Obama: a tentativa de acabar com a excepcionalidade americana ( o blog e Olavo de Carvalho); Fotos da Revolução Cultural e mais comentários sobre a grande mentira da “extraordinária ascenção chinesa ; Falam os militares: Capitão de Mar e Guerra Galdino Ernesto Santucci

 

Obama: desestruturando os Estados Unidos

TRECHO DE ARTIGO DE OLAVO DE CARVALHO e comentários do blog

Para quem estuda os fatos da atualidade com critérios de historiador, nada mais fácil do que compreender os objetivos da administração Obama, bem como as estratégias e táticas usadas para sua implementação. Esses objetivos são apenas dois: (a) debilitar o poderio americano na esfera internacional, tornando os EUA praticamente inermes ante qualquer iniciativa militar ou qualquer campanha diplomática mais agressiva da parte de seus inimigos; (b) no plano interno, inversa e complementarmente, aumentar o poder de controle do governo sobre a massa dos cidadãos, desarticulando e desarmando antecipadamente qualquer veleidade de oposição popular, seja ao primeiro objetivo, seja a este mesmo.

Isto não é uma “interpretação”. Os fatos falam por si mesmos, mas não podem ser ouvidos pela maioria, seja porque são diretamente sonegados, seja porque vêm diluídos numa maçaroca alucinante de factóides, detalhes irrisórios, desconversas e desinformação pura e simples, tornando a substância dos acontecimentos dificilmente apreensível até mesmo por pessoas letradas que, inconscientes da mudança radical das funções do jornalismo desde a década de 60, continuem tomando a “grande mídia” como fonte primordial de informações.

No plano internacional, com exceção das gestões para deter a corrida armamentista da Coréia do Norte, que já vinham da presidência anterior e não têm como ser desviadas muito rapidamente do seu curso pré-escolhido, as iniciativas principais do governo Obama foram sucessivas manifestações de simpatia para com governos islâmicos profundamente comprometidos em campanhas anti-ocidentais e anti-americanas. A quase genuflexão ante o rei da Arábia Saudita é apenas um símbolo, mas ele diz muito porque vem acompanhado não só de acenos amigáveis para o governo do Irã, mas também de esforços manifestos para induzir a classe política americana a aceitar passivamente a transformação do Irã em potência nuclear (esta notícia não pôde ser ocultada nem mesmo dos brasileiros.

Ao mesmo tempo que despende trilhões num “plano de recuperação econômica”, que beneficia acima de tudo as organizações que o apoiaram na campanha eleitoral, como por exemplo a Acorn, que caprichou no obamismo ao ponto de distribuir milhares de títulos de eleitor falsos para aumentar o eleitorado do candidato democrata, Obama anuncia um corte de 8 bilhões de dólares no orçamento das Forças Armadas. E faz isso no preciso momento em que a China completa a fabricação de um novo míssil balístico capacitado a destruir porta-aviões americanos num raio de dois mil quilômetros com um só disparo para cada um. A zona de cobertura da nova arma, versão modificada do míssil Dong Feng 21, abrange precisamente as áreas que os estrategistas americanos consideram vitais para um eventual confronto de superfície entre forças americanas e chinesas. nota do blog: Embora concorde com o Olavo com respeito aos cortes na defesa, ( ele se esqueceu de mencionar o absurdo corte sofrido pela NASA), não acredito de maneira alguma em uma China perigosa para os Estados Unidos. ISTO SE os Democratas não elegerem presidentes um após o outro, feito o PT no Brasil. Feita a ressalva, reafirmo que os chinos estão anos-luz de distância da capacidade militar americana. O tal missil deve ser mais uma das fabulosas mentiras a respeito da nação que “logo vai ultrapassar os Estados Unidos”. Eles apertam o botão para disparar o missil e o porta-aviões aperta um botão que destroi Pequim. É mais ou menos assim. Sinto ficar me repetindo, mas morei 5 anos naquela lata de lixo, e a única coisa que me impressionou foram os seus papagaios (pipas) que eu soltava na Praça da Paz Celestial usando uma divertida mímica para conversar com meus ociosos amigos chinos. “Mordam-se de inveja” ( Paulo Francis), mas soltei as fabulosas pipas também em Sidney, na cidade do Cabo, e em Londres.

