O pavor de ser considerado “golpista”; Comentário do blog sobre Nelson Mandela (“O Eixo do Mal está vivo e passa bem” -Humberto Fontova) ; Educação Técnica e Profissional nos Estado Unidos (Prof. Simon Schwarztman)

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Engraçado, o rapaz sugere que abandonemos o país, eu concordo, tenho dito isto há vários anos. Ao final indaga, enfáticamente, umas duas vezes : “Quem vai parar PT ?” Neste momento imaginei que faria de leve, de maneira sub-reptícia, alguma insinuação com respeito aos militares. Nem sonhando. Ele cita o STF petista como o final dos tempos, nada mais se pode esperar, e estamos conversados. Acaba o vídeo. Isto é um absurdo. Os militares não podem ficar fora desse tipo de discussão, é simplesmente ridículo. Eles são parte integrante da vida política brasileira. Já deram vários golpes de estado, sem contar infinitas interferências como grupo de pressão.Neste momento estão sendo agredidos pelos petistas em suas mais importantes convicções. Estão sendo humilhados, odeiam o PT, e o óbvio: são os únicos que tem armas nas mãos. Não existem grupos paramilitares petistas, não existe nenhum esquema, que saibamos, de resistência a eles, mas… parece que impera um medo extraordinário de se tocar no assunto. É proibido. Mas, quem proibiu? O PT, ao que parece. Não pela força, mas por haver instituido no país que falar em militar é ser golpista. É a cultura do anti-militarismo. Não interessa pesquisa de opinião, favoravel aos milicos. O rapaz, que parece tão corajoso, tão enérgico, ou está anestesiado feito todo mundo, ou de fato é um coelho, feito todo mundo.

 

 

 

 

 

Comento trecho do texto “O Eixo do Mal está vivo e passa bem” (Humberto Fontova) , que está logo abaixo do comentário

 

 

 

Realmente, não houve nenhuma injustiça contra Mandela no julgamento de Rivônia, em 1964. Segundo ele próprio, em seu livro de memórias, só não foi condenado à morte pelo juiz De Wet porque o magistrado estava apavorado com a extraordinária pressão internacional. Tenho a impressão de que nunca mais houve nada semelhante no mundo. Mesmo hoje, com a facilidade de comunicações, com a globalização, é dificil que ocorra algo parecido. Imagino que possa ter sido tão forte quanto o clamor pedindo perdão para os Rosembergs. Diz Mandela: “Muito pálido, estava respirando fundo… De Wet parou um instante, como que para tomar fôlego. A voz dele, que antes já estava abafada, tornara-se praticamente inaudível”. Continua Mandela:” No entanto , ele estava sob uma pressão ainda maior exercida por seu próprio povo. Era afrincânder branco, criatura do sistema e do modo de pensar sul-africano. Não tinha nenhuma tendência a ir contra o sistema de crenças que o havia formado. Sucumbira a essas pressões condenando-nos à prisão por toda a vida e resistira a elas não nos impondo a morte”.
O esperado era a sentença de morte por enforcamento. As acusações contra Mandela era arrazadoras, mas a África do Sul era um país semi-isolado, e um juiz “caipira”não poderia resistir a organismos internacionais que, para ele, eram alguma coisa parecida com o Olimpo. Diz Mandela: “Dois dias antes da data marcada para o juiz De Wet dar a decisão o conselho de segurança da ONU ( com quatro abstenções, entre as quais a Grã-Bretanha e os Estados Unidos) insistiu para o governo sul-africano encerrar o julgamento e conceder anistia aos réus.

 

Um leitor comentou:

Puxa, lendo seus textos e aprendendo.

Obrigado Mafra.

 

 

Outro leitor: esse Mafra é um baita reacionário…

O primeiro leitor :  Então é dos nossos! Aliás a palavra reacionário só encontra guarida na visão de mundo marxista que pressupõe que o mundo caminha para um glorioso futuro onde a única razão será a do partido e qualquer resistência a esta marcha é uma miserável reação à redenção humana.

 

 


O Eixo do Mal está vivo e passa bem

Escrito por Humberto Fontova | 11 Setembro 2013


Pela simples leitura da grande mídia, quem poderia saber qualquer dessas coisas?


“Repórteres estrangeiros – de preferência americanos – eram muito mais valiosos para nós do que qualquer vitória militar. Muito mais valiosos do que recrutas para nossa força de guerrilha eram os recrutas da mídia americana para exportar nossa propaganda.” (Che Guevara, 1959)

“De duas uma: ou os repórteres que estão em Havana são insensíveis à dor da oposição ou são claramente cúmplices do governo.”
(Jorge Luis García Pérez, também conhecido como Antunez, vítima de tortura do governo Cubano, para o Miami Herald em 7/8/2013)

Note o tempo que se passou entre as citações acima. Poucos esforços de recrutamento de propaganda e poucas campanhas de relações públicas foram tão espetacularmente bem sucedidas ou tão duradouras quanto as movidas por Fidel Castro e Che Guevara.

