O texto triste ( Simon’s Site)
Your sad blog
Daniel C. Levy, Professor de Administração Educacional e Políticas Públicas da Universidade Estadual de New York, Albany, me envia o comentário abaixo:
Seu triste texto ((Às vezes, Simon, eu temo que você está no seu melhor quando o sistema está no seu pior. A crítica, feita com moderação, é contundente. • Não tenho muita certeza quanto à periodização que está implícita. Existe a distinção entre a educação superior pública no Brasil e na América Latina, mas as propostas de Renato de Souza mostram que, na realidade, a distinção não era tão grande quanto poderíamos ter desejado (pelo bem do Brasil). Embora eu sempre considerasse que o contraste era válido e de fato fundamental, também percebia que a grande expansão do sistema federal, em termos absolutos e em particular nos estados mais pobres e com menos alunos e professores bem preparados, reduzia muito o contraste. Me impressiona também a forte associação entre o setor privado e o acesso a estudantes mais pobres. Isto é em grande parte verdadeiro tanto na trajetória brasileira como na dos países asiáticos, ao contrário da América espanhola, mas eu pensei que a expansão do setor federal significasse que também houvesse considerável sobreposição de status socioeconômico nos dois sistemas. • Provavelmente também subestimei o alcance dos fracassos de Paulo Renato ou da frouxidão de Lula. O Prouni de Lula me parecia sensato. Embora eu estivesse ciente das quotas sociais, eu não tinha percebido que o sistema federal foi forçado a quase duplicar o seu tamanho (em cima de recursos humanos débeis e recursos financeiros precários) ou a amplitude da deriva acadêmica dos CEFETs (na realidade um termo fraco para descrever um processo político desta natureza), com a paridade de benefícios com as universidades. Um sistema que mal mantém os gastos por estudante, duplicando seu número (o que significa receber estudantes menos privilegiados), está sujeito a graves problemas de desempenho e legitimidade acadêmica e social. Suponho que os defensores deste progressismo acreditem que ele será saudável a longo prazo, bem como politicamente conveniente a curto prazo, mas talvez seja uma suposição generosa demais. • Ainda que as reformas que você continua a defender bravamente são seguramente as mais acertadas, é difícil ter esperança. Para mim, uma enorme vantagem o Brasil desfrutou e aproveitou bastante no período tratado em meu último livro (To Export Progress: The Golden Age of university assistance in Latin America, 2005) foi seu desenvolvimento tardio. Isto permitiu a construção de instituições saudáveis e práticas, com diferenciação e restrições de acesso. Quando isto se desintegra, novas reformas requerem desfazer interesses entrincheirados em estruturas expandidas. Temos alguns exemplos positivos em nível mundial de aumento de autonomia institucional com alguma melhora também nos processos de avaliação. mas são muito raros os casos de diferenciação depois que os sistemas se tornam tão homogêneos pelas políticas implantadas. • Esta história triste me faz pensar na distinção entre o Brasil e a América Latina não só em relação ao ensino superior, mas entre os regimes populistas radicais e os regimes populistas moderados de esquerda. Claro que existem diferenças em ambas as arenas, e nem você, com suas críticas, consegue me deprimir ao ponto de esquecer isto.