Irã, Israel e a corrida contra o tempo (Simon Tisdall) comentários do blog
THE GUARDIAN
Na semana passada, Barack Obama mostrou-se confiante de que Israel não atacaria o Irã sem antes consultá-lo. “O relacionamento entre Israel e EUA é forte o bastante a ponto de um de nós não tentar surpreender o outro”, disse Obama à emissora israelense Canal 2. nota do blog: Confiante não é a palavra. Isso deve estar absolutamente acertado entre Netanyahu e Obama, da mesma forma que esteve acertado antes, com Bush. Israel jamais atacaria o Iran antes de conversar com o governo americano.Teria tudo a perder. Aprenderam a lição em 1956, quando ao lado da França e Inglaterra tomaram o canal de Suez do Egito, e foram obrigados a devolvê-lo, debaixo dos berros de Eisenhower ao telefone. Foi tão desmoralizante que o primeiro-ministro inglês, Anthony Eden se demitiu. O que pode acontecer, e ainda assim é improvavel, é Israel, desesperada, atacar mesmo se os Estados Unidos pedirem mais tempo para esperar. Pode já haver acontecido que num determinado momento Israel achasse que deveria partir para o bombardeio e ter sido impedida pelo governo americano. Quem sabe ? Por incrivel que pareça, ainda existem segredos guardados que beneficiam o Ocidente, mesmo com o comportamento da imprensa liberal nos EUA que expõe todos eles, sem se importar em nos prejudicar.
Mas Obama deixou muito por dizer. Ele não disse que tentaria impedir ataques aéreos israelenses contra instalações nucleares iranianas – somente que esperava ser avisado com antecedência. E ele não disse que Washington se recusaria a ajudar ou participar de tal ataque. Obama disse que os EUA preferem uma solução diplomática. Mas, logo em seguida, veio o conhecido mantra: “Garanto a vocês que nenhuma opção foi excluída.” nota do blog: Por que Obama não cumpriu a famosa promessa de campanha e foi procurar Ahmadinejad para conversar ” sem condições pré-estabelecidas”? Ahmadinejad está esperando até hoje. Promessas, promessas, amadorismo e demagogia.
Ao contrário, nada do que Obama disse poderia afastar a possibilidade de o Irã reservar surpresas perigosas para EUA e Israel. A profundidade e a amplitude do confronto com Teerã em numerosas frentes – política, comercial, geográfica e física – aumentam exponencialmente. A situação torna-se mais imprevisível a cada dia. Não seria necessário muito para dar início a uma crise de grandes proporções. nota do blog: “A situação torna-se imprevisivel” não foi uma escolha feliz. O ataque está ficando cada vez mais previsivel. A Rússia já está claramente com medo do Iran nuclear, e chegou ao ponto de fazer previsões sobre a data fatal. A China mudou significativamente sua posição e aceitou as sanções da ONU embora, da mesma maneira que a Rússia, discorde das sanções puramente americanas. Os Emirados Árabes já se manifestaram – com o conveniente vazamento para a imprensa – dizendo que não podem conviver com o Iran e sua bomba.
Depois que ONU, EUA e União Europeia impuseram novas sanções ao país, um ressentido presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que o programa nuclear iraniano não recuaria. nota do blog: Isso é desmoralizante para o Ocidente. Nem Hitler revelou suas intenções com tanta clareza. Pelo contrário, Hitler mentia muito bem, embora tudo estivesse em seu livro Mein Kampf. O Iran é um governo de machões, parecem meninos de rua. Estamos vivendo um momento único na história. O país mais poderoso do mundo, que não tem competidores, que não corre o menor risco de sofrer retaliações, fica inerte e não faz valer sua vontade. Os Estados Unidos comportam-se como se ainda estivessem na Guerra Fria. E, quando atacam o Afeganistão e o Iraque, para se defenderem, se encolhem quando são acusados de “unilateralismo”. Poderiam dar uma banana para o mundo, mas… temos os liberais dentro de casa, sabotando, entregando, protestando, concordando com as críticas vindas do exterior. Aliás essa questão do unilateralismo é uma meia-mentira já que existem dezenas de paises lutando ao lado dos americanos, tanto no Iraque, quanto no Afeganistão. Para entrar em meu hotel, em Bagdá, eu era revistado 8 vezes por grupos de soldados de 5 países diferentes para cada vez.
O Irã vê-se envolvido em disputas ainda mais acirradas com seus vizinhos. Comentários recentes atribuídos ao embaixador dos Emirados Árabes nos EUA, segundo os quais seu país “não poderia conviver com um Irã nuclear”, alimentaram tensões já existentes relativas a disputas envolvendo território e recursos energéticos, além da suposta subversão, por parte do Irã xiita, das monarquias lideradas pelos sunitas. Segundo o comentarista conservador Arnaud de Borchgrave, um ex-líder árabe alertou que “todos os líderes do Oriente Médio e do Golfo Pérsico querem o Irã longe das armas nucleares, e sabem que sanções não funcionarão. Como Israel, eles se queixam cada vez mais da fraqueza do governo americano. nota do blog: O que se pode esperar dos Estados Unidos, quando seu presidente é da extrema esquerda ? Um homem que saiu pedindo desculpas pela existência dos EUA quando fez seu tour pelo mundo árabe. As aparências são tudo: suas curvaturas ridículas nos cumprimentos ao rei da Arábia Saudita, e ao imperador japones, mostram sua ingenuidade, sua falta de força, falta de caráter no sentido maior dessa palavra. Vamos imaginar um gigantesco atentado terrorista na Europa: coisa do WTC para cima. Nessa hora os europeus vão gritar por socorro, vão sentir que sem os Estados Unidos fortes, decididos, não há o que fazer. Toda a proteção ao mundo ocidental – desde a entrada dos americanos na Segunda Guerra Mundial – tem sido feita por eles, e não mudou até agora. Continua sob outras formas, não mais contra a Rússia ou China, mas contra o terrorismo. Todas as iniciativas, as idéias, os equipamentos, toda a informática, tudo que se pode imaginar tem origem nos Estados Unidos. Mas, como a humanidade é muito burra, prevalece o sentimento anti-americano no mundo.
