O Impressionante declínio de Barack Obama: 10 razões fundamentais para explicar o colapso de sua presidência (Nile Gardiner) – 7 charges
Por Nile Gardiner, 12 de agosto de 2010
As últimas semanas tem sido um pesadelo para o presidente Obama, num verão de descontentamento nos Estados Unidos, que tem preocupado profundamente as elites liberais governantes Até a esquerda começou a se virar contra a Casa Branca. Enquanto o movimento anti-estrutura dominante “Tea Party”* tem ganhado terreno significativamente e é agora uma força política crescente e poderosa a ser levada em consideração, muitos dos apoiadores do presidente bem como os independentes estão rapidamente perdendo a fé em Barack Obama, com uma guerra aberta surgindo entre a Casa Branca e a ala esquerda do Partido Democrata. Enquanto o conservadorismo na America cresce mais forte a cada dia, as forças do liberalismo estão crescendo de forma mais fraca e dividida.
*“Tea Party”: movimento nacional político-social de protestos coordenados que surgiu em 2009 (N. do T.)
Contra esse pano de fundo, as taxas de aprovação do presidente estão deslizando dramaticamente por todo o verão. A última pesquisa diária presidencial da Rasmussen com votantes americanos, caiu para menos de 22 pontos, o mais baixo até agora para Barack Obama desde que se tornou presidente. Enquanto apenas 24% dos votantes americanos aprovam firmemente a forma de trabalho do presidente, quase o dobro deste número, 46% desaprova fortemente. De acordo com a pesquisa Rasmussen, 65% dos votantes, incluindo 70% de independentes, acreditam que os Estados Unidos estão descendo pela trilha errada.
A media das pesquisas da RealClearPolitics agora mostra o presidente Obama acima de 50% de desaprovação, um número notavelmente alto para um presidente há 18 meses em seu primeiro mandato. De forma impressionante, a última pesquisa da Today/Gallup mostra o presidente com apenas 41% de aprovação e 53% de desaprovação.
Há um conjunto de razões atrás desse espantoso declínio e queda política do presidente Obama, entre elas, as principais são os receios com o atual estado da economia americana, com grande preocupação com os altos níveis de desemprego, o instável mercado imobiliário e sobretudo o cada vez mais elevado déficit do orçamento. Os americanos estão crescentemente rejeitando as grandes soluções do governo de Obama para os desastres econômicos da America, que muitos temem levar os Estados Unidos ao mesmo destino da Grécia.
Crescente desilusão com o manejo da economia pela administração de Obama bem como da assistência a saúde e da imigração têm caminhado juntos com um descontentamento que aumenta cada vez mais com a presença de um presidente afastado e um estilo imperial de liderança, além de uma crescente percepção de que ele esta fora do alcance dos americanos comuns, especialmente em tempos de significante sofrimento econômico. A evidente ausência de uma natural habilidade de liderança de Barack Obama (e uma ostensiva falta de experiência) têm sido responsáveis por minar a sua credibilidade com o público americano, acrescido do seu confuso trato do vazamento de óleo no Golfo, ficando debaixo de um particularmente intenso ‘tiroteio’.
Sobre a segurança nacional e política externa, o presidente Obama não realizou nada melhor. A sua liderança na guerra do Afeganistão tem sido confusa e sem convicção, sendo aparentemente ditada mais por prioridades domésticas do que por objetivos estratégicos e militares. Toda a sua política externa tem sido uma temível confusão, com sua falha estratégia de engajamento com regimes hostis. E sua administração nem conseguiu reconhecer que está lutando em uma guerra contra o Terror.
A coisas podem ficar ainda piores para o presidente Obama? Sem dúvida que sim. Aqui estão 10 razões fundamentais que mostram por que a presidência de Obama está com sérios problemas, e por que suas chances provavelmente não vão melhorar até o meio-termo de novembro.
