A imprensa e os Estados Unidos no Haiti
Não adianta. A lavagem cerebral anti-americana é a força mais atuante, mais influente dos nossos tempos, a mais importante de todas. Não adianta os Estados Unidos enviarem ajuda para o Haiti em uma escala excepcional, nunca vista. Os jornais preferem critica-la, e insinuam de uma forma ridícula o perigo de uma ocupação permanente. Insultam a inteligência de uma minoria, mas recebem os aplausos da maior parte de seus leitores. E existe um descompasso: as manchetes não correspondem ao que está na matéria. Na quarta-feira, dia 20, um dos nossos jornais publicou em letras garrafais: “ FORÇAS AMERICANAS AMPLIAM AÇÕES E OCUPAM SEDE DO GOVERNO” . Parece uma guerra, a descrição de um ataque americano. E o interessante é que não existe governo algum. Ainda não perceberam que no Haiti o Estado é uma ficção, e que o último governo prá valer foi o da ditadura de Baby Doc, o ladrão que fugiu para a França em 1986.
O reporter especialista em armamentos começa assim : “ Os Estados Unidos estão fazendo no Haiti o que sabem fazer de melhor: ocupar, assumir, controlar”. Que coisa, hein? Conquistaram outro país de uma hora para a outra. E o mais esquisito vem depois, quando ele cita a Doutrina Powell “ aplicada em tempo de paz” . Mas, o que é isso ? Por conta própria resolveu adaptar o inadaptável, apenas para os leitores ficarem impressionados com sua cultura ao citar o general. * Diz o especialista: “ Ela prevê que os EUA não devem entrar em ação a não ser com superioridade arrasadora”. Nossa, mas de que maneira esse vocabulário guerreiro se aplica à situação no Haiti ?
O Brasil, que reinava absoluto comandando as forças militares da ONU, se ressentiu com a presença formidavel dos americanos e andou trilhando seu caminho preferido: o da falta de compostura nas relações internacionais. O inefável ministro Amorim partiu para o estapafúrdio, reclamando que os Estados Unidos estavam dando prioridade aos seus próprios aviões , o que era inteiramente verdadeiro, mas compreensivel. Enquanto se procedia a uma ponte-aérea, vital para sobrevivência dos haitianos, ninguém estava mesmo se importando muito com o avião do ministro Jobim fantasiado de militar. A história terminou quando Amorim recebeu um cala-boca de Hillary Clinton, caiu na realidade, e ficou o dito pelo não dito. A tristeza é que ele sempre cultivou a lenda de que os dois eram quase íntimos.
Virando a página temos outra manchete: “ Ação agressiva dos EUA causa atrito com a ONU”. Quer dizer, os EUA estão metendo os pés pelas mãos. E na reportagem : “ A operação americana no Haiti causa mal-estar na ONU e a entidade é obrigada a declarar que o país ainda é “ um Estado soberano”. Mas que advertência mais fora de propósito! Parece que os Estados Unidos estão truculentamente investindo contra os poderes constituídos. E por falar nisso, o presidente da república, René Préval, já saiu de debaixo da ponte ? Bem, sabemos que a ONU é mais do que esquerdista, mais do que anti-americana, embora um terço do salário dos seus funcionários-marajás venha dos Estados Unidos.
Voltando à reportagem vemos que depois do estrago feito o repórter resolve mostrar “isenção”: “ Quase 70%do orçamento da ONU para o Haiti vêm de Washington”. Mas ele não resiste mais de uma ou duas linhas e insiste : “ é a bandeira americana que está hasteada no aeroporto de Porto Príncipe”. Malditos americanos! Já tomaram o aeroporto! E o restante da matéria é uma barbaridade. Critica o que seria uma ocupação: “ a ONU está irritada, já que os americanos estão atuando como se estivessem em um local de guerra” e, “a ONU protestou porque os alimentos estão sendo distribuidos usando-se paraquedas”. Dá para acreditar ? Implicam até com os paraquedas. E o cabide de empregos usa tudo para criticar os Estados Unidos, ainda que seja sustentado por eles.
O reporter segue em frente, e de vez em quando procura disfarçar sua aversão aos americanos. Para isso usa o mecanismo de alguma declaração positiva de terceiros sobre a ajuda dos Estados Unidos. Dessa maneira aparenta neutralidade, mas o peso da matéria, o seu direcionamento geral, o que se instala na cabeça do leitor, é a repulsa aos famosos imperialistas que são a desgraça do mundo. Não interessa o fato de que os americanos estão trazendo alimentos, remédios, soldados e organização em um volume que é a sua marca registrada. E por falar nisso onde é que está a China? Comportando-se de maneira a justificar o sonho da esquerda de que amanhã será o maior país do mundo? Impressionando pela quantidade de ajuda, ou está enviando suas quinquilharias falsificadas ?
Um correspondente fala na “mania dos generais americanos de colocar os generais europeus em sua insignificância” . É exatamente o contrário! Desde a 2ª.Guerra Mundial, passando pela Guerra Fria, os militares americanos aprenderam a tomar o maior cuidado em não humilhar seus aliados. Em determinados momentos chegaram a ser patéticos. O exemplo histórico foi deixarem De Gaulle entrar na frente em Paris com sua tropinha francesa, negando aos soldados que realmente libertaram a cidade o orgulho, o direito, de fazê-lo. ( De Gaulle deu logo um pontapé na História e começou seu discurso dizendo : ” A França! A França que se libertou com suas próprias forças!” ). Além do mais, todos sabemos que os generais europeus são mesmo insignificantes. Nem tentaram colocar ordem na própria cozinha, nos episódios da Bosnia e em Kosovo. Morreram de medo dos sérvios. Dependem dos americanos para tudo.
O porta-voz da diplomacia de Washington enviado ao Haiti deu entrevista e a manchete do jornal foi assim:” Americanos não vão se retirar tão cedo” . Não é demais ?
Agora me lembrei do Dave Letterman fazendo piada: ” Amanhã estaremos transmitindo a entrega do Oscar para 137 países que nos odeiam” .
Tudo que coloquei no artigo é apenas do dia 20, quarta-feira. Seu eu pegasse toda a semana seria material para uma tese.
Nós precisamos educar os nossos filhos e netos EM CASA, já que do lado de fora tudo é esquerdismo, tudo é anti-americanismo. É falta de amor, respeito, é indignidade permitir que eles façam parte da boiada.
* Essa doutrina atribuida a Powell de fato não é dele. Já havia sido formulada por MacArthur em declarações sobre a guerra da Coréia, e por outros generais com referência à guerra do Vietnam. Kissinger também escreveu a mesma coisa. A grande característica de Collin Powell é a falta de caráter.
Comentários (1)
Pois é Claudinho, o que será que esses patetas vão aprontar agora no quintal deles? As imagens até chegam a lembrar New Orleans 2005, só que mais civilizado, claro.