É ainda impossível avaliar em que medida a nova arma de Beijing é devedora do ex-presidente Clinton, que após ter feito vista grossa à profusão de espiões tecnológicos chineses nos EUA, aproveitou sua última semana na Casa Branca para libertar os poucos deles que estavam na cadeia. O que é absolutamente certo é que a liberação das viagens a Cuba, planejada pelo governo Obama, vai fortalecer um bocado o regime comunista da ilha, não só “enchendo de dinheiro os irmãos Castro”, como disse Otto Reich, mas facilitando o trânsito de espiões cubanos num país que já está repleto deles.

Por fim, é notório que os círculos obamistas vêem com agrado as gestões cada vez menos discretas do G-20 para adotar uma moeda mundial, desbancando o dólar e submetendo a economia americana ainda mais ao controle internacional.

Embora o sentido de todas essas atitudes do governo Obama seja claro e insofismável, até mesmo os comentaristas mais abertamente conservadores têm extrema dificuldade em percebê-lo. Seus cérebros, entupidos de inibições, preconceitos e escrúpulos patéticos que a cultura esquerdista ambiente injetou neles desde a década de 60, funcionam com tal lentidão que só ouvem o cão latir depois de várias mordidas. nota do blog Brilhante este trecho do Olavo. Tenho repetido ad nauseam que os conservadores, os republicanos, sempre estiveram na defensiva, desde que eu me entendo por gente. A deslealdade, a desonestidade e a mentira deslavada fazem parte da cultura dos american-liberals. Décadas se defendendo, décadas tentando mostrar que estão sendo caluniados, realmente embotaram a capacidade dos conservadores de enxergar com clareza o terreno minado onde pisam.  Continuam tratando os seus adversários com luva de pelica, tentando explicar o que não precisa ser explicado. Mesmo quando durante uma campanha eleitoral tentam ser mais duros, existe alguma coisa que falha, alguma coisa que soa como falsa, e todos sabemos por experiência em nossas próprias vidas que é a dificuldade que temos em nos expressar quando enfrentamos pessoas desonestas em seu terreno, o pântano da falta de escrúpulos. Se um presidente republicano tivesse feito o mesmo que Clinton no episódio fantástico da Mônica Lewinski este teria sido posto para fora da Casa Branca pelos próprios companheiros de partido. Os conservadores teriam morrido de vergonha. Já os liberais defenderam com unhas e dentes  o presidente que foi para a televisão e disse solenemente para milhões de pessoas que never, ever, tivera qualquer relação com a moça. Depois, durante o processo, precisou jurar no tribunal. Quando apareceram as provas, e o casaco com seu esperma, teve que pedir desculpas, voltando à TV. Mas que fortaleza de falta de caráter! Depois, de novo no tribunal, também ao vivo na TV , sua voz sumiu, e o juiz repetia: ” “Não estou ouvindo o senhor, Mr. President“. Clinton cometeu PERJURO, o que é crime levado a sério nos EUA . Desta vez nada aconteceu. Os liberais nos impingiram a história que o comportamento privado de um presidente nada tinha a ver com sua vida pública ! Nossa, mas o cara recebeu boquete 7 vezes no Salão Oval da Casa Branca e, pior, durante um deles atendeu um telefonema do presidente da Comissão de Defesa do Senado!  Sendo chupado e falando com o senador! Já foi dito que este é o momento mais degradante de toda a história dos Estados Unidos. Algumas putas foram entrevistadas na televisão ( acompanhei tudo ao vivo), contaram suas conversas com ele, debocharam dele, chegaram a lhe dar lição de moral. Quando o babaca do Larry King perguntou para Paula Jones ( que também transava com o cara) se ela não tinha pena da Chelsea, filha do casal, a resposta foi excelente :   “Larry, eu tenho pena dela, tenho pena da Hillary, tenho pena dele, mas tenho mais é pena de mim mesma !”Um senador Democrata resumiu maravilhosamente a posição dos liberais, berrando na TV: ” O homem já pediu desculpas; o que mais querem que ele faça ? Que pule pela janela ?”   E antes que eu me esqueça, chamá-lo de o maior mentiroso da história universal faz todo o sentido, já que mentiu para um número de gente ao redor do mundo, começando pelos EUA,  que nunca existiu no passado.

