Eles não descobriram as armas de destruição em massa ?
(na escultura ela aparece sem as mãos) |
Uma pergunta precisa ser feita: O presidente Obama recebeu um Iraque melhor, ou pior, do que o deixado por Clinton para o presidente Bush? Eu acho que foi ótimo para ele não ter Saddam Hussein no poder. Com toda certeza estaria enfrentando um santuário de terroristas, uma sólida base da Al Qaeda, além do imenso problema que seria o próprio Saddam. Obama deveria mais é agradecer a Bush, que aguentou muitos anos de calúnia por causa da guerra.
Quando houve a invasão, a maior parte da comunidade internacional acreditava (e continua acreditando) que não existiam laços entre o ditador e Bin-Laden. Bem, as agências de inteligência americanas disseram o contrário. O escritor Lawrence Wright, liberal, vencedor do prêmio Pulitzer de 2006, colunista do New Yorker, conseguiu algumas dessas informações: “Em 1992, Hassan al-Turabi promoveu um encontro entre o serviço de inteligência iraquiano e a Al Qaeda com o objetivo de criar uma “estratégia comum” a fim de depor governos árabes pró-Ocidente. A delegação iraquiana encontrou-se com Bin Laden e adulou-o, afirmando que ele era o Madi das profecias, o salvador do Islã. Queriam que Bin-Laden parasse de apoiar os insurgentes anti-Saddam. Osama concordou, mas em troca solicitou armas e campos de treinamento dentro do Iraque. Naquele mesmo ano, Zawahiri viajou até Bagdá, onde se encontrou com o ditador iraquiano em pessoa.” (Zawahiri é o segundo em comando depois de Bin-Laden, e existe uma recompensa de 25 milhões de dólares por sua captura). O autor continua : “Quando Bin Laden emitiu sua fatwa contra os Estados Unidos em 1998, agentes do serviço secreto iraquiano voaram até o Afeganistão a fim de discutir com Zawahari a possibilidade de transferir a Al Qaeda para o Iraque. As relações de Bin Laden com o Taleban estavam estremecidas na época e vários membros graduados da Al Qaeda defendiam a busca de um novo refúgio”. E assim, Lawrence Wright segue apresentando vários outros momentos de contato entre Saddam e a Al Qaeda. Vou repetir: Lawrence é um escritor Democrata, um liberal.
Quando Bush encaminhou sua proposta de guerra para Congresso, foram principalmente os argumentos das agências secretas que fizeram com que os Democratas, entre eles Hillary Clinton e John Kerry, votassem a favor. (Obama votou contra). Dessa forma, Bush, ao invadir o Iraque, estava fazendo o que qualquer outro presidente americano faria se estivesse de posse dos impressionantes relatórios que lhe chegaram ás mãos. Nada diz, até hoje, que ele não deveria ter confiado no que recebeu. Dispondo dessas informações qual a sua atitude, caro leitor? Iria mandar alguém investigar a CIA para verificar se eram corretas? E depois mandaria investigar os investigadores? E depois…
Condenado no presente, Bush estaria pior no futuro, se houvesse se curvado à oposição da ONU e da opinião pública mundial. A Comissão do Senado que investigou as causas do 11 de setembro não invalidou as informações de que o Iraque poderia se transformar em outro santuário terrorista, em substituição ao derrotado Afeganistão. E o país de 24 milhões de habitantes foi conquistado brilhantemente em três semanas, com a perda de apenas 125 soldados. Entretanto, o que levou Bush ao descrédito completo não foi a invasão, mas o fato de não haver descoberto armas de destruição em massa. O ex-presidente passou à história como um mentiroso.
É dificil aceitar que ele se arriscasse a contar uma mentira para logo ser desmascarado, assim que tomasse posse do Iraque. E Saddam Hussein já havia empregado armas biológicas duas vezes contra os curdos, matando dezenas de milhares de pessoas. Durante a guerra contra o Iran elas também foram usadas, com terriveis consequências. As informações dos serviços secretos diziam que ele ainda as conservava e construía.
