O absurdo artigo do The Guardian sobre o ataque ao Iran (publicado na Folha de SP)- comentários do blog
Um ataque ao Irã seria desastroso
RICHARD NORTON-TAYLOR
DO “GUARDIAN
Um primeiro-ministro britânico alguma vez recusaria um pedido feito por um presidente americano de unir-se à América em uma operação militar controversa?” Essa era a resposta, retórica e irrespondível, na opinião deles, dada pelos mandarins de Whitehall sempre que lhes era perguntado por que Tony Blair concordou em invadir o Iraque. Não era questão de a invasão ser errada ou certa; a questão era que o ocupante de 10 Downing Street simplesmente não recusaria um pedido desse tipo formulado pela Casa Branca. Para os EUA, o Reino Unido podia oferecer não apenas apoio político e “moral”, mas também um trunfo físico de peso: a base de Diego Garcia, convenientemente situada para os caças americanos no território britânico do mesmo nome, no Oceano Índico. Nota do blog: Isso é uma infâmia. Blair invadiu o Iraque porque concordou em que seria essencial para o combate ao terrorismo. Seu serviço secreto, o MI-6, havia lhe garantido que Saddam tinha armas de destruição em massa, o presidente Putin também, e a CIA a mesma coisa. Saddam já havia usado essas armas antes, e, além do mais, o Iraque iria se transformar em uma base para organizações terroristas, desde que não desafiassem o poder de seu governo. Uma das grandes mentiras, inteiramente consagrada mundialmente, é a de que a invasão do Iraque foi um erro. A pergunta é: Obama recebeu um Iraque melhor, ou pior do que Bush ? Este foi o único país do Oriente Médio que aplaudiu, com o povo nas ruas, a morte de Osama- Bib -Laden. É o único país do Oriente Médio que está engatinhando numa democracia possivel. A retirada das tropas americanas é um erro, o governo dos EUA deveria impor sua presença e não concordar com as tais “garantias legais” que o Iraque se recusa a dar. E o articulista tratar Blair, um homem brilhante, como se fosse o poodle de Bush é muita grosseria. Por último: É do interesse da Inglaterra manter essa estreita união com os Estados Unidos. Foi sua salvação no pós-guerra.
É isso o que está preocupando seriamente o governo britânico: um temor crescente de que Barack Obama tenha dificuldade em se opor à pressão crescente por uma ação militar contra as instalações nucleares do Irã nos próximos 12 meses. Os comandantes militares britânicos podem ser beligerantes, eternamente otimistas e ansiosos por agradar a seus senhores políticos. Mas eles também são pragmáticos e têm plena consciência do potencial para fracasso e também das consequências catastróficas que tal ação militar pode provocar. E seria difícil alguém defender a legalidade de tais ataques preventivos. Preocupado com a legalidade de um ataque preventivo para prevenir um desastre anunciado ?Legalidade ? Esse articulista é o perfeito filhote do politicamente correto. Em meio a tanta morte e destruição, qual seria o resultado final e quais seriam as batalhas ao longo do caminho? Esse “ em meio a tanta morte e destruição” é horroroso. Quem escreve assim já está condenado. Ele está se referindo ao Afeganistão e Iraque ? Comandantes militares dos EUA e Reino Unido vêm avisando há alguns anos sobre os desastres que se seguiriam a ataques com mísseis contra o Irã. Quais são os avisos ? Isso é mentira. Os militares podem ter feito um cálculo das baixas, que provavelmente serão mínimas. Aqueles comandantes militares que podem se manifestar, os que já estão na reserva, têm dito à exaustão que os Estados Unidos precisam bombardear as usinas imediatamente, que as sanções já se provaram ineficazes. Isso é o que eu tenho lido nos jornais brasileiros e nos americanos (naqueles que não são de esquerda, feito o New York Times), além de ver um desfile desses generais sendo entrevistados na FOX NEWS.
As forças iranianas podem não ser muito poderosas, mas, com a ajuda do Hamas e do Hizbollah, poderiam semear o caos. Isso depende da força a ser usada. O que se espera, pela experiência passada é que o Iran rapidamente se desmantele. Quanto ao Hamas e Hezbollah, basta tratá-los como merecem e, sem o POLITICAMENTE CORRETO, da maneira como os generais acham que deve ser, e também vão ficar neutralizados.As tropas britânicas e americanas no Afeganistão seriam expostas a perigo ainda maior do que estão agora; suas bases no Golfo, especialmente em Qatar e no Bahrein, seriam alvos fáceis. Alvos fáceis de quem ? E através de que armas ? Alvos de um Iran destroçado por bombardeios , além da habitual, costumeira incompetência dos árabes e persas, que temos visto desde 1946 ? Nunca conseguiram ganhar nenhuma guerra. Sempre foram surrados. O Estreito de Ormuz, entrada do Golfo e canal pelo qual é transportado mais de 50% do petróleo do mundo, seria fechado. O que se ergueria das cinzas? Para alguns, vale a pena pagar esse preço para impedir o Irã de adquirir armas nucleares. É claro que vale. Para esses muçulmanos o mundo acabar não é problema, está muito de acordo com sua religião. A extrema habilidade com que Estados Unidos, URSS, e China trataram suas diferenças durante a Guerra Fria não se aplica agora, de maneira alguma.