Mas, continuando com o Olavo:

Uma conversa recente na Fox News entre Sean Hannity, comentarista político da estação, e Dick Morris, ex-conselheiro dos Clintons convertido à causa conservadora, ilustra o que estou dizendo:

Morris: — Há uma coisa importante que vai acontecer em Londres neste G-20, e que eles estão camuflando, escondendo: a coordenação dos regulamentos internacionais. O que eles vão fazer é colocar o nosso FED (Federal Reserve) e a nossa SEC (Comissão de Títulos e Câmbio), sob o controle do Fundo Monetário Internacional… O que isso realmente é, é colocar a economia americana sob controle internacional.

Hannity: — É mesmo.

Morris: — E aquelas pessoas que viviam gritando “A ONU vai tomar o poder!”, “É o governo global!”…

Hannity: — Teóricos da conspiração…

Morris: — Eles eram malucos. Mas agora vemos que estavam com a razão. Está acontecendo.

Hannity: — Quando o Geithner (presidente do FED) disse na semana passada que está aberto à idéia de moeda global, essa turma da teoria da conspiração já tinha anunciado durante anos que isso ia acontecer. Você não está errado, você não está errado…

Concomitantemente – e coerentemente – com a debilitação do poderio americano no exterior, as medidas do governo Obama para aumentar o controle estatal sobre a sociedade e os cidadãos são tão vistosas que o simples fato de não provocarem escândalo geral já é por si mesmo um escândalo. Desde logo, Obama exigiu que o escritório do Censo, até então sob responsabilidade parlamentar e portanto bipartidária, fosse instalado na Casa Branca, sob sua fiscalização direta. Como o Censo determina o zoneamento eleitoral, quem controla o Censo controla as eleições americanas. Em tempos normais, esta simples decisão seria motivo de impeachment, mas tanto o Congresso quanto a mídia estão mais empenhados em preservar a imagem de Obama do que a segurança do país e o bom funcionamento da democracia. Até o momento, ninguém estrilou contra a usurpação do Censo, noticiada com discrição entre páginas e páginas consagradas aos novos modelos de vestido da Sra. Michele Obama.

Não podendo implantar diretamente o controle de armas, que a população rejeita maciçamente, o governo Obama apelou ao expediente de diminuir o estoque de munições à disposição do consumidor, dificultando a compra ou importação dos materiais necessários à fabricação de balas. Os efeitos da medida apareceram com velocidade impressionante. Qualquer coisa mais requintada do que cartuchos para espingardas de caça é muito difícil de encontrar hoje em dia nas lojas de armas. Ao mesmo tempo, os deputados e senadores governistas já distribuem entre si uma lista de mais de setenta modelos de armas que o Procurador Geral Eric Holder – tradicional adepto da proibição total – planeja banir na primeira oportunidade.

Não satisfeito com o tremendo acréscimo de poder que essas medidas lhe dão, o governo Obama, através da FDA (Food and Drug Administration), vem ajudando a promover o Codex Alimentarius – plano da ONU para colocar a produção mundial de alimentos sob controle direto e estrito da burocracia internacional e de meia dúzia de macro-empresas globais. Os projetos de lei HR875, HR759 e S425 proíbem até mesmo a livre produção de alimentos para consumo doméstico ou comunitário, e tornam crime a chamada “alimentação natural” – plantar cenouras, beterrabas, batatas, etc. sem fertilizantes, antibióticos e o que mais as autoridades determinem. Pelo Codex Alimentarius, cada galinha criada em fundo de quintal terá de ser registrada em órgãos do governo e alimentada com aquilo que o governo escolha. As penalidades incluem prisão do culpado, apreensão dos produtos considerados ilegais e desapropriação da terra onde seja cometido o “crime”.

Uma das empresas mais empenhadas na aprovação do projeto é a Monsanto. Quando o ativista de esquerda José Bové, participante do Forum Social Mundial de 2001 em Porto Alegre, promoveu a destruição de mil acres de transgênicos dessa empresa no Rio Grande, todos os nossos liberais e conservadores protestaram, em nome da liberdade de mercado. Lamento informar: descontados os meios ilegais com que fez o seu protesto, Bové estava certo, mesmo sem saber por que. A Monsanto não tem nada a ver com liberdade de mercado. Tem a ver com o socialismo burocrático mundial.

