A mentira da Wikileaks – Considerações do blog sobre o vídeo “Collateral Murder”:Abuso militar dos EUA” – O que aconteceu comigo em Bagdá


nota do blog: A Wikileaks publicou recentemente (outubro 2010), 400 mil documentos roubados do Pentágono. Em maio deste ano ela havia feito circular pelo mundo, com enorme sucesso, o vídeo que mostraria uma carnificina efetuada por tropas americanas em Bagdad. Naquela época analisei esse vídeo. Resolvi republica-lo, acrescido de um texto traduzido da Weekly Standard.

O vídeo foi  editado,  isto é, foi cortado e montado segundo o objetivo da WikiLeaks-Reuters. Na introdução é feita uma observação intrigante: ” algumas das pessoas PARECEM estar armadas, mas o comportamento de quase todos aparenta ser relax, descansado”. Quando vemos o vídeo não  parece, É VISIVEL que duas pessoas estão armadas,  e entendemos o que a WikiLeaks-Reuters quer sugerir: por estarem relax não deveriam ser atacadas. Conclusão: Só devemos enfrentar as  forças dos inimigos quando elas estão nos vendo e ficam nervosas. Continuando, o vídeo diz que ” inicialmente os militares americanos disseram que todos os mortos eram combatentes “anti-Iraque” , ou “insurgentes”. Esse “inicialmente”  pressupõe que vai estourar uma imensa revelação que foi escondida. Nada disso. Os militares apenas retificam, e dois, entre os doze mortos, são jornalistas.  A WikiLeaks-Reuters está nos levando a acreditar que os militares inicialmente estavam mentindo. Mas, seria possivel esconder que dois jornalistas morreram, dois jornalistas da Reuters, a maior agência de notícias do mundo? Claro que não. A descoberta é que deve ter sido uma surpresa para os que investigaram. Por que eles estavam ao lado de insurgentes ? Também não consegui entender porque a WikiLeaks-Reuters quis chamar a nossa atenção com a frase de outro reporter : “Saeed sempre me dizia que não hesitaria em perder sua vida para nos proteger. Tristemente, ele estava certo”. Ela não faz o menor sentido, nada tem a ver com o que aconteceu. Nós vemos Saeed correndo, tentando salvar a sua vida, e é abatido no segundo round de tiros, quando estava sendo carregado para a van. Outra interpretação, absurda – – mas já que estão fazendo pouco caso da nossa inteligência – é :  ” perder a sua vida para nos proteger” seria um Saeed insurgente, lutando contras as ” forças de ocupação”. “Perder a vida” para proteger alguém foram as três pessoas que se sacrificaram para socorrer Saeed.

O vídeo se torna chocante pelo fato de que as pessoas estão vestidas como nós, estão despreocupadas conversando, parece que têm algum objetivo, mas se encontram completamente indefesas, e são atingidas sem nem saber de onde partiram as balas. No entanto, o que se passou é mais complexo. Estamos acostumados com cinema, não com a realidade da guerra.

Os helicópteros estão muito longe, provavelmente a mais de dois quilômetros de distância.  É falsa a impressão que temos de que eles estão próximos. São máquinas que fazem um grande barulho, e chamariam a atenção das pessoas que vemos no vídeo. A calma do grupo que está na rua é exatamente por isso. As pessoas não estão conscientes do perigo.Os helicópteros parecem pontos no céu, totalmente inofensivos, e elas somente ouvem um barulho distante. Como regra, os Apaches não voam próximos aos combatentes para não serem atingidos por tiros e, principalmente, pela arma chamada RPG. Ela dispara um pequeno missil, e é usado contra carros de combate contra helicópteros, contra tropas em terra É um pesadelo para os pilotos .(fotos abaixo do texto) As ruas estão desertas por ser uma zona de conflito. Os helicópteros estão em patrulha, ou foram avisados de que havia insurgentes na área, ou, estavam dando cobertura para os carros Humvees que se deslocavam alí por perto. Os dois repórteres caminham junto com outras pessoas, sendo que uma delas carrega o que eu achei que fosse um AK 47, o fuzil russo, e uma outra carrega um RPG , ou uma metralhadora, é muito dificil dizer. A precaução dos helicópteros antes de abrir fogo faz com que muitos deixem o local. Por exemplo, vai embora uma motoneta com dois rapazes. Eu contei  18 pessoas no grupo inicial. Elas estão em um bando e parecem jovens, exatamente como os insurgentes. Os pilotos sabem que os homens das firmas de segurança privada usam coletes à prova de bala e não portam AKs 47 – muito menos RPGs. (Desde a  guerra do Vietnam o AK 47 é um fuzil suspeito). Dos helicópteros os pilotos identificam  as armas como sendo exatamente fuzís e RPGs. Nas primeiras vezes em que assisti ao vídeo tive a nitida impressão de que se tratava realmente de um RPG, mas, depois , aos poucos, como eu disse, achei mais provavel ser uma metralhadora. Quanto ao fuzil, que eu penso estar muito visivel, não foi encontrado, e sim outra arma. Devemos nos lembrar que a metade das pessoas deixou o local antes dos tiros. Quem carregava o fuzil pode ter ido embora. A WikiLeaks se preocupa em colocar setas indicativas nos repórteres , mas não chama a atenção para as armas.