Por exemplo, eis o que se passou nas últimas semanas: o regime cubano foi pego em flagrante enviando um navio-tanque carregado de armas ilegais (inclusive equipamento de mísseis) para a Coréia do Norte, uma frota de navios de guerra russos visitou Havana, o vice-presidente de Cuba visitou o Irã com o intuito de “expandir relações”,o vice-ministro de relações exteriores visitou Pionguiangue para fomentar “uma cooperação mais próxima”, e a Anistia Internacional censurou publicamente a onda de terror contra os dissidentes cubanos, designando cinco deles como “prisioneiros de consciência”.

Uma rápida pesquisa por notícias cubanas mostrará que o item mais noticiado nos Estados Unidos durante as últimas semanas foi a viagem de um praticante de remo de prancha que remou de Havana até Key West para “promover a paz, o amor e a amizade entre os povos de Cuba e dos Estados Unidos”.Nesta semana, cumprimentos de aniversário pelos 87 anos completados por Fidel Castro fizeram a alegria da mídia.

Fidel Castro prendeu prisioneiros políticos numa escala maior do que Stalin durante o Grande Terror, assassinou mais cubanos durante os seus três primeiros anos no poder do que Hitler o fez durante os seis primeiros anos de governo nazista e esteve mais perto de começar uma guerra nuclear em escala mundial do que qualquer outra pessoa na história. E durante este processo transformou uma nação cuja renda per capita era maior do que metade dos países europeus e cujo influxo de imigrantes era enorme em um país que causa aversão aos haitianos e que exibe o maior índice de suicídio no hemisfério ocidental.

Mas, pela simples leitura da grande mídia, quem poderia saber qualquer dessas coisas?

Em 1990,a polícia secreta de Fidel, treinada pela KGB, prendeu Antunez (citado acima), um dissidente negro cubano, e os tribunais fajutos de Fidel o sentenciaram a 17 anos de prisão. Seu crime foi o de ter gritado slogans contra Fidel em público. Oscar Biscet, um médico negro cubano, foi sentenciado a 25 anos nas câmaras de tortura de Fidel pelo crime de ter recitado em praça pública as obras de Martin Luther King e a Declaração de Direitos Humanos da ONU. Este crime tornou-se muito mais grave pelo fato de o Dr. Biscet ter denunciado, especificamente, a política de abortos forçados imposta pelo regime cubano (política que é a verdadeira explicação da “baixa taxa de mortalidade infantil”, tão alardeada por tipos como Michael Moore e organizações como o Congressional Black Caucus, a bancada dos deputados e senadores negros no congresso americano).

Muitos negros cubanos ficaram mais tempo encarcerados nos porões e câmaras de tortura da ditadura castrista do que Nelson Mandela nas prisões (relativamente) confortáveis da África do Sul. Na verdade, esses cubanos podem ser classificados como os presos políticos que por mais tempo sofreram em toda história moderna. Eusebio Penalver, Ignacio Cuesta Valle, Antonio Lopez Munoz, Ricardo Valdes Cancio, e muitos outros negros cubanos sofreram quase trinta anos nas prisões de Fidel Castro. Esses homens (e, diga-se de passagem, muitas mulheres também, brancas e negras) foram torturados a 144 quilômetros das costas americanas.

Mas você nunca tinha ouvido falar deles, não é mesmo? E no entanto da CNN à NBC, da Reuters à AP, da ABC à NPR, o feudo de Castro hospeda uma abundância de escritórios de imprensa americanos e internacionais e pulula de intrépidos “repórteres investigativos” .

Segundo ativistas anti-Apartheid, um total de 3 mil prisioneiros políticos passaram pela prisão sul-africana de Robben Island durante mais ou menos 30 anos de regime de Apartheid. Normalmente, cerca de mil eram mantidos presos. Mil pessoas num país em que a população total chegava a 40 milhões.

De acordo com a Freedom House, um total de 500 mil prisioneiros políticos passaram pelas várias prisões e campos de trabalho forçado de Fidel Castro. Em uma certa ocasião em 1961, cerca de 300 mil cubanos foram parar na cadeia por crimes políticos. 300 mil pessoas num país em que a população era de 6.4 milhões em 1960. Um rápido cálculo revelará, facilmente, a disparidade grotesca entre os dois regimes em termos de repressão. Um breve exame da mídia revelará a disparidade grotesca da condenação dirigida antes ao (relativamente) brando regime sul-africano do que à furiosa ditadura cubana.