Para completar, o senador democrata Jay Rockefeller, membro da família que controla o CFR (Council on Foreign Relations) e por meio dele a política americana, após ter feito a espantosa declaração de que o maior risco para a segurança dos EUA não é o terrorismo, nem a China, nem o tráfico de drogas, nem a imigração ilegal, e sim a internet – declaração que num primeiro momento pareceu apenas um abuso de excentricidade –, passou das palavras à ação, apresentando, na semana seguinte, um projeto de lei que coloca a rede inteira sob controle direto de órgãos da presidência americana.

Tecnicamente – e creio ter demonstrado isso em sucessivos escritos e conferências –, uma revolução define-se como um projeto abrangente de mudança social e política a ser realizado mediante uma concentração anormal de poder. Uma revolução nesse sentido estrito – uma revolução de dimensões mundiais – já está em avançado estado de realização nos EUA. O fato de que a maior parte da população e até mesmo das classes letradas nem mesmo perceba isso enquadra nitidamente o fenômeno na categoria das “revoluções desde cima”, tal como descrito no livro clássico de Hermann Rauschning, The Revolution of Nihilism: a Warning to the West. Publicado em 1938 e referindo-se especialmente ao caso alemão, o alerta de Rauschning não foi ouvido. O meu também não será.

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Fotos da Revolução Cultural

nota do blog: reproduzo trecho do meu artigo  “Cinco anos na China” para que o leitor melhor entenda a “Revolução Cultural” chinesa, e por consequência as fotos

………”Aproveitando o monumental fracasso do plano louco, os inimigos de Mao começaram a questionar a competência do Grande Timoneiro. Bem, já que os camaradas do Partido estavam engrossando, eles resolveu mostrar que realmente todo o poder emanava do povo. Para isso fez algo realmente espantoso, sensacional: usou o seu carisma, um dos maiores que qualquer homem teve durante toda a História, e convocou dezenas de milhões de estudantes. Disse a eles que o passado era feudal e burguês, e que deveria ser destruído. Oficialmente, a ordem era atacar os Quatro Velhos: velhos costumes, velhos hábitos, velha cultura e velhos pensamentos. Na prática, Mao disse que tudo o que fizessem estaria absolutamente correto. De uma hora para a outra, dentro da sociedade chinesa, o monopólio da razão passou para as mãos da juventude escolar do nível secundário. Se adolescentes já são insuportáveis em qualquer lugar – até na Suécia -, imagine os jovens chineses, nascidos em meio a ódios, medo e submissão, recebendo carta branca vinda do deus vivo. Nos dois primeiros anos, de 1966 a 1968, quase acabaram com a China. Mostraram realmente o que é o doce pássaro da juventude. Ficaram completamente histéricos e surraram, torturaram e mataram seus professores. Caçaram os intelectuais e os artistas, acabaram com as escolas, queimaram bibliotecas, destruíram velhos prédios, templos e obras de arte. O Exército foi obrigado a defender os dois maiores monumentos nacionais, a Cidade Proibida e a Grande Muralha. Desta forma, na China viveu-se a situação extraordinária em que, pela primeira vez na História, as crianças mandavam nos adultos.  Quando a situação ficou além do imaginável, com o risco do país desmoronar, o Grande Timoneiro havia alcançado o seu objetivo e encontrava-se na posição de dono absoluto do poder. Sendo assim, decidiu chamar o exército para que impusesse a ordem e despachou seus milhões de adoradores para o interior do país, colocando-os nos célebres programas de “reeducação”, instituição típica dos regimes comunistas. Oficialmente, a Revolução Cultural acabou com a morte de Mao, em 1976, aos 83 anos de idade. Monge: “neo-antiguidade” envelhecida à força.

 

Hoje, quando você vai ao espetacular mercado de antiguidades de Pequim, o Panjiayuan, e os chineses lhe oferecem, a preço de banana, alguma peça muito bonita – uma cabeça de Buda – dizendo que é “olda”, (old – antiga) e insinuando que é produto da Revolução Cultural, vindo da quebradeira dos estudantes nos velhos templos, é melhor deixar o entusiasmo de lado. Para dar a aparência de velho, os chineses enterram peças na lama e descascam as estátuas de madeira. Uma martelada aqui, um amassão lá, vamos arranhar, e passar alguns líquidos sujos. Não deixa de ser divertido admirar essas neo-antiguidades”

 

 

O governador de Heilogjiang, Li Fanwu, tem o cabelo cortado por adolescentes da Guarda Vermelha após ser acusado de tentar se parecer a Mao. A foto foi tirada numa praça de Harbin, capital dessa Província (Li Zhensheng – Contact Press Images/12.set.1966).

