A Esquerda é uma Igreja; Comentando artigo de Fernando Gabeira e de Dora Kramer; A pressão dos militares por aumento salarial
100 anos de PT
Algumas palavras de Oriana Fallaci: ” A Esquerda é uma Igreja. E não uma Igreja semelhante às Igrejas saídas do cristianismo, portanto, de algum modo abertas ao livre-arbítrio, mas uma Igreja semelhante ao Islã. De fato, como o Islã, considera-se beijada por um Deus guardião do Bem e da Verdade. Como o Islã, nunca reconhece as suas culpas nem os seus erros. Considera-se infalivel, nunca pede perdão….Como o Islã é iliberal, autocrática, totalitária, mesmo quando aceita o jogo das democracia. Não é por acaso que noventa e cinco por cento dos italianos convertidos ao Islã vêm da Esquerda ou Extrema -Esquerda. Noventa e cinco por cento dos muçulmanos naturalizados cidadãos italianos, idem. E, como o Islã, a Esquerda é anti-ocidental….Precisamente durante os governos da Esquerda vermelha e verde e rosa e branca e arco-iris, A Trípice Aliança, entrou na Itália o Islã.
Comentando artigos de Fernando Gabeira e de Dora Kramer publicados no Estadão de 08 de junho/2012
FERNANDO GABEIRA: Lula e nosso futuro comum .
O ponto de partida é uma frase de Lula: “Não deixarei que um tucano assuma de novo a Presidência”. Lembro, no entanto, que não sou de pegar no pé de Lula por suas frases. Cheguei a propor um “habeas língua” para o então presidente na sua fase mais punk, quando disse que a mãe nasceu analfabeta e que se a Terra fosse quadrada a poluição não circularia pelo mundo. Lembro também que hoje concordo com o filósofo americano Richard Rorty: não há nada de particular que os intelectuais saibam e todo mundo não saiba. Refiro-me à ilusão de conhecer as leis da História, deter segredos profundos sobre o que dinamiza seu curso e dominar em detalhes os cenários futuros da humanidade. e uma audácia crescentes – os homens se diziam capazes de diagnosticar os males da sociedade e curá-los com sua inteligência auto-suficientBoa lembrança. Paul Johnson, o grande escritor e jornalista inglês, disse: ” Com o declínio poder do clero no século XVIII, um novo tipo de mentor surgiu para preencher o vazio e conquistar os ouvidos da sociedade. Pela primeira vez na história humana- e com uma arrogância e; mais : se diziam ser capazes de traçar um plano pelo qual não apenas a estrutura social, mas os hábitos básicos do ser humanos podiam ser transformados para melhor. Ao contrário de seus antecessores sacerdotais, eles não eram servos, nem o intérpretes dos deuses; eram seus substitutos. Defino como intelectual alguém que acredita que as idéias sejam mais importantes do que as pessoas”.
Nesse sentido, a eleição de Lula, um homem do povo, sem educação formal superior, não correspondeu a essa constatação moderna de Rorty. Isso porque, apesar de sua simplicidade, Lula encarnava a classe salvadora no sonho dos intelectuais, via luta de classes como dínamo da História humana, e traçava o mesmo futuro paradisíaco para o socialismo. Na verdade, Lula falava a linguagem dos intelectuais. Seus comentários que despertaram risos e ironias no passado eram defendidos pelos intelectuais com o argumento de que, apesar de pequenos enganos, Lula era rigorosamente fundamentado na questão essencial: o rumo da História humana. Sim, e eu iria um pouco além nessa análise. Os intelectuais são fascinados pela violência. Não sendo capazes de, eles mesmos, tomarem alguma atitude radical para a defesa do que acham que deva ser o mundo e, possuindo um forte sentimento de autodepreciação por apenas ficarem atrás de um computador, só lhes resta o caminho da cumplicidade platônica com os movimentos violentos e a admiração por líderes que, mesmo cruéis, compõem a imagem aproximada do seu alter-ego. Foi assim antes do Muro e continua hoje, sob outras formas mais elaboradas. Um ótimo exemplo é a levíssima condenação do regime de Fidel Castro, ou mesmo admiração mal disfarçada por ele. De fato, qualquer um que se opuser aos Estados Unidos tem o seu apoio, por mais irracional que isso possa ser. Mao- Tse-Tung, um mass murder, e a nostalgia pela antiga China socialista são bem vindos aos subterrâneos mais escuros do cérebro do intelectual. Da mesma forma Lula, que embora tenha chegado ao poder de forma pacífica, possui em sua história um resíduo de violência que atrai a intelectualidade. Ele mesmo disse, como já foi enfatizado inúmeras vezes no blog, que se houvesse ganho de Collor “faria um revolução ou seria derrubado”.
