Dilma tem razão: “a corrupção no Brasil é uma senhora bastante idosa”; Outra desconcertante entrevista de Fernando Henrique; As bases científicas da educação ( professor Simon Schwartzman); considerações sobre a II Guerra Mundial

 

 

 

 

Dilma tem toda razão quando diz :  corrupção no Brasil é uma senhora bastante idosa“, ao contrário de FH, que a contesta afirmando que  é uma mocinha de muitos poucos anos, quase um bebê.”   Como ele pode dizer semelhante bobagem e nenhum articulista chamar a atenção para o fato ? Sempre houve escândalos no Brasil, roubalheiras uma atrás da outra, inclusive no seu governo. Todos os brasileiros sabem disso. A diferença é que com o PT perdeu-se de maneira radical o medo da punição, já que a roubalheira é praticada não só para enriquecer o ladrão, mas também situa-se no plano ideológico, o que funciona como um escudo hipócrita que incentiva o roubo. O PT precisa de dinheiro para permanecer governando o país e levá-lo a algum tipo de socialismo.  Dessa maneira o ladrão sempre soube que atrás dele estava o presidente da república e toda uma máquina governamental para protege-lo. Gente que sempre teve desprezo pelas idiotices anacrônicas petistas soube aproveitar maravilhosamente a oportunidade. Tudo caminhava admiravelmente bem, esperava-se (espera-se ?) inclusive um Supremo Tribunal Federal completamente petista. Se em outros governos o medo da punição já era pequeno, com polícia e judiciário facilmente subornáveis, com o PT o roubo transformou-se numa festa. Precauções mínimas foram deixadas de lado. Valia tudo.  As notícias passaram a ser atordoantes: até hoje, até o momento em que escrevo, muitos ladrões ainda não tomaram providências óbvias para evitarem provas contra eles. Em suas casas ainda é possível encontrar dinheiro escondido, documentos, computadores não destruídos. Pelas fotos e vídeos é facílimo perceber que não estão intimidados. Acreditam, com toda razão, que no fim tudo vai dar certo – afinal a regra é o roubo compensar. As exceções são mínimas. Pelo que somos informados a respeito das punições aos delatores ( e mesmo não delatores), e também com a certeza das centenas e centenas de milhões de dólares e euros depositados no exterior que JAMAIS voltarão aos cofres públicos eles sabem que suas vidas serão muito melhores do que a daqueles que ganham sozinhos na megasena, o sonho máximo do brasileiro. E ainda tem certeza ( eu também) que quando a poeira assentar, o que é inevitável,  ainda poderão subornar muita gente e melhorar situações adversas. 

O que cada um roubou é espantoso, e pode, inclusive, ser comparado ao que países desenvolvidos usam para programas de governo. Dei um exemplo no blog quando Obama pediu 8 bilhões de dólares para combater o ISIS, o califado islâmico. Ora, vendo a Petrobrás, a Caixa Econômica, o fantástico BNDES, as Fundações e todas as estatais, os números somados das roubalheiras passadas, presentes e futuras,  excedem dezenas de vezes o que o governo americano precisa para uma guerra ! É mixaria perto do roubo no Brasil.

 

Corrupção na Petrobras é ‘uma mocinha de muito poucos anos, quase um bebê’, diz FH

Ex-presidente ressaltou que o escândalo que acontece na estatal não ‘é uma senhora idosa’, como disse a presidente Dilma

por O Globo

/ Atualizado

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebate Dilma e diz que caso de corrupção na Petrobras não é uma ‘velha senhora’

Embora FH esteja sendo entrevistado, ou seja, este não é um texto redigido, assim mesmo não se pode aceitar que não consiga unir as frases de uma maneira razoável. Ele não consegue explicitar sua argumentação de forma a ser entendido da maneira que se espera de um famosíssimo “intelectual”, “o maior sociólogo brasileiro”, e outras baboseiras. Sarney, por exemplo – mesmo sendo rococó – ou até Collor, falam bem melhor do que ele.

Nota: para que se consiga entender melhor o fernandohenriquez  coloquei algumas palavra em azul e entre parênteses.

SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na noite desta quinta-feira, em entrevista ao programa “Diálogos”, da Globonews, que o atual escândalo de corrupção na Petrobras ‘é uma mocinha de muito poucos anos, quase um bebê’. Na segunda-feira, em entrevista coletiva, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que a corrupção no Brasil ‘é uma senhora bastante idosa’, ao rebater as acusações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que o mal está no Executivo, e não no Legislativo.

