Um estranho na Casa Branca (Wall Street Journal)- vídeo:violão em Botswana

A distância entre o Presidente e o povo começa a se revelar. (Por Dorothy Rabinowiz)

Os recados cada vez mais desencantados com Barack Obama que agora surgem de comentaristas do meio político eram previsíveis. Não apenas isso, mas também as acusações de alguns dos primeiros fãs do presidente sobre sua falha ao não conseguir projetar algum tipo de urgência no caso do vazamento do óleo.

Sua resposta a esse problema não deveria ser nada enigmática para alguém que tem prestado um pouco de atenção, com um ouvido critico, aos pronunciamentos do Sr Obama. Desde o inicio, foi claro que este presidente – resoluto, sendo visto a todo momento, confiante em seu programa de reforma para uma America salva das trevas graças a sua chegada – deixou a desejar em algumas qualidades que os cidadãos até hoje não sentiram falta em seus presidentes. Isto é, um tom e uma presença que diz: Este é um lider dos americanos, um homem que os representa, a voz e o campeão da nação. O Sr Obama não falhou no quesito de preocupação sobre o vazamento do óleo. O que lhe faltou foi voz – e por uma causa inquestionavelmente correta.

Estas qualidades que são esperadas de um presidente nada tem a ver com retórica; o Sr Obama provou que “tem a manha” durante a campanha. Ela foi um meio de se identificar com a nação e de tudo que une o seu povo em seu orgulho e fidelidade. Estes são sentimentos profundamente embutidos nos corações americanos, geralmente não expressados, mas que inquestionavelmente estão lá, e não somente no dia 4 de julho.

Uma grande parte dos americanos agora compreende que a sensação de identificação deste presidente encontra-se em outro lugar, e que muitas vezes, não é igual à deles. Ele tem dificuldade em soar convincentemente como um líder de uma nação, pois ele é, sobretudo, de coração e de instinto, a voz de uma ideologia. Ele é um estranho na Casa Branca, uma questão que não tem nada a ver com ilusões acarinhadas pelos dementes sobre onde ele nasceu.

Uma de suas primeiras reformas foi livrar a Casa Branca do busto de Winston Churchill – um presente de Tony Blair – e manda-lo de volta para rua Downing, n. 10 (residência oficial e escritório do primeiro- ministro britânico). Desde então, uma nuvenzinha misteriosa cerca o assunto, mas o fato central ainda é muito claro. A nova administração aparentemente não encontrou um lugar em nossa casa nacional (com inúmeros quartos) para o líder britânico cuja memória ainda está vívida na memória americana. Churchill, o rosto da nossa luta conjunta em tempos de guerra, um mobilizador destemido de uma nação que continua, extraordinariamente, a conversar com a nossa. Para um presidente que considera estranhas essas associações, não foi preciso pensar duas vezes para despachar Churchill da Casa Branca.

Desde então, coisas mais estranhas continuaram a fluir firmemente de Washington. As pessoas nomeadas pelo presidente, os porta-vozes da sua linha política, seguem semana após semana distribuindo com uma paixão exemplar a última inversão da realidade. O trabalho deles é árduo, pois está focado na principal preocupação da Casa Branca – ou seja, procurando maneiras de evitar qualquer referencia publica sobre a indiscutível identidade islâmica do inimigo que está em guerra conosco. Isto não é pouca coisa , esforços foram feitos nos espetáculos públicos incomparáveis em seus absurdos –  o que é enervante e confirma como se comportam nossos atuais guardiões da lei e segurança nacional.

Considere o infeliz Eric Holder, o procurador-geral dos Estados Unidos, que confrontou a pergunta feita à ele pelo Republicano Lamar Smith (R., Texas) da Casa do Comitê Judiciário dia 13 de maio.

Será que o Sr Holder pensou que depois de três atentados terroristas em nosso solo, um deles com êxito (O assassinato de 13 soldados em Fort Hood por Maj. Nidal Hasan, precedida por seus gritos de “Allahu Akbar!”), que o Islã radical poderia ser eximido de qualquer participação? O Sr Holder pareceu confuso por essa pergunta. “As pessoas tem razões diferentes” ele conseguiu finalmente responder, e repetiu a reposta por três vezes seguidas. Ele não queria “falar nada negativo sobre nenhuma religião”.

E quem consegue esquecer as exortações sobre o Jihad feitas por John Brennan, o principal assessor na luta contra o terrorismo do Sr Obama? No passado, o Sr Brennan acusou os americanos de serem insensíveis com tudo relacionado ao mundo muçulmano, e que nós especialmente temos falhado em dar credito à sua disposição à paz. Em um discurso no dia 26 de Maio, no Centro Para Estudos Estratégicos e Internacionais, o Sr Brennan fervorosamente declarou quem não era nosso inimigo: “Nosso inimigo não é o terrorismo, pois o terrorismo é apenas uma tática. Nosso inimigo não é o terror, pois o terror é um estado de espírito, e como americanos, nós nos recusamos  viver com medo.”

