Para entender o que aconteceu nos EUA nesses últimos dias: Os Conservadores estão derrotando o projeto de Obama para uma social-democracia : comentários do blog.
Pesquisa: A MAIORIA dos americanos acha que os Estados Unidos estão no caminho ERRADO
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Artigo de Charles Krauthammer – comentários do blog
Os comentários incessantes sobre o que teria acontecido de terrivel em Washington a respeito do teto do débito, das brigas no Congresso, e do Tea Party, procuram nos convencer de que foi uma catástrofe, a falência da nossa política. Essas afirmativas pertencem ao mais lerdo e obtuso pensamento. Pelo contrário. O nosso sistema político esta indo muito bem (não faço tais afirmações em relação a nossa economia), precisamente como programado – profundas mudanças na vontade popular traduzidas em lei que altera a direção política da nação. O processo tem sido confuso, barulhento, polêmico e frequentemente rancoroso, E daí ? No final, o sistema funciona.
Dois cenários: A) o que aconteceu em Winsconsin, e B) o que aconteceu em Washington
Cenário A. – o que aconteceu em Winsconsin
Tudo começou em 2008. O país, tendo perdido confiança no governo republicano, passa aos Democratas o total controle de Washington. O novo presidente, decidido a não desperdiçar uma crise, tenta uma mudança maior na trajetória ideológica da nação. Daí, a assinatura de seus dois projetos legislativos: o incentivo de quase um trilhão de dólares, o maior gasto na historia da nossa galáxia; e a reforma da saúde que coloca um sexto da economia sob controle federal.
Num país onde o número de conservadores é duas vezes maior que o de liberais, isso causa certa reação. Nas eleições da medate de 2010, os Democratas sofreram um repúdio maciço em todos os níveis. Em Washington, os Democratas sofreram a maior perda de cadeiras no Congresso desde 1948. Nos estados, eles perderam acima de 700 cadeiras no legislativo – a maior reversão já vista – resultando na perda de 20 câmaras legislativas estaduais.
Com o ‘Tea Party’ na crista da onda, os Republicanos conscientes do sentido clássico da palavra débito se mexeram para confrontar suas próprias insustentáveis obrigações estaduais com pensões e saúde – com mais ousadia em Wisconsin, onde o novo governador propôs uma reorientação radical do equilíbrio de forças entre coligações do setor público (NB:os sindicatos dos funcionários públicos) e o governo eleito.
Em Madison, (capital doWisconsin) o resultado foi em geral desordenado – manifestantes com tambores, sindicatos enfurecidos, ocupações de prédios do governo, legisladores da oposição abandonando o estado para evitar quorum. Um verdadeiro banquete de criativa resistência democrática. No final, entretanto, eles falharam. A legislação passou.
Então, mais resistência. Primeiro, os Democratas sacudiram uma antes sonolenta eleição da Suprema Corte estadual e propuseram um referendum para mudar a nova legislação assinada pelo governador sobre o setor publico, esperando-se que o candidato dos Democratas fosse eleito para derrubar a lei. Os sindicatos e os Democratas perderam de novo.
E então, na última terça-feira, novas eleições: dos 6 senadores Republicanos, 3 teriam que ser derrotados, para que o Senado voltasse ao controle Democrata e assim se restaurasse o equilíbrio universal. (nb: ironia do autor) Mas,apesar dos milhões de dólares,os Republicanos mantiveram o controle do Senado e os sindicatos/Democratas perderam outra vez . ( nota do blog: o autor todo o tempo está se referindo ao Legislativo e Suprema Corte do Estado do Winsconsin).
O povo se manifestou; o processo funcionou. Sim, ele foi estridente e dissonante,mas mudança tão fundamental não deveria ser aprovada calmamente. Isto não é discussão sobre basquetebol noturno ou sobre uniformes escolares. É o futuro do poder dos governantes e a solvência dos estados. Merece um grande, sério e animado debate público.
Cenário B – o que aconteceu em Washington
A forma como Washington se comportou com o problema da dívida do país. Você sabe: o debate do teto da dívida denunciado universalmente como disfuncional, se não vergonhoso, o fazer reféns, o uso da palavra terrorismo ( NB: o Tea Party foi chamado de terrorista), a tal chantagem com arma na cabeça.( ironia do autor a respeito dos Democratas inconformados por não haverem aprovado tudo que Obama queria)
Poupem-me da histeria. O que aconteceu foi que o eleitorado de 2010, representado no Congresso, forçou Washington a finalmente confrontar-se com a dívida nacional. Foi um triunfo de políticas democráticas – uma poderosa mudança na vontade popular encontrando sólida expressão política.
Mas essa expressão foi parcial. Os falcões da dívida ( nb: os que queriam uma redução maior da divida) estão aborrecidos porque a concessão final não representa muita coisa. E não deveria representar mesmo. Eles ganharam somente uma eleição. Eles estavam controlando somente um ramo do governo (NB: somente a Câmara de Representantes, que são os deputados, mas o Senado continuou com maioria Democrata)
Mas, sem dúvida, eles começaram a virar o porta-aviões. O processo deixou instituído um Super Comitê do Congresso com poderes extraordinários para reduzir a dívida. E se isto falhar, a questão – quanto de governo Obama, quanto de dívida – irá para a nação nas eleições de novembro de 2012. E é assim que haveria de ser.
A reclamação comum é de que o processo foi feio. Grande problema! Vocês querem beleza? Terão que ir a um museu. A política democrática nunca teve a intenção de ser um exercício de estética. Não apenas feia, lamentam os críticos, ah, mas tão devagar! É verdade. Levou meses. E levará mais. O Super Comitê não se manifestará até o Dia de Ação de Graças. A próxima eleição ainda vai levar mais de um ano. Mas o sistema americano foi planejado para fazer com que uma total virada do porta-aviões seja difícil e muito discutida.
Além do mais, sem esse longo e horroroso processo, a questão da dívida não estaria nem na mesa. Estaríamos ainda nos movendo em direção à Grécia ( NB: isto é para a bancarrota). Em vez disso, a nação frente a frente com a insolvência, finalmente, se colocou em ação em corajosa oposição. Grandes questões estão sendo decididas de forma como constitucionalmente determinada. O processo está funcionando.
Notem como as mais ruidosas queixas sobre “políticas falidas” vêm daqueles que perderam o debate. É compreensível para perdedores condoídos enfurecer-se contra a máquina. Mas não há necessidade de o resto de nos ficarmos imitando a sua petulância.
letters@charleskrauthammer.com Comentário do blog: Obama pode se reeleger em 2012 ( os candidatos Republicanos parecem fracos), mas o que deve ter sido sepultado é o sonho de transformar radicalmente a sociedade americana. O país quando se viu ameçado em seus fundamentos, reagiu, rejeitando a liderança messiânica do presidente. Obama foi testado e os resultados não foram bons. Hoje é um homem muito diferente do charmoso candidato de 2008. Na campanha para 2012, já iniciada em seu tour com o onibus negro (que parece um caixão funerário), sua oratória brilhante, longe de impressionar, aparece mais como um deja vu. A cada dia que passa ele mais se assemelha a um político comum. Sua ambição de passar para a História como o presidente que iniciou uma enorme transformação nos Estados Unidos mostrou-se irrealista. Obama não é mais um fenômeno, inclusive para os próprios Democratas. Isso passou. Por último: Será um erro se continuar insistindo em culpar Bush e, agora, o Congresso.