O ex-presidente afirmou que a organização criada na estatal é algo novo, dos governos petistas.

— Ouvi a presidente dizer que a corrupção ‘é uma senhora idosa’. Mas o que é isso? É a conduta errada de pessoas. alguém entendeu a frase?- o que tem a ver com as anteriores ? Nós não estamos discutindo no Brasil que A, B ou C fizeram alguma corrupção. Nós estamos dizendo que  (existe) uma organização que junto com funcionários nomeados pelo governo, da Petrobras , (com) sustentação por parte de (do) governo, por parte de partidos, com ligação com empresas para formar um caixa para ser usado na política, isso é fato novo, digamos. Tem algo disso no mensalão — disse FH.

Getúlio (Vargas) nunca organizou um sistema para se manter no poder às custas dos cofres públicos, que é o que está acontecendo hoje. Você acha que esse sistema pode ser organizado sem os partidosAgora FH já está se referindo ao sistema montado pelo PT. Você acha que os governos não percebem? Os governos não percebem o que  ? Só pode estar se referindo ao uso  do sistema do tipo montado pelo PT. Então , na opinião de FH, outros governos usaram “o sistema”, é claro. Ele deveria ter dito “Um governo não percebe? ”  É sutil, os amigos precisam prestar atenção.Eu não estou acusando, porque eu não tenho nenhuma prova, para que isto, a esta altura dos acontecimentos ? por que esse ” eu não tenho prova “? Que mais provas quer o FH diante de tudo que está escancarado diante de nós? É claro que não compareceria num tribunal acusando frontalmente Lula e Dilma, porque isso não faz o seu gênero, além de as provas serem complexas, provavelmente discutíveis no texto da lei. Mas, hoje, ótimos juristas admitem abertamente a responsabilidade da Dilma em virtude de haver sido presidente do Conselho da Petrobrás. Mas, o que me interessa é que FH está se contradizendo com o início da entrevista,Nós não estamos discutindo no Brasil que A, B ou C fizeram alguma corrupção. Nós estamos dizendo que (existe) uma organização que junto com funcionários nomeados pelo governo, da Petrobras , com sustentação por parte de (do) governo, por parte de partidos, com ligação com empresas para formar um caixa para ser usado na política, isso é  (um) fato novo, digamos. Tem algo disso no mensalão — disse FH……..Você acha que esse sistema pode ser organizado sem os partidosVocê acha que os governos não percebem?. Bem, com essa última frase FH remete uma pergunta a si próprio quando diz que : Eu não estou acusando, porque eu não tenho nenhuma prova. Ele, de fato, acabou de acusar a Dilma  com o seu  “Você acha que os governos não percebem? ” E ainda chamou a atenção para a ingenuidade dos que acreditam que o governo não sabia.

O tucano disse que a atual crise do governo é econômica, de condução política, social e moral.

— Essa (crise) de hoje é um conglomerado de crises.

Segundo ele, o grande problema do governo Dilma é de credibilidade.

 

Não é questão de popularidade, é de credibilidade. No meu governo, eu perdi a popularidade mas não a credibilidade. Fui até o fim com maioria no Congresso, apoio dos setores de investimento e recuperei. recuperou o que ?   Deveria ser eu me recuperei.

Segundo FH, o Brasil vive um momento de cooptação política, e não de coalizão. Defendendo a reforma política, o tucano acrescentou que hoje o país tem poucos partidos de fato no Congresso.

— Nós não vivemos mais no regime de coalizão, e sim o de cooptação. Na coalizão, você junta dois ou três partidos que são diferentes, mas tem um programa, uma sustentação, legitimação. A partir de certo momento, isso foi desaparecendo. Começou com a crise no mensalão. Em vez do presidente Lula fazer aliança com o PMDB, fez aliança dispersa que não deu muito certo. Agora, o que está acontecendo no Congresso? Vinte e poucos partidos no Congresso, 30 no Brasil, 39 ministérios. É receita pro fracasso. E não são partidos. Alguns são, poucos, dois, três, quatro. O resto são aglomerados de pessoas que se juntam para ter um pedaço do orçamento.

