RELATÓRIO DO PENTÁGONO:China se prepara contra tropas americanas com aumento de armas

 

O Pentágono cita em seu relatório os misseis chineses de interdição de área

**FILE** Chinese army trucks carrying new long-range and cruise missiles are shown off during China's 60th anniversary celebration in October 2009. (Associated Press)

**FILE** Chinese army trucks carrying new long-range and cruise missiles are shown off during China‘s 60th anniversary celebration in October 2009. (Associated Press) – Durante o 60th aniversário da revolução chinesa, em Outubro de 2009, caminhões do exército chinês mostram novos misseis de longo alcance

Bill Gertz – The Washington Times

A China está agressivamente juntando forças militares capazes de atacar as forças americanas no oeste do Pacífico e em outros lugares, como parte do que o Pentágono, em seu relatório anual mais recente, chama de uma seleção de mísseis de interdição de área **de alta tecnologia, submarinos e aviões de guerra.

O relatório para o Congresso sobre o poder militar chinês, divulgado segunda-feira, também avisou que a força militar da China está estendendo seu alcance militar global para além de um crescimento de armamentos que tenha como objetivo apenas travar uma guerra regional com Taiwan e os Estados Unidos. O relatório também questionou o intercâmbio militar Estados Unidos-China, assinalando que Pequim está usando as visitas e encontros para conseguir operações de influência política e acumulação de inteligência.

“A China está lidando com uma gama de mísseis balísticos convencionalmente armados, mísseis cruzeiro de ataque terrestre para serem lançados da terra e do ar, forças de operações especiais e habilidades de ciberconflito, para manter alvos em risco por toda a região”, disse o relatório.

A liberação da avaliação surge em meio a informes de que a China ultrapassou o Japão, se  tornando a segunda maior economia do mundo em termos de PIB, destacando o caráter expansivo do poder global de Pequim.

O PIB nominal do Japão, que não é ajustado por preço e variação sazonal, valia quase 1.29 trilhão de dólares no segundo trimestre, comparado com quase 1.34 trilhão de dólares da China, de acordo com a Associated Press. Os números são convertidos em dólar baseado na taxa média de câmbio do período.

O relatório de 74 páginas do Pentágono destacou numerosos desenvolvimentos militares do exército de 125 milhões de soldados da China, incluindo a primeira menção a um míssil de múltiplas ogivas de longo alcance, e detalhes do plano chinês de utilizar porta-aviões.

Muito do relatório se baseia em relatórios passados sobre a construção de armas pela China, o que inclui um arsenal nuclear que cresce modestamente e uma expansão em larga escala de forças navais, aéreas e de mísseis.

Entretanto, o relatório ressaltou pela primeira vez o crescimento de armas de interdição e isolamento de áreas, notavelmente a construção e teste de um incomparável míssil balístico antinavio, em Pequim, que pode atingir navios em alto mar com precisão detalhada de até 1.000 milhas da costa chinesa.

O objetivo dessas forças é ter um poderio que possa atacar navios americanos caso eles sejam chamados para defender Taiwan num conflito futuro com a China.

“A China está buscando uma variedade de sistemas de informação e conceitos operacionais de guerra aérea, marítima, submarina, espacial e contraespacial para conquistar essa aptidão, indo em direção a uma variedade de habilidades ofensivas sobrepostas estendendo-se da costa chinesa para o Pacífico oeste,” disse o relatório sobre as armas de interdição de área.

Armamentos de interdição de área primários são mísseis de médio alcance chineses “desenhados para atingir forças no mar, combinados com sistemas de mira elevados sobre o horizonte para localizar e rastrear navios em movimento.”

Adicionalmente, a China agora tem seis submarinos de ataque movidos a energia nuclear e 54 submarinos movidos a diesel e eletricidade, muitos dos quais equipados com avançados mísseis cruzeiro antinavio.

Outras armas de interdição de área importantes incluem navios com mísseis teleguiados das classes Luyang 1 e 2  e destróieres russos da classe Sovremenny. As embarcações são equipadas com avançados mísseis de longo alcance antiaéreos e antinavio.

Para ataques aéreos de retrição de área os chineses têm os próprios caças FB-7 e FB-7A, e SU-30 russos. Todos os jatos são armados com mísseis cruzeiros anti-navio contra embarcações de superfície.

“A abrangente transformação de longo prazo das forças militares da China está melhorando sua capacidade de projeção de força e isolamento de área,” de acordo com o relatório.

Outros desenvolvimentos de armas estratégicas e convencionais revelados no relatório incluem:

• Posicionamento estratégico de até 500 mísseis cruzeiro terrestres DH-10  de precisão e longo alcance. O número representa um aumento significativo em relação ao relatório de 2009, que listou a disposição de até 350 mísseis DH-10.

• Desenvolvimento continuado de mísseis anti-satélite (ASAT) e outros armamentos que podem destruir ou danificar sistemas sensoriais e de comunicações espaciais, juntamente com uma gama crescente de sistemas espaciais que a China usará para a mira dos mísseis e navegação das armas.

“A China continua a desenvolver e refinar este sistema, que é um componente de um programa mutidimensional para limitar ou prevenir o uso de ativos espaciais por potenciais adversários durante tempos de crise ou conflito,” afirmou o relatório sobre os equipamentos ASAT.

• Disponibilidade de unidades de ciberconflito com milícias chinesas associando militares e civis, armadas com vírus de computador para atacar redes estrangeiras.

• Novas forças de projeção de poder que dão aos militares chineses um vasto alcance e que estão incomodando a estabilidade no leste da Ásia, especificamente ameaçando a região sul do Mar da China onde as tensões aumentaram.