Em 1964 o governo do Apartheid sentenciou Nelson Mandela a 30 anos de prisão. O julgamento de Mandela foi conduzido por um judiciário independente e testemunhado por muitos observadores internacionais. As acusações contra Mandela incluíam: “A preparação, manufatura e uso de explosivos, incluindo 210 mil granadas de mão, 48 mil minas antipessoais, 1.500 bombas-relógio, 144 toneladas de nitrato de amônio, 21,6 toneladas de pó de alumínio e uma tonelada de pólvora negra. São 193 acusações relativas a atos de terrorismo cometidos entre 1961 e 1963”.

“O julgamento (de Mandela) foi conduzido de maneira legal”, escreveu Anthony Sampson, correspondente do London Observer (jornalista que depois escreveu a biografia autorizada de Mandela). “O juiz, o Sr. Quartus de Wet, foi escrupulosamente justo.”

Antunez, Biscet e milhares de outros cubanos foram condenados por um sistema judicial fundado por Felix Dzerzhinsky durante o Terror Vermelho de Lênin, aperfeiçoado por Andrei Vishinsky durante o Grande Terror de Stalin e transplantado para Cuba em 1959 por seus discípulos “latinos”. “Prova judicial é um detalhe burguês arcaico”,enfatizava Che Guevara aos promotores públicos. “Quando em dúvida– execute.”

“Provas legais são impossíveis de obter contra criminosos de guerra”, Fidel Castro explicou à revista Time em fevereiro de 1959. “Então nós os sentenciamos com base em uma convicção moral.”

Essas “execuções” (assassinatos, tecnicamente falando) ultrapassariam as de Hitler durante a Noite das Facas Longas e o índice de encarceramentos superaria o de Stálin durante o seu Grande Terror, isso sem contar o índice da África do Sul durante o Apartheid.

E no entanto “a injustiça” contra Nelson Mandela é um caso judicial célebre na mídia. Mas a maioria de vocês nunca ouviram falar de Antunez, Biscet ou de nenhuma daquelas centenas de outros prisioneiros políticos cubanos negros. Por quê?

 

Simon’s Site

 

Educação Técnica e Profissional nos Estados Unidos

 

O Brasil é um dos poucos países do mundo, senão o único, que não oferece alternativas de formação profissional de nível médio, e aonde a formação tecnológica profissional pós-secundária, de curta duração, praticamente não se desenvolveu. É importante, por isto, entender o que outros países estão fazendo, e ver se conseguimos aprender algo destas experiências.

Uma das explicações para esta situação é que existe uma valorização exagerada dos cursos acadêmicos e universitários, quando, na realidade, nem sempre eles trazem os benefícios que deles se espera.

Este mito existe também nos Estados Unidos, e um estudo recente de Mark Schneider, do American Institutes for Research, Higher Education Pays: But a Lot More for Some Graduates Than for Others, mostra o que ocorre na realidade:

  • algumas certificações pós-secundárias, como os “associate degrees” e certificados profissionais de dois anos, ganhar muito mais depois de formados do que pessoas com quatro anos de curso superior (o “bachelor’s degree” americano)
  • aonde você estuda faz diferença, mas não muita- universidades de maior prestígio não levam necessariamente a melhores perspectivas profissionais;
  • O que você estuda é mais importante do que aonde você estuda. Graduados nas áreas de engenharia e saúde ganham mais do que graduados em musica, fotografia, filosofia e humanidades.

É um tipo de informação sobre os resultados práticos dos formados no mercado de trabalho que deveria ser essencial para os estudantes decidirem o que estudar e aonde, e que, infelizmente, falta nos sistemas de avaliação do ensino superior no Brasil.

Um trabalho recente feito por Érica Amorim em colaboração comigo mostra em bastante detalhe o como se dá o ensino técnico e vocacional nos Estados Unidos.

O trabalho mostra que nove em cada dez alunos que concluíram o ensino secundário nos Estados Unidos cursaram pelo menos um curso na área técnica e vocacional. A educação técnica e vocacional está presente em quase todas as escolas públicas de ensino secundário nos Estados Unidos . Ela continua no nível pós-secundário em cursos de um e dois anos, que qualificam para o mercado de trabalho. No que diz respeito à qualificação profissional, em 2005, cerca de 40% da população adulta (cerca de 53 milhões de pessoas) participou de algum tipo de curso fora do sistema educacional e relacionado ao mercado de trabalho

 

17 setembro, 2013 às 11:20

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Categoria: Artigos

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