 

E, como é que FH consegue esquecer, ou fingir que são se lembra, do episódio Paulo Francis, quando este acusou, durante seu governo, a diretoria da Petrobrás de ser um antro de ladrões ?  O episódio foi relatado no blog. Joel Rennó, na época o presidente da Petro processou o jornalista em 100 milhões de dólares. Resumindo: Paulo Francis ficou desesperado. Pediu ajuda ao Serra, que era ministro da Saúde. Este falou com FH pedindo que mandasse Renó suspender o processo. FH deixou correr solto. Paulo Francis sofreu um enfarto e morreu.  Existe um vídeo sobre todo o episódio. Dá vontade de vomitar quando aparece FH se explicando. É uma cena perfeita: alguém atrás da câmera pergunta se FH havia atendido ao pedido de ORDENAR a Rennó  que deixasse Paulo Francis em paz. Temos um momento de silêncio, muitos segundos com a câmera focalizada na figura que vai ficando cada vez mais dramática e patética. Por fim, com todos nós hipnotizados esperando o que vai acontecer, e o diretor insistindo em não encerrar a entrevista, silêncio absoluto, ele abre a boca e pergunta hesitante, medroso: ” Ele suspendeu o processo ?”  Não há resposta e acaba o vídeo. Sensacional. Um pusilânime perfeito, ou um mentiroso, ou sei lá o que. Não sabe se o Rennó suspendeu o processo ?!!!!!!  O BRASIL POLÍTICO INTEIRINHO SABE QUE NÃO !!!   Sua pergunta está além da imaginação. FH é um dos personagens centrais de toda a história. Dele dependia um final feliz.  O presidente da república com uma simples ordem para um dos seus subordinados estaria tirando de um pesadelo o jornalista mais famoso do Brasil. Chego a acreditar que sua pergunta espantosa é sincera, real. O sujeito governou o Brasil sem nenhum amor, sem nenhuma convicção,  como se estivesse à distância, aplicando seus vastos conhecimentos numa consultoria para um país perdido em seus problemas. Na sua vaidade doentia, no seu egocentrismo, é bem possível que não se recorde do que tenha feito no famosíssimo episódio. Será ???

Existe um fato que de maneira alguma pode ficar de fora: FH também estava sendo criticado por Paulo Francis de maneira áspera, bem ao seu estilo. É possível que, mesquinho, Fernando Henrique tenha gostado, e muito, de ver o jornalista estrebuchando e se humilhando no pedido que fez ao Serra.  E assim, deixou rolar. Nesse caso a interpretação acima, de que poderia estar sendo sincero na pergunta do vídeo, dá lugar a que se pense que simplesmente mentiu, fingiu que não sabia a resposta. Tudo foi muito grave para tamanha amnésia.

.“O ex-presidente da Petrobrás Joel Rennó e outros 13 ex-dirigentes da estatal foram condenados a devolver aos cofres públicos US$ 47 milhões e 200 mil. Eles foram condenados por improbidade administrativa” (publicação  Alerta Total, de 12 de outubro de 2005) – nota do blog: não respondo pelo Alerta Total

 

 

 

-.-.-..-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

 

 

DEU NO JORNAL: 

“Uma mulher fez um voo internacional virar um pesadelo, quebrando todas as regras básicas para uma boa viagem. Em um voo de Nicarágua para Miami, neste domingo (15/03), ela decidiu testar a regra da American Airlines de não fumar dentro do avião.

A professora de sociologia Karen Bettez Halnan, de 52 anos, acendeu um cigarro na frente de todos passageiros, que ficaram indignados durante o voo. Quando a comissária de bordo se aproximou, Karen tentou falar que o cigarro era de outra pessoa e começou a gritar que os EUA tinham declarado guerra à Venezuela.”

Um comportamento que seria difícil de ver-se numa engenheira, ou física, ou matemática, ou numa química, ou uma militar. Ah, as Ciências Humanas…

 

 

As bases científicas da educação  ( professor Simon Schwartzman)

Posted: 17 Mar 2015 02:03 PM PDT

cpeTodos concordam que a educação é importante, e todo mundo – professoras, secretários de educação, pais de alunos, diretores de escola, e os próprios estudantes – tem fortes convicções a respeito de como as pessoas devem ser educadas, e o que devem aprender. O problema é que as opiniões não coincidem, e o que é o melhor para um é o pior para outros…. Como resolver isto?  Existe uma ciência da educação que, como a medicina, pode nos dar a receita certa de como proceder?

