Uma aula de mediocridade: trechos da entrevista de Fernando Henrique para o Estadão
Estado : O sr. destacaria a viagem de Obama ao Brasil pelo caráter simbólico ou pelos eventuais acordos entre os dois países?
FH : Não creio que sejam firmados acordos propriamente. Os acordos na diplomacia não são uma coisa assim, preto no branco. blog: Claro que são preto no branco! Acordos são acordos e espera-se que sejam cumpridos. Por exemplo: O Brasil tem um acordo com a África do Sul e não se pede vistos de entrada para os nacionais dos dois países. A observação de FH foi bem macunaímica. Acho que é muito mais para criar um clima. Mas não é só simbólico também. Abre espaço para que haja entendimento em temas que nos interessam.
Estado : Os americanos vêm com a intenção de aumentar as exportações para o Brasil. Qual deveria ser a pauta brasileira?
A recíproca: aumentar as nossas exportações. E muitas outras, como reclamações de dumping, as tarifas excessivas nos Estados Unidos e a questão do álcool e do etanol, principalmente. São questões permanentes. O Brasil terá provavelmente alguma discussão sobre a facilitação de vistos. Isso vai se desenrolar num processo. As relações exteriores não se dão em negociações preto no branco. blog : Outra vez?
Estado: O sr. acha que o País deve insistir, durante a visita, na campanha pelo assento permanente no Conselho de Segurança da ONU?
Acho que, se o Obama quiser fazer um gesto para o governo, porque isso é um tema em que o governo sempre esteve empenhado, ele pode fazer o que ele fez na Índia: se houver reforma, quando houver reforma… Mas não sei se ele vai fazer, não. blog : como fala mal…
Estado: A abstenção do Brasil na ação contra a Líbia no Conselho de Segurança da ONU causa algum constrangimento na visita?
Não, porque na verdade o Brasil tem de ter sua própria posição independente. blog :Alguém se lembrou da Dilma? Não pode ( que tal não SE pode?)condicionar uma visita a uma posição no Conselho de Segurança. Não teria cabimento. Segundo, o Brasil não tomou uma posição isolada. A Alemanha estava junto, a China, a Rússia. blog: Análise ridicula : FH tem obrigação de saber que China e Rússia votam contra, ou votam abstenção, em todos os pedidos de intervenção. Ele só poderia usar a Alemanha como exemplo, o que enfraqueceria seu argumento. Não foi uma posição, assim, impensada nem rebelde. Segue um pouco a tradição brasileira: vamos tentar negociar. blog :Negociar o que ? Se o Brasil votasse “não”, aí sim poderia ser uma coisa saindo do mainstream. Mas abstenção, não vejo que seja nada que possa provocar reação negativa. blog: Claro que provocou uma reação negativa. Seguiu, em parte, o padrão Lula. Foi importante para o Depto. de Estado avaliar o que pode ser o governo Dilma. Houve uma pequena decepção, já que dias atrás a dona teve um approach diferente com referência ao Iran. E se provocar, aí também é outra coisa. blog : O que ? Deu para entender essa frase ? O Brasil tomou a posição que parecia melhor para o governo. blog: O que FH quer dizer? Mas é claro que o Brasil tomou a posição que parecia melhor para o governo. Mas é o governo da Dilma! O entrevistador está perguntando o que ele, FH, pensa a esse respeito. Puxa.
Estado : Numa perspectiva histórica, como avalia a relação do Brasil com os Estados Unidos?
O Brasil sempre teve uma relação correta com os Estados Unidos. A coisa ficou mais complicada em certos momentos, porque eles apoiaram o golpe (militar) e teve a guerra fria. Depois, por causa dos direitos humanos na guerra fria. Mas a partir da redemocratização não houve alteração. blog: Nossa! Nós vamos continuar criticando a Dilma enquanto esse cara se expressa dessa maneira ? Lembram-se daqueles vídeos de antes das eleições onde a dona não conseguia se fazer entender ? Pois é. E tem mais: observem que coisa absurda a colocação de FH a respeito da guerra fria. Quer dizer, segundo ele ” a coisa ficou mais complicada” a partir de 1948, não é mesmo ? E ainda temos os “direitos humanos na guerra fria”. Como? O universo da análise se estendeu ao infinito, e FH não deu maiores explicações. Foi uma relação hora mais chegada, hora menos chegada, mas nunca nem muito positiva, nem muito negativa. Eu acho que o Brasil não tem que ter complexos. Tem de ser uma relação natural. Cada país tem seus interesses. Às vezes, coincidem. Às vezes, chocam. blog: Chocam o que? Chocam os ovos ? Nem também é baixar a cabeça. Acho que a grande diferença entre países maduros, e o Brasil é um País maduro nesta matéria, é que você não trata o tema globalmente, contra o povo do outro país. blog: O que essa frase mal construida significa ? Até que é possivel imaginar o que ele quis dizer, mas precisamos tirar o chapeu para o Millôr Fernandes. Foi o único a perceber a fraude FH, séculos atrás. É caso a caso. Isso é normal nas relações internacionais. Mas sem ter a preocupação de dizer ostensivamente “sou independente”. Quem é independente não precisa provar nada, já é. E nós somos.
blog: Trata-se de um discurso com todo o ranço esquerdista. Depois de tantas décadas Fernando Henrique não conseguiu um distanciamento crítico para poder analisar o golpe militar. (Seu cérebro não permite, com medo de uma completa desestruturação). Segue firme o sentimento anti-americano que adquiriu e cultivou na juventude.
Não transcrevi toda a entrevista – somente as partes que achei mais idiotas. FH sempre professoral, sempre procurando estar acima das “ingenuidades” dos que o cercam. Sem dúvida se julga o máximo. Auto-estima exacerbada, igualzinho aquele a quem chamou de “uma instituição nacional”, ou seja, Lula.
O leitor pode acessar os três artigos (clique em cima): Fernando Henrique – a decepção que não conseguimos superar, e Teste para Dilma nesta segunda feira ; Crítica do blog à entrevista de Fernando Henrique no Estadão ( ou, porquê não tivemos e nem vamos ter Oposição); Millor Fernandes ridiculariza o famoso livro de Fernando Henrique
Comentários (4)
Como cobrar a arte de saber falar de toda uma população, quando nem seu ex presidente sabe se expressar?
Certo, Cristiano, e o mais incrivel é que ele nos enganou durante um bom tempo. Que fenômeno coletivo nos levou a considera-lo o máximo, naquela época ? A completa, absoluta, falta de nomes em nosso cenário político ?
Mafra, por favor não me diga que vc foi a favor do golpe militar.
Caro Jonas: para entender minha posição você precisa ler em Crônicas(à direita da home page) ” Crimes contra o Estado” ; depois o artigo ” O meu encontro com o presidente Castello Branco” (ainda está em Tópicos recentes, às direita quando você acessa o blog), e por último outro artigo ” Quem será o heroi que vai dizer que o golpe de 1964 foi necessário ? (ou, como serão os militares hoje)”, que você acessa clicando em TODOS OS ARTIGOS. Ele foi postado no dia 10 de setembro de 2010. Sei que é muito, mas a minha resposta só pode ser essa, ou teria que escrever uma barbaridade. Leia primeiro o “Crimes contra o Estado”. abraço