Em seguida, em uma sequência que se chama “dar chance ao azar”, o reporter se agacha em um canto da rua e, devagar, faz surgir a lente de sua câmera do outro lado. Ele aponta a câmera cautelosamente para a frente, como se tivesse algum alvo. A lente é muito grande, trata-se de uma zoom poderosa. Ele parece estar testando a câmera, ou focalizando alguma coisa que não sabemos o que é. ( em um texto que coloquei abaixo é dito que em sua câmera foi encontrada a foto. Ele fotografou os carros Humvees que estavam indo para o local .) Para os pilotos os seus movimentos são comprometedores. Em determinado momento ele gira a câmera e a aponta para o alto, diretamente para o helicóptero ao longe. É apenas um segundo, a lente brilha, tornando-se um pequeno ponto branco. É preciso muita atenção para detectar esse momento crucial. O leitor pode acompanhar o movimento da câmera e, no exato momento em que o cilindro sumir, deve congelar a imagem: a lente estará de frente para o helicóptero. O reporter percebeu a olho nú o Apache e apontou a câmera para vê-lo mais de perto. Foi muito ingênuo. Não sabia que de longe o piloto também o observava, exatamente com a imagem que temos no vídeo. Esse foi um dos momentos decisivos para a tomada de decisão que se seguiu. O piloto que viu a zoom ser dirigida contra ele imediatamente a confunde com um RPG.  Então os helicópteros passam a ter certeza de que são,no mínimo, 3 armas com o grupo. A aeronave custa por volta de 28 milhões de dólares, e o RPG, uma ninharia.  O piloto, além da própria vida, tem responsabilidade em não deixar que seu helicóptero seja abatido ou danificado.

Os pilotos, que haviam perdido a melhor oportunidade de ataque enquanto estavam justamente identificando o grupo, voltam a ter ótima condição de tiro quando o helicóptero se dirige para a direita. As pessoas que não foram embora nesse intervalo ficam expostas e condenadas. É o momento em que o reporter fala pelo celular. O helicóptero atira com suas metralhadoras. Entre o som dos tiros e as pessoas caindo nós percebemos que existe um intervalo de mais ou menos três segundos. Essas balas devem ter a velocidade de aproximadamente 1.000 km por hora. O helicóptero estaria nesse momento a mais ou menos 1km de distância. Em determinado momento ele parece que atira com um de seus dois canhões. É quando parece haver uma explosão na terra. Eu imagino que os pilotos acertaram em 9 pessoas, mas eles falam em 8. Em seguida  acompanham a tragédia de um ferido. Ele se arrasta pelo chão. É dada a ordem de não atirar a não ser que ele pegasse uma arma. Os pilotos esperam. Chegam duas pessoas vindas a pé ,e uma van, de onde salta o chofer. Elas conversam sobre o que fazer e,  apressadamente, como se fosse possivel, como se por milagre tivessem chance, recolhem o ferido. Nesse momento os pilotos tem 4 inimigos no solo e esperam pela ordem de atirar. Concedida a permissão os dois helicópteros atiram, um do lado esquerdo, outro do lado direito, e matam os quatro. Dentro da van duas crianças são feridas.