Ele continuou a declarar, severamente, que nós não deveríamos nos referir aos nossos inimigos como islamitas ou jihadistas, pois o jihad é uma batalha santa, uma legitima doutrina Islâmica. Então de que maneira nos permitem a referência aos nossos inimigos ? Uma dica seria usar um outro discurso do Sr Brennan: Que “extremistas violentos são vitimas das forças políticas, econômicas e sociais.”

Sim, isso funcionaria. Leve em consideração as noticias que teríamos lido: “A policia prendeu Faisal Shahzad que mora em Connecticut, uma vitima das forças políticas, econômicas e sociais, que tentou detonar um carro bomba em Times Square”. Os conspiradores em Afeganistão e Yemen, preparando-se para suas próximas tentativas de assassinato em massa nos EUA, só poderiam ouvir isto maravilhados. Eles ficariam boquiabertos, particularmente ao ficar sabendo que essa é a maneira de pensar do principal assessor de contra terrorismo do presidente dos Estados Unidos.

Depois que chegar ao fim o mandato do Sr Obama, o que ficará mais duradouro – a cara da sua administração –  será este desfile de explicadores, que trabalham arduamente para vender cada peça nova de revisionismo sobre a realidade oficial – como Janet Napolitano e sua imortal  frase:  ” os homens causam catástrofes” .

Esta é uma Casa Branca que insistiu consistentemente nas “sensibilidades da comunidade internacional” – – um organismo ao qual o presidente dos Estados Unidos refere-se freqüentemente como sendo o seu representante.

Isto foi o que levou esse presidente e seus cérebros contra terroristas a achar aceitável insultar americanos com referências sem sentido a respeito do inimigo que nós enfrentamos. É este ponto de vista que levou  o Mr Holder a insistir pelo julgamento de Khalid Sheik Mohammed em  Manhattan, apesar da raiva que esta decisão induziu no povo de Nova Iorque, e mais tarde, em insistir dizendo que, se não fosse lá, que se achasse outro lugar na cidade. Isso tudo foi  feito para ser uma exibição deslumbrante para a comunidade mundial – prova do programa moral do Sr Obama, e de como os Estados Unidos foram resgatados das trevas dos anos Bush.

Foi por isso que esta administração aproveitou oficiais como Michael Posner, secretário do Estado adjunto para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho. Dentro de suas melhores contribuições para discursos políticos está aquela de 2005, onde ele comparou o tratamento dispensado aos muçulmanos-americanos nos EUA, depois de 11/09, com as condições dos  nipo-americanos internados nos campos/hospitais depois de Pearl Harbor. Durante uma conferencia sobre direitos humanos na China, em maio deste ano, o Sr Posner citou a nova lei de imigração do Arizona como meio de garantir aos chineses, aqueles guardiões da liberdade exemplares, que nos EUA também havia alguns problemas com a discriminação racial.

Então lá estávamos nós: os EUA e a China, no mesmo barco dos direitos humanos, dois amigos com dificuldades de reforma. Para esta visão da realidade, que trouxe criticas minguantes no Congresso e pedidos para sua demissão, o Sr Posner tem sido inequivocamente visto no Departamento de Estado como um representante soberbamente eficaz.

Não é surpresa alguma que o Sr Posner – como muitos de seu gênero – se sentiu em casa nesta administração. Ele possui a mesma sensibilidade e disposição política do Sr Obama. As crenças e atitudes que este presidente internalizou podem ser encontradas por toda parte – nos salões de esquerdistas pelo mundo afora – e, acima de tudo, em instituições acadêmicas, repletas de radicais com estabilidade no emprego e sua progenitura política. Os lugares onde ela é tida como verdade revelada que os Estados Unidos são hoje, e tem sido ao longo da historia,  o motor principal da injustiça e da opressão no mundo.

Essas são atitudes que são encontradas por todo canto, mas nunca antes em um presidente dos EUA. O Sr Obama talvez não siga todas, ou as mais radicais, dessas visões. Mas não existem dúvidas sobre as influências que o moldaram. Elas representam o seu grande tour de pedido de desculpas pelas capitais da Europa e ao mundo muçulmano, onde ele difamou as falhas morais dos EUA – sua arrogância, sua insensibilidade. Estas foram palavras de um homem cujas razões pela culpa americana vinham com naturalidade. O povo americano ficou chocado com a conduta de seu presidente recém-eleito, algo sobre a relação distante entre ele e o país que estava prestes a conduzir.

A percepção a respeito dessa distância está chegando, o que é bom. Um país governado por lideres  que não conseguem falar o nome de seu inimigo mortal, precisa de toda a infusão de realidade que for possivel.

OBS: a Sra Rabinowitz faz parte do conselho editorial do Wall Street Journal

( TRADUÇÃO DE ANDRÉA BORGES)

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20 junho, 2010 às 15:56

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Categoria: Artigos

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