Reinaldo Azevedo não entendeu o jogo Chelsea x Barcelona

Eu entrei no blog do Reinaldo para ver se havia alguma dica para o golpe de estado a que ele havia se referido no dia anterior e me deparei com esta pérola:

Chelsea X Barcelona – O triunfo da mediocridade.

Inacreditável o que acaba de acontecer. Jogando um futebol, na média, fraco — com alguns lances interessantes —, o Chelsea acaba de mandar o Barcelona para casa: 2 a 2. O pior será a conversa mole que vai se seguir ao resultado. “O Barcelona já era; o Barcelona está em decadência, o modelo se esgotou…” E, no entanto, só um time se responsabilizou pelo futebol propriamente dito: o Barcelona — de resto, com duas bolas na trave.

Achei engraçadíssimo. O negócio do excelente jornalista é política, nunca futebol.

Reinaldo não percebeu que foi um jogo extraordinário. Que o Barcelona é o melhor time do mudo não se discute, mas  todo mundo sabe que o Chelsea também é excepcional. Foi um dos melhores jogos dos últimos anos, principalmente porque ficou bem nítido, bem facil de se acompanhar, a disposição tática emocionante da equipe do Chelsea. Impossivel jogar aberto contra o Barcelona, e o seu adversário optou por um sistema defensivo. Pouquíssimas vezes vi jogadores de altíssimo nivel disciplinadamente jogando unicamente no contra-ataque.  No final do jogo foi um dos maiores “abafas” a que já assisti. Houve um momento em que 10 jogadores do Barça estavam na área do Chelsea. E este jogava com um homem a menos por causa da expulsão de Terry. O que eu e meus amigos que assistíamos ao jogo nos perguntávamos era porque o técnico do Chelsea não colocava um homem quase em cima da linha de meio de campo, simplesmente para prender dois jogadores do Barcelona. Explico: Não existe impedimento dentro do seu próprio campo. Ao mesmo tempo sabíamos que ele deveria ter suas razões para não usar esse recurso. E assistíamos, emocionados, ao Chelsea se defendendo desesperadamente. Vai dai que o técnico tira Drogba e coloca Fernando Torres. Por alguns poucos minutos parecia que ele também ficaria perto da área, defendendo, e a substituição seria por causa do cansaço de Drogba. O leve, ágil, espanhol, ficou na lateral esquerda, da mesma maneira que o outro, mas de uma hora para a outra sumiu da tela. Aqui é necessário uma observação importantíssima: Foi uma péssima transmissão, o câmera não conseguia acompanhar a bola e nós perdíamos detalhes importantes. Continuávamos admirados com a brilhante atuação do Chelsea, continuávamos esperando o gol do Barcelona, mas ainda sem entender o que eu disse acima: por que o seu técnico não colocava um jogador no limite do meio do campo para esperar um chutão de algum companheiro e sair disparado em direção ao goal de Valdés. Para evitar esse perigo, repito, seria necessário que  Pepe Guardiola deixasse dois homens um pouco mais atrás, o que diminuiria a capacidade ofensiva do time. Não precisaria ser uma marcação normal porque a necessidade desesperada do gol exigia que ficassem mais perto da área do adversário, mas, deixar um jogador completamente sozinho, ÀS SUAS COSTAS, era arriscado demais. Bem, de uma hora para a outra Fernando Torres sumiu da tela e compreendemos imediatamente, embora não fosse mostrado, que ele havia se deslocado até o limite (linha do meio do campo) a que  me referi. O técnico do Chelsea afinal tomara a decisão que esperávamos. E aconteceu. Alguém deu o chutão e ele, completamente desmarcado, ultrapassou essa linha, correu metade do campo, e fez o gol. Por culpa do câmera não vimos o início do lance, não o vimos receber a bola  estando atrás dos beques, o que é raríssimo acontecer num jogo. Por que o técnico do Chelsea não tomou essa medida mais cedo é muito interessante, gostaria de tentar analisar, mas já escrevi demais. Quem perseguiu Fernando Torres estava a quilômetros de distância. Sensacional.    

E Reinaldo termina cometendo esse tremendo exagêro: “E isso significa que o futebol – mundial! – vai andar um pouco para trás.” Definitivamente ele não entendeu o jogo.  Nada mudou. Está imaginando algo grave, parecido com  o que aconteceu há muitas décadas atrás, futebol força x futebol arte. Para ele o Chelsea jogou o que se convencionou chamar de anti-jogo. Não percebeu a grandeza do duelo. Percebi outra qualidade no articulista: é passional no melhor sentido.

 

 

 

 

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26 abril, 2012 às 17:11

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Categoria: Artigos

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