O exercito americano invadiu o Iraque inteiramente convencido da existência dessas armas. Os generais não são bobos, contam com informações próprias, vindas do Pentágono, principalmente no momento em que entram em combate. Repórteres integrados ao exército conversavam sobre a probabilidade de Saddam atacar com gases de toxina botulínica, sarin ou mostarda. Eles viram retratos terriveis de pessoas com varíola, ou vítimas de antraz. Tomaram vacinas. Foram informados de que “os que usavam barba precisavam tira-las porque a maioria dos iranianos que morreram por causa das armas químicas na guerra Irã -Iraque, tinha barba, e suas máscaras não se acomodaram de forma apropriada em seus rostos”. Também sabiam que “o tempo padrão para o ajuste da máscara era de nove segundos”. Os soldados que deixavam suas máscaras sem os devidos cuidados eram severamente repreendidos. Foi feita uma apresentação especial com um traje conhecido como JLIST, que cobria todo o corpo. O que pouca gente sabe: Um pelotão alemão de detecção química estava presente na invasão. O general Sinclair, comandante assistente de uma brigada, quando perguntado por um jornalista sobre quais eram as chances de se encontrarem armas químicas ou biológicas no Iraque respondeu que eram de 100%! Certamente esse general não estava pensando em Bush, Cheney, Paul Wolfitz, em política e políticos, e sim em seus homens, e nas informações que estavam em seu poder. Tudo isso mostra a convicção entre os comandantes americanos de que existiam as armas. O reporter Rick Atkinson ( prêmio Pulitzer) que acompanhou a invasão, ao lado do general Petraeus, perguntou de que maneira os Estados Unidos responderiam se Saddam usasse armas químicas : ” Ninguém sabe o que contecerá, disse o general. Não está provado que ele tem a capacidade de usa-las com eficiência. Isso não é assim tão simples, e as informações sobre onde essas armas estão parecem meio inconsistentes. Não creio que o comando nacional iraquiano vá decidir sobre um curso de ação até que se vejam forçados a tomar tal decisão.” Isso quer dizer que não se cogitava da existência das armas, mas de quando elas seriam usadas.
Em outro momento, o general Petraeus declarou: “A possibilidade de o Iraque possuir armas químicas é de 80% a 90%. As chances de as tropas americanas serem “meladas” com armas químicas são de 50%” . Petraeus tornou-se famoso, em 2007, por ter melhorado substancialmente a situação no Iraque. Foi rigoroso na apuração de excessos dos soldados e mudou a estratégia política americana para o país. Tornou-se o general americano mais conceituado entre os Democratas, e o preferido no governo de Obama. No momento ele é o responsável pelo Comando Central dos Estados Unidos, o que inclui operações americanas em 20 países. As guerras do Iraque e Afeganistão estão sob seu comando.
No dia do ataque, 20 de março, uma análise militar declarava que um alto comando iraquiano havia dito que “fora autorizado a usar 30% do seu estoque de armas químicas num ataque preventivo contra os Estados Unidos e as forças de coalizão”. Quer dizer, já no campo de batalha circulavam novas notícias sobre armas bacteriológicas. Esses são relatos de Atkinson em seu livro ” In the Company of Soldiers”. Atkinsons não gosta de Bush e muitas críticas foram feitas ao ex-presidente. Mais razão para se acreditar nele.
Palavras do Ten.Cel. Reyes, já no campo de batalha: “As pessoas dizem que ele usará produtos químicos tão logo cruzemos a fronteira do Iraque. Eu acredito que não. Por que ele entregaria o jogo nessse momento? Eu, pessoalmente, penso que ele os usará quanto vir que estamos mesmo entrando em Bagdá”. Exercícios com as máscaras eram feitos constantemente quando tocava uma sirene. Para quem não sabe, o gás foi a arma mais temida na Primeira Guerra Mundial em virtude de ocasionar a morte mais dolorosa dentre todas, incluindo a baioneta. Foi proibido pela Convenção de Genebra.
Atkinsons conta mais: Um soldado americano parou uma coluna de carros de combate com os braços estendidos e os punhos fechados, sinal de um ataque com gás: “Gás ! gritou o comandante Miller. Ele pisou no freio e vasculhamos as sacolas de nossas máscaras. Patreaus levou um minuto inteiro para colocar sua M-40, e em seguida continuar a conversar, via rádio. Sua voz zunia pelo respirador. Não havia gás algum.” Mais tarde diria o comandante-geral general Wallace : “Estou de boca aberta pelo fato de Saddam ainda não ter usado os seus produtos químicos contra nós”. Já com a batalha praticamente ganha, “ao atravessar uma ponte sobre o Eufrates, debaixo de um calor insuportável, o general Patreaus ordenou aos soldados que abrissem seus trajes especiais, preferindo a possibilidade de um ataque químico á certeza de males causados pelo calor”.