De que maneira devemos interpretar um grupo que se desloca em uma zona de conflito com duas pessoas portando armas exclusivas dos inimigos, e uma câmera que de longe guarda enorme semelhança com um RPG sendo apontada para o helicóptero ?  Se não são seguranças, e sabemos que não podem ser, o que mais nos resta ? Os repórteres estavam caminhando COM insurgentes. O que é que as crianças estavam fazendo nesse cenário ?Pelo vídeo não sabemos, mas através de uma investigação seria muito facil. É claro que os pilotos não teriam atirado se elas estivessem visiveis. Não existe essa possibilidade. A van foi imprudentemente resgatar o que restava do grupo. Não houve nenhuma tentativa de um lenço branco, acenos, nada. O comportamento era como se estivessem salvando um dos seus, um combatente.

Em entrevista na CNN um reporter do NYTimes, que passou 8 meses acompanhando as tropas americanas, disse que esse foi particularmente um dia de intensos combates em Bagdá, e que estava convencido de que foram observadas as regras de engajamento. Note-se: entrevista de um reporter do NYTimes, na CNN.

Podemos acreditar que os repórteres iraquianos queriam uma ótima matéria e, de alguma forma, se ligaram aos insurgentes.  Seu sentimento político caminhava junto com essa ligação. Por que eles seriam diferentes da maioria dos jornalistas ?A simbiose foi tão grande que eles são levados a percorrer as ruas com insurgentes armados. Foram insensatos, arriscaram suas vidas, e as perderam da pior forma possivel: ao lado de terroristas. A Reuters é conhecida pelo seu antiamericanismo, ou por ser a favor dos liberais e Democratas nos Estados Unidos, o que é mais ou menos parecido.

O inquérito feito pelas autoridades militares determinou que foi um legítimo engajamento de combate. Por que não ? O que mostra o vídeo que possa desmentir essa afirmação ? Nada. E embora não tenha sido o caso,  os soldados que lutam no Iraque tem por princípio o fato de que tudo parece o que não deve ser, a surpresa é a regra, e não a exceção. É uma guerrilha, com armadilhas e bombas inesperadas. Não é um combate com um exército regular, um combate com muitas regras. E aquelas pessoas estarem indefesas não quer dizer que não devam ser eliminadas. Esse é o ponto básico da questão, e nos assusta. Para os pilotos o que conta é estarem armadas. Um tiro bem dado pode determinar a queda do helicóptero. E não é possivel eles pedirem uma rendição.  O que nos impressiona, repito, é que a imagem coloca as pessoas enganosamente muito perto dos pilotos. Elas, de fato, estão muito distantes. É feito o leitor olhando pelo binóculo e brincando de falar com alguém distante. Assistindo ao vídeo ficamos aflitos. Acompanhamos seus últimos momentos de vida.  Embora não faça nenhum sentido, gostaríamos que se rendessem, ou escapassem porque o piloto NÃO vai pegar um megafone e gritar para que se rendam. Além do completo non sense, o som não chegaria até ao grupo, abafado que seria pelo ruído dos motores e das hélices. A única chance para aquelas pessoas teria sido, percebendo o helicóptero, levantarem os braços. É chocante ve-las andando normalmente e serem dizimadas. E os risos que ouvimos me parecem mais de histeria do que de alegria. Deve ser dificil atirar a sangue-frio (sobretudo sem ser visto), matando um grupo enorme.