 

Kang Wejie, de cinco anos, defensora de “aprender e aplicar o pensamento de Mao”, dança para militantes na praça da Guarda Vermelha, em Harbin. (Li Zhensheng – Contact Press Images/28.abr.1968)
“Contrarrevolucionários” e supostos criminosos prestes a ser fuzilados; à esquerda, guarda vermelho tenta separar dois amantes condenados à morte, Cui Fengyuan e Guan Jingxian (Li Zhensheng – Contact Press Images/5.abr.1968).

Existem grandes filas para ver o corpo embalsamado de Mao em exposição permanente na Praça da Paz Celestial.  Embalsamado ?  De jeito nenhum, é mais uma farsa comunista. Quando o Grande Carniceiro morreu os chinos tentaram repetir o que eles pensavam que os russos haviam feito com Lenin, mas as várias tentativas para transformar Mao numa múmia fracassaram. Seu médico particular, em um livro interessantíssimo, diz que os erros foram tantos que em determinado momento o corpo inchou, parecia que ia explodir. Alguma coisa horrorosa. Os chinos correram para ver Lenin, em Moscou, e constataram que o outro assassino era pura estátua de cêra, nada de estar embalsamado. Assim, voltaram , e trataram de fazer a mesma coisa. E lá está ele, o mass murder que virou cêra. E milhões de pessoas, inclusive turistas, desfilam, geralmente muito respeitosos, diante do Dr. Lustosa.
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Nota do blogPara saber mais sobre a Revolução Cultural, ler o artigo   Cinco anos na China   , clicando em cima do título

 

A MENTIRA QUE COLOU: A CHINA VAI SER A MAIOR POTÊNCIA DO MUNDO

O blog publica artigo  de Eric Vanden Bussche a respeito das fraudes chinesas no campo intelectual

( Folha de São Paulo)

No ano passado, um professor de biologia de uma universidade de Wuhan passou a almejar o posto de chefe de departamento. Para isso, entretanto, seria necessário publicar um artigo numa revista científica no exterior. Esse professor então teve a ideia de pedir ajuda a um velho amigo, cuja filha havia se doutorado em biologia na Austrália. O diálogo entre ambos _presenciado por mim_ revela o preocupante estado do ensino superior na China.

“Será que a sua filha poderia me ajudar a publicar um artigo em inglês numa revista acadêmica na Austrália ou EUA?” perguntou o professor de biologia.

“Quando você me entregar o artigo, pedirei a minha filha para traduzi-lo ao inglês e encaminhá-lo a uma publicação científica norte-americana,” respondeu o seu amigo.

Mas a expressão no rosto do professor de biologia demonstrava certa inquietação. “É melhor que sua filha escreva o artigo. Se quiser, ela pode escrever sobre suas próprias pesquisas”, disse o professor de biologia. “Eu nunca redigi um artigo científico na minha vida e já não entro num laboratório há décadas.” Para convencer o seu amigo, ele prometeu uma generosa quantia em dinheiro.

Apesar dos investimentos do governo chinês em suas universidades e na contratação de professores e pesquisadores de renome internacional, o caso que acabo de relatar não é uma exceção e revela como o ensino superior do país ainda tem um árduo caminho a percorrer até conseguir oferecer cursos com a mesma qualidade das universidades norte-americanas e europeias.

Casos de fraude e plágio não são novidade na China. Segundo um artigo no “Epoch Times”, entre 2008 e 2010, 31% dos artigos na “Revista de Ciências da Universidade de Zhejiang”, uma das publicações acadêmicas de maior prestígio do país, continham trechos e ideias sem as devidas citações.

O jornal também assinalou que uma um terço dos 6.000 cientistas que responderam a uma enquete realizada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia da China admitiram que já plagiaram, fabricaram e falsificaram resultados.

E um estudo recente da Universidade de Wuhan mostra que acadêmicos chineses _como o professor de biologia que citei no início do meu texto_ compram artigos para aumentar a sua lista de publicações. Segundo o estudo, o negócio de compra e venda de artigos e teses movimenta milhões dólares por ano.