A verdade é que a chegada do PT ao poder o consagrou como um partido social-democrata e, ironicamente, a social-democracia foi o mais poderoso instrumento do capitalismo para neutralizar os comunistas no movimento operário. São mudanças de rumo que não incomodam muito quando se chega ao poder. O capitalismo é substituído pelas elites e o proletariado salvador, pelos consumidores das classes C e D. Os sindicalistas vão ao paraíso de acordo com os critérios da cultura nacional, consagrados pela canção: É necessário uma viração pro Nestor,/ que está vivendo em grande dificuldade.
Se usarmos a fórmula tradicional para atenuar o discurso de Lula, diremos que o ex-presidente queria expressar, com sua frase sobre um tucano na Presidência, que faria todo o esforço para a vitória do seu partido e para esclarecer os eleitores sobre a inconveniência de eleger o adversário. Lula sabe que ninguém manda no processo eleitoral. São os eleitores que decidem se alguém ocupará a Presidência. Foi só um rápido surto autoritário, talvez estimulado pelo tom de programa de TV, luzes e uma plateia receptiva. Mais do que isso: Lula possui um grau de popularidade tão grande que pode naturalmente se tornar um referencial para suas atitudes. Mas, ao invés de guarda-la como um trunfo para momentos extremos, o que seria inteligente e faria com que fosse respeitado pelos adversários, pelo contrário, quando se vê diante de uma situação desconfortavel, de opções limitadas, não hesita em tomar o caminho da violência verbal.
Se o candidato tucano for, como tudo indica, o senador Aécio Neves, também eu, em trincheira diferente da de Lula, farei todo o esforço para que o tucano não chegue à Presidência. Aécio foi um dos artífices na batalha para poupar Sérgio Cabral da CPI e confirmou, com essa manobra, a suspeita de que não é muito diferente do PT no que diz respeito aos critérios de alianças e ao uso da corrupção dos aliados para fortalecer seu projeto de poder. Tudo o que se pode fazer, porém, é tornar clara a situação para o eleitor, pois só ele, em sua soberania, vai decidir quem será o eleito. Bem, por esse lado não escapa ninguém. Aécio e a imensa maioria dos políticos brasileiros não são honestos. Eles roubam . A única opção do eleitor seria anular seu voto, desmoralizar os que conseguiriam o poder com uma votação inexpressiva, tirar toda a sua autoridade através desse processo. O que viria em seguida eu não sei. Os que podem usar com autoridade as palavas que estão presente em todos os corações brasileiros : “sem roubalheira e sem bandidos nas ruas”, são os militares, ou então, a Igreja – os primeiros maculados por uma ditadura desnecessária, após um golpe de estado necessário, e a segunda pela Teologia da Libertação, essa impostura .
Na verdade, essa batalha será travada também na esfera da economia. Vivemos um momento singular na História do mundo. A crise mundial opõe defensores da austeridade, como Angela Merkel, e os que defendem mais gastos e investimentos, dentro da visão keynesiana de que a austeridade deve ser implantada no auge do crescimento, e não durante o período depressivo. O PT dirigiu o País num período de crescimento e muitos gastos, não tanto no investimento, mas no consumo. É possível que esse modelo de estímulo à economia tenha alcançado seus limites. No Brasil este é um assunto para Pedro Malan e alguns poucos, com ênfase naqueles que participaram da equipe do Real. É notável ver pessoas que se especializaram em Botânica discutir se a Grécia deve, ou não, permanecer na zona do euro. Eu fico com o trivial, ou seja, que a despesa, em poucos momentos durante a vida econômica de uma nação, pode ser substancialmente superior à receita. Acho hilário alguém perorar sobre macroeconomia sem saber o que seja base monetária.
Muito possivelmente, ainda, o curso dos acontecimentos não dependerá tanto da vontade de Lula nem dos nossos esforços individuais. Isto é marxismo, beira o determinismo histórico, é falso. A democracia prevê alternância no poder. E a análise de como essa alternância se dá na prática revela, em muitos casos, uma gangorra entre austeridade e gastança. De modo geral, a crise derrota um governo austero e coloca seu oposto no poder, como na França. Perfeito. Mas às vezes derrota um governo social-democrata e elege seu adversário direto, como na Espanha.
