El Baradei ataca novamente
O egípcio Mohamed El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), voltou aos palcos, desta vez insinuando que sem um desarmamento das grandes potências não há como desarmar a Coréia do Norte, Irã e quem mais vier pela frente. Baradei, através de um raciocínio tortuoso, diz que o mecanismo funciona assim: esses países conseguem a bomba e, após isso, desarmam a bomba comprando através disso "um seguro contra ataques". Então, parece que procuram o poder nuclear para se defenderem, não para atacarem. De fato, continuariam armados. Difícil acreditar que esse homem esteja à frente da AIEA. Baradei nunca chegou a nenhuma conclusão sobre se um país está infringindo as normas da ONU, ou não. Certa vez, disse que não tinha informação suficiente para confirmar o caráter pacífico do programa do Irã e, ao mesmo tempo, apressou-se em declarar que ainda era cedo para descartar a cooperação iraniana. Poucos dias depois desse exercício de retórica, Gholamreza Aghazadeh, Diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica, rejeitou novo pedido de inspeção da AIEA e, junto com uma boa dose de desaforos, aproveitou a ocasião para jogar na lata de lixo o protocolo assinado em 2003 pelo Irã, que autorizava a agência a realizar inspeções inesperadas nas instalações nucleares do país.
Depois de tantos anos dessa novela, a paciência de El Baradei seria espantosa se não fosse suspeita. Parece que os beneficiários do impasse são o Irã, que faz o que quer, e o próprio Baradei, que consegue ficar “ad eternum” nas manchetes da imprensa mundial. Sob sua direção, a AIEA está se especializando em tomar decisões políticas, ao invés de técnicas. Isso explica porque ele ganhou o prêmio Nobel da Paz de 2005. Os velhinhos de Estocolmo que escolhem o vencedor do ano não o reconheceram na qualidade do mais alto especialista em questões nucleares, mas a imagem que para eles justificou o prêmio é aquela em que Baradei estaria conseguindo impedir o belicismo americano em contínuas manobras “a favor da paz”. Cansada das preferências políticas do técnico-negociador, a ex-secretária Condoleezza Rice foi seca e dura ao dizer que “o trabalho da AIEA não é fazer diplomacia”, e que Baradei “trabalha sob a autoridade da ONU, e sua função é conduzir inspeção e relatar atividades”. Israel, o principal alvo militar do Irã, pediu a sua destituição e o acusou de “afundar a cabeça na areia, papel que os iranianos desejam que desempenhe”. A opinião do presidente Mahumd Ahmadinejad é diferente : “Baradei respeita a realidade e não se submeteu à pressão exercida por algumas potências”.
Exercitando seu poderoso ego, Baradei, dois anos atrás, abandonou uma reunião do Conselho dos Governadores da AIEA por considerar que há falta de apoio da União Européia às suas propostas. Para irritação da França, Inglaterra, e Alemanha, as propostas do super Baradei se resumem ao clichê de que a diplomacia é a melhor forma de resolver a questão, enquanto se recusa a admitir o que a comunidade internacional já sabe, até por declarações do próprio Ahmadinejad, ou seja, que é impossível o consentimento do Irã para uma total inspeção nas suas usinas nucleares, desenvolvidas em segredo durante 20 anos. Porque Baradei colocou-se além das suas atribuições, a AIEA é incapaz de apresentar um relatório conclusivo, o que ajuda o Conselho de Segurança da ONU a manter-se inoperante. Dias atrás, Baradei reafirmou sua confiança no "diálogo". Como ninguém é contra o diálogo, principalmente em tempos de Obama, mas apenas contra não se saber os limites do diálogo, estabelece-se a confusão que beneficia Baradei e o mantem firme e forte no seu cargo.
Comentários (1)
[…] O Iran é o país-chave no combate ao terrorismo. Ver, clicando em cima do título os meus artigos: El Baradei ataca novamente; Até que enfim! ; Quando as usinas atômicas iranianas serão […]