É preciso ser muito inteligente para pilotar um aparelho sofisticado como o Apache, e ninguém é bobo de sair atirando em inocentes. Costumamos subestimar os que seguem as carreiras militares porque a linguagem, e interesses, são diferentes dos nossos. E existem regras para os jornalistas no Iraque e no Afeganistão. Elas não foram obedecidas (nunca são). Os pilotos não tinham escolha pelo que vemos no vídeo. Deveriam ficar mais tempo adiando o ataque, deixando que mais insurgentes fossem embora, deveriam correr o risco de um tiro, ou de um missil do RPG disparado pelos que estão na rua, ou por alguém escondido em uma das casas ? E se perdessem a chance de matar o inimigo ? Isso tem que ser dito com todas as letras. Eles estão lá para aprisionarem ou matarem inimigos. E quando descobrem que atiraram em crianças, um diz para o outro: ” é culpa deles por trazerem crianças para o campo de batalha”. Precisam matar para que não sejam mortos, naquele momento, ou no futuro, um compromisso consigo mesmo e com seus companheiros.  As pessoas no Brasil não estão acostumadas a pensar em termos práticos do que seja uma guerra. Nós não temos a mínima cultura da guerra, como americanos ou europeus. Sei que a denúncia veio EUA,  é típica  dos american liberals, daqueles que sempre estão contra os Estados Unidos, mas nós somos os menos preparados para essa espécie de julgamento. Só conhecemos tiroteiro entre policiais  e bandidos de morro.  E também, ao contrário dos pilotos, não estivemos no hospital em Bagdad vendo seus companheiros sem braços, sem pernas, com as tripas de fora, ou mortos por pessoas exatamente feito aquelas que eles observavam do alto. Não temos vizinhos que perderam filhos em guerras. E, para quem não sabe, o socorro aéreo é uma das maiores esperanças dos que estão em solo combatendo. Isso pesa na cabeça do piloto, ele deve usar as armas que dispõem para ajudar os soldados em terra. Quando atira nos insurgentes, o que pensa é : “menos 12  para enfrentar os companheiros lá embaixo”. Se os pilotos não tivessem atirado seria melhor alegarem insanidade mental e pedirem seu desligamento das Forças armadas americanas. De fato, seriam levados para a corte marcial. Estavam alí exatamente para, comprovando a existência de armas nas mãos de civis, em uma zona de conflito, abrirem fogo. Não havia no cenário nenhum velho, nenhuma mulher, nenhuma criança.

Os insurgentes que estão indefesos, carregando o ferido, serão os mesmos que mais tarde estarão tentando matar soldados americanos, ou civis iraquianos. Isso é guerra. É dever dos que estão no helicóptero elimina-los. Seria diferente com exércitos regulares, fardados, que possuem outras regras. (para se ter uma pálida idéia de algumas poucas leis de guerra, em outra situação, pode-se ver o artigo que publiquei – ” A Guerra de Guerrilhas e a ocupação da França pelos alemães”) Outro ponto que considero importante: São três os homens que socorrem Saeed. Parece que dois vieram a pé, e o útimo dirigindo a van. Um deles passa a impressão de que viu um dos helicópteros, não tenho certeza,e me parece que outro olha para a rua em frente, como se pensasse que os tiros vieram do solo.  No caso de haverem percebido que tinha sido o helicóptero poderiam ter erguido os braços, tentando exprimir de alguma maneira que se tratava de um não combatente, que era um engano. Existe um extenso vocabulário em mímica do qual fazemos uso diariamente. Os pilotos teriam hesitado, procurariam algum tipo de confirmação se essas duas pessoas tivessem manifestado desejo de se comunicar. Não, eles se comportam exatamente como se fossem insurgentes, o que desejam é colocar o ferido na van e sumir do local o mais rápido que puderem.

Vou contar uma experiência pessoal. Eu estava dentro de um taxi, em Bagdad, ainda distante da Zona Verde que é a área mais segura da cidade. Passaram por mim alguns carros de combate americanos. A minha câmera estava com uma zoom Nikon, grande, profissional, lente acoplada em um anel, e mais um imenso protetor. O tamanho da lente fica por volta de 50 centímetros, junto com o corpo da câmera. Eu tinha muito interesse nessa fotos porque estávamos em uma avenida chamada de “as 6 milhas mais perigosas do mundo”. Eu poderia fotografar os carros em qualquer lugar da cidade, eles existem às centenas, mas alí era especial. Afastei-me do parabrisa pressionando o banco do taxi e comecei a fotografar. O chofer tentou impedir, gritou, mas estava com tanto medo que não conseguiu baixar a câmera, eu ainda o empurrei e disparei umas dez vezes. Em  segundos estava ao lado do taxi, junto da minha janela, um grande caminhão blindado, que tinha vindo por trás, e um soldado louco de raiva me insultava. Eu não havia visto esse caminhão, na retaguarda do comboio. E tambem não percebi que um soldado estava na torre de um dos carros de combate. ( não sei se ele morreu de um ataque do coração). Só consegui vê-lo quando cheguei no hotel e coloquei a imagem no computador. Para os soldados, eu estar dentro de um taxi com uma RPG, teria sido mais um truque de um insurgente. Apenas isso, nada de diferente.  Se eles tivessem obliterado o taxi a culpa seria toda minha. Os jornais diriam : “repórter brasileiro morto no Iraque apenas porque portava uma câmera”.  Seria uma meia-verdade, uma história desonesta, e enganaria as pessoas. Se os soldados americanos tivessem acabado comigo, estariam cobertos de razão. O que a WikiLeaks-Reuters fez com esse vídeo foi nos contar uma mentira, enquanto nos dá todos os elementos para rejeita-la.