1. A presidência de Obama esta afastada do povo americano.
Numa mensagem anterior eu disse o quanto a presidência de Obama se assemelha cada vez mais ao “Ancien Régime” dos dias atuais, extravagante, decadente e desconectado dos americanos comuns. A mal concebida viagem da Primeira Dama a Espanha em tempos de dificuldades econômicas foi símbolo de uma Casa Branca que dificilmente dá atenção à opinião pública em muitos assuntos, e, frequentemente projeta uma imagem claramente elitista. Dizer “que eles comam croissant” não valeu nos dois séculos passados e não vai valer agora.
2. A maioria dos americanos não tem confiança na liderança do presidente
A falta de confiança na liderança de Obama é fundamental para o seu declínio. De acordo com uma recente pesquisa do Washington Post/ABC News, “aproximadamente 6 em 10 votantes dizem que não confiam na capacidade do presidente para tomar as decisões certas para o país”, e dois terços “dizem que estão desiludidos ou irritados com a forma de trabalhar do governo federal”. A pesquisa mostrou que 58% dos americanos dizem que não têm confiança no poder de decisão do presidente, com apenas 42% dizendo que sim.
3. Obama não consegue inspirar
Em contraste com a alta retórica de seu discurso na Convenção de 2004 em Boston, que impressionou milhões de telespectadores na época, a America não esta mais inspirada pelos discursos e declarações superficiais, monótonas e frequentemente enfadonhas de Barack Obama, liberadas via teleprompter. De seu discurso extraordinariamente sem inspiração sobre o Afeganistão em West Point até a sua insípida fala anual ao Congresso dos Estados Unidos, o presidente Obama falhou em tocar o coração da América. Até Jimmy Carter era mais comovente.
4. Os Estados Unidos estão afundando em dívidas
A previsão de longo prazo do orçamento do Serviço Orçamentário do Congresso (Congressional Budget Office-CBO) oferece um quadro assustador do débito nacional americano. Sob sua estrutura fiscal alternativa, o CBO prevê que o débito americano pode subir para 87% do PIB em 2020, 109% em 2025 e 185% em 2035. Enquanto grande parte da Europa, liderada pela Grã-Bretanha e Alemanha, está agressivamente cortando seus déficits, a administração Obama esta ativamente aumentando o débito americano e não tem planos para inverter a vultosa crise financeira ao estilo grego.
5. A mensagem do grande governo de Obama esta caindo por terra
A implacável ênfase em gastos com ajudas financeiras e incentivos fez pouca coisa para induzir o crescimento econômico ou criar empregos, mas aumentou bastante o poder do governo federal na América. Essa não é uma abordagem provadamente popular entre o público americano, e até muitos governos europeus abandonaram essa política de arrecadação e gastos para salvar suas próprias economias.
6. O apoio de Obama à assistência de saúde socializada é um enorme erro político
Em um extraordinário ato de harakiri político, o Presidente Obama ofereceu seu total apoio ao altamente controverso, impopular e discordante projeto de reforma da assistência de saúde, com um preço monstruoso de 940 bilhões de dólares, cuja revogação agora é apoiada por 55% dos prováveis eleitores americanos. Como eu escrevi no momento de sua aprovação, a legislação é “um grande salto à frente dado pelos Estados Unidos em direção a uma visão europeizada da assistência de saúde universal, que só levará a custos crescentes, taxas mais altas e uma onda de burocracia para pequenos negócios. Esta legislação imprudente expande dramaticamente o poder do Estado sobre as vidas dos indivíduos, e não poderia estar mais aquém da visão dos fundadores da América.”
7. A gestão de Obama em relação ao vazamento de óleo no Golfo foi fraca e indecisa
Enquanto que muito do óleo derramado no Golfo felizmente foi removido, os danos políticos para a Casa Branca durarão muito tempo. Ao invés de demonstrar liderança de verdade na questão, atuando decisivamente e se sustentando em ofertas de ajuda internacional, a administração de Obama optou por uma estratégia mais conveniente de atacar implacavelmente uma companhia anglo-americana enquanto ficou nitidamente de braços cruzados. Foi significativa uma votação entre eleitores de Louisiana que conferiu mais pontos a George W. Bush por seu manejo dos problemas do furacão Katrina, e mostrou 62% desaprovando a performance de Obama no vazamento de óleo do Golfo.
