Pequena entrevista de Kissinger- (comentada pelo blog)
”EUA e Rússia deviam ter escudo contra o Irã”
O Start (acrônimo em inglês para Tratado Estratégico para a Redução de Armas) é um passo significativo para um recomeço nas relações entre Rússia e EUA. As reduções anunciadas são marginais em sua substância e serão realizadas, em parte, por meio de alterações nas regras de contagem. Trata-se de um passo útil que merece a ratificação. Também concordo com as novas diretrizes para o uso de armas nucleares nos EUA. Entretanto, a declaração de que os EUA não responderiam com armas nucleares a ataques biológicos e químicos é demasiadamente explícita. Certa ambiguidade deveria ser mantida nessa questão. (Kissinger está se referindo á impressionante afirmação de Obama: Em troca de um país não se tornar nuclear, os EUA somente usariam armas convencionais, mesmo se atacados com armas biológicas por esse mesmo país). Quanto à recente reunião de cúpula entre líderes mundiais, é fundamental controlar o material físsil em todo o mundo, especialmente com a difusão do uso civil da energia nuclear ( o medo de que,da mesma maneira que o Irã, a desculpa do desenvolvimento civil da energia nuclear esconda intenções bélicas).
Os EUA já propuseram no passado compartilhar um sistema de defesa antimísseis com a Rússia na Europa. É uma proposta realista? Será uma boa ideia?
Sou a favor do desenvolvimento de um sistema conjunto de defesa antimísseis contra o Irã em parceria com a Rússia. Mas os EUA precisam também de sistemas de defesa controlados pelos americanos contra ataques estratégicos vindos de outras direções.( isto é: sistemas de defesa contra a Rússia também – o escudo na Polônia e Rep. Tcheca). Assim, devemos cooperar com a Rússia no caso do Irã, mas não podemos abrir mão de sistemas antimísseis destinados à contenção de outras ameaças (ameaças russas, coreanas, chinesas, e de terroristas em geral).
Como lidar com a China hoje?
Esse é o grande desafio ainda sem solução na geopolítica atual. Há perspectivas para uma abordagem construtiva em relação a uma série de novos interesses comuns que nunca foram enfrentados no âmbito global – mudança climática, proliferação nuclear – que exigirão da política externa de ambos os países um alcance sem precedentes.A China apoiará sanções contra o Irã?
A questão é como definir as sanções. A ideia não é estabelecer sanções por si mesmas, mas determinar o impacto que elas terão no Irã. Acredito que a China tenha consciência do perigo da proliferação nuclear. (claro que existe um limite para a China continuar antagonizando os EUA a respeito do Irã. Sua posição de independência já está mais do que marcada, não é necessário continuar se opondo às sanções. Existe um momento no gráfico em que a curva chega ao seu ponto máximo, e dalí para a frente a China só começa a perder ao se recusar a endossar as sanções. A ameça de terrorismo nuclear existe para ela também. Os uigures estão em sua parte ocidental norte, são separatistas islâmicos, no futuro podem ser apoiados pelo Irã)
Como o sr. avalia o Bric? Qual será o papel desempenhado por esse bloco no palco mundial?
A pergunta é se os Brics serão capazes de alinhar suas políticas em um bloco coerente. China, Rússia, India e Brasil não são candidatos à formação de um grupo que exclua os EUA, e muito menos que os confronte. Eles são diferentes do movimento não-alinhado dos anos 70 e 80 porque não são mais países em desenvolvimento. Além disso, o movimento não-alinhado tentava se colocar entre os EUA e a União Soviética. Quem são as potências entre as quais o Bric pretende se situar?
Eles se opõem aos EUA e ao FMI, por exemplo.
É retórica. Eu ficaria surpreso se eles chegassem a uma posição política comum e coerente.( Certamente. De que maneira o Brasil conseguiria se aliar à China, com tantos interesses comerciais conflitantes, com a Índia, que nem sabemos direito como é – uma distância cultural que dificulta qualquer aliança – e com a Rússia, cheia de problemas geopolíticos de fronteira e objetivos muito distintos dos brasileiros. Os Brics estão juntos apenas na sigla).
