Obama é vítima das sete pragas do Egito – Krauthammer (Washington Post)
“Nós revertemos a recessão, evitamos a depressão, colocamos a economia em movimento de novo… Mas nos últimos seis meses, tivemos um período de má sorte”. Presidente Obama
Uma nação com problemas quer saber: como fomos atolar em 9,1% de desemprego, 0,9% de crescimento e um panorama econômico tão ruim que o Federal Reserve se compromete a manter a taxa de juros em zero até o meio de 2013 – um sinal de que ele contempla pouca esperança no horizonte?
Má sorte, explica o nosso presidente. Do nada veio o Japão e a interrupção da cadeia de suprimentos, a Europa e seus problemas de dívidas, a onda de revoluções árabes e os aumentos no preço do petróleo. Enviados, presumivelmente, por vários atos de Deus (não devia Ele também ser responsabilizado?): terremoto e tsunami. (Amanha: a peste e fome. Talvez rãs).
Bem, sim, mas que líder não esta sujeito a tais eventos externos? Teriam sido as pequenas rupturas da atual revolução no mundo árabe, remotamente tão danosas quanto o embargo do petróleo pelos árabes em 1973-74? Teriam sido as interrupções de suprimentos do Japão, em 2011, algo como o colapso financeiro asiático de 1997-98? Eventos acontecem. Os lideres são eleitos para liderar (na frente de batalha, incidentalmente). Isto significa lidar com os fatos, e não alegar aos lamentos ser vítima desses fatos.
Além do mais, sorte é resultado do projeto, como Branch Rickey imortalmente observou. E o projeto de Obama para a economia foi um trilhão de dólares de incentivos que não deixou nem um traço, a mão pesada do ‘Obamacare’ e uma enxurrada de zelos regulatórios sufocando tudo, desde a produção de energia doméstica até a expansão da produção da Boeing, na Carolina do Sul. Ele plantou, tem que colher.
Entretanto, no relato de Obama, sorte é somente metade da história. Sua recuperação econômica foi arruinada não somente pelos atos de Deus e de homens (estrangeiros), mas por americanos que não dão a mínima para o seu país. Essa gente, que habita o Congresso (adivinhem que partido?), se recusa a por de lado a política pelo bem da nação. Eles servem a interesses especiais e lobistas, só se importam com a próxima eleição, em colocar o partido na frente do país. Sem dúvida, eles “prefeririam ver seus oponentes perderem a ver a America ganhar”. Esses patifes!
Por semanas, essas calunias têm sido a matéria-prima de Obama. Calunias, porque eles não dão nem um pouquinho de crédito a oposição por tentar promover o bem público, como presumivelmente Obama faz, porém, a partir de diferentes premissas e princípios. Calunias, porque eles negam legitimidade àqueles do outro lado do grande debate nacional sobre o tamanho, a extensão e o alcance do governo.
Acusar um oponente de má fé é o mais moderno ataque político. Isso expõe argumento, fato, lógica, história. Os conservadores resistem à agenda social-democrática, abertamente transformacional de Obama, não apenas em principio, mas em termos empíricos também – o desenrolar econômico e moral do experimento social-democrático da Europa, visto hoje, de Atenas às ruas de Londres.
E a resposta de Obama? Ele nem se empenha. Esta é a questão dessas horrorosas acusações de má fé. Elas são como marcar a ferro e a fogo os inimigos republicanos do povo. O governador Rick Perry tem sido, com razão, censurado por espalhar a palavra “traiçoeiro” em referencia ao Federal Reserve. Obama da um passo para fazer o mesmo, mas um pouco mais astuciosamente, em relação aos republicanos. Afinal, ele os esta acusando de desejarem ver a America falhar para garantir seus ganhos políticos. O que é isto senão uma acusação de traição ao país?
A acusação não é só feia. É engraçada. Todos, menos cinco membros republicanos do Congresso – moderados, elite governante, ‘Tea Party’, principiantes assemelhados – votaram por um orçamento contendo reforma radical da assistência a saúde, sabendo que isso poderia muito bem acabar com muitas de suas carreiras. Os democratas lançaram alegremente ataques a reforma, quase não acreditando na chance de que os republicanos deveriam ter proposto algo tão politicamente arriscado em busca de solvência fiscal. Mas Obama acusa os republicanos de agirem somente por vantagem partidária.
Isto, de um homem que cautelosamente recusou-se a propor uma reforma estrutural única no direito a pensões/benefícios, em seus três anos no cargo. Um homem que ordenou que a rebelião afegã seja resolvida até setembro de 2012, uma data que não faz sentido do ponto de vista militar (ela ocorre durante um período de combates), uma data não recomendada pelos seus comandantes, uma data cujo único propósito é dar a Obama ajuda política nas vésperas da eleição de 2012. Nota do blog: Ver meu artigo clicando o vermelho: O filme Leões e Cordeiros e a pergunta ridicula– E Obama ousa acusar outros de colocar a política acima do país? Uma praga de má sorte e má fé – uma providencia recalcitrante e uma oposição não patriótica. Nosso presidente briga com anjos. Monstros de proporções míticas.
Uma ilusão confortante. Mas uma pesarosa desculpa para uma economia em falência e oscilante presidência.
TRADUÇÃO: Célia Savietto Barbosa