E preciso dizer mais alguma coisa? Vocês não ficaram impressionados com o comportamento dos militares americanos ? Ele são ingênuos, estúpidos? Acreditam em tudo que o governo diz ? Bem, costuma ser o contrário. Generais detestam os políticos. Resta outra hipótese: a de que os generais americanos protagonizaram uma farsa gigantesca. Ele sabiam que não havia nenhuma arma química! Mas que maravilha de teoria conspiratória! Melhor do que essa só aquela, do ator Charlie Sheen,onde o próprio governo americano destruiu as torres, e Osama Bin Laden é agente da CIA. Charlie é o ator de televisão mais bem pago do mundo: 1 milhão de dólares por cada episódio da série Two and half man
Num esforço para dizer aos iraquianos que os USA estavam entrando no país como libertadores, e não como invasores, foi dada a ordem para que “nenhuma bandeira americana ou de nenhum Estado deve ser usada nos veículos de combate”. Quer dizer, ao contrário do que dizem os Democratas, todo o cuidado foi tomado para não melindrar os iraquianos. No meu último artigo coloquei uma foto de carros de combate americanos no Iraque, sem a bandeira. Vocês precisam saber que isso representa um sacrifício para os soldados. Estão arriscando suas vidas e não podem ter o orgulho e a proteção psíquica que a bandeira traz. Ela é uma companhia, representa o motivo pelo qual o soldado luta, lembra sua família, e assim por diante. A série de fotos provocou o pânico do meu chofer, que gritava No! No!, e o ódio do soldado em uma viatura que dava cobertura aos carros. Ele se aproximou, ficou a 50cm da minha janela e, aos berros, me chamou de estúpido, fdp, e muita coisa que eu não entendi. Tinha toda razão. Apontar uma câmera com uma lente enorme para um carro de combate é vontade de levar tiro. De longe é igual a uma arma.
Durante o governo Bush, entrou em moda dizer que os USA queriam impor uma democracia para um povo que não gosta dela. Que foi outro dos seus muitos erros. A imprensa nunca aceitou a brilhante vitória na guerra do Iraque e, muito menos, um certo sucesso em promover um governo aceitavel. Preferiram dirigir seus canhões para a fragilidade das novíssimas instituições, para as dificuldades em construir uma “democracia estável”, e assim a conclusão é que a invasão foi um erro, um fracasso. Obama começou sua campanha centrado na condenação da guerra e na retirada das tropas . Elas não poderiam ficar lá indefinidamente. O engraçado é que os Estados Unidos mantêm 28 mil homens na Coréia do Sul, mesmo o armistício tendo sido assinado 55 anos atrás. E ainda existem milhares de soldados americanos espalhados por todo o mundo.
Vocês já repararam que diminuíram, na imprensa escrita, na CNN, na Globo, as críticas histéricas aos “danos colaterais” ocasionados pelas forças armadas americanas? Com Obama na presidência melhorou muito a pontaria dos pilotos e dos soldados.
Sobre a destruição causada no Iraque, é querer demais que alvos não militares ficassem inteiramente a salvo. A ordem que os soldados americanos receberam foi : “minimizar os danos ao país – quanto mais infra-estrutura ainda houver lá, depois da guerra, menos teremos que reconstruir, e mais rápido poderemos ir embora.” E quanto ao desarme da Guarda Republicana, muito criticada, é o tipo da coisa facil de se dizer a posteriori, quando tudo fica claro. A guarda, composta de sunitas, veio a se tornar um aliado dos USA na medida em que foi sendo treinada para manter a a lei, substituindo as tropas que estão se retirando. Sobre a morte de civís, inevitável, por mais extraordinárias que fossem as armas, e por mais bem mais treinados os homens, havia uma ordem onde somente o Secretario de Defesa poderia autorizar um ataque se houvesse grande probabilidade de causar “trinta ou mais mortes estimadas de não combatentes.” Nunca houve liberdade, ou permissividade, com respeito à baixa civís.
Por último uma curiosidade: Os iraquianos e americanos tinham, aproximadamente, o mesmo número de soldados – por volta de 500 mil. A diferença entre um exército democrático e um exército ditatorial – cabide de empregos, pode ser visto no fato dos iraquianos se apresentarem com 11 mil generais e 14 mil coroneis, enquanto os americanos precisaram apenas de 307 generais e 3.500 coroneis.
Nós vivíamos assim antes dos terroristas terem as bombas bacteriológicas |
Nós passamos a viver assim depois dos terroristas com as bombas |
Comentários (1)
Muito interessante o texto. Só esqueceu de mencionar que quem criou toda essa confusão, personificada no “Sattan” Hussein, foi o próprio EUA. O mundo, com certeza, seria bem melhor sem esse bando de malucos puritanos.