoje a folha repercutisse Roberto Jefferson como fez Renata Lo Prete em 2005. O Globo mantém alguma dignidade no jornal e na Época, em situação similar ao Estadão, mas um monte de colunistas como Ancelmo Góis, Zuenir, Veríssimo, a Míriam Leitão, apesar de patrulhadíssima pelo pt, incapaz de abandonar as velhas teses do PCdB coloridas pelo ecologismo xiita antimercado do marido. Os Marinhos ao contrário dos Civita parecem incapazes de impor uma linha editorial em seus veículos, ou pior assumiram a linha editorial da esquerdalha. Nas TVs a coisa é muito pior, todas as novelas tem o viés esquerdista, assim como na Alemanha pré-nazista e nazista os judeus eram apresentados segundo o estereótipo de banqueiro ganancioso, narigudo e sem limites morais, no Brasil os empresários, brancos e ricos são sempre apresentados como tipos moralmente desqualificados, corruptos, exploradores e ladrões. Os ativistas sociais, por outro lado, vêem sempre envolvidos numa aura de salvadores do mundo. Os valores fundamentais da civilização ocidental, cristã e pró-liberdade são sistematicamente atacados, sob o beneplácito da diretoria.
Concordo que não há oposição de direita no Brasil. Aécio acaba de declarar que não o empurrarão para a direita ou seja, ao encontro da maioria esmagadora do eleitorado, que continuará orfã! Os brasileiros de a pé, cristãos, cientes, de uma ou outra maneira, de que o governo é mais problema que solução continuarão sem representação política. Não nos esqueçamos que manifestações católicas e evangélicas, defendendo teses na contramão de partidos como o pt, o psdb, o dem e quejandos juntaram milhões de pessoas nos últimos tempos. O Aécio até agora, presa da vagabunda ideologia esquerdista, não entendeu o potencial político destes milhões que a merda da opinião publicada e televisada escondem. Os 51 milhões de votos em Aécio, a maioria deles não no mineiro mas no antipetismo, vão procurar outros caminhos
RESPONDO:
Com respeito à imprensa escrevi lá em cima, no início do artigo.
Quanto ao antiamericanismo, com seu paralelismo anti capitalista, que está imposto nas histórias de novelas a que vc se refere, trata-se de um fenômeno mundial. Todos os filmes que assistimos são escandalosamente Liberais-Democratas, todos os mais famosos astros e diretores hollyoodianos fazem parte desse complô inocente. Batem na CIA impiedosamente, batem nas forças armadas americanas, e principalmente batem no “monstruoso” capitalista-republicano. Não podemos fazer nada. Por isso a distinção que aponto, no Brasil, entre o jornalista antiamericano e o reles jornalista petista. A mesma distinção entre nossos amigos que odeiam o Lula e adoram Obama. Isto para não falar no Bush, a maior vítima que pude observar durante a minha vida inteirinha. Não adianta provar que ele tinha razão, nossos amigos são impermeáveis a qualquer reavaliação de seu comportamento. É a mais pura lavagem cerebral, e, curiosamente a mais vulgar. Deixaram de lado o aparato científico que aprenderam nas universidades, pós-graduação, doutoramento, pós doutoramento, e mergulharam de cabeça nas informações vindas de um só lado, fizeram questão de não ouvir o contraditório. Claro que, como pano de fundo, está a imensa, a tradicional, a que veio para ficar, lavagem cerebral esquerdista clássica. Tenho a impressão de que a única pessoa que vi defender Bush foi o Diogo Mainardi, absolutamente mais ninguém. Isto em todo o panorama da mídia brasileira, em toda a sua totalidade. É espantoso. Unanimidade assim só a de Hitler.
Aécio deveria esquivar-se das perguntas que visam condenar os manifestantes a favor da intervenção, mas neste caso eu estou me esquecendo de uma “trivialidade”: ele é realmente contra os manifestantes, apenas isto. Não tem visão histórica. No caminho escolhido pensa em construir uma oposição tão vigorosa que faça o PT sumir, tornar-se coisa do passado. Não existe o famoso plano B, que no caso seria dialogar com o Exército, não abrir o bico contra os manifestantes, e etc.
É muita coisa, vamos descansar, não somos os salvadores da pátria, eles estão com a vida ótima, nós é que lutamos dentro dessa mediocridade espantosa do dia a dia.
Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) completa 50 anos.
Subordinado ao Comando Militar da Amazônia, o Centro de Instrução de Guerra na Selva é um estabelecimento de ensino militar bélico que tem como missão especializar militares no combate na selva, realizando pesquisas e experimentação doutrinárias, para a defesa e proteção da Amazônia.