Ainda estamos longe disto – a própria medicina nem sempre tem a receita certa – e muitas das questões de educação têm a ver com preferências e valores que não podem ser dirimidas de forma científica.   Mas existem muitas pesquisas em todo o mundo que convergem para o que tem sido denominado “evidence-based education”, uma educação baseada em evidências científicas que podem ajudar a ir além das opiniões e experiências particulares de cada um, sobre as quais se sabe muito pouco no Brasil. São pesquisas feitas por educadores, psicólogos, sociólogos, economistas e cientistas naturais que trabalham com observação sistemática, experimentos  e estudos estatísticos, comparando experiências e resultados e que pouco a pouco vão abrindo caminho para um conhecimento mais aprofundado do tema.

É  nesta linha que foi criada, no final de 2014, a Rede Nacional de Ciência para Educação, formada principalmente por pesquisadores na área de ciências neorológicas, cuja carta de fundação diz que, “na hipótese utópica de que todos os problemas materiais estivessem resolvidos no sistema educacional, ainda assim teríamos muito a inovar se conhecêssemos, com os critérios das diferentes disciplinas da Ciência, como as pessoas aprendem, como se comunicam na relação professor-aluno, quais facilitadores naturais existem para a memória, como corrigir as deficiências de aprendizagem de algumas crianças, como proporcionar maior rendimento intelectual aos idosos, que benefícios esses conhecimentos proporcionariam à construção dos currículos e à reforma dos métodos pedagógicos, e muitas outras questões”.

Por iniciativa da Rede, está sendo programado, para Julho deste ano, um Simpósio Internacional Sobre Ciência da Educação, como parte do 9o. Congresso da International Brain Research Organization, cuja programação  preliminar está disponível aqui. Vale a pena conferir.

 

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-


Lembro ao caríssimo amigo que a II Guerra Mundial transformou-se num extraordinário caça-niqueis para escritores, repórteres e amadores. Não se passa um mês sem um novo livro. Não sei se existe algum sobre Blondi, a cadela pastora-alemã que acompanhou Hitler no bunker, e na qual ele testou o cianeto que tomaria algumas horas depois.

Acho temerária a tese levantada no livro que vc. citou. Ela contraria tudo o que já lemos a respeito de uma história que já foi exaustivamente examinada por muitas dezenas de autores das mais diferentes tendências. Pelo que vc conta, o relacionamento russo-alemão teria começado antes de Hitler. Ora, nesse período, os dois países eram extremamente fracos. A Rússia procurava sobreviver tendo contra si a má vontade de todo o planeta, e a Alemanha mal conseguia se manter em pé. Impossível acreditar que os alemães, extremamente vigiados, pudessem levar a cabo uma operação desta envergadura, citada abaixo:

“Os bolcheviques propiciaram aos alemães os meios para escapulir das sanções do tratado de Versailles oferecendo territórios e materiais para instalação de bases para pesquisa militar  Os alemães puseram à disposição dos bolcheviques tecnologia de ponta de empresas alemães como a Zeiss, Telefunken, Krupp etc. Tanques, aviões, submarinos, armas leves foram desenvolvidas em conjunto” Isto é extraordinário, para dizer o mínimo. Para mim é a mais pura teoria da conspiração. Os arquivos soviéticos a respeito dessa guerra já foram abertos à exaustão, até mesmo aqueles mostrando assassinatos ordenados por generais russos. Admitindo que tenha sobrado alguma coisa desse período, ainda assim é impossível acreditar no livro.

Alguns sinais como o acordo Ribbentrop-Molotov, a divisão da Polônia entre os dois estados totalitários, o espanto de Stálin que demorou dias para acreditar no ataque de Hitler à URSS indicam a existência de uma aliança entre nazistas e comunistas”.  Os três argumentos são muito fracos. O pacto entre nazistas e comunistas servia aos propósitos dos dois ditadores de uma maneira clara. Nenhum deles se iludia quanto ao que aconteceria no futuro.  Hitler evitava a guerra em duas frentes e Stalin procurava tempo para se armar. Fatos contundentes encheriam este e-mail. Stalin somente aceitou o pacto depois de estar convencido que os ocidentais desconfiavam tanto dele que jamais conseguiriam assinar um acordo para deter o inimigo comum. Sabe-se das intermináveis conversações entre ingleses, franceses e russos. Cansado, ofendido, e vendo o tempo correr (com toda a razão, segundo Churchill) , ele optou por aceitar o oferecimento nazista. A divisão da Polônia foi uma concessão de Hitler seguindo o mesmo plano inicial. Concordou em que Stalin tivesse suas fronteiras “protegidas” de um assalto alemão. Muito natural, não existe nada de misterioso nisto. Por último, o “espanto de Stalin” é interessantíssimo como reação humana vindo de um super-lider, mas também já foi mais do que estudado.

