O acidente com Thor Batista; Políticas de crescimento econômico e educação superior no Brasil: existe um vínculo ? (Simon’s Site – Prof. Simon Schwartzman); Os símbolos religiosos (Carlos Brickmann)
Políticas de crescimento econômico e educação superior no Brasil:
existe um vínculo?
Simon Schwartzman
O Brasil é uma das novas “economias emergentes”. Ele esta trabalhando seus músculos para se tornar uma liderança internacional e, consequentemente, precisa de boas instituições universitárias capazes de produzir cientistas e engenheiros necessários para manter a força viva. Assim, políticas claras são requeridas para melhorar os padrões das universidades e a qualidade das instituições de educação superior, baseadas em uma clara identificação de prioridades. Entretanto, ao contrario das suposições e expectativas dos observadores externos, o Brasil não tem tal estratégia.
O Brasil vivenciou ciclos de rápido crescimento econômico nos anos 30, após a segunda Guerra Mundial, nos anos 70, e agora, após 2002. Cada um desses ciclos pode ser explicado por condições externas favoráveis– os rendimentos criados pelos setores da agricultura e mineração, o influxo de investimentos internacionais e o uso de tais recursos para financiar um crescente setor público, a regular transferência da população rural para centros urbanos, gerando um crescente mercado de consumo interno. Esses desenvolvimentos foram também precedidos de reorganizações internas da economia, controlando a inflação e aumentando a habilidade do governo de aumentar taxas, como aconteceu nos anos 60 e, mais recentemente, nos anos 1990. Em nenhum desses ciclos encontra-se um elo causal entre investimentos em educação, ciência e tecnologia e crescimento econômico. Pelo contrario, a causalidade parece ser oposta. Com mais recursos, governos se tornaram mais generosos e ansiosos por responder as demandas de uma classe media emergente por mais benefícios, incluindo acesso livre a educação. Sendo assim, a rede existente de universidades federais foi criada durante o período de expansão econômica após a Segunda Guerra Mundial; e a atual rede de educação superior, pesquisa e tecnologia foi estabelecida nos idos anos 70, quando o “milagre econômico” dos anos anteriores estava para implodir.
A rápida expansão econômica dos últimos 10 anos foi mais incentivada pela estabilidade macroeconômica alcançada nos últimos anos da década de 90, os ventos favoráveis do comercio internacional soprando da China, e a habilidade de um pequeno setor da economia – principalmente o agronegócio e companhias de mineração. Com a estabilidade econômica, altas taxas de juros, e uma moeda super valorizada – o país se tornou atrativo para investimentos estrangeiros, gerando mais trabalhos e emprego para as classes medias.
A expansão dos gastos públicos e educação
Com a economia crescendo a uma taxa estável de 4 a 5% ao ano, os gastos públicos aumentaram para quase 40% do produto interno bruto, a maior parte deles em seguridade social, pagamento de funcionários públicos e o débito do serviço público. O governo federal se beneficiou da crescente taxa básica, para alguns benefícios aos pobres, com programas de transferência de caixa condicionados e aumentos no valor do salário mínimo; para os funcionários públicos, aumentou o seu número, salários e benefícios sociais; para os ricos forneceu subsídios baratos e contratos generosos para os serviços e trabalhos públicos; e para os aliados políticos, através de grande proteção e tolerância frente à corrupção. Para a classe media, um benefício foi fornecer acesso crescente à educação superior gratuita nas instituições públicas e privadas e ação afirmativa para responder as demandas de movimentos sociais organizados.
Nenhuma dessas opções requereu uma política nacional para educação superior de alta qualidade, e uma efetiva e economicamente relevante ciência e tecnologia. O Brasil gasta hoje cerca de 5% do seu produto interno bruto em educação, a maior parte através dos estados e municipalidades para educação básica e secundaria. Apesar dos recentes investimentos nas universidades públicas, as provisões cobrem em torno de 25% do registro. Enquanto algumas instituições e escolas profissionalizantes são de boa qualidade, a maioria não é; e não há mecanismo para estimular a qualidade. As avaliações realizadas pelo governo afetam somente as instituições privadas de medicina e direito com baixas qualificações, muito em resposta as pressões das corporações profissionais. A educação graduada e a pesquisa continuam a se expandir, principalmente no estado de São Paulo, em universidades federais seletas e numa rede de institutos de pesquisa. É de longe a maior rede de pesquisa, desenvolvimento e educação graduada da America Latina. Mas a pesquisa é predominantemente acadêmica, com pequenos resultados em termos de patentes e tecnologia aplicada, e é pobremente conectada às necessidades econômicas e sociais do país.
Há algumas contra-partidas importantes: a Embraer, a bem sucedida companhia fabricante de aviões, cresceu a partir do ITA –Instituto de Tecnologia da Aeronáutica – um instituto tecnológico e escola de engenharia estabelecidos pela Força Aérea; e no mínimo, parte dos resultados na agricultura é explicado por novas variedades desenvolvidas pela Embrapa, a agencia brasileira de pesquisa em agricultura. O Serviço Nacional da Indústria– SENAI – uma agencia de treinamento vocacional dirigida pela Federação das Industrias, tem uma historia de sucesso na qualificação de trabalhadores especializados para o setor industrial. Surpreendentemente, todos estão fora dos domínios do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em resumo, como a sociedade brasileira modernizou e a economia cresceu, as instituições de educação superior também se expandiram em tamanho e algumas delas até em qualidade; elas eram e são ainda, parte da mesma onda. Evidentemente, a educação superior não pode ter crescido sem desenvolvimento econômico, mas o inverso (ate agora pelo menos) não é verdadeiro, embora isso possa se tornar verdade no futuro.