A especialização de militares se dá por meio do Curso de Operações na Selva (COS), considerado como referência nacional e internacional na difusão da doutrina de operações na selva. Como pré-requisito para a matrícula, o militar voluntário é submetido a rigorosos testes físicos, intelectuais e psicotécnicos.
Ao completar 50 anos, o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) se orgulha de já ter formado um grande número de militares da Marinha, do Exército, da Força Aérea, da Polícia e dos Bombeiros Militares. Também passaram pelo COS militares estrangeiros de 28 nações amigas, tipo de cooperação que permite maior integração e intercâmbio de conhecimento, além de fortalecer os laços de amizade do Brasil com outros países.
Atualmente, o CIGS está estruturado em Divisões de Ensino, de Doutrina e Pesquisa, de Alunos, Administrativa, de Saúde, de Veterinária, na Companhia de Comando e Serviço, e no Campo de Instrução.
Para cumprir sua missão, o Centro dispõe de um campo de instrução com cerca de 1150 km² de área inteiramente preservada, onde coexistem em perfeita harmonia as instruções de selva juntamente com a fauna e a flora amazônica.
O CIGS administra em Manaus um zoológico, que é o segundo ponto turístico mais visitado da cidade e que recebe em média 120 mil visitantes por ano. Conta com um acervo de 190 animais, muitos dos quais ameaçados de extinção no restante do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA). Neste zoológico, são realizados estudos sobre a fauna e a flora da região, em apoio a órgãos de pesquisa, contribuindo para a preservação e a conservação das espécies, dentro de um plano de gestão ambiental.
A primeira turma de Guerreiros de Selva foi formada em 1966, sob o comando do Coronel Jorge Teixeira, o “TEIXEIRÃO”, como era carinhosamente chamado pelos amazonenses.
Sob sua orientação, “Os Pioneiros” superaram todas as dificuldades inerentes à época e deram ao Centro as melhores condições para o início de suas atividades, que, fruto do amor ao Exército, à Amazônia e ao Brasil, fizeram com que o CIGS fosse paulatinamente obtendo projeção no cenário nacional e internacional, tornando-se, hoje, a melhor escola de guerra na selva do mundo.
Atualmente, alinhado com a Estratégia Nacional de Defesa e seguindo as diretrizes e orientações do Comandante do Exército e do Comandante Militar da Amazônia para a transformação da Força Terrestre, os integrantes do CIGS trabalham diuturnamente para atingir níveis operacionais cada vez mais elevados.
Histórico
O CIGS foi criado pelo Decreto Presidencial Nº 53.649, de 2 de março de 1964. A partir daquela data, tiveram início os trabalhos para a instalação desse estabelecimento de ensino na distante e inóspita cidade de Manaus, considerada por muitos militares como “local de castigo”. Nessa empreitada, destacou-se o Major de Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, estagiário de Estado-Maior no Quartel-General (QG) do Núcleo de Divisão Aeroterrestre, que se voluntariou para liderar os pioneiros daquele que se tornaria, em pouco tempo, um centro de referência em operações na selva em todo o mundo.
Em 19 de setembro de 1966, o CIGS foi instalado, provisoriamente, no QG do Grupamento de Elementos de Fronteira (GEF), seu Grande Comando enquadrante, onde funciona hoje o Colégio Militar de Manaus. No dia 5 de outubro de 1966, foram inauguradas as instalações do Centro no antigo QG do GEF, na ilha de São Vicente, atualmente ocupada pelo 9º Distrito Naval.
Somente em outubro de 1967, o CIGS mudou-se para o seu atual aquartelamento, localizado no bairro São Jorge, na zona oeste da capital amazonense.
Segundo as palavras do pioneiro Coronel R/1 Francisco JANDER de Oliveira, quando da criação da Confraria das Velhas Onças de Fortaleza em 1997:
“A criação do CIGS preencheu uma lacuna existente no Exército, pois 2/3 do território brasileiro coberto de vegetação tropical e fronteiriço a países da América do Sul, não possuíam uma Unidade de selva. Era um contrassenso a existência de unidades convencionais em terreno selvático e sem nenhuma capacidade de atuação.”
Memórias de um General Amazônida
O precioso manto verde onde está a sede administrativa do CIGS, hoje localizado no coração da urbanizada capital amazonense, nos anos 1960, era um varadouro, segundo o General Thaumaturgo Sotero Vaz. “Isso aqui era só floresta. Uma pequena picada de terra”, recorda o general de 82 anos de idade.
