IRAN: Qousque tandem?

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Pois é, Bush terminou seu mandato sem bombardear as usinas nucleares do Iran, e agora Israel, e o mundo, ficaram por sua própria conta e risco. O ex-presidente apanhou tanto dos Democratas que perdeu o fôlego para mais esse passo crucial. Afinal, ele invadiu dois países, o que não é pouco. Mas, não deixa de ser um tanto decepcionante. Mesmo contra tudo e contra todos, ele não poderia ter saído do governo sem haver reduzido a pó as instalações iranianas. Ainda mais tendo consciência de que seu sucessor poderia ser um fanático liberal. Quando o Iran tiver a bomba alguém vai conseguir dormir em Israel? Dormir para não acordar mais. Que opção resta aos israelenses?

Foi preciso que viesse a público um escândalo, a descoberta de mais uma mentira iraniana -a usina em Qom – para que Obama se visse obrigado a ameaçar (ligeiramente) os delinquentes. E lembrem-se, era uma promessa de campanha que ele já havia abandonado. Na época Obama dizia que todas opções estavam sobre a mesa, não descartando a militar. Quando resolveu construir um sistema de defesa contra o Iran, admitiu tacitamente que esse país pudesse ter a bomba, e quebrou sua promessa. E a descoberta dessa nova usina não aconteceu ontem. Ela já era do conhecimento dos serviços de inteligência americana há muito tempo, o que torna a posição de Obama insustentável.  De que maneira ele espera obter concessões de Israel na questão dos assentamentos se permite um Iran com uma bomba que pode matar centenas de milhares de israelenses? O mínimo que pode fazer é dar o sinal verde para que Israel siga o seu destino.

O primeiro ministro Netanyahu foi para Moscou conversar com os russos. Uma viagem mais ou menos secreta. Não é que Medvedev e Putin estão pensando em vender um arsenal de foguetes terra-ar para o Iran ? Essa arma de defesa tornaria muito mais difícil uma intervenção israelense. Mas, pode ser que Netanyahu também esteja cumprindo um protocolo. Que tenha ido pedir aos russos que o ajudem . Claro que ele não acredita nisso, mas quer mostrar aos Estados Unidos, e à comunidade internacional que Israel está tentando por todos os meios evitar atacar as usinas iranianas Eu assisti, dois anos atrás, uma entrevista de Netanyahu.  Fiquei com a impressão profunda  de que se assumisse o poder ordenaria o ataque.  No entanto, um especialista militar disse que as usinas estão enterradas tão bem que Israel não teria as bombas corretas para alcança-las. Será verdade? Bush foi embora sem tratar disso? Nesse caso só mesmo um ataque de comandos, algo  cinematográfico, ou, então, os Estados Unidos poderiam ceder as bombas. Temos dias emocionantes pela frente.

Mesmo que a Russia deixe de vender gasolina para o Iran, ainda temos a China, que também precisa entrar no esquema. O fato é que as sanções não resolvem. Sempre haverá algum país para suprir as necessidades iranianas. E a médio prazo, o Iran nuclear vai ser um problema, tanto para russos, quanto para chineses. Os terroristas muçulmanos vão crescer,vão se entusiasmar, a Chechênia pode dar mais trabalho, o Japão vai se sentir ameaçado, vai querer a bomba também, e a China tem pavor dos japoneses. Em suma, a tensão mundial aumentará exponencialmente. O mais confortavel (a expressão é essa mesmo) é todos concordarem em que os Estados Unidos acabem com a festa iraniana.

Obama desistiu do plano do escudo de Bush na ânsia de agradar os russos. Trocou o escudo  por um pouco mais de boa vontade na questão das sanções. Mas os russos, que devem estar dando pulos de satisfação, não abriram mão de vetar na ONU- poucos dias depois- a pressão econômica sobre o Iran. Obama abandonou o Leste europeu  e recebeu em resposta uma pequena mudança de tom de Medvedev com os iranianos. E isso somente aconteceu após o escândalo, depois que o mundo ficou sabendo da usina de Qom. É muito pouco. E, dentro da  sua melhor tradição em negociações, eles pediram mais! Vejam só: Putin , que qualificou a decisão obamista de “correta e corajosa” (só isso já mostra que Obama errou) disse que agora falta APENAS Washington apoiar o fim das restrições comerciais à Rússia, com a sua entrada na Organização Mundial do Comércio.

Tudo isso lembra muito o episódio em Reikjavík, em 1986, quando, depois de receber uma proposta extraordinariamente favorável de Reagan para o desarmamento, os russos pediram mais alguma coisa. Mas, Reagan era Reagan, e simplesmente se levantou da cadeira sem dizer uma palavra e deixou a sala. Saiu, foi embora, e quebrou a URSS. Acabou com eles. Mais tarde, os russos, arrependidos, diriam que estavam preparados para tudo, menos para essa atitude surpreendente, de um verdadeiro estadista.

E a chanceler Angela Merkel também gostou da decisão de Obama:“Considero um sinal de esperança, que pode contribuir para superar as dificuldades com a Rússia.”Que tal começar a superação através da Rússia deixar de apoiar o Iran? Mas que bando de frouxos! Coitados da Polônia, República Checa e outros países da Nova Europa. Pensaram que finalmente estariam livres dos russos, amedrontariam a Rússia com essas armas poderosas em seus territórios, e vem esse vibrante galinha morta com seu teleprompter, e de uma penada faz voltar todo o medo dos que sabem o que é ficar sob as botas russas durante 45 anos! Que tal abandonar a Polônia exatamente no dia dos eventos oficiais que marcaram os 70 anos da invasão combinada Alemã-Russa? E chamavam Bush  de burro…. Também teria sido melhor a alemã Merkel ter ficado calada. Ela só é interessante quando usa aquele vestido decotado.

Os próximos passos devem ser: o Iran se acovardar, recomeçar a dança com os inspetores da OIEA, esperar os avestruzes enfiarem a cabeça na areia outra vez, e continuar a todo o vapor a construção da bomba. E quando vocês ouvirem um BUUUUUUUMMMMM!!! podem ter certeza de que foi o ataque israelense.

Polonia-sem-o-guarda-chuva-

23 setembro, 2009 às 17:21

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Categoria: Artigos

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