(publicado no Estadão de 25 de abril de 2010)
tradução de Augusto Calil
Comentários (6)
Eu, posso ser ingênuo, mas acredito que um alinhamento com a Rússia só faria bem para os EUA e para o Ocidente como um todo. Trazer a Rússia para OTAN, e criar sistemas de defesa em comum seriam enormes avanços. Penso, que num futuro não muito distante, a China será um país cada vez mais hostil comercialmente e militarmente com o Ocidente. Alemanha e Japão foram os grandes inimigos da 2° Guerra e hoje são aliados de 1° classe dos EUA, a Rússia também poderiam seguir o mesmo caminho. Os russos estão alinhados culturalmente com o Ocidente, seus bilionarios são cosmopolitas, sua música clássica não deve nada a austríaca e seu petróleo e gás pode pressionar a China no futuro.
Claro que os americanos não podem fazer concessões como as de Obanbi, mas devem começar a seduzir a Federação Russa. Além do mais os russos são bons de briga, diferentemente dos franceses.
Resumindo, é preciso trazer a Rússia para o Ocidente, pois este país é um parceiro extremamente interessante a médio prazo, tanto no combate ao terrorismo islamico, como para sobrepor o futuro poderio chinês.
P.S Sei que estou sendo chato, mas aquela cidade não é Hiroshima e sim Yokohama, reconheci pelo Yokohama Landmark Tower – o prédio mais alto do Japão.
http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=yokohama+landmark+tower&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=FADVS_7AH8qOuAf9rfyJDg&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=5&ved=0CCQQsAQwBA
Você está certo.Quando caiu a URSS foi tentada essa grande aproximação com a Rússia, inclusive com a integração na Otan. No início o Boris Yeltsin estava inclinado a seguir esse caminho, mas com o tempo foi mudando, e a partir de Putin ficou muito mais dificil. É compreensivel, porque depois de um grande império torna-se dificil aceitar alguma coisa menor. Concordo com sua proposta. Lembro-me que eu ficava irritado com as pauladas na Rússia por causa dos direitos humanos. Achava que uma aliança contra o terror era ( e ainda é) muito mais importante, e esses problemas seriam resolvidos no futuro. A aliança com a Rússia também isolaria a China. Essa integração com o Ocidente seria uma aliança formidavel, mas não aconteceu. A lembrança dos bilionários é muito boa.
Quanto à Hiroshima vou publicar alguns sites que a pessoa que transmitiu as fotos me enviou.
Prezado Mafra,
vc por acaso já leu uma linha que seja do Corão?
Hussein Gemha – Araçatuba SP
Sim, claro. Por toda a vida, em citações. Comecei quando menino, com “O Homem que calculava”, (um clássico) “Histórias sem fim”, e muitos outros, do autor Malba Tahan ( não sei se a grafia está correta). Acho que nunca abri o Alcorão. Eu li, em 2007, o livro “Sobre o Islã”, do Ali Kamel.Você deve saber que é uma publicação que enfatiza as semelhanças, as afinidades, entre muçulmanos, cristãos e judeus. Naturalmente que dezenas de Suras são analisadas pelo autor.
A cidade é YO-KO-HA-MA, sim, sr. Mafra. Como dar um pingo de crédito à sua “análise” do vídeo do assassinato a sangue-frio de jornalistas da Reuters no Iraque, se o sr. se confunde a esse ponto na identificação de imagens??? Outra coisa, as suas piruetas para tentar provar que uma camera com canhão de zoom eram na verdade um lança-foguetes atropelam a evidência ululante, ou o sr. não sabia que a perícia identificou posteriormente esses objetos como cameras e lentes de zoom na cena do crime?
STEPHEN BERG
DIANTE DISSO, O QUE ESSA GENTALHA ESTÁ FAZENDO NO IRAQUE E NO AFEGANISTÃO?????????
Chicago aussi dangereuse que l’Irak et l’Afghanistan réunis
il y a 3 heures 47 min
Les législateurs de Chicago sont tellement dépassés par la violence qui gangrène la ville qu’ils sont prêts à appeler la Garde nationale, composante de l’armée américaine habituellement mobilisée lors des catastrophes naturelles ou de grandes émeutes, à la rescousse. Deux élus de l’Illinois ont en effet demandé à leur gouverneur Pat Quinn de déployer la Garde nationale de l’Etat dans les rues de Chicago, plus particulièrement dans les 9% de rues où se concentrent la plupart des crimes violents, rapporte le Chicago Tribune.