O Debate entre Romney e Obama ( Charles Krauthammer – Washington Post)- charges
O juiz, que é a imprensa, dá a vitória para Obama, mas diz: Levante-se, você está nos comprometendo. |
O DEBATE ENTRE OBAMA E ROMNEY
Charles Krauthammer: Romney marca dois tentos
Obama não é mesmo tão bom. Não sem um teleprompter. Ele não é tão bom assim nem nas conferencias de imprensa – um lugar no qual ainda está no comando.
Foi a maior derrota desde Agincourt*. Se insistirem, desde o debate entre Carter e Reagan. Com uma notável mostra de confiança, conhecimento e energia, Mitt Romney ganhou o primeiro debate de 2012.
*Batalha de Agincourt: grande vitoria da Inglaterra na Guerra dos Cem Anos, contra a França (com um exército numericamente superior), em outubro de 1415, norte da França.
Romney demonstrou não ser competente apenas em uma miríade de assuntos domésticos. Ele estava também enfrentando o presidente frontalmente, não somente atacando sem tréguas, mas respondendo a cada desafio lançado contra ele, e refutando em tréplica.
E ele conseguiu um golpe tático ao sair direto da caixa 0nde estava preso pela mídia para neutralizar milhões de dólares de propagandas negativas que o pintaram pessoalmente como Gordon Gekko – capitalista predador voraz que além de despedir empregados da siderurgia, mata suas mulheres. Romney também desmentiu ser um homem com a intenção de aumentar os impostos da classe média enquanto abaixa os da classe rica.
A campanha de Romney cometeu o erro de deixar seguir em frente, sem resposta, a maioria dessas propagandas. Mas uma estratégia de “eliminar Romney” só poderia funcionar até que as pessoas conseguissem ver Romney por elas mesmas. Na noite de quarta-feira elas viram. Em relação ao linchamento de caráter, tudo que Romney tinha que fazer era aparecer repentinamente sem chifres em sua cabeça. Confiante, sorrindo e sem ameaças, ele não se parecia com um homem que se deleita matando as esposas dos trabalhadores dispensados da siderurgia.
O patamar do debate não foi muito alto, eu admito. Mas lembrem-se: é o presidente Obama que estabelece o nível. E o presidente foi bem sucedido nesse ítem: Nas pesquisas Romney aparece com altos pontos negativos (cinquenta por cento), o mais desfavorável índice a esta altura, para qualquer rival nas últimas três décadas.
Em relação à política, Romney finalmente conseguiu explicar para os 60 milhões de americanos que assistiam ao debate, que ele pretende baixar as taxas em todas as faixas, particularmente para a classe média. Em relação aos ricos, ele conseguiu explicar a diferença entre diminuir as taxas dos impostos e reduzir o pagamento de impostos. Ele repetiu no mínimo duas vezes, que os ricos continuariam a pagar a mesma percentagem de carga tributária, enquanto que as taxas mais baixas estimulariam o crescimento econômico.
Seu sucesso em fazer isso contra um Obama confuso significa mais do que conseguir apoio da base conservadora. Isso pode afetar os indecisos – os desapontados apoiadores de Obama em 2008, que esperavam por uma razão para cair fora. Eles olharam Romney nesse debate e agora perguntam: É esse o cara incompetente, egoísta, afastado da realidade que temos visto através das propagandas e da mídia? E então, eles olham para Obama – deslocado, andando em círculos, inseguro. Pode ser esse o cara sob controle, frio, moderno, sobre quem seus seguidores e a mídia falam?
Obama foi desmantelado na quarta-feira em parte pela sua arrogância indiferente. Vocês podiam vê-lo pensando aborrecido: “Por que eu tenho que estar no palco com esse cabeça-dura, quando tenho estado de igual para igual com Putin?” (E perdido a cada rodada, eu diria. Mas não é assim que Obama vê as coisas). nota do blog: O autor deve estar se referindo à megalomania patológica de Obama
Obama nunca nem puxou sua melhor arma, os quarenta e sete por cento. Nem uma vez. Isto é o que se chama estar sentado numa ‘liderança’, preguiçosa e arrogante. Eu aposto que ele menciona isso no próximo debate, mais de uma vez – e provavelmente em sua despedida, no terceiro debate.
Por outro lado, Obama não é mesmo tão bom. Não sem um teleprompter. Ele não é tão bom nem nas entrevistas de imprensa – um espaço no qual ele ainda esta no comando, escolhendo seus questionadores e controlando o momento certo para suas próprias respostas. No final do debate, Obama parecia pequeno, incerto. Era Romney quem mostrava um ar presidencial.
Campanhas de reeleição após um mandato presidencial falido – tão falido que Obama dificilmente se incomoda em defender, preferindo culpar em tudo o seu predecessor – depende de, quase que inteiramente, se o desafiante pode encontrar o limiar de aceitação. Romney ultrapassou o limiar na noite de quarta-feira.
Reagan ganhou a eleição (Carter estava na frente naquela época) quando conseguiu neutralizar sua caricatura de um caubói fomentador de guerras, selvagem e extremista. No seu debate com Carter, ele estava afável, amigável e razoável. É por isso que com uma única frase modesta e simples, “Lá vem você de novo”, a eleição estava acabada. nota do blog: Tive o privilégio de ver esse momento, e foi realmente espetacular. São poucas as ocasiões na vida em que é possivel ver o efeito fulminante de apenas uma frase . Reagan, mais ou menos que a murmurou.
Romney tinha que mostrar alguma coisa um pouco diferente: que ele não é o rude plutocrata alienado que tem sido retratado pelas propagandas pagas de Obama e a mídia não paga. Ele mostrou, decisivamente.
É por isso que a MSNBC esta em monitoramento contra suicídio. As pesquisas mostram que por uma margem de no mínimo dois para um, os eleitores esmagadoramente deram vitoria a Romney no debate.
E ele ganhou muito bem, e de uma forma incomum. Nunca houve um debate presidencial ganho de uma forma tão definitiva sem que tivesse havido uma grande gafe, como a “ Não há dominação soviética da Europa no Leste”, de Gerald Ford. nota do blog: Também assisti, e simplesmente não pude acreditar que ele tinha dito tal disparate.
Romney ganhou de 2×0