O cientista Fang Shimin _mais conhecido como Fang Zhouzi_ tem provocado arrepios no meio acadêmico chinês por se dedicar em revelar tais casos. Durante a última década, ele expôs mais de mil. Seus esforços lhe renderam uma extensa lista de inimigos, que o acusam de macular a imagem acadêmica do país.

Em 2011, a revista “Legal Weekly” publicou um artigo de quatro páginas criticando Fang, no qual colegas dele afirmavam que ele não era “uma pessoa adequada para ser um amigo”. E há dois anos, Fang chegou a ser agredido fisicamente com um martelo por três homens contratados por Xiao Chuanguo, um pesquisador de renome da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, em Wuhan, centro-oeste da China.

Fang havia enfurecido Xiao ao tecer duras críticas sobre os métodos e resultados de suas pesquisas na área de medicina. Alguns meses após o ataque _que rendeu a Xiao uma pena de prisão de cinco meses_, o presidente da Universidade de Centro-Sul em Changsha disse aos participantes da reunião anual da Associação Chinesa de Ciência e Tecnologia: “Estamos numa época perigosa para defender a ética acadêmica”.

Os casos de fraude e plágio revelam um grave problema das universidades chinesas: a falta de inovação e criatividade. Muitos dos professores universitários que conheço, tanto na área de humanas quanto ciências exatas e biológicas, culpam o sistema educacional, que enfatiza a memorização e não estimula os alunos a desenvolverem a um senso crítico.

Até mesmo professores de renome com doutorados obtidos em universidades de elite na Europa e EUA se envolveram em escândalos. É o caso da estrela do Instituto de Antropologia da Universidade de Pequim, Wang Mingming, doutor pela Universidade de Londres. Em 2002, ele foi acusado de plagiar vários trechos de “Antropologia Cultural”, do professor da Universidade de Vermont (EUA) William A. Haviland. Aliás, estima-se que um terço de uma obra de Wang fora extraída do livro do antropólogo norte-americano.

Wang pediu desculpas e, como punição, acabou sendo proibido temporariamente de orientar alunos de pós-graduação, uma punição bastante leve se levarmos em conta que nos EUA e na Europa ele seria obrigado a encerrar a sua carreira acadêmica. Mas na China, onde há uma maior tolerância com casos de plágio e fraude, seus alunos na época publicaram uma carta aberta defendendo o seu orientador e acusaram o denunciante de tentar manchar a reputação da universidade. Wang continua lecionando na Universidade de Pequim até hoje e ainda é prestigiado no meio acadêmico.

Essa tolerância com tais deslizes é preocupante. Até mesmo Fang Zhouzi, que escolheu como sua missão de vida denunciar acadêmicos desonestos, mudou seu discurso quando a revista “Legal Weekly” acusou sua esposa Liu Juhua de plágio em sua dissertação de mestrado. Ao defender a sua esposa, Fang argumentou que as universidades chinesas não ensinam aos seus alunos como citar obras e por isso uma tese não deveria ser uma exigência para alunos de graduação e mestrandos.

Muitos culpam o modo de funcionamento do sistema universitário chinês. As instituições de ensino superior são controladas por burocratas do Partido Comunista chinês (PC), e a ascensão profissional, na maioria das vezes, ainda é determinada por critérios políticos, e não acadêmicos.

Para piorar a situação, desde a década de 90 o governo chinês tem priorizado números sobre qualidade acadêmica. O sucesso na educação superior é medido não a partir da inovação ou qualidade, mas pelo número de alunos e quantidade de publicações dos professores.

Nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo de vagas nas universidades. Mas os críticos assinalam que isso resultou numa perda de qualidade do ensino, pois o número de professores não acompanhou o ritmo. Segundo o “Epoch Times”, entre 1999 e 2004 o número de alunos triplicou enquanto o de professores apenas duplicou.

E a ênfase das universidades no número de publicações de seus acadêmicos tem estimulado o plágio, a compra de artigos e a fabricação e falsificação de dados. Atualmente muitas universidades oferecem contratos de três anos ao seu corpo docente e estipulam um número mínimo de artigos que precisam ser produzidos durante esse período. Quem não atingir a quota não consegue renovar o seu contrato. Uma professora da Universidade Normal de Pequim me explicou que, com a adoção de tal sistema, ninguém se importa mais com o conteúdo e o valor da pesquisa. “Os acadêmicos chineses hoje estão publicando milhares de artigos por ano que ninguém vai ler,” me disse essa professora. “É um gasto de papel.”