Repórteres que se arriscam sabem o preço que podem pagar. E, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, que saiu em defesa dos seus subordinados, provavelmente é um homem decente, e por outro lado não precisaria vir a campo para contar lorotas. Se tivesse dúvidas ou falaria, ou poderia deixar tudo por conta dos próprios militares, sem se envolver. O que é que ele perderia com isso ? Gates era Secretário de Defesa de Bush e foi confirmado no cargo por Obama. Existe argumento melhor do que esse ? Seria bom se tívessemos o relatório completo dos militares americanos. Ele falaria sobre as armas que foram encontradas ao lados dos corpos, e muito mais.   Se houve uma grande investigação talvez pudéssemos saber a história dos mortos, e muitos mistérios seriam solucionados. Ou talvez o vídeo e as armas tenha sido o suficiente e os investigadores pararam por aí mesmo. Afinal prevalece a verdade suprema: as tropas agiram como deveriam e ponto final. Abaixo um pequeno trecho traduzido da Weekly Standard.

Abaixo: duas fotos do RPG,  três dos carros de combate que fotografei, e um vídeo curtíssimo de um RPG operado por chechenos, quando derrubam helicóptero russo.Também coloquei um artigo traduzido do inglês sobre o episódio de Bagdá, e mais dois vídeos curtinhos, um mostrando o RPG-7, e o outro um fuzil Ak-47.

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Investigação mostra  RPGs  e projéteis de RPG  encontrados no vídeo  “Assassinato Colateral”  (“Collateral  Murder”)

O Weekly  Standard explica a história.

Resumo:

Wikileaks, um site dedicado a publicação de documentos secretos na Internet, fez um estardalhaço hoje com um vídeo,  pretendendo mostrar  que o exército dos  Estados Unidos “assassinou” um cinegrafista da Reuters e outros “civis” iraquianos  em Bagdá, em 12 de julho de 2007.  Mas um exame cuidadoso do vídeo mostra que a artilharia do helicóptero dos Estados Unidos que atacou um grupo de homens armados na então fortaleza do Exercito Mahdi  de Nova Bagdá, distrito de Bagdá, era nada mais nada menos que  o vídeo “Assassinato colateral”, como o Wikileaks  descreve o incidente.

O artigo do Weekly Standard relata que “vários dos homens estão nitidamente armados com fuzis automáticos; um deles parece ter uma RPG.” *

* Rocket Propelled Grenade: granada lançada por foguete: tipo de armas anti-tanque portátil (N. do T.)

Agora considere esse publicação do The Jawa Report, que fala sobre a  investigação pós-ação dos eventos, e tem um clipe mostrando um homem segurando um longo objeto que se parece com uma RPG.  Se você olhar como em planos do vídeo, o objeto se parece mais com uma RPG do que com um fuzil AK -47, pois não tem nenhum pente curvo, mas sim um pequeno e atarracado cabo e uma ogiva redonda  na ponta dele.

Aqui está a arma na moldura do vídeo:

Aquilo parece ser uma ogiva de RPG-7  e não um pente de munição de um fuzil  AK-47.

A meu ver, este dispositivo parece uma RPG-7  russa ou um tipo 69 chinês**.  Uma RPG é uma granada impulsionada por um foguete não guiado que pode destruir um Humvee  (Hummer)*** e matar todo mundo dentro dele com um só disparo.

