A elite dos cientistas e a crença em Deus
Em vários dos seus livros para consumo popular, Carl Sagan ( 1934 – 1996) se mostra surpreso com a necessidade da busca de Deus pelo homem contemporâneo. Ele achava a ciência tão maravilhosa que não via necessidade de mais nada. Os fenômenos da criação evolucionista estão à nossa disposição, belezas eternas para serem admiradas sem a necessidade de fé no sobrenatural. Ele não fazia a mínima idéia de como vivemos nós, pobres mortais. Sendo um expoente da ciência, um astrônomo mundialmente conhecido, podia viver em um patamar de deslumbramento que poucos alcançam. Estranho que um homem tão inteligente não tenha percebido que era um privilegiado, alguém especial, absorto dia e noite com os mundos distantes, e que o complemento fama e fortuna o empurraram para mais distante ainda de uma vida espiritual. Nós não vivemos assim. Vivemos cada dia de uma maneira mais ou menos sofrida. Não nos alçamos em vôos extraordinários por outras galáxias.
Richard Dawkins ( que esteve em Parati, na Flip) é outro cientista famoso, mas sem as qualidades de suavidade e humildade de Sagan. É um militante pela causa do ateísmo. No seu livro “Deus, um delírio”, ele se mostra intolerante e rude. Teve a insensatez de propor a mudança do nome de “ateu” para “ILUMINADO”, o que pressupõe chamar de “APAGADO” quem acredita em Deus. Os autores do livro “O delírio de Dawkins” (Alister McGrath e Joanna McGrath) nos dizem ainda mais sobre o seu comportamento agressivo: ” Educar as crianças dentro de uma tradição religiosa é uma forma de abuso infantil“. O radicalismo inconsequente não é um privilégio dos tolos, afinal. Religião pode trazer um comportamento mais sociavel, e a esperança em outra vida ajuda na procura da felicidade. Não cabe aqui, nesta pequena nota, tratar da questão, mas a China é um dos poucos lugares do mundo onde o povo não acredita em Deus. Os valores são todos materiais, e o chinês é flagrantemente infeliz. Uma elite, uma minoria pode ser atéia, mas 1 bilhão de pessoas é um problema e tanto.
Alister e Joanna McGrath nos dão uma amostra do mundo científico em relação à Deus: ” Em 1916, cientistas diligentes foram inquiridos sobre se acreditavam em Deus, especificamente num Deus que se comunica de modo zeloso com a humanidade e a quem se possa orar ” na expectativa de receber uma resposta “. Os deístas não acreditam num Deus segundo essa definição. Os resultados ficaram famosos : grosso modo, 40% acreditavam nesse tipo de Deus, 40% não e 20% não tinham certeza”. Valendo-se dessa mesma pergunta a pesquisa foi repetida em 1997 e resultou quase exatamente no mesmo padrão, com um leve aumento dos que não acreditavam ( chegando a 45%). O número dos que acreditavam em Deus permaneceu estável, em torno de 40%”
Esses dados foram uma grande surpresa para mim. Pensei que os cientistas ateus fossem maioria esmagadora. O Diretor do Projeto Genoma, Francis Collins, é cristão. Outro choque. Ele é considerado o maior biólogo vivo, e trabalha com o estudo do DNA, que é o código de hereditariedade da vida. Collins foi o responsavel pelo mapeamento do corpo humano. Muitos outros exemplos de cientistas que acreditam em Deus estão no livro dos McGrath.
Aqueles que estiverem interessados em ver como ciência do mais alto nivel não exclui caminhar junto com a crença em um Deus misericordioso, podem consultar: “O delírio de Dawkins”, Alister McGrath & Joanna McGrath, editora Mundo Cristão, 2007, “A Linguagem de Deus”, Francis Collins, editora Gente, 2007, “Cristianismo puro e simples”, C.S.Lewis, editora Martins Fontes, 2005
Comentários (4)
Segue abaixo, um pequeno comentário que fiz a este texto no site do Instituto Milênio, mas que fora censurado pela Cristina Camargo:
“Gerson Alves de Souza comentou: Seu comentário está aguardando aprovação.