A sugestão é que neste momento existe uma “janela” que possibilitaria que Israel atacasse os sítios nucleares iranianos sozinho. No próximo ano, a “janela” ficaria aberta para os EUA (e o Reino Unido), antes de as armas nucleares do Irã alcançarem o ponto sem retorno. Esse raciocínio, se é que pode-se chamá-lo assim, é o de um tolo perigoso. Espantosamente tolo é o autor desse artigo. Quão esmagado e devastado teria que estar o Irã para que não fosse mais capaz de reiniciar um programa nuclear, mesmo que fosse apenas um programa envolvendo material físsil como arma para terroristas? Bombardeio outra vez. Será que é tão dificil de compreender ? A Síria teve sua usina bombardeada por Israel. Parece que está tentando contruir outra. Vamos partir para bombardea-la novamente, e assim por diante.
Israel está desenvolvendo seu arsenal rapidamente, dotando-se de uma “tríade” nuclear – ou seja, armas que poderiam ser transportadas por terra, por ar ou por submarinos. Isso está ótimo e é compreensível, porque Israel não é o Irã – instável, imprevisível, governado por um presidente, Mahmoud Ahmadinejad, que quer semear o caos em todo o Oriente Médio. É o que reza o argumento. Para que ameaçar, ou até mesmo ameaçar atacar, um país cujos líderes estão mais preocupados, e cada vez mais preocupados, com o estado da economia e a dissensão interna que com qualquer ameaça percebida de Israel? É exatamente o contrário. De onde o autor tirou que a maior preocupação iraniana é com a economia ? Salta aos olhos que a bomba atômica é muito mais importante, não só para o Iran, mas para todos os muçulmanos ao redor do mundo que odeiam Israel. O Iran precisa desesperadamente do poder de acabar com os israelenses, o que vai leva-lo para uma posição extraordinária no Oriente Médio. De fato, a bomba atômica iraniana seria o fim de Israel. Por isso mesmo é muito dificil, impossivel acreditar que esse pequeno país cometa suicídio. As usinas serão bombardeadas, resta saber quando, apenas isso.
O Irã é uma sociedade muito mais sofisticada e dividida que o retrato geralmente pintado no Ocidente. Um ataque contra o Irã frearia e inverteria as iniciativas de reforma. Mas que reforma ? Então Israel vai deixar sua existência depender de uma reforma interna no Iran ? Isso é de uma burrice sesquipedal. Estariam jogando com o destino, com um outro Holocausto, o que os descendentes daqueles que marcharam passivamente para a morte jamais permitirão que se repita. Esse é o grande trauma israelense. Seus país e avós não reagiram, sempre acreditaram em uma solução negociada, nunca entenderam que com Hitler não haveria diálogo, nem ao custo de que lhes entregassem tudo que tinham. Hitler queria suas vidas. Exatamente como o Iran e outros árabes. E os reformadores a quem o articulista se refere, aqueles que não conseguiram democratizar o regime em 2009, TAMBÉM são a favor da bomba, e TAMBÉM são visceralmente contra Israel. Querem mais liberdade para eles mesmos, embora sem dúvida o diálogo seria em outro nivel, e as chances para se evitar um Iran nuclear cresceriam de maneira exponencial. Nesse caso, dinheiro para desenvolver o país poderia ser a solução. A primavera árabe se tornaria um inverno árabe, com consequências desastrosas para os interesses americanos e europeus, além das sociedades árabes, incluindo a Arábia Saudita. Vamos aguardar o desenvolvimento da tal primavera árabe, talvez a decepção seja enorme. As opções alternativas são muitas – continuar a aplicar sanções econômicas, uma política de incentivos e castigos, mas com ênfase muito maior sobre o incentivo. Mas, quantos anos de idade terá o colunista ? Isso é coisa para um adolescente politicamente correto escrever. É muito mais difícil resistir a abraços que a ataques. Não acredito que tenha lido isso.
É essencial nos engajarmos com o Irã, mesmo que Teerã continue a parecer determinada a possuir armas nucleares ou a capacidade de produzi-las – “a arte, mas não o artigo”. Sem comentários. Afinal, foi pelo status, e não a praticidade militar, que Blair conservou o sistema de mísseis nucleares Trident para o Reino Unido, segundo sua autobiografia. Se a pressão continuar a crescer, só podemos esperar que restem vozes influentes em número suficiente no governo britânico e em Washington para dizerem “não!” ao primeiro-ministro e ao presidente. Tomara que os muslins joguem uma bomba bem em cima da sua casa.