** RPG Type 69, cópia chinesa da RPG-7 russa, arma anti-tanque individual.

*** Veículo blindado militar

Uma RPG-7/Tipo 69 se parece com isso:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=SR1kqR-EtEc]

E um AK-47 se parece com isso:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=gc7im5m23Tk]

E mais, o relatório da investigação (citado pelo The Jawa) diz que as RPGs e projéteis de RPG foram encontrados perto dos corpos.O relatório da investigação afirma:

Permanecemos  acima do local de combate enquanto Bushmaster enviava  forças de solo para o local. Bushmaster chegou e informou 11 AIF KIA (11 forças  anti-Iraqi mortas em ação)  e encontrou RPGs e projéteis de RPG  no local. Também testemunhamos uma RPG carregada, jogada a 2 a 3 blocos ao sul da área de combate. Bushmaster relatou que a primeira criança foi ferida e arrancada da van.  Estávamos impossibilitados de saber se havia crianças no veículo e nunca vimos nenhuma criança antes ou durante a ação.  Após ver a fita da arma, pudemos determinar que ambas as crianças feridas vinham da van. Bushmaster imediatamente fez uma evacuação de emergência levando as meninas para a FOB (Base de Operação Frontal) ‘Lealdade’, para cuidados médicos.

Bushmaster é o prefixo de chamada para as forças de solo que estavam sendo cobertas pelo helicóptero. A força de solo era composta de Humvees. Humvees que seriam provavelmente destruídos por um tiro de RPG anti-tanque. (E provavelmente por um disparo de HE (‘Altamente Explosivo’), também. Na publicação do  The Jawa Report, você pode ver uma foto que estava na câmera do jornalista morto mostrando os Humvees dobrando a esquina e entrando no campo de visão dos terroristas armados com RPGs.

Sinto muito, mas isso é guerra.  Isso.  É.  Guerra.  Coisas ruins acontecem em guerras. O mundo não é um lugar perfeito.

Jornalistas como aqueles que foram mortos não deveriam estar juntos com terroristas e esperando assim, ficar imunes a danos colaterais. Nossas forças militares americanas são compostas pelos mais honoráveis e dignos soldados do mundo. Eles fazem o melhor que podem para seguir as regras de engajamento em combate. Nesse caso, eles agiram apropriadamente. Eu estou agradecido e orgulhoso pelo trabalho de auto-sacrifício deles para proteger minha liberdade e a liberdade dos iraquianos. Tenham vergonha aqueles da mídia esquerdista que questionam o juízo deles. Vergonha!  Vergonha!

14 novembro, 2010 às 07:32

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Categoria: Artigos

Comentários (13)

 

  1. TÚLIO disse:

    Cáspite! meu querido Mafra. Por que será que o seu blog atrai tantos comunas e esquerdistas, a julgar pela grande maioria dos comentários deixados? Tente dar uma resposta honesta e não apele para nenhum truque verbal (vício de jornalistas). Obviamente, eu adoro as matérias que vc publica e quando acesso os comentários à procura de aprofundamentos e enriquecimentos do que foi exposto, tomo uma ducha de água gelada… senão mesmo, sinto calafrios às vezes.
    Um grande abraço de seu leitor e admirador,
    Túlio Humberto – Niterói RJ

    • Claudio Mafra disse:

      Veja o título, Túlio: Reflexões RADICAIS. Atrai a turma de esquerda porque o politicamente INCORRETO está em quase tudo que escrevo. Fazemos parte de uma minoria, e estamos vivendo um momento diferente na história contemporânea: os mais instruidos estão errados. Aos inteligentes falta lucidez. Grande abraço

  2. José Eduardo Salazar disse:

    Caro Mafra,
    estou voltando de férias e me deparo com uma pedrada dessas! A sua análise da EVIDÊNCIA INCRIMINADORA é simplesmente risível. Vou desmontá-la, ponto por ponto, assim que terminar o abandono muscular.
    ZÉ EDUARDO

  3. Jonas disse:

    Mais uma trapalhada dos hermanos do norte… não adianta explicar o erro.