“… a construção do exército vermelho com a tecnologia que lhe permitiu a conquista da Europa Oriental”. Nossa. O exército vermelho era tão pobre que teve a enorme ajuda de mantimentos e muita coisa mais que lhe era enviado pelos americanos e inglêses no início do início da invasão da Rússia. Isto sim, esta ajuda, é motivo de discussão séria, mas o despreparo russo, inclusive pela morte de grande parte de seu oficialato não está em questão. O posterior expurgo que Stalin fez, pós- invasão, foi inteligente, mas não o primeiro.

Hitler achava que os eslavos eram inferiores, que deveriam ser escravos dos alemães, mas não invadiu a Rússia por isso e nem pelo “poder total”. Sua invasão teve os motivos: 1) conseguir o “espaço vital”  2) odiava e temia o comunismo. Sabia que a coexistência entre os dois regimes era impossível. Temia ser atacado por Stalin,mais cedo, ou mais tarde. Ao mesmo tempo considerava necessário erradicar o comunismo da face da terra, uma fobia no mesmo nível do anti-semitismo . Quando, na sua juventude, percebeu que grandes intelectuais judeus eram comunistas (Trostky), a questão do extermínio dos dois tornou-se clara para ele.

Impossível saber se os generais alemães foram contra a operação Barbarosa. Os depoimentos e mémoiries, são conflitantes. O que se tem certeza é que:  1) o tamanho do território russo foi subestimado como problema logístico, 2) as informações sobre o número de divisões russas estavam erradas; e 3) a extensão da frente foi excessiva – mais de 2 mil km.   Depois, durante a guerra propriamente dita, vieram os inúmeros erros de Hitler – também muito fácil o julgamento a posteriori

As democracias viveram um momento de inegável fraqueza na Europa do pós-guerra. Eram confusas, inertes, incapaz de resolver problemas essenciais em seus países, o que tornou fácil o terreno para o surgimento dos regimes totalitários. Hoje é fácil criticar os que aplaudiam o autoritarismo, mas Hitler e Mussolini eram extremamente populares em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. Sei que não contando nenhuma novidade, aliás não existem novidades, apenas tento apresentar meu argumento. No entanto, a crueldade do movimento bolchevique excluiu Stalin e camaradas dessa admiração. Isto é importante. Somente entre os intelectuais o comunismo teve seus adeptos.

Assim, Hitler, desprezava as democracias e durante seu governo teve a ilusão, muito natural, de que estava correto. A Alemanha ressurgiu das cinzas, seu desenvolvimento em todos os aspectos foi extraordinário, e durante muitos anos ele foi o governante mais popular do globo – fato que hoje é mantido em segredo. Ele respeitava e admirava os ingleses e seu império, o que também não é de bom tom dizer-se.

Não sei se tentaria de alguma forma dominar o mundo, se vencesse a Rússia. Sem dúvida teria a bomba atômica antes de qualquer país, mas é impossível dizer se iria além da Europa, colônias na África e Oriente Médio. Hitler não era louco, embora seja essa a imagem que nos é transmitida. A ideologia nazista, ao contrário da comunista, não pregava a necessidade de se espalhar pelo planeta. Não queria libertar os povos da opressão etc. e tal.  É claro que imaginava que com a conquista do espaço vital os alemães por serem os mais cultos, os mais inteligentes, os mais saudáveis fisicamente, em suma, por serem uma “raça superior”, herdariam a terra. Isto não implica na presença da Alemanha em todo o globo, o que seria ridículo com suas poucas dezenas de milhões de habitantes. Por falar na mediocridade e loucura de Hitler, outro dia foi publicado uma sinopse ( Globo ? Estadão ?) a respeito de livro que trata de Heidegger e sua suposta simpatia pelo nazismo.

 

21 março, 2015 às 08:00

Tags:

Categoria: Artigos

Comentários (2)

 

  1. Um patriota disse:

    Prezado Mafra

    Lamento discordar, mas existem evidências sim de que os militares alemães de Weimar usaram a URSS para driblar Versailles (a Blitzkrieg foi treinada primeiramente na URSS com “tanques” de madeira).

