Vídeos e comentário do blog sobre o episódio do ataque israelense: “Governo israelense não consegue escapar de armadilha” ( Christoph Schult, do Der Spiegel )
—————————
scenes of violence against soldiers at
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=0LulDJh4fWI]
(See activists on board chant songs of martyrdom at – CLIQUE NO ENDEREÇO: http://www.memri.org/report/en/0/0/0/0/0/0/4249.htm)
—————————
Os organizadores da manifestação pró-palestinos descreveram a flotilha como um “comboio de ajuda humanitária”. Mas, quando o Exército israelense avançou sobre o maior dos navios do grupo, os ativistas encontrados estavam longe de ser exclusivamente dóceis pombas da paz. Alguns dos “ativistas pacifistas” receberam os israelenses com pés de cabra e ataques de estilingue. Alguns dos autodeclarados “defensores dos direitos humanos” supostamente chegaram a arrancar as armas dos soldados e começaram a disparar. A maior probabilidade é a de que tenha acontecido, ou a resposta israelense não seria tão desesperada. Ninguém é burro, esses soldados sabem das coisas, receberam ordens de serem cautelosos, o mundo está de olho em Israel procurando motivos para baixar o cacete. Os atuais “pacifistas”são, de fato, pacifistas selvagens que se aproveitam da onda de delírio “democrático” que assaltou o mundo, e fazem o que querem, sem o menor respeito pelas leis. Pensar que os soldados israelenses iriam tomar a iniciativa de dar tiros é má fé, ou lavagem cerebral.
Isso não lembra uma manifestação pacífica. Mas a reação de Israel, país que afirma respeitar o estado de direito, foi muito aquém do que poderia ser considerado apropriado. Não. Israel evita dizer que respeita o estado de direito. Israel tem elevado índice ético em suas ações, mas não dá a menor bola para as leis que regem as relações entre países. Citando apenas um exemplo: Para tirar Adof Eichmann da Argentina os israelenses atropelaram todas as convenções. Eichmann foi raptado. Esse é um grande problema da comunidade internacional com os governos israelenses. Depois do Holocausto eles se julgam com direito de passar por cima de muitas regras estabelecidas, têm razões para acreditar que a maior parte do mundo inclui, em maior ou menor grau, o anti-semitismo em suas decisões. Foi errado levar Eichmann para ser julgado em Israel ? A Argentina jamais daria sua extradição, sabemos disso. Tudo com referência à Israel é complexo. Basta dizer que existem países que simplesmente negam a sua existência como Estado. É uma situação atípica, principalmente por se tratar de um país altamente desenvolvido e que possui a bomba atômica.
Independentemente do quanto os organizadores da flotilha estivessem dispostos a se envolver com a violência, uma coisa é certa: Israel jogou pela janela o importante princípio da proporcionalidade da força militar. Bem, esse é um ponto muito interessante: a proporcionalidade. Essa é uma das regras numa guerra justa, ou mesmo em uma ação policial. A resposta precisa ser proporcional, o que é uma dor de cabeça para os comandantes. Como medir a proporcionalidade ? Certamente não é destruindo Dresden, hoje sabemos disso, mas a proporcionalidade ligada à futura extensão de baixas justifica a bomba em Hiroshima. Apenas por esses dois exemplos podemos ver como é dificil o conceito. Nesse episódio, quanto mais confusão maior a publicidade, e melhor para os manifestantes. A represália dos militares é um dos seus objetivos. Havia imprensa comprometida com os ativistas DENTRO do barco. Já estamos acostumados: para eles tudo é permitido, a reação é sempre uma barbaridade.
No domingo, o filósofo francês Bernard Henri Levy, ao comentar sobre o Exército israelense, disse nunca ter visto “um Exército tão democrático, que faz a si mesmo tantas perguntas morais”. Exatamente, só o exército americano está nesse nivel. Mas é difícil acreditar que ele ousaria repetir esta frase após o incidente de ontem. Bobagem, o assunto ainda está muito fresco, não sabemos exatamente o que aconteceu, mas podemos ter certeza de que se ocorreram 10 mortes os soldados israelenses não se depararam com um bando de pacifistas no verdadeiro sentido da palavra. O site do movimento Gaza Livre disse :” Na escuridão da noite, os militares israelenses desceram de um helicóptero para o barco turco de passageiros o Mavi Marmara, e começaram a atirar quando pisaram no convés.”Eles atiraram em direção à multidão de civís que dormia “ Nossa! Eles estavam DORMINDO ? Em uma hora dessas ? Dormindo ??!!! E os soldados atiraram em civis que estavam DORMINDO?!!! Lembram-se do massacre de Carajás ? A versão que ficou: os policiais já desceram dos onibus atirando. Uma das grandes mentiras dos últimos tempos no Brasil. Eu assisti ao vídeo. Os policiais correm do pessoal do MST e, depois de encurralados, começam a revidar. E restam algumas perguntas sem resposta: Por que os soldados israelenses atiraram de helicópteros que sobrevoavam o comboio? Por que a Marinha decidiu atacar o navio quando poderia simplesmente bloquear o caminho da flotilha? Por que Israel atacou em águas internacionais, muito antes de o comboio chegar às águas territoriais israelenses? Publicidade gratuita para os oponentes de Israel. São boas perguntas e espero que Israel responda. Não sei se esses fatos estão corretos. As notícias nos chegam através de agências anti-Israel, anti-Estados Unidos. Se for verdade estamos em um daqueles momentos em que os soldados perdem a cabeça. O óbvio ululante é que jamais receberiam ordens para agir dessa maneira. Aqui também entra um fato importantíssimo: O soldado israelense está formado por alguns principios: não se deixar abater feito um cordeiro, que é a vergonha que carregam pelo comportamento de seus pais e avós durante o Holocausto; o respeito à sua própria vida que é um comportamento judaico, inclusive explicativo do comportamento passivo na 2a. Guerra Mundial; o respeito aos mais fracos que foi a educação democrática que receberam nas escolas; e a consciência exacerbada de que ele mesmo é importantíssimo, já que a população de Israel é pequena (7,5 milhões), e os árabes somam 750 milhões, isto é, a proporção é de cem para um.