A lista de pontos inflamáveis que poderiam levar a surpresas desagradáveis não para de crescer. Comandantes americanos no Iraque alertaram esta semana que um grupo militante xiita, Kataib Hezbollah, supostamente financiado e treinado pela Guarda Revolucionária do Irã, enviou combatentes ao Iraque para lançarem ataques coincidindo com a iminente retirada dos soldados americanos. No Afeganistão, forças da coalizão continuam a encontrar provas do apoio do Irã ao Taleban e às milícias do senhores da guerra, associados à Al-Qaeda nota do blog: Como reagir a essa situação sem aumentar os danos colaterais , ou, em outras palavras, sem matar mais civis e destruir mais propriedades e, principalmente, sem que morram soldados americanos e aliados ? Sim, porque, de uma hora para a outra, ficaram inadmissiveis as baixas em combate, mesmo em número diminuto, como é o caso. Os Estados Unidos estão em guerra, em vários fronts, para que Nova Yorque não receba uma bomba atômica no meio de Manhattan, essa é a verdade. Acontece que a esquerda americana, que sofre de culpa por haver nascido nos Estados Unidos, usa o pretexto das mortes (quaisquer que sejam, até dos inimigos), para levar seu país á inação. Somente a realidade jogada na cara todos os dias ( a bomba nas cidades americanas) impediu que Obama ordenasse a volta das tropas para casa, abandonando o Afeganistão e o Iraque, da mesma maneira que ocorreu no Vietnã. Para evitar o aumento dos efeitos colaterais, somente um avanço exponencial na tecnologia militar, o que parece que por enquanto está fora de questão.
No cada vez mais fragmentado sul do Líbano, ao menos segundo Israel, o Hezbollah está se armando para a guerra, com a ajuda da Síria, que estaria contrabandeando mísseis do Irã.
Há a ameaça de uma outra conflagração no flanco sul de Israel, onde a polêmica provocada pelos comboios internacionais de ajuda humanitária à Faixa de Gaza está endurecendo a oposição do Hamas a negociações de paz patrocinadas pelos EUA. O envio de novas embarcações para desafiar o bloqueio foi prometido por vários países, entre eles o Irã. nota do blog: Novos barcos desafiadores parece assunto superado devido à firmeza de Israel. O ataque israelense á “flotilha da Paz” desencorajou os corajosos pacifistas selvagens. É sempre assim : a imprensa esquerdista, dominante no mundo, faz parecer em um primeiro momento que o uso da força foi um erro político, que foi contra-producente, que causou impopularidade e o escambau. Depois, nós vemos que foi muito bem feito, que a situação foi resolvida, que Israel mostrou firmeza, e que o custo da popularidade compensa. De fato, não existe escolha. A Turquia haver abandonado Israel não se deveu ao episódio da flotilha. Aquilo foi pretexto. As origens estão na negativa dos europeus em admitirem os turcos na União Européia. A cegueira secular da Europa, o continente sombrio.
A possibilidade de o Irã provocar sozinho uma ou duas surpresas é ampliada pela crescente agitação doméstica. O lucro proporcionado pelo petróleo está em baixa e, independentemente do que diz Teerã, as sanções estão prejudicando o país. De grande importância, British Petroleum, Shell e Total receberam a companhia das empresas russa Lukoil, da malaia Petronas e de outras na restrição ou interrupção da venda de produtos refinados ao país, entre eles a gasolina. nota do blog: É, os russos estão chegando no seu limite de tolerância com o Iran.
Levando-se em consideração este contexto instável, um relatório publicado esta semana pelo independente Grupo de Pesquisas Oxford conclui que a perspectiva de hostilidades entre Irã e Israel, com o potencial de envolver os EUA, “aumentou consideravelmente”. As consequências seriam devastadoras não apenas para a região, diz o documento, e o combate não se limitaria a ataques aéreos. nota do blog : É mesmo? E a gente que não sabia de nada disso…
Funcionários do governo israelense dizem que os EUA e seus aliados têm, no máximo, dois anos para resolver a questão do programa nuclear iraniano antes que medidas militares se tornem inevitáveis. Outros dizem que o tempo restante é ainda menor. “As tendências atuais sugerem que o Irã seria capaz de produzir armas nucleares antes do fim do ano, representando para os EUA uma ameaça à qual seria estrategicamente impossível responder… Não acreditamos na possibilidade de conter um Irã dotado de armas nucleares”, disse o ex-senador democrata e general americano da reserva Charles Wald num documento interno recente. nota do blog: Em 2007 a Inteligência americana disse peremptoriamente que o Iran estava longíssimo da bomba, que de fato havia a possibilidade de que houvesse parado com o seu processo de enriquecimento de urânio. Portanto temos idas e vindas nessas expectativas. O mais provavel, porque o mais simples, é que estejamos nos aproximando do formidavel momento em que os aitolás vão correr para os abrigos subterrâneos, segurando suas saias e gritando Allahu Akbar! Seria bom acompanhar as apostas na Bolsa de Londres.
TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Publicado no Estadão em 17 de julho de 2010
Comentários (2)
Ótimos comentários, Mafra !!!!
Ainda bem que os “povos barbaros” n”ao eram tarados por Roma como você é pelos EUA porque senão Roma ainda estaria ai espalhando o terror ao seus opositores.
Você sofreu lavagem cerebral.