Há dois anos, o premiê Wen Jiabao defendeu uma reestruturação das universidades chinesas para que deixem de ser uma repartição pública e se transformem em centros de pesquisa. A mensagem que ele queria transmitir era clara: a China precisa melhorar a qualidade de ensino e pesquisa em suas universidades para se consolidar como potência mundial. Para isso, é necessário que essas instituições sejam comandadas por acadêmicos em vez de burocratas. Mas a ideia do premiê Wen Jiabao acabou sendo alvo de críticas, em especial dos reitores, que na China gozam de um status semelhante a ministro de Estado.

Muitos acadêmicos chineses com os quais conversei acreditam que será muito difícil transformar o atual sistema educacional. Eu concordo com eles e me pergunto como a falta de inovação no meio universitário afetará o futuro do país.

Eric Vanden Bussche é especialista em China moderna e contemporânea da Universidade Stanford (EUA). Possui mais de uma década de experiência na China. Foi professor visitante de relações Brasil-China na Universidade de Pequim e pesquisador do Instituto de História Moderna da Academia Sinica, em Taiwan. Suas áreas de pesquisa incluem nacionalismo, questões étnicas e delimitação de fronteiras da China. Sua coluna é publicada às sextas-feiras.

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FALAM OS MILITARES:

Galdino Ernesto Santucci

Capitão-de-Mar-e-Guerra (IM) Reformado

 

Excelentíssimos Srs. Senadores Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Álvaro Dias, Cristovam Buarque e Roberto Requião.

Há muito não me dirijo a V. Exas. sobre o assunto que dominou nossos contatos anteriores, a saber: “Remuneração dos Militares das FFAA”, mas, agora, aparentemente resolvida – segundo ótica do Governo Federal – a questão e tendo me chegado às mãos o texto abaixo, cuja autoria desconheço, tornou-se oportuno voltarmos ao tema.

Acrredito que, como eu, a quase totalidade dos militares da ativa e da reserva, concordam com a argumentação exposta, coerente e apoiada em números oficiais. Talvez uma minoria, temporariamente excluída da vala comum, beneficiada por cargos ou encargos relevantes financeiramente, possa estar indiferente ao desfecho das ponderações apresentadas, esquecendo-se que a tendência será a volta ao normal da “aposentadoria”.

Assim, excelências, sem nenhuma reivindicação de momento, transmito a análise abaixo, para conhecimento, reflexões e , se cabível, alguma ação de V. Exas.

 

Atenciosamente

 

Galdino Ernesto Santucci

Capitão-de-Mar-e-Guerra (IM) Reformado

 

 

9,14 %- O VITUPÉRIO

Notícias divulgam que foi concedido , aos militares federais , um aumento de 30%, em três parcelas a serem integralizadas, anualmente, a partir de março de 2013.

Caso sejam verdadeiras, apontam para o destrato com que os militares foram considerados nesse lamentável episódio, que almejava corrigir a disfunção salarial, que se observa, especialmente a partir de 2004, entre os militares federais e todas as categorias do serviço público federal, a ponto de, em maio de 2012, as suas remunerações brutas médias corresponderem a 70% daquela da Administração Direta, universo dos servidores civis que têm a menor remuneração em toda a União.

Essa evidência decorre do exame dos dados existentes no Boletim Estatístico de Pessoal nº 193, pág 81 e 82, de maio de 2012, publicação do Ministério do Planejamento.

Com vistas a corrigir essa iniqüidade, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em agosto de 2011, encaminharam aos setores responsáveis do governo um estudo minucioso sobre o assunto, no qual apresentavam uma proposta para, pelo menos, minorar a situação. Para isso, indicavam um reajuste de quase 50%, a ser integralizado em um exercício financeiro, de modo que os militares federais ficassem próximos à categoria civil que menos percebe na União .

Qual foi o desdobramento da questão?

O que se viu foi a procrastinação do problema de modo que a sua solução fosse cogitada durante as reivindicações salariais de inúmeras categorias, já na fase final da elaboração da proposta orçamentária para 2013, no bojo de uma crise econômica.

