As liberdades civis, a diplomacia, e a questão iraniana

Pacto-de-Munich

Algum tempo atrás, seis homens da elite ligada ao ex-presidente Pervez Musharraf foram detidos durante 21 horas no aeroporto de Gatwick, em Londres, erroneamente identificados como terroristas. Imediatamente, um dos santos ligados aos “Direitos Humanos” foi convidado para ir à televisão nos ensinar, com a sua característica voz mansa e tom pausado, que “o medo irracional ao terrorismo está acabando com a liberdade civil em todo o mundo”.

Fatos similares ao de Gatwick têm acontecido com frequência. Eles não têm a menor importância no contexto da brutal ameaça da qual somos vítimas. Em virtude dessa vigilância extrema é que os terroristas não conseguiram matar nem um mosquito, nos Estados Unidos, em oito anos, desde o ataque ás torres. Os londrinos, com milhares de câmeras em suas ruas, não devem estar gostando nada de serem espionados, mas fazer o que? Sabem que é necessário, e que talvez leve décadas até que tudo volte a ser como antes.

Essas são as palavras de Churchill em 3 de setembro de 1939, dois dias após o início da 2ª. Guerra Mundial: “Mais uma vez, devemos lutar pela vida e pela honra contra todo o poderio e fúria da valente, disciplinada e cruel raça germânica. Mais uma vez! Que assim seja! ….Talvez possa parecer um paradoxo que uma guerra, conduzida em nome da liberdade e do direito, tenha de exigir, como parte necessária do processo, a desistência por algum tempo de muitos dos nossos direitos e liberdades de tanto valor. Nestes últimos dias, a Câmara dos Comuns votou dezenas de leis que passam para o Executivo o poder sobre as nossas mais valiosas liberdades tradicionais. Estamos seguros de que estas liberdades estarão em mãos que não irão delas abusar, que não irão usá-las para interesses de classe ou de partido, que irão cultivá-las e protegê-las e esperamos o dia, aguardando seguros e confiantes, em que as liberdades e os direitos nos serão restaurados e o dia em que seremos capazes de partilhá-los com os povos para os quais estas bênçãos são desconhecidas”.

Entrou em moda dizer “todos os caminhos diplomáticos precisam ser esgotados”, o que estaria perfeito, se nao houvesse o problema de que nunca é reconhecido o momento em que a diplomacia “se esgotou”. De fato, a frase, bem traduzida, quer dizer que em nenhuma hipótese pode-se iniciar uma guerra. Bem, seria ótimo que a realidade se adaptasse aos sonhos das pessoas, porque, infelizmente, em muitos casos a guerra é a única solução. Foi assim no Afeganistão, depois que o chefe taleban, mulá Omar, se recusou a entregar os líderes da Al Qaeda que haviam atacado Nova Yorque, e estavam confortavelmente instalados em seu país. Essa opção dada ao governo taleban caiu no esquecimento coletivo. Da mesma forma, ninguém mais se lembra do importantíssimo fato de que o governo americano deu um ultimatum de 48 horas para Saddam Hussein e seus filhos sairem do país, em troca da não invasão do Iraque. Não aceita-lo foi um extraordinário erro de cálculo do ditador, comparável ao da primeira guerra do Golfo, quando não acreditou que os Estados Unidos reagiriam á sua invasão no Kuwait, e desprezou o prazo recebido para retirar suas tropas.

Existe a possibilidade de uma nova intervenção militar americana no Oriente Médio. É mais do que certo que planos emergenciais para bombardeamento das usinas nucleares iranianas estejam no Pentágono há muito tempo. Bush e Obama durante a transição de governos devem ter se ocupado demoradamente do assunto. Quase duas décadas de diplomacia com o Iran não levaram a nada concreto, e o tempo usado para conversações está correndo a favor dos aitolás. Obama e o primeiro ministro israelense Binyamin Netanyahu encontraram-se por esses dias. Com Bibi a situação parece muito clara. Para ele Israel não pode conviver com um Iran de posse da bomba. Trata-se de um homem com posição política muito conhecida. Em outras palavras, vai atacar, com ou sem a permissão americana. Obama ainda acredita em conversações, ou finge acreditar, ou, para a ação militar, precisa do respaldo do “até que eu tentei o diálogo, mas eles não quiseram”. Por enquanto Hillary Clinton bate e ele assopra. Mas o momento da decisão está chegando. O preço político a pagar pela intervenção é muito alto, mas aqueles que acreditam que tudo pode ser solucionado pela via diplomática correm o risco de repetir o episódio de Munique. Foi credulidade negligente achar que concessões territoriais e reparações morais deteriam Hitler. Da mesma forma, tudo leva a crer que Ahmadinejad não vai desistir da bomba. Ele já foi longe demais. Pelo seu discurso não existe nada no planeta que possa ser trocado por um Iran nuclear. E um Iran nuclear pressupõe a bomba. Ela vai ser a resposta a todas as humilhações que os muçulmanos julgam estar sofrendo historicamente. As sanções econômicas continuarão sendo dribladas, todas as inspeções terminarão da mesma maneira, isto é, inconclusas, e o máximo que se pode fazer é adiar o glorioso dia em que o presidente, medieval e irracional, (ou seu sucessor), fará de seu país uma potência mundial através do poder da força. E os novos donos da bomba não terão necessariamente o comportamento dos russos, que durante 40 anos nunca pensaram com seriedade em usar armas nucleares contra a Europa e os Estados Unidos pois temiam a resposta que levaria à morte alguns milhões do seu próprio povo. Esses futuros membros do clube atômico não têm muito medo de morrer. Eles vão para o céu se encontrar com as virgens.

O cenário do Iran nuclear é o de um país governado pelo ódio ao ocidente, cujo presidente consegue ser ao mesmo tempo hilário e ameaçador. Os terroristas darão urros de alegria em todos os cantos do planeta, e é possível imaginar como serão as negociações com os sinistros aitolás. Para quem acha que hoje elas são difíceis, imagine depois de terem a bomba. O Iran nem precisará se comprometer em um ataque direto a Israel, já que é possível usar os grupos terroristas, aos quais dá apoio. O próximo passo seria conseguir foguetes ICBM, ou seja, os de longo alcance, capazes de atingir o Grande Satã. Em suma, teremos saudades da situação internacional que vivemos hoje.

Após o acordo de Munique, enquanto todos sorriam aliviados, Churchill, que durante muitos anos propusera enfrentar Hitler imediatamente, porque a cada dia a Alemanha se tornava mais forte, pronunciou as palavras proféticas : “ Pensam que conseguiram a paz com honra, mas terão a guerra com desonra” .

Quando se chega ao ponto do Papa pedir desculpas pelas Cruzadas, e os europeus se encolherem de medo porque Islã pode se enfurecer com alguma brincadeira de um cartunista, alguma coisa de muito errada está acontecendo com os líderes ocidentais.

Alguns dos famosos cartoons sobre o profeta Maomé, que abalaram a Eurábia (Europa), e que foram motivo de desculpas do apavorado governo dinamarquês.

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1 junho, 2009 às 02:21

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Categoria: Artigos

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