Considerado a história viva do CIGS, o General Thaumaturgo nasceu em 1932 e cedo ingressou na vida militar no Rio de Janeiro, para onde a família havia se transferido. Em suas memórias, passam capítulos da história do Exército Brasileiro na região norte. “Sou amazonense e meu pai foi tenente. Nasci de um susto que minha mãe teve quando meu pai anunciou que iria para a guerra em Tabatinga (extremo norte do País). Com sete meses me lancei na Amazônia”, conta bem humorado.
Com relação à criação do CIGS, o general recorda os seguintes fatos: “em 1956, estava na Brigada Paraquedista, quando fui matriculado no Curso de Operações Especiais. O curso nasceu de uma necessidade do Exército Brasileiro. Na época, um Constellation havia caído no Brasil central e não tínhamos como resgatá-lo. A Brigada foi induzida a realizar esse trabalho. A par disso, um oficial general da época resolveu criar o Curso de Busca e Salvamento, mas sequer havia um quartel no Rio de Janeiro para a Brigada”.
“Ainda nessa época, outro general visitou os EUA e lá conheceu as Forças Especiais. Na volta para o Brasil, transformou o Curso de Busca e Salvamento em Forças Especiais. Quinze militares entraram no Curso e assim começa a selva”.
“Apesar da boa intenção, os primeiros estágios em Ribeirão das Lages (RJ) careciam de um componente fundamental, relembra com humor o General Thaumaturgo. Lá havia uma ‘matinha’ e de fato não era uma selva. Foi em uma missão com os irmãos Villas-Boas, no Xingu, que tivemos o primeiro contato com a selva de verdade. Com esse avanço, logo os norte-americanos enviaram um militar para acompanhar nosso Curso de Operações Especiais e assim nasce o intercâmbio.
“Em 1964, o CIGS já estava no papel. Passei quatro semanas trabalhando nesse projeto e foi me dada a missão de selecionar oficiais para fazer o curso no Panamá. É nesse período que surge o nome Jorge Teixeira, que, naquela época, era major e foi fazer o curso. Dos mil pontos fez 970, ou seja, foi um aluno excelente”, diz com orgulho.
“Com uma pequena equipe formada, era hora de tirar do papel o CIGS. Coube ao Coronel Jorge Teixeira a difícil missão, que desempenhou com maestria”.
“Quando retornei, em janeiro de 1968, nesse período, Manaus ainda acordava de uma hibernação econômica de quase meio século. O aeroporto de Manaus, em Ponta Pelada, era um barracão de madeira. Hoje, quando vejo o CIGS, em forma, fico até assustado. Naquela época, éramos cinco instrutores com determinação e coragem”. Questionado sobre o papel desempenhado pelo Coronel Jorge Teixeira, Thaumaturgo não esconde a admiração e diz – “O Teixeira foi brilhante; com ele, o Exército reconheceu que tinha de existir uma doutrina para a selva”.
O Quadrado Maldito
A área de instrução do CIGS, entre os rios Puraquequara e Preto da Eva, é limitada pela Rodovia AM-010 e pelo rio Amazonas, foi cedida ao Exército Brasileiro pelo Governo do Estado do Amazonas ainda na década de 60. A floresta primária totalmente preservada, o ‘Quadrado Maldito’, como é carinhosamente conhecido, é um complexo de Bases de Instrução que compõem o CIGS. Excetuando-se a sede, as demais estão situadas em uma grande área constituída de floresta primária intocada.
– Base de Instrução Marechal Rondon (BI/1) – Está situada na altura do km 65 da Rodovia AM-010. Durante a realização dos cursos de operações na selva, é utilizada como ponto inicial das fases de patrulhas e de operações.
– Base de Instrução Plácido de Castro (BI/2) – Situa-se no km 4 da Estrada do Puraquequara. Tem a infraestrutura para proporcionar aos alunos dos cursos e estágios as melhores condições para o aprendizado nas fases de Vida na Selva, Técnicas Especiais e de Patrulhas.
– Base de Instrução Lobo D’almada (BI/3) – Localiza-se no km 28 da Estrada do Puraquequara. É uma base alternativa da BI/2, também proporcionando condições para o desenvolvimento das fases de Vida na Selva, Técnicas e Patrulhas.
– Base de Instrução Pedro Teixeira (BI/4) – Situada às margens do Lago Puraquequara, proporciona condições para o desenvolvimento das fases Técnica, de Patrulhas e de Operações, com instruções em geral relacionadas ao emprego de meios fluviais e aeromóveis. Nesta base, desenvolve-se o bloco de tiros de ação reflexa (TAR). Foi ampliada em 2006, dando início à concepção de pavilhão em “H” existente em alguns Pelotões Especiais de Fronteira, passando a ser a base mais bem estruturada para o desenvolvimento dos COS e estágios.