8. A política externa norte-americana é uma desordem embaraçosa sob a administração de Obama
É difícil pensar em um único sucesso de política externa da administração de Obama, mas ela está cheia de passos errados que enfraqueceram o poder global americano, além da posição política dos Estados Unidos. A rendição a Moscou em relação a defesa antimíssil do Third Site***, a falha em fazer frente agressivamente ao programa nuclear do Irã, a decisão de ficar ao lado dos marxistas desalojados em Honduras, o tapa na cara da Grã-Bretanha com respeito às Ilhas Falklands, todos contribuíram para a imagem de uma administração americana completamente abaixo da sua capacidade no que diz respeito a assuntos internacionais. A estratégia de alto risco da gestão de Obama de aplacar os inimigos da América enquanto chuta os nossos tradicionais aliados, só teve êxito em enfraquecer os Estados Unidos, fortalecendo seus adversários.
***“Third Site”: bases de foguetes de defesa anti-mísseis que Bush queria colocar na República Tcheca e na Polônia
9. O Presidente Obama está enrolado e confuso com a segurança nacional
Das guerras no Afeganistão e Iraque à Guerra ao Terror, a liderança do Presidente Obama tem sido frequentemente enrolada e confusa. No Afeganistão ele adequadamente enviou dezenas de milhares de soldados adicionais ao campo de batalha. Ao mesmo tempo, entretanto, ele bizarramente anunciou uma agenda de retirada das forças americanas com início em julho de 2011, entregando a iniciativa ao Talibã. No Iraque, ele anunciou um fim nas operações de combate e a retirada de quase 50.000 soldados apesar de recentes aumentos na violência terrorista e instabilidade política, e sem que os militares iraquianos e a polícia estejam prontos para ocupar o lugar dos americanos. Adicionalmente, ele abandonou o conceito de Guerra ao Terror, substituindo-o por uma Operação de Contingência Exterior, dificilmente a mensagem certa para ser passada em meio a um longo conflito com a Al-Qaeda.
10. Obama não acredita na grandiosidade americana
Barack Obama deixou claro que não acredita no excepcionalismo da América, e tornou o ato de pedir desculpas pelo seu país uma forma de arte. Em um discurso para as Nações Unidas em setembro passado, ele afirmou que “nenhuma outra nação pode ou deve tentar dominar outra nação. Nenhuma ordem mundial que eleva uma nação ou grupo de pessoas sobre outras deve acontecer. Nenhum ‘equilíbrio de poder’ entre nações subsistirá.” É difícil ver como um presidente americano que sustenta estas visões e sequer aceita a grandiosidade da América na História pode realmente liderar a única superpotência do mundo com força e convicção.
Há uma clara sensação de Titanic em relação à presidência de Obama e não é difícil de enxergar porque. O presidente mais esquerdista da história moderna americana tentou forçar uma agenda altamente intervencionista movida pelo governo, que vai de encontro aos princípios da empresa livre e da liberdade individual e de um governo limitado que tem feito dos Estados Unidos a maior força no mundo e a nação mais livre da Terra.
Isso, combinado com uma fraca liderança tanto dentro, como fora de casa, contra o pano de fundo de tremenda incerteza econômica em um mundo cada vez mais perigoso, contribuiu para um espetacular colapso político para um presidente que se pensava ser invencível. A América, no seu âmago, permanece uma nação profundamente conservadora, que aprecia suas tradições e princípios fundamentais. O Presidente Obama está cada vez mais fora de compasso com o povo americano, ao avançar com políticas que minam os Estados Unidos como potência global, enquanto rebaixa o arraigado amor americano pela liberdade.
TRADUÇÃO: Célia Savietto Barbosa