No período de agosto de 2011 a agosto de 2012, sistematicamente, pronunciamentos de diferentes autoridades , divulgados pela mídia , referiam que a Presidente da República estava sensível, contrariada (ou mesmo indignada), prometendo um tratamento diferenciado a ser dispensado aos militares de modo a corrigir a situação em que se encontravam .

Ora , o que se viu ?

Subitamente, a necessidade de corrigir-se uma iniqüidade, que assumiu contornos dramáticos a partir de 2004, passou, ardilosamente, a ser considerada como um elemento das discussões entre o governo e os diferentes sindicatos, de modo que o assunto, em um passe de mágica, fora de toda a razoabilidade, revestiu-se de uma nova configuração: como repartir o bolo do montante que o governo destinou a “satisfazer a ganância dos servidores públicos, já empanturrados pelos sucessivos aumentos concedidos a partir de 2004”, como já se disse . 

Depois de marchas e contra marchas, de idas e vindas, de propostas de porcentuais não aceitos, noticia-se que os militares, privilegiados, tiveram um tratamento diferenciado das demais carreiras: um aumento de 30% em três parcelas a partir de março de 2013.

Primeiro, o problema do baixíssimo nível da remuneração dos militares nada tem a ver com as negociações sindicais relativas aos servidores públicos. Trata-se de corrigir uma iniqüidade, que se tornou dramática a partir de 2004, quando o dispêndio com encargos do pessoal militar em relação ao PIB passaram a ser declinantes, enquanto aqueles relativos aos servidores civis e à administração direta tornaram-se ascendentes, como indicam os dados abaixo:

 

Percentual de despesas com pessoal em relação ao PIB

Pessoal 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Adm Direta 1,32 1,41 1,34 1,25 1,29 1,27 1,42 1,38 1,38
Civis 2,63 2,68 2,54 2,59 2,59 2,58 2,89 2,74 2,70
Militares 1,18 1,06 1,05 1,09 1,04 1,05 1,05 0,98 0,94

Fontes: Boletim Estatístico de Pessoal Nr 190 – Fev 2012

 

Segundo, a informação divulgada é tendenciosa, pois, na verdade, a realidade é que estão sendo dados três aumentos consecutivos de 9,14 %, sem considerar a inflação passada, pois o ganho de poder aquisitivo em 2013 será apenas o relativo a 9,14% e não a 30%. Além disso, computando-se o prognóstico da inflação passada, medida pelo IPCA, os aumentos de 2014 e 2015 seriam, respectivamente, de 8,70% e 8,30% .

Portanto, de longe, a solução divulgada não repara a situação aviltante em que se encontram os militares, o que exigiria, no mínimo, um reajuste de 50%, conforme o estudo apresentado pelos Comandantes das Forças.

Na verdade, esses porcentuais divulgados propiciarão, a partir de março de 2013, um aumento na renda líquida de 70% dos 3º Sargentos, de cerca de R$ 180,00, a serem somados aos R$ 1.800,00 que já percebem.  Total que esses militares disporão para atender a todos os encargos familiares: de alimentação, educação, habitação, lazer e outros .

Um militar sujeito a preceitos rígidos de disciplina, com restrições de direitos sociais, disponível para o serviço diário sem limitação de tempo, disponível , também, para servir em qualquer parte do território nacional, mesmo em regiões inóspitas, e que, no desempenho de suas atividades, em situações limites, arrisca a sua própria vida.

As projeções dos efeitos do acréscimo remuneratório previsto para os militares e dos aumentos a serem concedidos, conforme o noticiado, às diferentes categorias do servidor público da União conduzirão, com certeza, a uma situação em que os militares federais ficarão, tendo em vista todas as outras categorias de servidores, a partir de março de 2013, em um nível ainda mais degradante do que o atual.

Portanto, não será reparada a disfunção que ensejou o esforço despendido nas variadas iniciativas e estudos para resolver a mais grave questão atual das Forças Armadas brasileiras, muito mais urgente e importante do que as suas carências materiais e de equipamentos mas, ao contrário, o problema tornou-se mais profundo.

Foi, na realidade, um aumento para baixo, que indica, com precisão, o grau de reconhecimento dado pelo governo ao trabalho desenvolvido pelos militares brasileiros: 9,14 % .

 

15 setembro, 2012 às 15:43

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Categoria: Artigos

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