Funcionários do governo alegam que Israel apenas exerceu o direito de autodefesa. Dizem que os ativistas usaram de “violência extrema” e são os únicos responsáveis pelo alto número de vítimas. Depoimento, no Facebook, momentos antes da invasão, de uma brasileira festiva, Iara Lee, que se encontrava a bordo: ” as mulheres gritariam enquanto os homens tentariam empurrar os israelenses para fora. Estamos totalmente determinados “. Iara Lee coordena a Fundação Caipirinha ( o nome já diz tudo). Imaginem a picaretagem que deve ser essa fundação, que provavelmente recebe dinheiro dos impostos que pagamos. Mas a responsabilidade principal recai sobre Israel. O Exército agiu por impulso. Sua reação foi desproporcional e evidenciou total falta de compaixão pelas vítimas. Não sabemos. O que temos certeza é que os soldados foram atacados, e a proporcionalidade deve ter falhado. Esse “ total falta de compaixão pelas vítimas” é demagógico, é excessivo, e o articulista não pode se expressar dessa maneira baseando-se em versões de depoimentos turcos ou de agências noticiosas, todas anti-semitas.
“Pedimos ao mundo que não caia na armadilha desta provocação”, disse o vice-chanceler israelense, Danny Ayalon. Mas o país demonstrou o grau de desproporção com o qual reage às provocações – pouco se importando com as consequências. Repito: Israel tem um grande problema ligado ao Holocausto. Não quer que aconteça outra vez, nunca, jamais, o comportamento covarde que seu povo teve com relação a Hitler. Isso, admito, pesa muito, os militares tentam um equilíbrio dificil, delicado, em suas intervenções. Dizer que pouco se importam com as consequências de seus atos é uma estupidez. O articulista está sendo estúpido. Nenhum estado civilizado no mundo – “reage ás provocações – pouco se importando com as consequências”. Israel está sempre na corda bamba, entre manter sua integridade física e moral, e não desagradar o mundo. Elas vão além da condenação global.
Os árabes-israelenses foram às ruas. Claro, se eles atiram com os Ak-47 até quando o preço do kibe aumenta, imagina em uma situação dessas. Os membros do Hamas, a quem Israel acaba de conceder um momento de publicidade gratuita, expuseram o bloqueio de Gaza diante das câmeras de emissoras de todo o mundo. Engraçado, o articulista dá como opinião geral, unânime, que o bloqueio em Gaza é uma medida gratuita, simplesmente desumana. Precipitou-se, nem percebeu que já se colocou politicamente do outro lado. A justificativa de Israel, corretíssima, é que o Hamas assumiu o controle da região, que a faixa de Gaza é um reduto livre para o terrorismo. E o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, foi obrigado a cancelar uma visita aos EUA, prejudicando mais um relacionamento já tenso. Ora, o relacionamento americano-israelense vai e volta. Tem sido assim há décadas. Parece que o articulista nasceu ontem.
O que pode ser apontado como novidade no relacionamento entre os dois países está na possibilidade da bomba atômica iraniana. Netanyahu está lutando pela existência de Israel ( essa luta que não acaba nunca) e, os Estados Unidos, nas mãos dos liberais, assustam os israelenses quando buscam a paz de Munich com o Iran. Israel se recusa a ser uma outra Thecoslovaquia.
O ex-chanceler israelense Abba Eban disse certa vez que os palestinos nunca perdem a chance de perder uma chance (para o estabelecimento da paz). No caso de Israel, vale exatamente o oposto: em momentos de crise, Israel parece procurar oportunidades para voltar o mundo contra si. Essa é uma frase de efeito para fechar o artigo, e diga-se, muito tola.
Uma das piores consequências para Israel foi a abertura da fronteira egípcia com Gaza. É o momento esperado para que sejam transportadas armas e munições para os terroristas do Hamas.
TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Christoph Schult é correspondente do Der Spiegel em Jerusalém
(publicado no Estadão em 1 de junho e 2010)
Comentários (1)
É incrível como temos vistos atos de bárbaries maritimas recentemente: piratas somali, torpedos norte-coreanos, e agora essa chacina israelence, outro ato covarde.