• Os líderes militares e civis chineses estão usando numerosos intercâmbios militares em diferentes níveis com o Pentágono “para comunicar mensagens políticas e moldar percepções da China entre líderes estrangeiros.”

• A China continuará a ser profundamente dependente de petróleo importado por navio nas próximas décadas. Em 2015, quase dois terços do seu petróleo será importado e em 2030, quatro quintos. A dependência de petróleo afetará o planejamento do poder militar da China.

O senador John Cornyn, republicano do Texas, disse que o relatório “pinta um quadro alarmante, apesar de ser possível um otimismo cauteloso.”

“É evidente que a China está expandindo agressivamente seu potencial militar, que parece estar direcionado para as limitadas opções estratégicas americanas no Pacífico”, disse ele. “Esta realidade alarmante é inconsistente com o suposto interesse da China em estimular a estabilidade e a paz na região.”

Michael Pillsbury, um especialista em assuntos chineses e antigo estruturador de políticas do Pentágono durante a administração de Reagan, disse que o novo relatório demonstra a continuidade da antiga prática dos chineses de destacar o seu interesse no uso de despistamento estratégico baseado em antigas políticas e estratagemas.

O relatório cita o falecido líder comunista chinês Deng Xiaoping ao dizer que a estratégia militar da China coincide com uma estratégia maior de modernização de “dar tempo e construir potencialidades” em segredo.

Sobre o aviso do relatório em relação à falta de sinceridade da China em conduzir intercâmbios militares, o Sr. Pillsbury disse em uma entrevista que “há um forte indício que faz com que qualquer  leitor desconfie dos propósitos do Exército de Libertação Popular de explorar esses intercâmbios.”

“Relatórios passados deram pouca atenção aos intercâmbios, e nunca sugeriram que eles poderiam não ser uma boa idéia se o exército chinês os explora para seus propósitos, em contrapartida às visões anteriores de que as trocas entre os EUA e a China são completamente positivas e apenas buscam construir a confiança e reduzir percepções equivocadas.”

O Sr. Pillsbury disse que a parte do relatório sobre intercâmbio militar instituiu uma base para o Congresso “aplicar uma nova métrica para avaliar o conteúdo destas trocas.”

Além disso, o relatório afirmou que os militares chineses falharam ao não efetuar as negociações prometidas sobre assuntos nucleares estratégicos, disse o Sr. Pillsbury.

O relatório foi entregue ao Congresso no dia 1º de março, mas foi mantido escondido pela administração Obama em virtude de disputas internas, e face à possibilidade de irritar Pequim, por expor a lista anual das forças militares e estratégicas chinesas.

O governo comunista da China denuncia rotineiramente que o relatório  exagera a sua modernização militar.

Mark Strokes, um antigo especialista em forças militares chinesas do Pentágono, disse que uma conclusão preocupante do último relatório é que o equilíbrio militar no Estreito de Taiwan continua a se deteriorar, apesar de uma aparente estabilização do número de mísseis chineses de curto alcance do outro lado da ilha, contando agora com mais de 1.000 e que tem crescido na base de 50 mísseis por ano, até o ano passado. E mais mísseis avançados estão sendo adicionados, disse ele.

A nova seção do relatório lista diversos intercâmbios militares passados, entre o Pentágono e os militares chineses e a longa lista de trocas que tinham sido planejadas para 2010, mas que foram interrompidas pela suspensão do programa de intercâmbio pela China.

O relatório de 2010 ao Congresso, renomeado este ano como o “Relatório Anual sobre Desenvolvimentos Militares e de Segurança Envolvendo a República Popular da China”, sujeito  a uma emenda congressional pouco percebida no ano passado, também pela primeira vez se dirigiu às inconstantes trocas militares entre a China e o Pentágono. Os militares da China cortaram os intercâmbios duas vezes desde outubro de 2008 para protestar contra a venda de armas dos Estados Unidos para Taiwan.

Um oficial de defesa que é um crítico do novo tom conciliatório do relatório sobre a China disse que o documento é deficiente em um assunto tão importante.

“O relatório se cala em relação à maior questão de todas: O que o Exército de Libertação Popular está fazendo exatamente para se preparar para a guerra com os EUA, e qual é a evidência de que o Exército claramente identificou os Estados Unidos como seu principal inimigo em planos de guerra e nas conversas para o público interno?” disse o oficial.

TRADUÇÃO: Célia Savietto Barbosa

**Um general de artilharia do Exército brasileiro foi consultado a respeito da expressão “anti-acess missiles” . Sua resposta:
Não existe tradução “oficial” para o termo.
Apropriadamente, creio, podemos chamá-lo de “mísseis de interdição de área”.
De que se trata? Fundamentalmente, um sistema de mísseis de cruzeiro antinavio, destinados a atacar porta-aviões americanos.
Ele vem sendo desenvolvido pela China, com o nome de Feng 21 D. Sua finalidade é atacar os porta-aviões a cerca de 1000 milhas da China Continental, assim impedindo o poder naval dos Estados Unidos de intervir em defesa, por exemplo, de Formosa. (Taiwan)
Uma vez desenvolvido, o sistema porá fim a décadas de supremacia naval americana, em que enormes porta-aviões singram os mares inteiramente à vontade, projetando poder onde os Estados Unidos desejam.
A ameça para os Estados Unidos é seríssima!  Para a China, resta ainda superar enormes desafios tecnológicos, o que deverá ser conseguido em pouco tempo, graças às astronômicas somas empregadas em pesquisa para fins militares.

 

29 agosto, 2010 às 17:11

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Categoria: Artigos

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