Pode ser que o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo abra espaço para discurso de reformas fiscal e trabalhista, de foco em educação e infraestrutura, enfim, de uma fase de austeridade. E não é totalmente impossível que um partido de oposição chegue ao governo. Restaria ao PT, nesse caso, um grande consolo: ao cabo de um período de austeridade, o partido teria grandes chances de voltar ao poder com seu discurso do “conosco ninguém pode”, do “vamos que vamos”, “nunca antes neste país”… Não estou afirmando que esse mecanismo vai prevalecer, é uma das possibilidades no horizonte. A outra é o próprio PT assumir algumas das diretivas de austeridade e conduzir o processo sem necessariamente deixar o poder.
Por mais que a crise seja aguda, o apelo ao consumo e à manutenção de intensas políticas sociais é muito forte na imaginação popular. O discurso de austeridade só tem espaço eleitoral quando as coisas parecem ter degringolado.
O futuro está aberto e não será definido pela exclusiva vontade de Lula. Com todo o respeito ao Ratinho e sua plateia, ( o grifo é meu). Poderíamos passar sem essa. A frase guarda o nítido propósito do articulista em não ser politicamente incorreto. Ratinho e sua platéia merecem o respeito que se tem pelos pobres de espírito) o povo brasileiro é mais diverso e complexo. Se é verdade que a História não se define nas academias intelectuais, isso não significa que ela tenha passado a ser resolvida nos programas de auditório.
No script do socialismo real o proletariado foi substituído pelo partido, o partido pelo comitê central e o comitê central por um só homem. No script da social-democracia tropical Lula substituiu o proletariado, o partido, o comitê central e o próprio povo brasileiro ao dizer que não deixará um tucano voltar à Presidência. Se avaliar com tranquilidade o que disse, Lula vai perceber que sua frase não passa de uma bravata. Ora, Lula não vai analisar ” com tranquilidade “coisa alguma, e nem está está com vontade de fazer auto-crítica. O articulista partiu para ” o brasileiro cordial” (tipo cultivado por Fernando Henrique), e não deveria. A cordialidade está acabando conosco.
O que faz um homem tão popular e bem-sucedido bravatear no Programa do Ratinho é um mistério da mente humana que não tenho condições de decifrar. A única pista que me vem à cabeça está na sabedoria grega: os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir. Simplificando: a popularidade subiu-lhe à cabeça. A referência aos gregos é boa, e seria ótimo se Lula por qualquer motivo, loucura, ou o que seja, não se tornasse presidente em 2014.
DORA KRAMER: Encontro marcado
Cumprido o prometido, o Supremo Tribunal Federal marcou para breve (1.º de agosto próximo) o início do julgamento do processo do mensalão.
O decano Celso de Mello, encarregado de levar a proposta do cronograma ao colegiado, pondera que o cumprimento do prazo depende de o ministro revisor entregar seu voto ainda neste mês.
A julgar por suas palavras – “Vou fazer o voto revisor mais rápido da história e entregar antes do fim do semestre” – Ricardo Lewandowski não será empecilho.
Cessam, portanto, as pressões e as desconfianças sobre um atraso proposital para deixar o exame do caso para depois das eleições, a fim de que não se “misturassem” assuntos de política eleitoral com questões judiciais. Graças á pressão da imprensa. O tal do Lewandowski estava todo preparado para $$$umir com o parecer.
Fechado um ciclo, abre-se outro decorrente da inevitável discussão sobre os efeitos das sentenças finais sobre o desempenho do PT nas urnas municipais e o destino do partido.
São 38 acusados de participar de um esquema em que foram tipificados vários crimes na denúncia do Ministério Público, mas que pode ser resumido no uso de dinheiro de origem suspeita (pública ou privada) para o pagamento de parlamentares a serem cooptados ou já integrantes da base do governo Lula.
Em 2005 o escândalo abalou as estruturas do PT, derrubou a então direção e só não levou o presidente a desistir de disputar a reeleição por obra de uma negociação com a oposição que achou arriscado criar uma crise. O episódio é um horror. A oposição simplesmente traiu os seus eleitores.
Avaliou que Lula não se recuperaria politicamente e perdeu autoridade moral quando manteve Eduardo Azeredo na presidência do PSDB após a descoberta de que o operador do esquema, Marcos Valério de Souza, já atuara na eleição dele para o governo de Minas Gerais. Claro, todos têm o rabo preso. As exceções correm por conta dos que nunca estiveram em posição de acesso ao roubo.
Não obstante o brutal desgaste, Lula conseguiu se reeleger. Assim, assim, em segundo turno, concorrendo com um Geraldo Alckmin quase desconhecido no plano nacional e de atributos pessoais, digamos, mornos.