    Ambos os países eram considerados párias na comunidade internacional, ambos tinham limitações que o outro podia atender e havia uma relação relativamente próxima entre os bolcheviques e o oficialato alemão (devido ao fato de que foi o império alemão que reintroduziu na Russia czarista o vírus revolucionário: Lenin e Trotsky por exemplo. Não foi à toa que coube a Trotsky acertar os detalhes do tratado de Brest Litovsk). Hitler ampliou a cooperação com a URSS (que já vinha desde Weimar), chegando inclusive a mandar elementos da SS à URSS para estudar os Gulags para posterior implantação dos campos de trabalho forçado (Dachau nasceu dos Gulag’s soviéticos).

    Além disso, o pacto de não agressão não envolvia apenas a Polônia, mas também os países do báltico e a Finlândia, na qual Hitler reconheceu a influência soviética (todos foram invadidos, mas apenas a Finlândia conseguiu repelir o Exército Vermelho).

    O Exército soviético era atrasado em relação aos exércitos ocidentais, mas tal atraso não era gigantesco. Além disso, o exército vermelho era enorme e fortemente baseado num poder industrial massivo e predominantemente escravo (Gulags…).

    O grande sucesso inicial de Hitler deveu-se mais ao expurgo do oficialato em 1938/39 por Stálin (que os substituiu por oficiais do partido, grandemente medíocres) do que ao relativo atraso tecnológico soviético.

    Interessante notar que o expurgo citado não abarcou a parcela do Exército Vermelho na Sibéria (Zukov e alguns outros generais escaparam incólumes – possivelmente devido ao maior medo de Stálin dos Japoneses ou talvez pela impossibilidade de um golpe militar vindo da distante Sibéria), sendo que esta parcela aplicou um castigo acachapante aos japoneses na breve guerra russo-japonesa que antecedeu a II Guerra.

    Aliás, foi este exército siberiano de Zukov que impediu os alemães de tomar Moscou em 1941: foi uma das façanhas mais incríveis da guerra, a rápida locomoção desta força através da imensa Russia para defender uma Moscou em vias de ser sitiada.

    Hitler não desejava dominar o mundo (seja porque não o desejava, seja porque tinha consciência da impossibilidade de fazê-lo). Ele desejava tão somente restaurar o domínio alemão sobre o leste europeu, domínio este ganho com a derrota russa na I GM e perdido logo depois por Versailles.

    Certamente os europeus do leste prefeririam ser livres, mas entre nazistas e comunistas, certamente prefeririam os primeiros, uma vez que eram bem menos cruéis eram que os segundos… Triste realidade!

    Por fim, é óbvio que ambos os ditadores viam no pacto de não agressão apenas um meio de ganhar tempo para o embate que ambos julgavam inevitável . Stálin desejava chegar ao Tejo (as hordas vermelhas só não o fizeram logo após a I GM devido a um herói europeu esquecido, o polaco Pilsudski) e Hitler desejava o “espaço vital” no leste europeu – colônias continentais a serem tomadas aos eslavos e russos, a mesma área conquistada pelo Exército Imperial Alemão na I GM.

    O embate entre eles era certo e ambos se preparam extensivamente (apesar do expurgo, é fato que Stálin preparou-se bem mais que os alemães – vide a gravação finlandesa da conversa de Hitler com Mannerheim). A preparação soviética foi imensa e deixou no chão até as mais pessimistas estimativas do serviço secreto alemão. Consta que em setembro de 1939 os russos produziam 22 blindados por dia!

    A bomba atômica alemã é em grande parte uma incógnita, mas é certo que se eles a tivessem antes dos demais, não demoraria muito para que os seus inimigos também a tivessem logo. Além disso, os alemães jamais conseguiriam construir mais do que algumas poucas bombas, o que seria insuficiente para vencer a guerra militarmente considerando-se que os EUA estavam virtualmente fora do seu alcance.

    Agora, tens toda a razão quanto ao número de autores qye cada vez mais se dedicam ao tema: a II GM ainda vende bem!

  2. claudiomafra disse:

    Caríssimo,

    Discordamos em alguns pontos ( o início de seu belo comentário) e nos entendemos perfeitamente do meio para o fim. Agradeço sua consideração e espero que ainda acompanhe o blog, que devagar vai se apagando. Não tenho mais o que dizer e não quero participar da histeria antipetista que virou um negócio rentável. um abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

* Copy This Password *

* Type Or Paste Password Here *