  4. José Eduardo Salazar disse:

    A queda de braço entre o sr. Romão e o sr. Mafra em torno de Hiroshima e Yokohama é assaz sintomática. O que temos aí? Dois cupinchas batendo cabeças. Depois de verificar a inanidade dos argumentos do sr. Mafra a respeito do vídeo sobre o ASSASSINATO de jornalistas da Reuters no Iraque, pensei em lhe escrever, rebatendo ponto por ponto os seus sofismas e silogismos eivados de vícios. Mas pensei mais, ao verificar que o sr. Mafra, mesmo confrontado com a evidência gritante dos fatos, não dá o braço a torcer, não reconhece que desta vez o sr. Romão e todos os leitores do seu blog estão cobertos de razão. Ora, se o sr. Mafra não se dobra nem mesmo ao tira-teima avassalador a que foi submetido por um CUPINCHA, ao crivo implacável, ao pente-fino da VERDADE a que foi submetido por um CUPINCHA, que dirá, então, se confrontado com alguém que de saída discorda de suas posições PROTO-FASCISTAS e DIREITISTAS de capacho do imperialismo? Esperamos, como leitores, o RECONHECIMENTO DO ERRO (trata-se de uma categoria aristotélica, sr Mafra), cabal e incontornável: “Prezados Leitores, eu me enganei…”, antes de questioná-lo sobre matérias mais espinhosas, como o mencionado vídeo. Faria bem também o sr. Romão, ao rasgar seda com o sr. Mafra em torno da Rússia, reconhecer o óbvio ululante, isto é, que devemos, mais que tudo, à União Soviética a derrota fragorosa do NAZI-FASCISMO na II Guerra. Quando nos transportamos ao inferno de maio, 1945, na Alemanha, qual é a primeira coisa que vem à mente de qualquer leitor, em qualquer quadrante do mundo, de qualquer ideologia: ora, a gloriosa bandeira vermelha içada sobre o Reichstag. Inapelável.
    Uma vez que nos entendamos sobre os fatos básicos: – Sim, trata-se de YOKOHAMA, poderemos seguir em frente, sr. Mafra. Graças ao involuntário questionamento de um CUPINCHA, o que nós, leitores de seu blog, concluímos, é que a frente imperialista começa a rachar, que o navio começa a fazer água…
    ZÉ EDUARDO

    • RS disse:

      Que maravilha, coisa deliciosa ver um vermelinho espumando. Sr. Salazar, obrigado por alegrar ainda mais meu dia! Quanto aos argumentos, deixa pra lá…

      A propósito, tem data certa para o tal “abandono muscular”? Que comédia!

    • Ronaldo Veloso Romão disse:

      Finalmente eu concordo com o Zé Eduardo, mesmo eu sendo um cupincha do Sr. Mafra rsrs.

      A cabeça dura dele em reconhecer que as fotos são Yokohama é inacreditável!

      Reconheça Yokohama Mafra!

      Eu Ronaldo Veloso Romão reconheço que a URSS foi indispensável para derrota do nazismo, sem os canhões de Stálin a vitória seria impossível e/ou tão cruel como em Hiroshima (na real) e Nagazaki. Satisfeito!

  5. José Eduardo Salazar disse:

    E VIVVA L’ANARCHIA!!!

  6. renaud disse:

    Sr Mafra
    José Eduardo Salazar e sua criação e você exagere demais o caráter e não tem mais a credibilidade!

    • claudio mafra disse:

      O meu grande amigo Renaud, capitão do barco Paladino, escrevendo da Etiópia. Pode escrever em frances que a turma entende, Renaud. Pelo telefone, Renaud me disse que assistiu na TV um jornalista do NYTimes afirmando que o dia do “Collateral Murder” foi particularmente dificil, com muitas batalhas na cidade. O jornalista, que ficou 8 meses em Bagdá acompanhando as tropas americanas, afirmou que sem dúvida os soldados agiram de acordo com o que mandam as regras de engajamento. Eu fico intrigado quando alguém me diz que não enxergou nenhuma arma no vídeo. Mas é assim mesmo. Pessoas muito inteligentes vão à Cuba e voltam falando maravilhas. Enxergam o que desejam enxergar. Um fenômeno.

  7. Juju disse:

    haha

  8. Walter disse:

    Bom, sei que o artigo é velho mas…
    Acabei de ficar sabendo desse ataque pelo nerdcast sobre espionagem digital, e fui procurar o video ‘collateral murder’ e pelo que vi aqui:
    http://www.youtube.com/watch?v=5dgKAxPbJ0w
    Em nenhum momento da pra ver que algum dos homens está portando uma arma,como tu diz no texto, inclusive mostra que os unicos dois que estão carregando algo são os fotografos jornalistas, e suas cameras. Logo teu texto está completamente errado procede?

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