O caso raro do coronel Davis – comentário do blog
Esse esquisitíssimo artigo circulou entre intelectuais liberais brasileiros.
O caso raro do coronel Davis
Militar não acredita que EUA sairão do Afeganistão em 2014, como prometeu o presidente Barack Obama
É PROVÁVEL que você nunca tenha ouvido falar de Daniel Davis. Ele é tenente-coronel do Exército dos Estados Unidos, trabalha no Pentágono e participou das duas guerras contra o Iraque e da guerra no Afeganistão. Regressou recentemente de sua última missão nesse país e escreveu um relatório que começa assim: “Em seus comunicados ao Congresso e ao povo americano, os militares de mais alto escalão distorceram a tal ponto os fatos sobre a situação real no Afeganistão que a verdade se tornou irreconhecível. Isso prejudicou a credibilidade dos EUA diante de aliados e inimigos, limitando gravemente nossa capacidade de conquistar uma solução política no Afeganistão. Já custou bilhões de dólares que, se a verdade tivesse sido conhecida, o Congresso jamais teria aprovado; essa conduta de nossos líderes militares vem prolongando a guerra. Mas o maior custo decorrente do logro são as dezenas de milhares de militares feridos, mutilados ou mortos cujo sacrifício resultou em pouco ou nenhum benefício ao país”.
E esta é apenas a versão pública do relatório de Davis. Ele também produziu uma versão confidencial. Não satisfeito com isso, o coronel Davis publicou um artigo explosivo na “Armed Forces Journal”, em que afirma: “Tenho sido testemunha da ausência de êxito em qualquer nível… Quantos mais terão que morrer em nome de uma missão que não está tendo êxito?”.
Davis me disse que mais de 800 mil pessoas leram esse artigo. E foi apenas depois de toda essa atividade pública que ele informou a seus superiores. Quando o entrevistei, o fiz ver que essa é a conduta de alguém que parece não se importar com a possibilidade de ser expulso das Forças Armadas -ou até mesmo levado a julgamento. “Nada disso”, Davis respondeu. “Esta é minha vida. Quero continuar nisto enquanto eu puder servir a meu país.”
Que a guerra no Afeganistão esteja indo muito mal não constitui surpresa. A surpresa é que, segundo Davis, ela vai muito pior do que concluem os relatórios de militares americanos. Outra surpresa é que um oficial na ativa esteja infringindo todas as regras e denuncie seus superiores no Pentágono. E o mais surpreendente é que Davis ainda não tenha sido castigado.
Uma possibilidade é que o coronel goze da proteção de um grupo de generais dissidentes e seja, de certa forma, porta-voz desse grupo. Na conversa que teve comigo, Davis negou isso com veemência. A outra hipótese é que o Pentágono receie a possibilidade de uma represália aumentar mais ainda a visibilidade e influência do coronel. Finalmente, outra surpresa é que o coronel Davis me disse que não acredita que os EUA vão sair do Afeganistão em 2014, como prometeu o presidente Obama. Para Davis, a estratégia provavelmente será deixar fortes bastiões militares em alguns locais estratégicos do país. Segundo ele, as tropas deixadas nesses locais devem dedicar-se primordialmente a capturar -ou matar- os terroristas que usem o país como base. É uma maneira brutal de dizer que não existe esperança alguma de que apareça no Afeganistão uma nação pacífica, próspera e democrática.
@moisesnaim
Tradução deCLARA ALLAIN
COMENTÁRIO DO BLOG:
Bem, é óbvio que os EUA não podem sair do Afeganistão. Isso é pura demagogia misturada com total irresponsabilidade de Obama. E mais, os generais americanos, ao contrário do que diz o artigo, também pensam que a retirada é impossivel. Sair de lá é a mais típica atitude Liberal, é tolice, é rendição. A história é a seguinte: Obambi demitiu o antigo comandante no Afeganistão, McChrystal, porque esse criticou o governo por não dar os recursos necessários para a vitória e, muito pelo contrário, estar todo o tempo recebendo ordens absurdas, comprometendo a vida dos soldados e marcando passo no teatro da guerra. O que mais enfureceu Mc Chrystall foi o governo dizer que a situação estava melhorando e iria retirar algumas tropas. Pois bem, Obambi ordenou que o general se apresentasse a ele, em Washington, e na tradição de que o poder civil está acima do militar ( nos EUA) demitiu de maneira humilhante o ingênuo general que havia dado uma entrevista para a revista Rolling Stone sem saber que seria publicada. Para o seu lugar cometeu o erro de nomear Petraeus extraordinariamente respeitado nos USA pelo seu grande sucesso no Iraque. Escrevi um artigo, onde, modéstia a parte , fui profético ao dizer que o presidente havia se tornado refém do general. Ninguém deu atenção, porque os jornais são de esquerda, mas o novo comandante pouco tempo depois se pronunciou contra a retirada das tropas no nivel que Obama anunciou. E o antigo Secretário de Defesa , Gates, a mesma coisa. Petraeus não foi demitido porque o Obambi não teve peito. Discretamente esperou um tempão, e depois nomeou-o Diretor da CIA, uma promoção para tira-lo do Afeganistão.
Os USA podem sair se partirem para o bombardeio com aviões tripulados e com os drones, mas sabendo que as baixas civis vão crescer exponencialmente. Isso a turma liberal não admite. Então o impasse é absoluto. Estive lá, sei que os afegãos odeiam os taleban, odeiam os russos, e provavelmente já estão odiando os americanos. Além disso o ódio entre eles é famoso. Todo mundo armado, e nenhum entendimento entre as tribos. E por que os americanos precisam sair ? A única coisa correta que Mc Cain disse na campanha foi que as tropas poderiam ficar por lá mais 50 anos. Por que não ? Esse império perdeu 413.000 soldados na Segunda Guerra, 54.000 na Coreia, 56.000 no Vietnã, e agora não pode perder 4 mil, em 11 anos de luta ? Se deixarem o Afeganistão á sua própria sorte os taleban tomam o país rapidamente Será uma volta ao horror que conhecemos, além de que vai ser muito parecido com a queda de Saigon, onde os norte-vietnamitas tinham listas dos que cooperaram com os USA, e fuzilaram gente adoidado.
O politicamente correto, o freio Liberal é algo espantoso. Só se atira em um taleban quando este atacou primeiro ou o soldado recebe uma ordem, caso contrário o medo de se matar um civil, o medo da corte marcial, inibe qualquer iniciativa. Para quem se esqueceu, um piloto americano, logo no início da guerra, conseguiu identificar um comboio aonde se encontrava o mulá Omar. Ao invés de matar todo mundo , ele se comunicou com seus superiores nos USA, e chegou a ordem, dada de Atlanta, por um general advogado, dizendo que NÃO, ele não poderia matar o comandante supremo taleban. Quando o secretário de Defesa, Rumsfeld, ficou sabendo, “bateu portas e quebrou janelas”, mas nunca mais apareceu outra oportunidade. DEPOIS, um comando americano foi ao compound onde o comboio havia parado ( existe um vídeo) mas, é claro, que não encontrou mais ninguém. Um oficial americano (anônimo) disse que esse fato era o exemplo definitivo da decadência das forças armadas americanas.
(Até hoje não se tem notícia do misterioso mulá)
Para entender melhor a questão clicar nos meus artigos: Obama e o General McChrystal ; O plano de saída do Afeganistão divide militares e assessores da Casa Branca; O general em seu labirinto
Comentários (1)
Perfeito! Estou difundindo!