A manifestação de crença, ou não, em Deus não determina o caráter humano, responsável por seu comportamento…É perfeitamente possível e muitíssimamente provável a existência de ferozes bandidos fiéis a Deus ou de bondosas pessoas descrentes…
Não sei quanto ao Daniel Dantas, mas lá em Cuiabá-MT há um gângster similiar a ele (em negócios espúrios), que felizmente está preso, que mandava matar seus devedores para ficar com seus despojos, tendo construído, com isto, grande império econômico, chegando a possuir até um edifício em Miami, de milhões de dólares…o mesmo tem a alcunha de “o comendador” justamente por ter sido agraciado com uma comenda do governo estadual matogrossense, à época comandado pelo atual Sen Jaime Campos (ex-PFL), tamanha era sua influência na alta sociedade cuiabana…Pois bem, todos os domingos, esse gângster tinha cadeira cativa na primeira fileira de bancos de uma igreja católica local (a igreja do Rosário)…chama-se João Arcanjo Ribeiro e era ex-agente da Polícia Civil/MT…quem é de lá sabe do que estou falando…era um bandido perigosíssimo…todas as pessoas em Cuiabá-MT tinham receio em falar sobre ele, assim como os “favelados” melindram-se diante das câmeras de TV quando instigados a falar sobre traficantes…Graças a Deus, no ano de 2002 (se não me engano), um promotor federal destemido (Pedro Taques) e um juiz federal igualmente “macho” (Julier Sebastião), investigaram, prenderam e processaram e condenaram o famigerado gângster, coisa tida como impossível e inacreditável pela população local, tamanho era o poder amedrontador desse famoso bandido cuiabano…mas as reformas na Igreja do Rosário eram todas bancadas por ele, com dinheiro sujo (de sangue, de tráfico, de jogo do bicho, de cassino clandestino, etc)…
Tô falando essas besteiras todas apenas para mostrar o quanto é relativo associar certas características humanas (inteligência, humildade, bondade, ignorância, arrogância, maldade, etc) à manifestação de crença, ou não, em Deus simplesmente…
Como diz o poeta: “cada ser humano carrega em si o dom de ser capaz, de ser feliz…”, independentemente de professar religião.”
Ah, e só a título de curiosidade: enviei vários outros comentários mais entusiasmantes a diversos artigos de outros “especialistas” do Instituto milênio, mas a Cristina Camargo os boicotou, infelizmente, apesar dos apregoados valores democráticos daquele instituto…hahahaha….balela pra boi dormir!!!
Evidentemente, apesar de seus comentários sobre Carl Sagan não o desmerecerem, acho que voce o avalia mal, ao classifica-lo como uma espécie de sonhador que viveu longe da realidade. Sagan era muito mais ligado aos problemas sociais, em especial a educação do que seu texto transmite.
Em seu livro O Mundo Assombrado Pelos Demonios, ele descreve a infância pobre que viveu e como a educação com o apoio de seus pais amorosos o fez supera-la e também como se preocupava com a qualidade de ensino que esta sendo passada para os jovens de hoje em dia e sem duvida ele dedicou toda uma vida pra conscientizar as pessoas de como a ciência é essencial para a vida de todas.
Sagan apenas constatou como as religiões em geral são centradas em assuntos tão mundanos, ritos e tradições que se voltam para assuntos banais, travestidos de verdades absolutas.
Concordo que falta a Richard Dawkins, o humanismo poético de Sagan, Dawkins algumas vezes parece encantado demais com suas próprias teorias, ele erra em atribuir só aspectos negativos as praticas religiosas, mas acerta e muito ao trazer o assunto a uma discussão, afinal o por que a religião em geral deve ser tratada com tando respeito ao ponto de não podermos critica-la.
A fé dos outros parece sempre mais fácil de criticar, sites católicos criticam evangélicos, evangélicos criticam católicos, judeus criticam cristãos, e por ai vai, cada um com suas “verdades” se acha no direito de muitas vezes querer impor aos outros padrões de comportamento que julgam adequados, Dawkins surge para dar o direito de os sem fé também se manifestarem.
Oí, Alexssandro, eu também li o livro. Acho que me expressei mal. O que tentei dizer foi que por se envolver extraordinariamente com outros mundos, encantado com o que tinha pela frente, Sagan achava estranho que precisássemos de religião. Não percebeu a distância abissal entre sua inteligência e a nossa. Não que sejamos burros, mas a ciência , muito difícil, leva a que você subestime o senso comum. Não discuto o que possa ser certo, errado, mundano, superficial, nas religiões, mas sim de precisarmos ( a maioria de nós) de uma vida além da morte, fato que acho que ele não absorveu do ponto de vista emocional. O Dwakins, penso que perdeu a paciência, tornou-se totalitário. No mundo que conheço, ( não vivo entre os muçulmanos) nunca senti nenhuma restrição ao ateísmo. Pastores, padres,picaretas, pregarem contra não prejudica a liberdade de expressão de um ateu. Obrigado pelo comentário.