Reeleito, construiu a mais espetacular recuperação já vista, passando a ocupar posto de ponta no panteão dos intocáveis. Mas o fez ao custo de muita mistificação sustentada em situação de céu de brigadeiro na economia.
Agora se aproxima a data do encontro marcado com a verdade. O que ? “Encontro marcado com a verdade “ ? Ingenuidade. O Supremo estabelecerá culpas e inocências – não obstante possa também indicar apenas culpados ou só inocentes – e a partir das sentenças é que o País verá se Lula o enganou ou se tinha razão ao considerar-se e ao partido vítimas de uma “farsa”. Faltou dizer que o Supremo vai enrolar tudo, ninguém saberá dizer quem é culpado, quem é inocente, e mesmo que apareçam culpados nada vai acontecer com eles. A articulista continua escrevendo como se estivesse em um país civilizado; é assim todos os dias.
Em caso de vitória da acusação, estarão ambos em maus lençóis, embora talvez não em enrascada sem saída, dada a capacidade de articulação do PT, a consolidação de uma hegemonia que o partido soube construir em todos os setores e principalmente em face da ausência de contraditório de identificação popular equivalente. Puxa, que complicado, é preciso ler duas vezes. De qualquer forma as frases invalidam o que ela disse a respeito do “encontro com a verdade“. Se, contudo, prevalecer a tese da defesa ou se o Tribunal julgar insuficientes as provas materiais, circunstanciais e testemunhais existentes nos autos, o PT se fortalece e o País terá pela frente sabe-se lá mais quantos anos sem alternância no poder. Independentemente do que o Supremo decidir a hipótese mais provavel é o PT ficar 200 anos no poder. O povão nem sabe o que é Supremo. Vale quem gritar mais alto, quem for mais cínico, quem tiver mais tempo de propaganda na TV. Mesmo se o país entrasse em brutal recessão seria necessário existir uma oposição para tirar proveito do fato. E…
nota do blog: o artigo continua, mas deixando o plano federal e entrando na jequice das eleições em S.Paulo.
Planalto já se preocupa com endividamento dos militares que fazem marcha virtual por aumento ao Senado
Edição do Alerta Total – http://www.alertatotal.net Leia mais artigos no site Fique Alerta – www.fiquealerta.net Por Jorge Serrão
Os militares brasileiros encontraram uma forma legal de lutar por melhores salários: a pressão virtual – que costuma surtir efeitos positivos no mundo real. Sem o tradicional apoio da mídia, e há 11 anos sem revisão anual de proventos conforme manda a Lei 10.331, de 18 de dezembro de 2001, os integrantes das Forças Armadas colocaram na internet uma petição aos senadores. Resultado: a campanha já tem mais de 172 mil apoios, até a manhã desta segunda-feira. O objetivo é chegar a pelo menos 500 mil assinaturas.
A “marcha virtual!” dos militares, pacífica e legítima, já acendeu mais um sinal de alerta no Palácio do Planalto. O Ministério da Defesa já tem informes preocupantes sobre o elevado endividamento dos militares, na ativa e na reserva, o que é um fator psicológico de alto risco. Quem não está pendurado no cheque especial fica com restrições de dinheiro para pagar os empréstimos consignados. Uma crise militar é tudo que o governo não deseja nesta conjuntura de crise econômica internacional e de crises políticas internas – por causa das trapalhadas do Presidente Virtual Lula da Silva com o Mensalão e a CPI do Cachoeira.
Coincidindo e somando-se à insatisfação nas casernas, o governo agora é obrigado a lidar com problemas no banco que mais fornece crédito consignado aos militares: o Cruzeiro do Sul. Ontem, fracassou a operação para que a instituição fosse comprada pelo BGT Pactual. O banco da família Índio da Costa teria um rombo de R$ 1,5 bilhão em créditos fictícios no balanço, além de um patrimônio líquido negativo de R$ 400 milhões. O Fundo Garantidor de Crédito deve ser obrigado a assumir o controle do Cruzeiro do Sul.
A mobilização da opinião pública tem tudo para fortalecer os militares que travam uma longa batalha, por melhores salários e condições materiais de trabalho, contra os governos FHC, Lula e Dilma (que sempre apostaram no sucateamento e esvaziamento do papel das Forças Armadas brasileiras). Uma coisa é certa. Se Dilma sentir a pressão, vai mandar liberar algum reajuste para os militares.
Comentários (2)
Ótimos comentários aos artigos! A petição virtual é para o Senado realizar uma audiência pública: não vai dar em nada!
Olá, Marco. Obrigado pelo comentário