Crises – confidencial

 

Eu vou contar o que aconteceu:

Após o Supremo Tribunal Federal haver se desmoralizado no caso Renan Calheiros  (parece que os ministros queriam evitar uma grave crise institucional), os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica convidaram a Cármen Lúcia, o Celso de Melo, e várias lideranças políticas para uma conversa.  Todos se apressaram em aceitar o convite.  Naquela noite, os militares fizeram a sua abordagem da maneira que já se tornou um clássico: “Os quartéis estão inquietos, reina uma profunda insatisfação entre a oficialidade jovem .”  E continuando: “Tem-se como inaceitável que uma figura notoriamente desonesta, um réu por peculato, seja presidente do Senado Federal”. Muito bom. “Também existe um grande receio de que os mecanismos que estão levando corruptos às barras dos tribunais sejam extintos por leis que estão em exame no Congresso, e blá, blá, blá…..” . “ Achamos do nosso dever comunicar aos Senhores ( Vossas Excelências) estas nossas preocupações”.  Puxa! Não é preciso mais nada!  Os convidados, boquiabertos, entendem rapidinho que a crise do Renan é brincadeira se comparada com esta outra, a dos milicos putos da vida. “Sim, sim, não podemos conviver com esta situação, estamos de acordo; estejam certos  os senhores (Vossas Excelências) que tomaremos as providências necessárias para garantir a paz e a tranquilidade  que todos desejamos. Estamos juntos neste objetivo, e só temos a agradecer a patriótica preocupação dos senhores (Vossas Excelências).

 

No outro dia, pela manhã, Renan foi barrado pelos seguranças no saguão de entrada do Senado. Perplexo e irritado pensou tratar-se de novatos que desconheciam quem era ele. “ Eu sou o presidente do Senado!”  Foi então que recebeu a resposta de que  ” nunca o haviam visto mais gordo”, e “cai fora seu maluco”. Atônito, insistiu em chamar alguns senadores que naquele momento passavam por ele, mas seus gritos foram ignorados.  Acontece que os truculentos rapazes não gostaram da sua insistência em ser quem não era e perderam a paciência. Foi agarrado pela gola do paletó: “agora, olhando melhor, até que você é muito parecido com um elemento que está sendo procurado pela polícia”, e, ato contínuo, disseram que “se não desguiasse imediatamente iam lhe dar uns pescoções e chamar a Justa”. Foi assim. Renan sumiu, não se tem mais nenhuma notícia de seu destino. Quanto ao projeto que limitava os poderes dos procuradores e acabava com a Lava-Jato, este foi declarado inconstitucional pela Mesa do Senado, e jogado no lixo. Assim, graças ao alto espírito patriótico de militares, congressistas, e do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, foi evitada uma crise institucional de consequências imprevisíveis.

11 dezembro, 2016 às 12:15

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Categoria: Artigos

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