Pela proximidade com a comunidade ribeirinha de São Francisco do Mainá, é adequada ao desenvolvimento de projetos sociais e de meio ambiente, além de propiciar pesquisas científicas em cooperação com instituições públicas e privadas.
– Base de Instrução Ajuricaba (BI/5) – Situada na sede do Município de Manaus, a BI/5 foi criada para suprir as necessidades do então Curso de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC), quando do desenvolvimento dos cursos de ações de comandos. Hoje, é utilizada em todas as fases dos cursos, principalmente nas instruções de fundamentação teórica, pista de cordas, zoobotânica e natação.
– Base de Instrução Felipe Camarão (BI/6) – Situada às margens do Rio Preto da Eva, também proporciona, em excelentes condições, o desenvolvimento da fase de operações, com instruções em geral relacionadas ao emprego de meios fluviais e aeromóveis.
– Base de Instrução Henrique Dias (BI/7) – Serve como apoio nas Operações Ribeirinhas dos cursos.
Doutrina e Pesquisa
O CIGS conta com uma Divisão de Doutrina e Pesquisa (DDP) que tem por finalidade desenvolver e aperfeiçoar a doutrina de operações na selva, bem como pesquisar e experimentar materiais, de acordo com as orientações e diretrizes da Seção de Doutrina e Pesquisa do CMA e do Comando do CIGS.
Sendo o principal difusor da Doutrina de Operações na Selva, procura sempre se manter alinhado com o acelerado avanço tecnológico, nunca deixando de observar as lições aprendidas nos exercícios operacionais na Amazônia. Nesse sentido, são frequentes os testes com equipamentos, armamentos, embarcações, medicamentos e alimentos.
Podemos citar as pesquisas e testes do emprego militar de búfalos para as operações na selva, desenvolvidos a partir do ano 2000, visando uma alternativa ao transporte de suprimentos, sem substituir os meios tecnológicos existentes na atualidade.
O contínuo estudo chegou a esse animal, criado com sucesso na Amazônia, rústico e com diversas características que foram ao encontro das necessidades militares.
Inovações
Nesses 50 anos de história, o CIGS realizou diversas inovações que repercutiram no Exército Brasileiro, dentre as quais, citam-se a disseminação de novas técnicas de instrução e de combate, muitas delas restritas apenas à Brigada Paraquedista, melhorando o nível operacional individual da Instituição; a criação do brado de ‘selva’, que ecoa atualmente por todas as Unidades da Amazônia brasileira; o coturno de lona verde; as viaturas camufladas; a boina verde como peça do uniforme, inicialmente apenas para o CIGS, depois para o CMA e, finalmente, para todo o Exército; e a adoção da Onça Pintada como símbolo do Combatente de Selva do Exército Brasileiro.
O CIGS tem como uma de suas principais tradições o estabelecimento de onças como mascotes. A primeira mascote, uma onça batizada com o nome CIGS, foi doada ao Centro no primeiro semestre de 1967, passando a participar das atividades diárias da organização militar (OM), tais como as formaturas, na qual desfilava embarcada em uma viatura jipe. “Teixeirão”, “Zeus”, “Princesa”, “Cosac”, “Garrone” e “Lana” foram outras mascotes que sucederam a onça CIGS. Atualmente, o Centro possui as onças mascotes Chitara e Simba, que continuam realizando as mesmas atividades que as antecessoras.
Outra importante tradição do CIGS é a realização da Marcha da Saudade. Esse evento foi executado pela primeira vez no ano de 1989, em comemoração aos 25 anos de criação do Centro. Essa atividade é realizada anualmente, durante a semana do guerreiro de selva (6 de junho), e dela participam antigos comandantes do CIGS, ex-integrantes, os ‘Velhas Onças’, guerreiros de selva de todo o país e ilustres convidados, como a Sra. Nalda – costureira que confecciona, há mais de 30 anos, o chapéu bandeirante, cobertura utilizada pelos integrantes do Centro. A Marcha da Saudade de 2014 contou com a participação de oficiais-generais do Exército e da Aeronáutica, do Ministro do Superior Tribunal Militar e de mais de vinte ‘velhas onças’.
Nesses 50 anos, o CIGS não ficou parado no tempo. A evolução tecnológica ocorrida nas últimas décadas foi acompanhada de perto, o que permitiu aprimorar as técnicas e as táticas de combate na selva, capacitando os guerreiros de selva a atuarem no combate moderno em melhores condições que seus oponentes. Já em 1967, houve o emprego de helicópteros nas atividades do COS, fruto da experiência obtida pelos pioneiros junto ao Exército estadunidense, que empregava esse meio aéreo na Guerra do Vietnã.
Muito bom. Parabéns!