O futuro
Essa situação pode estar mudando. À medida que a economia se torna mais complexa e sofisticada, ela requer uma população mais experimentada e uma pesquisa mais relevante. Há sinais de que isso já esta acontecendo, com novas companhias reclamando pela falta de engenheiros qualificados e técnicos de nível médio; e corporações multinacionais importando mão de obra qualificada estrangeira. Para responder a essa situação, a educação superior no Brasil terá que mudar as suas prioridades de acesso e crescimento incontrolados para qualidade e relevância – o que não é uma transição fácil.
TRADUÇÃO: Célia Savietto Barbosa
THOR BATISTA
Achei interessantíssimo o delegado encarregado do caso da morte do ciclista atropelado pela MERCEDES ULTRA-SUPER PODEROSA, QUE NAS MÃOS DE UM QUASE ADOLESCENTE NUNCA VAI ANDAR A MENOS DE 500 KM POR HORA, dizer na TV que é necessário uma OUTRA vistoria no carro para melhor saber sua velocidade na hora do acidente. Hummm…. Para quem conhece as coisas me pareceu , assim… digamos … um certo suspense para o pai do Thor… um ligeiro aceno para mostrar que de uma hora para a outra ele, o delegado, pode colocar no laudo que a Mercedes estava nos 180 km (deve ser isso mesmo) e assim fazer o rapaz correr o risco de ver o sol nascer quadrado pela acusação de homicídio culposo. Hummm… o delegado está com a faca e o queijo nas mãos porque afinal o pai do garoto nós sabemos quem é. Entenderam? Se não entenderam não sabem nada sobre o Brasil. Para Eike é melhor parar o caso logo no delegado do que ter que… digamos… se esforçar mais lá na frente com juizes e o escambau – além da péssima publicidade. E, acreditem, falando sério, conjugando todos os fatores que conhecemos, jamais uma Mercedes daquele tipo estaria nos 110, uma velocidade de papai em férias. JAMAIS, principalmente porque o lugar permitia 110Km. Todos nós quando vemos essa placa é como se tivessemos recebido um salvo-conduto: baixamos a bota no que o carro aguentar.
Hoje o Globo publicou: “O acidente na BR-040, que culminou na morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, não foi o primeiro envolvendo o empresário Thor Batista. No dia 27 de maio de 2011, o filho de Eike e Luma, a bordo do Audi placa EBX 0001, atropelou um senhor de 86 anos, também numa bicicleta, segundo informa Ancelmo Gois em sua coluna desta sexta-feira. O acidente foi na Avenida Sernambetiba, na Barra.
Uma ambulância do Samu levou o idoso para o Hospital Lourenço Jorge. Depois, ele foi transferido para o Copa D’Or. Thor prestou socorro ao senhor e pagou todas as despesas médicas. Segundo um filho da vítima, que prefere não aparecer, a família não registrou queixa e não pediu indenização:— Estávamos preocupados em salvar nosso pai, que também não queria confusão.
O senhorzinho, hoje recuperado, fraturou o acetábulo (parte da bacia onde a cabeça do fêmur se encaixa) e precisou colocar duas placas e cinco parafusos. Ele fez fisioterapia, hidroterapia e teve sessões com psicólogo para se livrar do trauma”.
20/03/2012
às 11:07 \ Feira Livre
Carlos Brickmann liquida a conversa fiada sobre símbolos religiosos com apenas 246 palavras
Há religiões; também há a tradição, há também a história. A Inglaterra é um estado onde há plena liberdade religiosa e a rainha é a chefe da Igreja. A Suécia tem plena liberdade religiosa e uma igreja oficial, a Luterana Sueca. A bandeira de nove países europeus onde há plena liberdade religiosa exibe a cruz.
O Brasil tem formação cristã; a tradição do país é cristã. Mexer com cruzes e crucifixos vai contra esta formação, vai contra a tradição. A propósito, este colunista não é religioso; e é judeu, não cristão. Mas vive numa cidade que tem nome de santo, fundada por padres, numa região em que boa parte das cidades tem nomes de santos, num país que já foi a Terra de Santa Cruz. Será que não há nada mais a fazer no Brasil exceto combater símbolos religiosos e tradicionais?
Se não há, vamos começar. Temos de mudar o nome de alguns Estados e cidades como Natal, Belém, São Luís e tantas outras. E declarar que a Constituição do País, promulgada ‘sob a proteção de Deus’, é inconstitucional.
Há vários símbolos da Justiça, sendo os mais conhecidos a balança e a moça de olhos vendados. A balança vem de antigas religiões caldeias. Simboliza a equivalência entre crime e castigo. A moça é Themis, uma titã grega, sempre ao lado de Zeus, o maior dos deuses. Personifica a Ordem e o Direito.
Como ambos os símbolos são religiosos, deveriam desaparecer também, como o crucifixo?”
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/carlos-brickmann-liquida-a-conversa-fiada-sobre-simbolos-religiosos-com-246-palavras/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+augustonunes+%28Augusto+Nunes%29