O perigo do terror atômico e comentário sobre “Fim da paciência com o Paquistão” ( Simon Tisdall – The Guardian)
comentário do blog: A curto e médio prazos a situação continua dramática para os Estados Unidos. Além do perigo de ataques menores, ou iguais aos de 11/9, existe a possibilidade da explosão de bombas atômicas ou bacteriológicas em solo americano. Ao invés de morrerem alguns milhares, as baixas seriam de centenas de milhares. Foi um milagre que logo após a queda da URSS essas bombas não tenham caído nas mãos dos terroristas, já que dinheiro não era ( e certamente ainda não é) nenhum problema para os que financiam o terror.
O Paquistão conseguiu a bomba roubando segredos europeus e americanos, pois é sabido que o Islã não consegue construir nem uma cadeira. Todo mundo senta no chão. Tudo começou enquanto o país ainda estava configurado como zona de influência da URSS, embora os testes nucleares tenham vindo após a queda dos soviéticos. Naquela época, década de 90, os Estados Unidos aceitaram mais um membro do clube nuclear por absoluta inação, ou seja, uma espécie de relax irresponsável após o desmantelamento da Guerra Fria. Também pesou o fato de que a Índia, pró – Ocidente, e inimiga do Paquistão, já era nuclear. Aceitou-se o que seria um “justo” equilíbrio na região, conceito impensavel nos dias de hoje .
Com respeito à Coréia do Norte, o problema surgiu por culpa dos chinêses, que hoje não sabem o que fazer com o seu aliado – mais bárbaro do que eles próprios. Quando lhe convier a China vai se encarregar de tornar a Coréia do Norte inofensiva. Enquanto os malucos forem de utilidade para a política externa chinesa eles vão sobreviver, mas é uma questão de tempo até que recebam um chega prá lá, acabou a festa, vamos fechar o hospício.
Quanto à Israel, a bomba seria construída mesmo que os Estados Unidos não permitissem. Nada impediria de ser exercida a genialidade dos cientistas judeus quando confrontada com o problema da destruição de seu país. O mesmo vale para o problema das usinas iranianas. Israel vai tentar acabar com elas, com ou sem o apoio americano.
Com a radicalização islâmica crescendo no Paquistão, paralelamente à diminuição da influência dos militares, está crescendo o perigo de que uma ou mais bombas sejam entregues para a Al Qaeda, ou outra organização jihadista. Essa não é uma hipótese considerada de pequeno risco pelos serviços de inteligência americanos. Muito pelo contrário. E se acontecer podem estar certos que os Estados Unidos vão fazer o que já deveria ter sido feito há muito tempo: atacar o mundo islâmico, com todo seu poderio, sem se incomodar com baixas civís. Mas, isso só depois do leite derramado. Digamos que seja necessário uma hecatombe para a completa revolta do povo americano e um cala-boca nos american liberals, que não teriam mais força para sabotarem as ações militares. E se for para explodir uma bomba atômica nos EUA, que seja em cima do NYTimes.
O artigo do The Guardian, trata apenas do teatro de guerra no Afeganistão, e nos leva a pensar no quanto era facil Obama se mostrar moderado, cheio dos planos de diálogos, o rei das soluções negociadas, e fazer um monte de promessas que não tem a menor condição de cumprir. Aos poucos a demonização de Bush vai se tornando mais dificil de sustentar, e a verdade encontra seu caminho. Veritas vincit. A guerra contra o terror é uma questão de vida ou morte para os Estados Unidos, e vale a pena lembrar o que disse essa figura esquecida, o brilhante Donald Rumsfeld: ” a vitória não é para o nosso tempo de vida”.
Um estranho na presidência da América
Tremendo é o drama de um presidente que visceralmente é contra seu próprio país, um homem que carrega um sentimento de culpa pelo que são os Estados Unidos. Obama está perdido entre a consciência de que precisa defender vidas americanas ao mesmo tempo em que não se sente a vontade para usar o poder militar que está em suas mãos. Quanto mais inseguro mais dificil explicar às mães americanas a morte de seus filhos. Ele próprio é o fator que alimenta a terrivel sensação de que o sacrifício é inútil.
ver o meu artigo: “O Maior Estrategista da História “
Aumento de ataques americanos ao país é um sinal da nova estratégia do governo Obama
07 de outubro de 2010
Simon Tisdall, The Guardian – O Estado de S.Paulo
A intensificação dos ataques americanos no Paquistão sugere que os EUA perderam a paciência com a incapacidade de Islamabad de impedir que militantes islâmicos usem áreas tribais paquistanesas para atacar a Otan no Afeganistão e treinar terroristas. Conforme aumenta o número de ataques de aeronaves não tripuladas, a mensagem que Washington passa é: “Se vocês não podem ou não querem resolver o problema, nós resolveremos.” Em resposta, o Paquistão fechou, na semana passada, a rota de suprimentos da Otan no Passo do Khyber e o ministro do interior, Rehman Malik, disse: “Veremos se somos aliados ou inimigos.”
A estratégia é arriscada. A fúria dos paquistaneses pode enfraquecer o presidente do país, Asif Zardari, alienar o aparato paquistanês de segurança e aumentar o recrutamento de jihadistas. Ela constrange a Otan, que não controla as operações americanas, e faz ressurgir a perspectiva de uma guerra regional no Afeganistão. Pressionado a manter o cronograma da retirada, Obama parece determinado a combater o inimigo, mesmo que isto signifique uma nova guerra em outro país.
No mês passado foram 22 ataques com aeronaves não tripuladas, quase o dobro do número mais alto registrado em um único mês. Semana passada, um bombardeio matou três soldados paquistaneses. Na segunda feira, oito supostos terroristas alemães foram mortos. Obama age sob uma ordem executiva de George W. Bush, assinada em julho de 2008, que sanciona operações secretas no Paquistão.
O número de ataques, em 2008, foi de 35. Em 2009, 55. Nos primeiros sete meses de 2010, 77. Para os EUA, as operações têm como alvo a organização terrorista Haqqani, que age no Waziristão Norte e é responsável pela violência no leste do Afeganistão. Seu líder, Jalaluddin Haqqani, tem boa relação com agência paquistanesa de inteligência, a ISI.
Os EUA dizem que a região também é base para operações da Al-Qaeda, como o complô contra alvos na Grã-Bretanha, França e Alemanha. A preocupação aumentou no início do ano, quando descobriu-se que o autor do atentado fracassado em Times Square foi treinado no Paquistão. Agências de espionagem dizem que jihadistas europeus treinam nas áreas tribais. Em carta a Zardari, em novembro, Obama alertou que agiria caso o Paquistão se recusasse a fazê-lo. Mas Islamabad se escondeu e a paciência americana se esgotou.
Segundo Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais, não faz sentido travar uma guerra no Afeganistão se isto proporciona ao inimigo um santuário no Paquistão e confere imunidade à Al-Qaeda no país. Se o Paquistão não cooperar, não pode ser considerado um aliado, mas um risco estratégico. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL